Visual Kei...rioca! escrita por MayonakaTV


Capítulo 3
III- Holy Grill


Notas iniciais do capítulo

Trocadalhos do carilho. *Rolando*
Agradecimento mais do que especial à Kaoru, que recomendou a fic ♥ e que acrescentou detalhes mais do que perfeitos para a construção deste capítulo. Obrigada, meu anjo! *U*



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– AEEEEEEEEEE! – Ecoara o grito em uníssono, assustando Kaya assim que deu as caras na laje. Versailles, the GazettE e Shaura (que viera sozinho, o que não era nenhuma novidade), a maioria sem camisa, usando bermudões de tactel (caindo) e chinelos de dedo, envoltos por uma enorme cortina de fumaça vinda da...


– Hiza, Hiza! – Sacudiu o ombro do loiro, apontando para o chamativo aparelho improvisado comandado por Masashi. - Que negócio é aquele?


Alguns blocos de concreto, empilhados em dois montinhos. Sobre eles, um resto de grade recortada de alguma cerca de terreno alheio segurando as asas e coxas de frango, linguiças quase brancas e um belo pedaço de sabe-se lá o quê pingando gordura até dizer chega, tudo arrumado como se fosse um quebra-cabeças montado por uma criança de dois anos e meio. Entre o carvão, pedaços de revistas e jornais velhos completavam os espaços para tornar o fogo mais potente.


– Isso aqui é o Holy Grill! – Respondeu o orgulhoso churrasqueiro que, também descamisado, porém trajando um avental mais sujo que pano de chão (emprestado da vizinha), suando mais que porco na sauna e enxugando o suor com uma flanela de tirar pó da estante, balançava sobre a “churrasqueira” uma garrafa pet de cujo furo (feito com um arame) na tampa jorrava uma mistura de água, azeite, vinagre e sal grosso.


Mesinhas e cadeiras dobráveis emprestadas de um bar qualquer distribuídas por toda a extensão (extensão? Espacinho!) da laje, embora boa parte estivesse vazia já que ninguém se sentava nem pra comer. Uruha andando pra lá e pra cá, falando de boca cheia e cuspindo farofa no cabelo de quem estivesse perto. Reita subindo às pressas apenas para roubar uma garrafa de Dolly quente e voltar correndo para sua roda de Winning Eleven 5. Shaura semi-bêbado, acompanhando com voz de ganso afogado a péssima música vinda do rádio na cadeira a seu lado (“Que hoje vai rolar um tche tche re re tche tche... ♪”) No meio de tudo, uma piscininha de 1000L dentro da qual estava Kamijo, esparramado com os óculos escuros da Oakley reluzindo à luz do sol e tendo bem próximo de si um tubo de bronzeador vagabundo aberto e escorrendo. No chão, uma enorme caixa de isopor cheia de gelo contendo latas e garrafas de cerveja, energéticos, sacos plásticos com pedaços de costela e até uma melancia inteira.


– Por que essas coisas não estão na geladeira?


– Estavam lá, mas o Sashi espertão comprou uma geladeira de segunda mão e a bendita parou de funcionar - Disse Ruki, acenando em despedida após dar um breve beijo na bochecha de Kaya.


– Onde ‘cê vai, nanico?


– Dar uma volta de Monza com a galera do bar.


– É, com esse tamanho todo vai caber direitinho no meio dos outros sete que vão enfiados no carro. Vê se volta pra jantar!


– Hm, voltando a falar do isopor - Kaya tentou retomar a conversa, sorrindo esperançoso. - Foi para a carne não estragar, nee?


– Não, é que o Kamijo ali começou a surtar porque a cerveja tava quente. Largamos as carnes na mesa e soltamos o resto aí. Toma, Kaya - Yuki, andando para lá e para cá com um pratinho descartável cheio de arroz, vinagrete, a maionese mais colorida que alguém poderia comer e ainda metade de um pão francês com linguiça, afundou o braço livre no gelo e dali tirou uma latinha que fora atirada em direção a Kaya. - Bebe aí!


– Devassa? - O vocalista arqueou as sobrancelhas ao nome do produto em suas mãos.


Todos os indicadores presentes apontaram para o loiro na piscina.


– KAMIJO QUIS ESSA!


Num canto, Teru vasculhava uma caixa de papelão cheia de CDs. Kaya se aproximou, abaixando-se a seu lado e tirando dali uma porção de discos. Quase todos eram mídias azuis ou amarelas, sem título e tendo apenas os saquinhos como capa.


– Masashi, que CDs são esses?


– Também não sei, mas desde semana passada to comprando quatro por dez com o carinha do barraco ali do lado, uma promoção e tanto! Falei pro Kai comprar mais uns quando voltar do bar, isso é, se a polícia não pegar ele!


Curioso quanto ao conteúdo dos discos, escolheu um e o colocou no rádio.


“Late que eu tô passando, e vai, late, late, late que eu tô passando! ♪”


– ...Oi?


– Ah, esse grupo é muito bom, Ka-chan! – Exclamou um empolgado Teru, com os olhos escuros brilhando. – Elas até se inspiraram no seu CD pra dar o nome!


– Como assim?


– O nome do grupo é Gaiola das Popozudas - Explicou Kamijo, espalhando cerveja no braço para dourar os pêlos quase inexistentes. – Se a gente for analisar seu álbum, o Queen... Medusiana, Awilda, Ophelia, essas músicas representam mulheres, que seriam as popuzudas. Aí tem a gaiola na sua peruca na capa do CD. Agora junta tudo!


Todos desandaram a falar ao mesmo tempo, concordando com a observação do loiro encervejado. Kaya quis afogá-lo numa latinha de Devassa.


O dia transcorreu sem maiores problemas. Comida à vontade, muita Devassa, Kaiser e Itaipava (que, da tarde para a noite, foram repostas em dobro e estocadas na máquina de lavar). Kai voltou com um olho roxo, mas alguns CDs novos escondidos nos bolsos da calça (um deles contendo uma vocalista que gritava “ISSO É CALYPSOOOO!”, que Kaya adorou). Uruha totalmente bêbado junto a Shaura, discutindo coisas sem sentido e rindo das garotas gritando para Aoi e seus novos amigos que dançavam “ai se eu te pego” na laje vizinha. Reita, de retinas quase queimadas de tanto jogar videogame, não estranhou quando chegou à laje procurando petiscos (queijo, tomate e azeitona espetados em palitos de dente) e encontrou Kaya usando um short jeans que não cobria nem metade de suas coxas (peça de roupa estilizada na hora, quando Hizaki decidiu cortar na base da faca uma das calças trazidas pelo amigo) brincando na piscina de 1000L, jogando água no próprio corpo com um copinho descartável. Os últimos a chegar foram Mana e Kengo, trazendo as compras debaixo dos casacos e olhando desconfiados até para os garfinhos de plástico (reciclados de uma festa de aniversário infantil) sobre a mesa. Nada além de bons amigos, fofocas sobre a vida de conhecidos e desconhecidos e um pagode desgraçado repetido diversas vezes pelo fato de o CD estar arranhado.


“Tá vendo aquela lua, que brilha lá no céu? Se você me pedir eu vou buscar só pra te dar ♪”


Enquanto saboreava um belo prato montado por Yuki com tudo o que tinha direito, incluindo a explosiva feijoada de Masashi, o cientis-- churrasqueiro do ano, Kaya parou, olhando ao redor à procura de algo.


– Hn... Cadê o Piisuke..?


Os risos e as conversas pararam no mesmo instante. Todas as atenções se voltaram para Kaya e depois para Masashi que, cantarolando um desafinado “não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabaaar ♪”, virava alguns novos pedaços de carne crua na grade. Ao sentir os olhares curiosos sobre si, o baixista olhou para os amigos, sorrindo-lhes de modo amável. AMÁVEL DEMAIS.



Desesperados, todos começaram a vomitar e jogar o churrasco fora.



Apesar dos pesares, Kaya não poderia ter se divertindo mais. Bronzeado, molhado de água da piscina, cheirando a flamingo chamuscado e cheio de gordura no cabelo, agora brigando com todo mundo no corredor para decidir a sequência de quem tomaria banho antes que quem no banheiro reserva. De banho tomado, vestido, metade jogado sobre o corpo de Hizaki e metade esmagado pelas pernas de Shaura que insistia em se esfregar nele, abrira a mala à procura de uma de suas revistas para ler antes de dormir, mas não encontrou a edição que desejava. Pensando tê-la deixado em casa, virou para o lado e apagou, dormindo profundamente...


... Até acordar no meio da madrugada e cutucar Hizaki, que roncava mais que motor de Chevette.


– Hiza...


– Quê..? – Peguntou o loiro, sonolento.


– Cadê o Camui?


Do banheiro, ouviu-se uma voz conhecida, seguida do rasgar de uma página de uma revista de Gothic&Lolita Bible.


– REDEEE~EEEMPTION! ♪


Bônus ~


Às três da manhã, Kaya ouviu um barulho esquisito vindo da cozinha. Levantou-se para ver o que era.


A geladeira havia voltado a funcionar.


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Notas finais do capítulo

A história da caixa de isopor é baseada em fatos reais. SIM, TITIA TOBI JÁ PASSOU POR ISSO ~~~~
Créditos ao bode lindo pela voz de ganso afogado do Shaura. q