Real escrita por Miller


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu mais uma vez postando uma fic. Whatever, ela é one mesmo aushaushaus.
Bem, como eu ando meio viciada em Hg, decidi escrever essa one no meio da madrugada porque eu não conseguia dormir até que escrevi.
Não é a melhor one do mundo, mas...
Espero que gostem :)



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O sol forte fazia com que Peeta estreitasse os olhos ao se encaminhar para a praça do Distrito 12. Seu coração estava acelerado como sempre ficava antes de os tributos para os games serem escolhidos.

Era triste ver nos olhos dos pais o sentimento de perda, dor. Impotentes diante à um futuro incerto sobre o que poderia acontecer aos seus filhos. Mesmo que se livrassem deste ano, quem sabia o que poderia acontecer no próximo?

Seus pais caminhavam silenciosamente ao seu lado, o que Peeta agradecia internamente. Não se sentia a vontade para falar ou qualquer outra coisa.

Assim que dobrou uma esquina à direita, teve a primeira visão da praça lotada. Dentro de um cerco estavam adolescentes de 12 à 18 anos, esperando. Do lado de fora estavam os pais, todos em desespero silencioso, também à espera.

Dando um ultimo beijo em sua mãe e um aperto no ombro de seu pai, Peeta se encaminhou para a área de 16 anos, onde todos os seus colegas e amigos da escola estavam.

Seus olhos, por vontade própria, começaram a passear pelas milhares de crianças que ali estavam, todas com a mesma expressão de expectativa ansiosa. Foi então que seus olhos a encontraram.

Aquilo era algo completamente normal, ficar a olhando de longe. Enquanto a garota andava completamente séria pelos corredores da cidade, ao vê-la sentar-se distante de todos na hora do almoço, observá-la escrever lentamente em seu caderno. Ou em um dia de chuva, com seus cabelos grudados no rosto, enquanto ele atirava à ela um pão. E ainda, quando pequena, usando um vestido verde enquanto cantava uma musica antiga para a turma.

Katniss Everdeen.

Talvez fosse completamente estupido de sua parte, viver com seus pensamentos sempre voltando para ela. Mas era inevitável. Havia algo, talvez na tristeza em seus olhos, na curva de seu pescoço ou na forma como andava, deixando todos de fora, sem nenhuma brecha para conhecê-la realmente, que o encantava. Que o fascinava.

Peeta conseguiu ver o olhar calmo que ela lançou para uma garotinha mais atrás, como se quisesse assegurá-la de que nada daria errado.

Como ela estava enganada.

Effie Trinket deu as boas vindas à todos, como se aquilo fosse uma celebração e não o anuncio de morte de duas crianças. Como sempre nessas ocasiões, Peeta sentia-se enojado.

Alguns minutos de discurso sobre os games se passaram, até que Effie anunciou “damas primeiro”.

Então suas mãos vasculharam o globo onde estão milhares de papeis, cheios de nomes de garotas, fazendo com que todos os presentes prendessem a respiração.

A mulher caminhou pelo pódio, parando em frente ao microfone, alisando o papel em suas mãos.

– Primrose Everdeen – ela recita.

Todas as cabeças viraram em direção à garotinha para quem Katniss havia lançado um olhar tranquilizador, exceto Peeta que encarava a expressão de completa confusão e náusea que Katniss parecia sentir.

Quase como se uma guerra se travasse dentro dela. Um impulso completamente insano o tomou, o de ir até ela, impedindo-a de fazer o que ele sabia que ela faria. Os muitos anos de observação o ajudaram a perceber que por mais que ela fosse fria e distante, havia algo pelo qual ela lutava acima de tudo.

Primrose Everdeen caminhou por entre as pessoas, seus ombros magros encurvados enquanto uma lágrima descia por seu rosto. Ele podia ouvir os cochichos de tristeza entre todos. ‘Porque ela? Porque uma garotinha de 12 anos?’

Quando ela estava quase subindo ao palco, uma voz desesperada ecoou pela praça.

– PRIM! – as pessoas davam espaço enquanto Katniss corria em direção á sua irmã. – Prim!

Com um movimento protetor, ela puxou sua irmã para trás de si, encarando Effie Trinket com a face determinada:

– Eu me voluntario! – ela arfa. – Eu me voluntario como tributo!

Peeta, embora soubesse que ela faria aquilo, sentia-se tão assombrado quanto todos os outros. Há muito no Distrito 12 não havia voluntários.

Algumas palavras são trocadas entre Effie e o prefeito que tem os olhos tristes ao olhar para Katniss.

– Não, Katniss! Não! Você não pode ir! – Primrose, seus braços envoltos em torno da irmã, grita histericamente, tentando fazer a irmã mudar de ideia.

Intimamente Peeta gostaria de fazer o mesmo, um desespero tão aterrador tomando conta de seu corpo.

Porque ela?

Alguém se movimenta perto de onde ele está, mas Peeta está concentrado demais na cena das irmãs para prestar atenção.

– Prim, deixe! – Katniss diz à irmã e ele percebe que aquilo deve estar custando cada partícula de determinação dentro dela. – Deixe! – ela repete.

Então Gale, o melhor amigo de Katniss, puxa a garotinha de perto dela, levando-a para sua mãe que tem o rosto extremamente pálido.

Katniss sobe as escadas, completamente ereta, como se cada passo lhe doesse. E doía em Peeta. Tanto.

Quando ela está em cima do palco, primeiro um, depois outro e quase toda a multidão coloca os três dedos do meio da mão esquerda sobre os lábios, um gesto antigo e raramente usado. Indicando admiração, obrigada, perder alguém que se ama...

Peeta teria chorado, se não sentisse como se estivesse seco por dentro. Oco.

Depois disso ele não percebe muita coisa. Sentia-se completamente aéreo, como se estivesse olhando tudo de fora, como se fosse um sonho ruim, do qual acordaria em poucas horas, para perceber que tudo não fora real. Que ele iria para a escola e à veria de longe novamente, absorvendo seus gestos, sua presença.

– Peeta Mellark! – a voz de Effie Trinket soa estridente nos ouvidos dele, fazendo-o voltar à realidade rápido demais. Dolorosamente demais.

Suas pernas agem mais por impulso do que por vontade, pois ele não conseguia entender, não conseguia acreditar. Em menos de poucos minutos parecia que tudo tinha virado de cabeça para baixo. Ele subiu as escadas do palco, sem ter certeza se realmente estava ali.

Foi quando parou ao lado dela e seus olhares se cruzaram.

Um pão. Uma música. A tristeza. Nada daquilo parecia tão forte quanto aquele momento. Quando ambos encaravam-se, sabendo que teriam de se matar, ou morrer.

Ao encarar os olhos cinzentos dela que pareciam enevoados, Peeta percebeu o que ele guardava à muito tempo, algo que havia trancado dentro de si por não ter encontrado motivos para tal sentimento.

Ele a amava. E sabia que era à muito tempo.

Enquanto estava perdido dentro dos olhos dela, sabendo que eram adversários a partir dali, tomou uma decisão.

Ele a manteria viva. Pois não conseguiria existir em um mundo em que não houvesse sua voz para ouvir, seus olhos para encarar rapidamente, sua face determinada. Não. Ele não tinha nada pelo que lutar, exceto por si mesmo. E não valia á pena. Pois ela havia provado, em frente à todos na hora de proteger sua irmã, que era a merecedora.

E ele a amava demais para admitir um mundo sem ela.

Mesmo que custasse sua vida.



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Notas finais do capítulo

Reviews? *O*