Visual Kei...rioca! escrita por MayonakaTV


Capítulo 1
I- Ainda falta o Kaya!


Notas iniciais do capítulo

Como todo mundo já sabe, graças ao Presidente Lula, "vôo" não tem mais acento. Só alegria.



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Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, Rio de Janeiro.

Um a um, desembarcavam os passageiros do voo vindo de Tóquio, formando a longa fila tão costumeira em desembarques. Kaya olhou para cima, tentando fazer sombra aos olhos com palma. Mesmo que estivesse de óculos escuros, ainda era assustadora a intensidade do sol que lhe dera as boas-vindas assim que descera do avião. De repente pareceu um carma andar por um aeroporto lotado trajando um de seus mais excêntricos casacos de pêlos, arrastando consigo a enorme mala cor-de-rosa que, ironicamente falando, não chamava a atenção de ninguém enquanto passava pela esteira de bagagens.


Devia estar fazendo no mínimo 39ºC.


"Não é assim no Japão" pensou o vocalista após conseguir encontrar sua mala, tentando abrir caminho entre as pessoas que iam e vinham, um pouco incomodado com tanto contato. Todos pareciam tão apressados! "Não, definitivamente não é assim!" Apertando a bagagem de mão contendo seus documentos essenciais, objetos de higiene pessoal, textos imprimidos em katakana com pronúncias de expressões em português que ele deveria aprender (segundo Hizaki) e as edições mais recentes da Gothic&Lolita Bible, olhava para todos os lados à procura do balcão onde deveria passar por um interrogatório básico. Ah, burocracia de imigração... Porém, no fundo, tinha de admitir: estava mais do que ansioso para conhecer o Carnaval brasileiro de que tanto lhe falaram e passar a semana na casa de Masashi. Uma casa no Brasil... Realmente, aquilo era incrível!


Fora abordado pelo que parecia ser uma autoridade antes mesmo que pudesse encontrar o dito balcão, sendo conduzido para uma saleta onde certamente seria questionado. Achou que lhe seria muito mais fácil e rápido, se não fosse por um detalhe...


A DOCUMENTAÇÃO.


Sentado na confortável poltrona à frente do moreno, abrira a maleta que trazia nas mãos para apresentar os documentos. Apesar de estar usando uma roupa casual, não fora capaz de sair de casa sem antes trabalhar arduamente na maquiagem que sempre o deixava tão feminino, e foi com esta aparência que desembarcou aqui.


– Senhorita, acho que cometeu um engano... - Disse-lhe o novato, coçando a nuca. - Este me parece o cartão de seu marido, ou algum outro homem da sua família...


– Nani..?


Kaya não entendera uma única palavra. O oficial, entendido da situação da "japonesa" à sua frente, procurou um intérprete disponível para ajudá-lo, mas todos estavam ocupados traduzindo os problemas de outros turistas. Para explicar a Kaya que a pessoa da documentação em nada se parecia com o que via sentado na poltrona, apontou para os documentos do vocalista e a seguir para sua própria calça, dando a entender: "homem". A seguir, apontou para Kaya e depois para uma foto de sua esposa sobre a mesa. "Mulher". Finalmente a par do que o outro queria lhe dizer, Kaya fechou a cara, vermelho e nervoso. Levantando-se bruscamente, abriu os botões do casaco, o zíper e abaixou as calças.


Do lado de fora, todos pararam ao ouvir o grito de terror que vinha de dentro da saleta:


– PORRA, TU É HOMEM?


Viram sair dali "uma garota apressada e furiosa", puxando consigo uma excêntrica mala rosa e deixando para trás um oficial confuso e rindo sozinho até chorar.


Dirigindo-se para o estacionamento, Kaya tirou o celular do bolso, relendo a mensagem de texto mandada há poucos minutos por Masashi. "Tivemos um pequeno problema com o carro e não vamos poder pegá-lo no aeroporto. Venha de táxi, ligue quando estiver chegando perto e o pegaremos no caminho." Abaixo, as instruções de tudo o que deveria fazer. Não demorou a encontrar um taxista muito simpático que, apesar das barreiras de linguagem, não se importara em conversar com ele recebendo apenas sorrisos como resposta.


– Então, pra que hotel a moça vai? - perguntou o rapaz animado, batucando no volante enquanto dirigia.


Ao reconhecer a palavra hotel, correra a procurar na mala menor os papéis com os textos em katakana em busca da resposta certa para aquilo.


– Nao... Nao vou para... Hotel...


– Saquei, saquei! E pr'onde 'cê vai?


Afundou a mão no bolso do casaco e tirou dali um pedaço de papel com o endereço que havia anotado.


– É aqui que você vai descer, moça? - Fez que sim com a cabeça, enquanto o homem tomava o papel para analisá-lo. Logo, uma freada brusca fez com que Kaya quase voasse para o banco da frente. O motorista o encarava com olhos assustados, analisando-o de cima a baixo, não acreditar que alguém que lhe parecia tão rico estivesse indo para um lugar daqueles. - Sério..? Vish! - Devolvera o papel a Kaya e, após um suspiro, retomara a corrida, parecendo nervoso. - Sua família mora lá?


Família. O pequeno tornou a ler nos papéis a frase correspondente entre as anotações de Hizaki.


– Chu... Churasuko...


– Aí sim, hein!


Embora não tivesse a mínima ideia do que aquilo significava, parecia bom, por isso fez questão de memorizar a frase. Releu mentalmente o que havia acabado de dizer, coçando a cabeça um tanto perdido. Não sabia nem o que era um "churrasco". Deu mais uma olhada no pedaço de papel com o endereço de Masashi e ficou a se perguntar o que haveria de tão errado com aquele lugar para que o motorista ficasse nervoso.


– Com... Compurekkusu... - Dobrou o papel, achando aquilo muito difícil de pronunciar.


Ficou a viagem toda tentando decorar as frases que não conseguira no avião, ignorando totalmente a mudança de paisagem à medida que o táxi se aproximava de seu destino. Parou de ler ao sentir que o movimento do carro diminuía, adentrando uma ruela onde alguns garotos sem camisa jogavam bola. O motorista virou-se para ele, sorrindo torto.


– É aqui, dona...


Kaya olhou pela janela do carro. Na rua, vários homens fardados e armados montando guarda em diversos pontos. Militares? A aparência das casas não o agradava. Era ali que Masashi tinha comprado uma casa? Degraus tortuosos em um enorme barranco chamaram sua atenção. "Vamos ficar no alto, a vista é incrível!" foram as palavras do amigo no convite feito por telefone. Desesperou-se ao pensar que o baixista poderia morar num daqueles barracos lá em cima. As construções (empilhamentos, em sua opinião) davam impressão de que cairiam a qualquer segundo! Gritos próximos ao outro lado do carro fizeram com que grudasse na outra janela. Através do vidro, viu dois homens se atracando furiosamente na calçada, espancando um ao outro e pessoas passando por eles a dar de ombros como se aquilo fosse perfeitamente normal.


Motoristas de táxi se assustando com o endereço, militares nas ruas, construções de estrutura duvidosa, agressões em praça pública...


O que havia de errado com aquele tal de Complexo do Alemão?


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Notas finais do capítulo

Revivendo um tema que todos nós ~AMAMOS~. CARNAVAL, EEE *Corre e se esconde na mala do Kaya.* E sim, eu tirei o acento do "não" pra ficar mais Kaya Pronunciantion. XD
Então, galero? ;;