O alto barulho de algo sendo derrubado fez com que a rainha Hisana acordasse assustada. Virou-se na cama para falar com seu marido, entretanto, viu que estava sozinha no quarto. Vestindo seu roupão, dirigiu-se a porta em busca de Byakuya, curiosa acerca do que se passava. Entretanto, assim que chegou à porta, a mesma escancarou-se, para o seu alivio, sendo aberta pelo seu esposo.

– Meu rei, o que está havend...

– Hisana, não temos muito tempo. Pegue sua irmã e saia daqui agora. Estamos sendo atacados pelo reino dos Schiffer. Não deixarão ninguém da família real vivo, por isso pegue sua irmã e saia daqui.

– Mas e você?

– Vou lutar e defender meu reino. Mas eles são muitos, e nos pegaram despreparados, portanto não posso garantir a vitoria. Pegue Rukia e vá. Não posso permitir que nada aconteça a vocês. Sigam para o sul. Tenho certeza que o reino dos Ukitake não lhes recusará abrigo. Temos sido amigos durante anos. O capitão Shunsui e seu pajem irão protegê-las. Agora vá!

A rainha Hisana correu para os braços de seu marido, dando-lhe um ultimo beijo.

– Nunca se esqueça que eu te amo.. – disse, enquanto tocava a face de seu esposo.

– Não esquecerei. Também te amo. Agora vá!

Dito isto saiu correndo pela porta em direção aos sons da já iniciada batalha.

Hisana utilizou a porta de comunicação e foi para o quarto de sua irmã, que tinha apenas quatro anos. Acordou a pequena com urgência, dizendo amavelmente que iriam dar um passeio. A jovem criança não reclamou enquanto a irmã lhe trocava a roupa, apesar da pouca idade, sentia que algo estava acontecendo. O capitão Shunsui adentrou o quarto.

– Minha rainha, rápido, a batalha está feroz e infelizmente temo que nesta noite a sorte não esteja ao nosso lado...

Shunsui se adiantou e pegou a pequena Rukia no colo, e todos saíram apressados em direção aos aposentos dos empregados. Atravessaram a despensa do castelo, onde o pajem os aguardava.

Utilizando uma das saídas dos empregados, alcançaram a noite fria. O céu estava límpido, mostrando as estrelas e a lua cheia, que iluminava o caminho. Começaram a dirigir-se velozmente para o sul.

Entretanto, pouco haviam se distanciado do castelo quando ouviram o trote de um cavalo que vinha em sua direção. O capitão Shunsui desembainhou sua espada, enquanto gritava:

– Vá! Eu irei atrasá-los! Rápido, Milady.

Hisana pegou Rukia pelas mãos, dirigindo-se para a margem do rio próximo ao castelo, onde uma pequena embarcação os aguardava. Adentraram o barco e o garoto soltou as amarras e afastou o barco da margem com o auxilio dos remos. A forte correnteza fez com que começassem a distanciar-se do castelo, a rainha estava apreensiva quanto ao que aguardava seu marido, entretanto, suspirou um tanto mais aliviada ao constatar que ao menos sua irmã estava em segurança.

Mal terminou seu suspiro, uma dor lancinante se fez presente em suas costas. Olhou para baixo e viu que seu peito fora traspassado por uma flecha. E naquele momento a rainha Hisana soube que sua vida estava chegando ao fim. Com as mãos tremulas, tirou um colar de ouro branco e incrustado de safiras, que trazia ao peito, o qual possuía um pingente dourado com a insígnia do reino Kuchiki, e colocou-o em torno do pescoço de sua irmãzinha, que a olhava assustada, sem dizer qualquer palavra. Hisana compreendeu que a menina estava em choque.

– Tome, one-chan... Isso agora é seu... Byakuya não tinha irmãos, e pressinto que a sorte dele não terá sido melhor que a minha... Você agora é a herdeira deste reino... Você tem que viver...

Virou-se então para o pajem, que a olhava assustado:

–Qual o seu nome, menino?

– Me chamo Renji. Abarai Renji, minha senhora.

– Então, Renji – disse, já com dificuldade para respirar. - Prometa-me que irá proteger minha irmã.

– Sim, minha rainha! Vou protegê-la com a minha vida! – disse o pequeno pajem.

Hisana sorriu fracamente diante da promessa do menino. Tão pequeno e tão corajoso. A rainha então se recostou na pequena embarcação e, dando seu último suspiro, morreu. E, embora a mesma não pudesse imaginar, naquele mesmo momento, seu marido, o rei, também morria no castelo.

E foi assim que o reino dos Kuchiki desmoronou.