Destino escrita por Fe Neac


Capítulo 53
Capítulo 53 - Everything I do


Notas iniciais do capítulo

Não, não é uma ilusão. A Fe-chan retornou das cinzas.Sério, gente, desculpe pela demora. Um monte de coisa entediante que nem vale a pena mencionar atrasou este capítulo. Mas em momento nenhum pensei em abandonar a fanfic.Quero agradecer a todos os lindos que me deixaram review, e também às pessoas que me mandaram MP, me incentivando a continuar. O apoio de vocês sempre é importante.Por fim, não menos importante, quero agradecer à Lady Mila pela 16ª recomendação da fic. Mila-chan, doumo arigatou!Agradecimentos ainda à feia mais linda do meu kokoro, Lara-chan, por betar o capítulo para mim e me surportar.Viu o que dá eu sumir tanto tempo? Não paro mais de falar!Sem mais, boa leitura!



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Após a revelação, o silêncio foi, pouco a pouco, apoderando-se do campo de batalha. Enquanto os Kurosaki concentravam sua atenção naquela que, até poucos momentos atrás, não era ninguém mais do que a filha do Comandante, os Schiffer observavam atentamente as reações de seu soberano, sendo que os integrantes do exército do que um dia fora o reino Kuchiki intercalavam sua atenção, ora focando-a na jovem, ora olhando de um para o outro, enquanto abaixavam suas espadas e repetiam, surpresos:

“Kuchiki? Ela disse Kuchiki?”

O único que parecia alheio àquela comoção era o rei Ulquiorra, que continuava a olhar para sua desafiante.

– Acha mesmo que uma criança como você pode me vencer? – perguntou, sem demonstrar emoção.

– Estou certa disso.

– Bem, você até pode pertencer à realeza... Mas seu reino não existe mais. Logo, você é apenas uma praga remanescente de um extermínio mal executado – disse, observando a mão dela apertar o cabo da espada. – Que valor tem a sua palavra? Uma vez que não é uma Kurosaki, que garantias eu tenho de que, se a derrotar, o exército não oporá mais resistência à invasão?

Antes que Rukia pudesse responder, a voz de Isshin rompeu o silêncio:

– Sim, Rukia-san não tem autoridade neste reino... Ainda – disse ao se aproximar, e voltando-se para a jovem, olhou-a profundamente nos olhos. – Portanto, não posso deixar que tome tal decisão.

– Como eu imaginava... Não passa de um lixo audacioso – disse Ulquiorra.

– Entretanto... A ideia de restringir a batalha à realeza é excelente. Assim, eu o desafio, rei Ulquiorra! O vencedor desta batalha vencerá a guerra!

– Isshin-san, não! – Rukia gritou, aproximando-se do homem e, em seguida, baixou a sua voz. – Você pode enganar aos outros, mas não a mim. Está ferido. Não está em condições de lutar...

– Não estou no meu melhor, mas ainda posso lutar – respondeu no mesmo tom. – Não posso permitir que arrisque sua vida pelo meu reino, Rukia-chan.

– Isshin-san... Não é apenas pelo reino... Para mim… Há muito mais em jogo! Meus irmãos... – engasgou, e então respirou profundamente para conter suas emoções. – Os Schiffer mataram meus irmãos. Tenho que vingá-los. E também... Esse reino já fez mal demais. Eles têm que aprender… Que há justiça neste mundo… Por favor, Isshin-san.

– Sinto muito, Rukia-chan, mas eu...

– Isshin-san! Esta luta é minha! – suplicou.

Por um momento, os olhos do rei fitaram atentamente os da morena. Viu ali a tristeza, a preocupação, e também o enorme desejo de vingança que tinha em sua alma. A preocupação e o carinho que tinha por ela o fizeram querer proibi-la de lutar. Mas, de repente, sentiu que seria egoísta se não permitisse que ela lutasse. Compreendia que ela jamais se livraria de seus recém-adquiridos fantasmas se não travasse aquela batalha. Olhou mais uma vez em seus olhos e, além de tudo o que tinha encontrado antes, percebeu força e determinação. Alguém que possuía aqueles olhos não poderia perder...

Por fim, ignorando a razão e uma boa parcela de seu coração, Isshin se voltou para seu inimigo:

– Rukia-san... Tem a minha permissão. Ela lutará contra você... E o vencedor desta batalha será o vencedor da guerra.

Assim, afastou-se dos dois e foi para o lado do filho, que o observava como se acreditasse que o pai ficara maluco.

– Como... Como você pôde permitir isto?

– Filho... Estou fazendo isto pelo bem dela. Neste exato momento, o coração de Rukia-chan está tomado pelo desejo de vingar seus irmãos. Sua família – disse, observando a jovem, que se punha em posição de batalha. – Ela acredita que é a sua missão e, se eu não permitir que ela lute agora, ela talvez nunca seja capaz de superar a morte dos irmãos.

– Mas... Ela… Ela pode morrer! – o rapaz disse, em desespero.

– Ela não vai morrer!

“E, em algum momento da batalha” – Isshin pensou. – “Ela poderá perceber que o único desejo de seus irmãos... É que ela prossiga com sua vida. E seja feliz.”

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Kaien abriu os olhos vagarosamente. Sentia-se um lixo: o corpo todo doía, e a boca seca lhe dava a impressão de que não bebia água há pelo menos uma semana.

Olhou ao redor, ainda desorientado, e por um instante não foi capaz de se lembrar de onde estava. Tentou se virar para observar os arredores, mas se arrependeu do movimento quando sentiu uma forte dor em sua cabeça.

– Não se mexa – alguém disse suavemente.

Ao ouvir a desconhecida voz feminina, a confusão do jovem aumentou. Onde ele estava? Quem era aquela mulher? O que eles estavam fazendo ali? Estas e muitas outras perguntas surgiram em sua mente, mas sua garganta seca permitiu que dissesse, com muita dificuldade, apenas uma palavra:

– A- água – pediu num sussurro rouco.

– Aqui está – ela respondeu, enquanto gentilmente entornava a água de um cantil na boca do jovem. – Beba com calma, senão vai se afogar.

– O-obrigado – disse quando terminou de beber.

– Não precisa agradecer. Agora não se mexa, você foi seriamente ferido e estou tentando dar um jeito nesse machucado.

O comentário fez com que o rapaz se lembrasse de onde estava. Contrariando o pedido da jovem, tentou se levantar sem sucesso, conseguindo apenas que o sangramento que ela tentava estancar aumentasse.

– Tsc! Eu acabei de dizer que não era pra você se mexer!

– Mas eu não posso ficar aqui parado! Meu esquadrão precisa de mim!

– No estado em que está, você não vai conseguir ajudar ninguém! Não consegue nem ficar de pé! – disse, zangada. – De qualquer forma, os exércitos não estão lutando agora.

– A guerra acabou? Quem venceu? – perguntou, ansioso.

– A guerra não acabou, mas parece que a realeza fez um tipo de acordo: os exércitos não se enfrentarão mais, e quem vencer será o soberano de todos os reinos.

– Hum... Isso é novo – disse, acalmando-se. – O rei Isshin vai lutar diretamente com o rei Ulquiorra?

– Não, quem vai lutar é uma moça. Parece que ela é uma Kuchiki...

– Uma moça? – olhou para jovem, que parecia procurar algo em alguma caixa e havia lhe dado as costas.

– Qual o nome dela? – perguntou, alarmado.

– Ela falou, mas eu não lembro... Parece que ela ficou escondida no reino Kurosaki desde a queda do reino Kuchiki... O Comandante e sua esposa a adotaram.

– Rukia! – Kaien gritou, e ao tentar se levantar, o machucado voltou a sangrar.

– Mas será que você não consegue ficar quieto?! – olhou-o, zangada, mas ele nem se deu conta.

– Eu tenho que ir lá... Tenho que ajudá-la... Não posso permitir que ela se arrisque desse jeito! Eu não posso ficar aqui parado!

– Mas vai! – a mulher gritou e, segurando-o pelos ombros, fez com que ele se deitasse.

– Quem você pensa que é pra tentar me impedir de ajudar minha amiga?

– Nesse exato momento, eu sou a pessoa que está tentando salvar o seu traseiro! – gritou, perdendo a paciência. – Que droga! Será que além de te atravessar com um punhal o seu inimigo também acertou a sua cabeça? Já disse que do jeito que está você não vai conseguir ajudar ninguém!

Kaien preparou uma resposta malcriada, mas ao sentir a visão embaçando, teve que dar o braço a torcer. O que ele poderia fazer para ajudar Rukia, quando não conseguia nem dar conta daquela mulher? Ela havia se virado, dando-lhe as costas e, por um momento, ele a fuzilou com o olhar. Ela podia estar lhe ajudando, mas definitivamente era uma bruxa, mandona, mal educada e... Bonita. Ela havia se voltado para ele novamente e, pela primeira vez, ele pode ver a sua face. Tinha o rosto redondo e bonito, os olhos castanhos e amendoados, o nariz levemente arrebitado e os lábios pequenos e rosados. Todo o conjunto emoldurados pelos cabelos curtos e avermelhados. Por alguma razão que não pode compreender, sentiu o rosto esquentar.

– Se quer continuar vivo e ajudar alguém novamente, fique quieto e deixe que eu cuide de você! Caso contrário, todo meu esforço terá sido em vão e você vai morrer hoje. Vai ficar quieto?

Kaien desviou o olhar para o lado e resmungou um “sim”, com muita má vontade. Infelizmente, ela estava certa. Naquele momento não podia ajudar nem Rukia, nem ninguém.

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– Antes de iniciarem sua batalha, há algo que precisa ficar claro! – Isshin gritou. – Qualquer terceiro que intervier na luta, anulará o acordo.

– Sem problema – o rei Schiffer respondeu. – Eu não preciso da ajuda de ninguém para acabar com esta mulher.

Então, ambos sacaram suas espadas e se prepararam para o combate.

Rukia não conseguiu evitar um estremecimento. Havia muito em jogo naquela batalha. Toda a segurança do reino estava em suas mãos, e essa constatação a apavorou. Respirou profundamente e se preparou para encarar seu adversário. E, por alguma razão, sua mente vagou para um momento ocorrido cerca de três anos atrás.

“Renji e ela haviam discutido durante o jantar. Ela deixara a mesa chateada, e fora até a oficina do pai para contemplar a espada do príncipe, quando Urahara a surpreendeu com uma espada forjada especialmente para ela. Extremamente feliz, correra até o irmão e lhe mostrara o presente, que ele apreciara, contrafeito. Estava com as sobrancelhas franzidas quando dissera:

– Sabe, Rukia, você não precisa aprender a lutar, eu sempre vou estar aqui para te proteger...

Ao que ela imediatamente respondera:

– Eu sei, Renji, eu sei – Rukia se aproximara do irmão e deixara a cabeça descansar em seu braço. – Mas e se um dia eu precisar proteger você, o papai e a mamãe? Sabe, eu não quero depender de vocês pra sempre, eu quero poder cuidar de mim, e quero ser capaz de fazer algo por vocês se for necessário!”

Percebeu, então, que esse momento chegara. Era a hora dela retribuir toda a proteção que havia recebido, tanto física quanto emocional. Era hora de lutar por todos aqueles que amava. Diante deste pensamento, Rukia foi invadida por uma reconfortante sensação de calma. Todas as emoções que há um minuto tomavam conta de todo o seu corpo pareceram desaparecer, deixando em seu lugar um silêncio absurdo. Desviou o olhar para o lado e seus olhos se encontraram com um par de orbes castanhas que a observavam, aflitos. Por um instante, teve vontade de ir até o ruivo e lhe dizer para não se preocupar. Mas não podia fazer nada naquele momento. Teria que se entender com ele depois.

Voltou-se para o seu oponente, estudando-o com atenção. “Isto não é um treino. E também não estamos lutando apenas para salvar nossas vidas. Estamos lutando para matar”, pensou. “Eu vou matar este homem”.

Ainda observando o adversário, Rukia levou a mão ao cabo da espada, apertando-o, indecisa. Deveria atacar ou deixar que ele fizesse o primeiro movimento? Mas ela desejava terminar aquela luta o mais rápido possível. O reino Schiffer já ficara impune por tempo demais... Seus irmãos já estavam esperando por tempo demais.

Com sua família em seus pensamentos e com o desejo de vingança em seu coração, não foi capaz de ficar parada nem por mais um segundo. Correu até o inimigo e começou a atacá-lo com sua espada, pressionando-o.

Imperturbável, Ulquiorra se defendeu de todos os golpes com relativa tranquilidade. Aproveitou uma brecha entre os movimentos e moveu a katana de encontro ao pescoço da morena que, com extrema agilidade, inclinou o corpo para trás, sentindo a lâmina passar com perigo sobre sua cabeça.

Endireitou rapidamente o corpo e voltou a atacar o inimigo, agora com mais rapidez. Ele não pareceu notar o aumento em sua velocidade e continuou a se defender com a mesma tranquilidade. Impassível, desferiu mais um golpe contra a jovem, e um som metálico encheu o campo de batalha no momento em que duas lâminas se chocaram.

Permaneceram assim por muito tempo, e, aos olhos dos que os observavam, era impossível dizer quem seria o vencedor daquele embate. Se os dois continuassem daquela maneira, a luta provavelmente continuaria por muito tempo.

__________________

Quando seus olhos se encontraram com os da morena, o aperto que sentiu em seu peito foi tão forte que abaixou imediatamente a cabeça, fitando o chão sem realmente o enxergar. Ele a amava tanto! Seria ela capaz de entender quão grande era o espaço que ocupava em seu coração?

Segurou o próprio corpo para refrear o impulso de ir ao seu encontro, mas a tarefa não era nada fácil. A simples ideia de que ela pudesse se machucar, de que ele pudesse perdê-la, era mais do que sufocante. Queria tomar a frente e lutar aquela batalha em seu lugar, mas sabia que ela jamais o perdoaria se ele se intrometesse.

Prendeu a respiração enquanto continuava a observar o combate, que permanecia equilibrado. Observou-a escapar por um triz do ataque de seu oponente e, em seguida, desferir um golpe com força e rapidez. As espadas se chocaram por diversas vezes e, então, ambos se afastaram, observando um ao outro com atenção.

Viu que Ulquiorra a olhava atentamente, e era incrível como, mesmo no calor da batalha, seu rosto permanecia inexpressivo, sem vida. Com sua calma inabalável, mais uma vez avançou contra sua adversária, com movimentos ágeis e precisos.

Sua preocupação aumentou exponencialmente ao ver que a nova sequência de golpes a estava forçando ao extremo, e era quase impossível permanecer como um mero espectador, quando Rukia precisava usar toda a sua habilidade para se defender. E, por mais que ela tentasse evitar que qualquer indício de fraqueza transparecesse em seu rosto, ela não podia enganá-lo: aos olhos atentos do ruivo, estava claro que a força e agilidade do oponente a estavam forçando ao seu limite. E ele percebeu que, se ela dependesse unicamente de suas habilidades no manejo da espada, provavelmente seria derrotada.

À morena parecia ter ocorrido o mesmo pensamento, já que adotou uma postura diferente. Firmou os pés no chão e levou a espada à sua frente, e ele percebeu que ela estava prestes a usar uma de suas técnicas mais eficazes: havia decidido desarmá-lo e partir para um combate corpo a corpo. Manteve a respiração suspensa quando o viu correr até ela e desferir um golpe que fez com que as lâminas se chocassem. Então, ela moveu seus braços e sua katana num movimento circular, que fez com que o braço dele se dobrasse num ângulo estranho, obrigando-o a soltar a arma para não quebrar o pulso.

Seu coração acelerou ao perceber que Ulquiorra havia se descuidado na tentativa de recuperar sua arma, e que Rukia aproveitou aquela pequena abertura e, rapidamente, acertou a face do inimigo com o cabo da espada. Ele recuou dois passos, aturdido, e a morena, aproveitando a oportunidade, desvencilhou-se da própria katana, foi na direção do oponente e o atacou com velocidade.

Quando viu que ela havia logrado êxito em sua estratégia, finalmente pôde respirar com maior facilidade. E essa sensação – um misto de apreensão e alívio – o perseguiu pelos minutos seguintes. Apreensão ao ver que, inicialmente, a luta se manteve equilibrada e, ainda que não fosse capaz de contra atacar, o rei ao menos conseguia se defender de quase todos os golpes. E alívio quando, conforme o tempo começou a passar, viu que o treino e preparo físico da morena permitiam que ela aumentasse ainda mais sua velocidade, ao passo que o cansaço fazia com que o inimigo deixasse de aparar seus ataques.

Vibrou quando ela o acertou com um soco certeiro no nariz. E, em seguida, com uma cotovelada no rosto. E, ao ver que as mãos dela o acertavam continuamente, fazendo com que ferimentos começassem a surgir por todo seu corpo, ele permitiu que o otimismo o dominasse: ela não seria derrotada.

Por fim, um golpe mais forte derrubou o rei Schiffer, e o já castigado corpo de Ulquiorra não foi capaz de reagir com a rapidez necessária. Em um momento, Rukia se ajoelhou em suas costas e levou as mãos à cabeça do oponente, pronta a quebrar o seu pescoço, e naquele momento ele soube que Rukia, a sua Rukia, era a vitoriosa.

Porém, em um instante, toda sua euforia se esvaiu, e ele sentiu o ar lhe faltar. Um pânico sem igual se apossou do jovem enquanto olhava para sua amada.

Pois antes que ela pudesse desferir o golpe fatal, a ponta de uma espada foi levemente pressionada contra a sua nuca.

_______________

– Solte-o! Agora! – disse o comandante dos Schiffer.

– Você sabe que está desrespeitando o acordo, certo?

– Não vou permitir que mate nosso rei. Além disso, ganhar esta batalha nunca foi um problema pra nós. Agora que paro pra pensar, vejo que esse acordo, na verdade, só beneficia vocês.

– Rukia! – gritaram Renji e Ichigo ao mesmo tempo.

Ambos estavam muito machucados. A luta havia sido muito difícil, e os curativos pouco ajudavam. Feitos apressadamente, mal conseguiam reter o sangue que teimava em escorrer de suas feridas. Mas, ainda que cada movimento fosse um martírio, ambos se levantaram para correr até onde a morena se encontrava.

– Se qualquer um dos dois der mais um passo, eu cortarei a cabeça da mulher! – o homem gritou e, em seguida, voltou-se para Rukia. – Agora, solte-o.

– E o que acontece se eu o soltar? – a morena perguntou, para ganhar tempo, enquanto procurava uma saída para sua delicada situação.

– Se o soltar agora, talvez eu permita que você continue a viver.

– Sabe, não acredito em você. Na verdade, eu acho que no momento em que eu o libertar você pretende cortar minha cabeça – respirou fundo, preparando-se para executar a manobra crucial para sua sobrevivência. – E, se de qualquer jeito morrerei... Vou garantir que levarei o rei dos Schiffer comigo!

Dito isto, com um movimento rápido, Rukia quebrou o pescoço do rei e, no instante seguinte, atirou o corpo para frente, rolando para longe da ameaçadora espada e se colocou de pé.

Embora rápido e bem executado, seu movimento não foi de todo surpreendente e, dominado pela fúria, o comandante rapidamente correu em sua direção, pronto para tirar a vida daquela que ousara derramar o sangue do rei dos Schiffer.

Foi tudo muito rápido. Num segundo, Rukia se levantava do chão enquanto o homem corria em sua direção com a espada. Antes que ela pudesse esboçar qualquer reação, a espada atravessou o peito arfante, e sangue manchou suas vestes.

– Não! – gritou, angustiada. – Por quê? – perguntou, num sussurro.

__________________

Ao ver o inimigo correr em direção à Rukia, o ruivo não pode mais se conter. O tempo pareceu parar enquanto ele corria na direção da batalha e se interpunha entre os dois.

O rosto de inimigo foi tomado pela surpresa ao ver o jovem tomar o golpe no lugar de sua amada. Assustado, o homem se afastou vagarosamente, e correu em direção ao seu exército, gritando:

– Atenção, todas as tropas! A trégua acabou!

Mas assim que alcançou seus homens, uma lança o atravessou. Levantou o olhar e, para sua surpresa, viu que um de seus subordinados empunhava a arma que o traspassara. Os soldados do reino Kuchiki haviam se rebelado.

– Os Kuchiki não obedecerão às suas ordens, ou de qualquer outro Schiffer! Nossas vidas e nossas armas estão a serviço apenas de nossa rainha! – disse um homem, que em seguida puxou sua lança e assistiu o corpo sem vida do comandante tombar ao chão.

Um pandemônio tomou conta do campo de batalha. O cheiro de sangue e suor predominava, impedindo que qualquer outro odor fosse sentido. Agora, cada espada Kuchiki havia se voltado contra seus antigos aliados, e a maioria dos Schiffer corria rapidamente, numa tentativa de escapar de seus inimigos. Uns poucos, que se encontravam à margem do ajuntamento, conseguiram escapar. Aqueles que não conseguiram fugir foram mortos por aqueles que antes eram seus companheiros.

Apenas duas pessoas estavam alheias a tudo o que acontecia ao seu redor.

__________________

– Rukia...

– Não fale! – sussurrou, e em seguida gritou: – Preciso de ajuda! Ele está ferido!

– Rukia...

– Shhhh... Fique quieto. A ajuda já vem – disse e, em seguida, acariciou levemente os cabelos do ruivo. – Que loucura foi esta? Por que fez isso, idiota?

Ao ouvir a pergunta, ele levantou os olhos e a encarou.

Look into my eyes

Olhe nos meus olhos

You will see what you mean to me

Você verá o que você significa pra mim

Just search your heart, search your soul

Procure em seu coração, procure em sua alma

And when you find me there

E quando você me achar lá

You'll search no more

Não irá mais procurar

Perdoe-me, Rukia – pediu, enquanto tossia, engasgando-se com o sangue que escorria por sua boca.

– Tsc... Por que está pedindo perdão, idiota? – disse entre dentes e, em seguida, acomodou melhor a cabeça dele em seu colo. – Não se esforce... Céus, alguém me ajude aqui, por favor!

Finalmente, um dos soldados correu em sua direção:

– Deixe que eu o examine!

Após verificar o ferimento e os sinais vitais do ruivo, o soldado a encarou e em seguida desviou o olhar:

– Sinto muito, Rukia-sama – disse o jovem. – Não há nada a ser feito. O pulmão foi perfurado... É na verdade um milagre que ele ainda esteja consciente.

Rukia olhava do rosto do jovem para o rosto do homem deitado em seu colo, tentando assimilar o significado daquelas palavras. Não podia ser verdade. Era impossível. Ele não iria morrer, certo?

– Tudo... O que fiz... – disse fracamente, atraindo a atenção da morena para si. – Foi para obter o seu amor... Eu... Eu te amo tanto! Tanto que meu coração chega a doer, Rukia. Eu queria... Conquistá-la, eu precisava ter o seu amor. Perdoe-me se a machuquei neste processo.

– Idiota! – Rukia exclamou, com a respiração entrecortada pelas muitas lágrimas. – Eu sempre te amei, Renji! Você sempre esteve ao meu lado... Você é a minha lembrança mais antiga... Você é e sempre será meu irmão. Nosso laço e nosso amor é algo que jamais irá se apagar.

There's no love like your love

Não há amor, como o seu amor

And no other could give more love

E nenhum outro poderia me dar mais amor

There's nowhere, unless you're there

Não há lugar nenhum, sem que você esteja nele

All the time, all the way yeah

Todo o tempo, em todo caminho!

– Faz muitos anos que eu não te amo como um irmão, Rukia – Renji tossiu e uma vez mais o sangue escorreu de sua boca.

Sua respiração estava entrecortada, e ele parecia ter cada vez mais dificuldade para se manter consciente.

– Mas eu decidi que... Se este é o amor que você pode me dar... Eu... Eu o aceitarei! – o volume da voz de Renji diminuía gradativamente, e Rukia se aproximou para poder ouvir melhor. – Posso me atrever a pedir um presente? – sorriu fracamente após a pergunta.

– Qualquer coisa! – respondeu entre soluços, sentindo que o momento em que se despediria de seu irmão estava cada vez mais próximo.

– Não fique triste... – pediu o rapaz, levando a mão trêmula à face delicada. – Eu parto feliz, pois eu sei que estou morrendo por ter feito aquilo a que sempre dediquei minha vida: proteger a pessoa que mais amo.

– Renji...

I would fight for you

Eu lutaria por você

I'd lie for you

Eu mentiria por você

Walk the wild for you

Caminharia no deserto por você

Yeah, I'd die for you

Yeah, eu morreria por você

– Quanto ao meu presente... Nada me faria mais feliz do que a minha última lembrança deste mundo... Ser um beijo teu, Rukia!

Rukia hesitou apenas por um segundo e então olhou carinhosamente para o rosto do irmão e, com delicadeza, aproximou lentamente sua face da de Renji, unindo seus lábios num beijo casto, nada além de um roçar de lábios, porém capaz de transmitir todo o carinho e amor que tinha pelo rapaz.

Ao sentir a pressão que os lábios dela fizeram sobre os seus, Renji sentiu uma imensa paz invadir sua alma. Era o primeiro – e último – beijo que ela lhe dava, e seu coração se encheu de alegria.

– Eu te amo, meu irmão... – sussurrou, afastando os lábios dos dele.

Um doce sorriso se espalhou por sua face ao ouvir aquela declaração. Havia muito tempo que ansiava ouvir essas palavras e, ainda que o amor dela não fosse o mesmo tipo de amor que ele sentia, isso lhe bastava.

Rukia sentiu o corpo dele amolecer em seus braços. Com terror nos olhos, percebeu que ele partira. Renji estava morto.

– Renji! – gritou, balançando-o com força, como se aquilo pudesse trazê-lo de volta. – Renji! Não, não, não, não! – abraçou-o mais forte e o apertou contra o próprio corpo, enquanto chorava alto. – Não, meu irmão! Não vá! RENJI! – o grito de Rukia ecoou pelo agora silencioso campo de batalha.

You know is true

Você sabe que é verdade

Everything I do

Tudo o que eu faço

I do for you

Eu faço por você


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Notas finais do capítulo

Surpresos? Sim? Não?Gostaram do capítulo?A música do final é "Everything I do", do Brian Adams. Simplesmente linda.Como sempre, estarei na espera de seus lindos e vitaminados reviews, que eu simplesmente AMO. Então, façam esta autora mais-que-baka feliz, e deixem reviews, ok?No próximo capítulo, chegaremo ao final da história.Espero encontrá-los lá!Bjokas!