Sentaram-se todos em volta da mesa, Urahara numa ponta, Youruichi na outra, Rukia de um lado e Renji à direita. Como de costume, conversavam durante a refeição.

– Papai, e aquela encomenda importante que o senhor recebeu? Já terminou? – Rukia perguntou para Urahara.

– Sim, vou dar os toques finais nela hoje após o jantar. Uma encomenda diretamente da realeza! Encarreguei-me pessoalmente de fazer a espada. – respondeu.

– É, não me deixou nem chegar perto da “espada maravilhosa do rei” – resmungou Renji, mal humorado.

– Não liga pai, Renji deve estar precisando de uma namorada, do jeito que anda mal humorado esses tempos – disse Rukia, causando uma risada geral, com exceção de Renji, que parecia capaz de pular no pescoço da garota ali mesmo.

– Se você quiser, pode ir após o jantar pra ver como ficou a espada – disse Urahara para Rukia, antes que Renji iniciasse outra discussão. Ainda perderia todos os cabelos antes que os filhos se tornassem adultos.

– Sugoi!!! Quero sim! – abaixou os olhos para o prato e depois completou - O senhor bem que poderia fazer uma espada pra mim também... – Rukia fez um olhar “pidão” para Urahara, que riu.

– Bem, se você continuar a aprender a lutar tão bem quanto sua mãe disse que está, talvez eu te dê uma de aniversário... Mas mudando de assunto, os Shiba vieram hoje e encomendaram três espadas, Youruichi.

– Parece muito bom, Urahara. Estamos cheios de encomendas, não? – disse Youruichi.

– Shiba? – perguntou Rukia, fingindo indiferença.

– Sim, Shiba Kuukaku-san veio aqui e encomendou. Uma para ela e uma para cada irmão...

– Ah, Kaien não veio, então... – disse Rukia, tentando continuar a aparentar indiferença. Renji deu um risinho. – Algum problema, Renji?

– Não, pra mim nenhum. – deu outro risinho – Mas para você sim, se pensa que aquele tal de Kaien vai te dar alguma atenção... você só tem quinze anos, e Kaien deve ter uns vinte e seis. Pra ele, você não passa de uma criança.

Rukia sentiu suas bochechas queimarem e fuzilou o irmão com o olhar. Depois, baixou o olhar para o prato, mas ao invés de comer, passou a remexer a comida.

– Mamãe, já terminei, posso sair?- disse Rukia. Era obvio que o comentário de Renji a magoara, e ele sentiu-se mal.

– Sim, querida – disse Youruichi, olhando de esguelha para Renji. O filho parecia estar estranhamente irritado hoje.

– Papai, estou te esperando lá na oficina, então.

– Ok, eu já estou indo. – Urahara respondeu.

O restante do jantar passou no mais completo silencio, até que todos terminaram de comer. Urahara então se levantou e foi para a oficina. Renji ia levantando quando Youruichi o chamou:

– Querido, pode me ajudar com a louça?

– Claro, Youruichi-san.

Começaram a limpeza, Youruichi lavava enquanto Renji enxugava a louça.

– Então, Renji, vai me dizer o que está acontecendo? Porque toda essa animosidade contra Rukia?

– Youruichi-san, não está acontecendo nada – Youruichi o olhou, erguendo uma sobrancelha; Renji continuou – Sério, é só que ela vem me tirando do sério já há algum tempo com essa insistência em aprender o manejo da espada, isso não é coisa pra ela, é uma princesa, e eu sou o seu protetor. Ela não precisa aprender isso, eu morreria por ela a qualquer momento, ainda que a rainha Hisana não tivesse me pedido. Eu não sou suficiente para protegê-la?

– Mas Renji....

– E agora tem esse tal de Shiba... É Kaien pra cá, Kaien pra lá. Não agüento isso. Será que ela não vê que ele é velho demais para ela? Que ele não liga? E, mais importante de tudo, que ele não é bom o suficiente pra ela? Porque, embora seja chata, mala, mandona, baixinha, muitas vezes aja como um moleque e goste de implicar comigo, Rukia é também uma moça gentil, meiga, inteligente, independente, forte e muito bonita. Alias, a mulher mais bonita que já vi. Ela é, a seu modo... perfeita. E está muito acima desse tal Kaien, na verdade, acho que não existe na terra homem que esteja à sua altura!

Renji alterara muito a voz durante a sua fala. Ao terminar estava quase gritando. Fechou os olhos por um momento, e sentiu um incomodo no peito. Uma mistura de raiva e desalento que não foi capaz de compreender. Abriu os olhos e viu que Youruichi o observava, estupefata.

– O que foi, Youruichi-san?

– Se eu não o conhecesse, Renji, diria que está apaixonado...

E Renji ficou tão surpreso que não foi capaz de lhe responder.