Alguns dias se passam e Daniel e Bernardo aos poucos estão mais adaptados e sabendo lidar melhor com Alice e Larissa.

Alice ainda tinha alguns desejos estranhos, mas já eram bem menores. Larissa chorava por qualquer coisa, mas Bernardo já sabia como lidar com ela.

Determinada tarde em uma sexta, ele não tinha aulas pra dar, então resolveu ajudar a esposa com as crises hormonais.

– Lari, quer passear um pouco?

– Passear? Pra onde? – pergunta animada.

– Pra onde você quiser. Não vou trabalhar hoje, tenho o dia todo pra você.

– Sério mesmo Bê?

– Sério. Pra onde você quer ir?

Larissa fica pensativa, até se lembrar de um momento em especial da sua adolescência, já quando namorava Bernardo.

– Lembra um parquinho que tinha perto da escola? Um que a gente ia namorar quando saia da aula?

– Lembro. É lá que você quer ir?

Ela acena positivamente com a cabeça e ele a pega pela mão, a levando até o carro. Em pouco tempo estão no parque.

Larissa olha em volta, observando as mudanças do lugar. Até que não eram muitas, mas ele não era o mesmo de alguns anos atrás.

– Vem cá, tem uma coisa que você vai querer ver. – diz Bernardo a guiando até uma árvore grande e com o tronco bem largo.

– Nossa, não acredito... – diz Larissa sorrindo – Essa é a nossa árvore não é? A nossa e da Alice.

– Ela mesma, olha a prova aqui – diz ao apontar as iniciais A, L e B desenhadas no tronco da árvore.

Larissa passa a mão sobre as iniciais gravadas no tronco da árvore e sorri. Bernardo coloca uma das mãos sobre a mão dela e a outra coloca sobre sua barriga.

– Você já imaginou alguma vez que hoje estaríamos aqui, casados e esperando o segundo filho? – pergunta ele.

– Não...

Bernardo senta no chão, embaixo da árvore e ajuda Larissa a se sentar também, fazendo com que ela fique entre as pernas dele.

Ele coloca as duas mãos sobre a barriga dela e apóia o queixo na curva do seu pescoço.

– Eu te amo sabia?

Larissa sorri.

– Eu também te amo Bê. Você me deu uma família de verdade. Nossa família.

Bernardo sorri e beija Larissa. Em seguida ele puxa assunto sobre o filho que estava prestes a nascer.

– Já escolhi um nome pra ele, mas quero saber se você gosta também.

– Que nome?

– Miguel.

– Miguel... Bonito. Não sabia que você gostava desse nome.

– Acho forte. E também combina um pouco com Amanda não acha?

– É... Miguel... Gostei!

– O meninão aí já tem nome então, Miguel!

Os dois continuam por um tempo debaixo daquela árvore, lembrando os bons momentos do passado e planejando o futuro.

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Daniel estava no estúdio cuidando dos últimos detalhes da finalização de um cd. Enquanto fazia isso, ouve alguém bater a porta.

– Oi. Posso entrar?

– E precisa pedir amor? Vem cá.

Alice vai até Daniel, ficando a sua frente, entre suas pernas enquanto apóia as mãos em seus ombros.

– Está tudo bem? Quer alguma coisa?

– Quero. Atenção.

– Oh, minha moranguinho ta carente é? – diz Daniel fazendo com que ela sentasse em seu colo.

– To. Ao menos quando estava trabalhando eu tinha com o que me distrair, aqui em casa não tem nada pra fazer. Ou melhor, você não me deixa fazer nada, parece até que estou doente.

– Não é nada disso, você mesma ouviu o médico dizendo que é pra você evitar fazer esforço Alice. Seu corpo é pequeno e você está esperando duas crianças.

– Quero que eles nasçam logo!

– Isso eu também quero. Sinto saudade de você... – diz Daniel beijando Alice.

– Eu também... Mas você quis me deixar de castigo...

– Não fala assim, to de castigo também. Mas agora falta pouco moranguinho. Prometo que quando eles nascerem e as coisas estiveram mais calmas vou compensar você, mas claro que você vai ter que compensar a mim também...

– Com certeza. Vou te compensar tanto que você vai ficar me devendo. – diz Alice rindo.

– Só quero ver – diz Daniel a beijando.

– Você ainda vai demorar muito aqui?

– Não, mais uns dez minutos no máximo e já estou livre. Aguenta esperar um pouquinho?

– Fazer o que né?

Daniel dá um selinho nela, que senta em um pequeno sofá que ficava no canto do estúdio.

Ela olhava o marido trabalhando, concentrado no que fazia e se lembrou de quando se conheceram. Daniel sempre foi responsável, maduro pra idade dele.

Olhando para o marido ficou imaginado se seus filhos seriam tão responsáveis e maduros como ele.

– Pronto, agora sou todinho seu. – diz Daniel sentando ao lado dela no pequeno sofá.

– Quero que eles sejam como você.

– Como eu? Como assim?- pergunta Daniel confuso.

– Responsáveis, maduros, decididos. Se forem como eu vão ser feitos de bobos e não quero isso pra eles.

– Você não é boba, você era ingênua, é diferente. Mas você cresceu, amadureceu e hoje é uma mulher linda e decidida. A cada dia que passa me faz ficar cada vez mais apaixonado.

– Você fala isso só pra me deixar bem.

– Falo porque é verdade. Eu te amo assim, do jeitinho que você é. Quero que eles tenham esse seu jeitinho, especialmente a menina.

– A menina, o menino... Temos que escolher um nome pra eles. Logo nascem e não tem nome!

– Já escolheu algum?

– Gêmeos, os nomes tem que ser parecidos né?

– Não obrigatoriamente. Até porque é um casal amor.

– É, você tem razão. Eu tive uma idéia, vê o que você acha.

– Diga.

– A Amanda não fala que eles são anjinhos? Pensei em colocar nomes de anjos neles. Até porque você que é o pai já tem nome de anjo também.

– Nome de anjo... É. Que nome você pensou?

– Gosto de Rafael. Mas da menina...

– Rafaela?

– Não Dan, não queria que fosse em referencia ao mesmo anjo sabe?

– Entendi. E Gabriela, o que você acha?

– Gabriela... Gostei Dan!

– Então pronto. Agora é só esperar o Rafael e a Gabriela chegarem.

– Que lindos, nossos anjinhos Dan. – diz Alice colocando a mão na barriga, sendo beijada em seguida por Daniel.

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Após alguns dias, Larissa e Alice estão juntas, fazendo as lembrancinhas dos bêbês. Logo eles nasceriam e a ansiedade tomava conta não apenas delas, mas de Bernardo e Daniel também.

– Quero muito ver a carinha deles logo Lari, mas to com medo.

– É normal Li, eu também ficava assim quando estava esperando a Amanda. Admito que também esteja ansiosa hoje, mas é um pouco diferente.

– E a Amanda? Aceitou bem?

– Até demais. Ela todos os dias cuida das coisinhas do Miguel, me ajudou a escolher roupinhas, tudo.

– Que bom, pensei que ela ficaria com ciúme.

– Não, está aceitando bem, mas já falei com o Bê, não podemos deixar ela de lado quando o Miguel nascer se não ela pode ficar sentida.

– Ah sim, com certeza.

Enquanto elas conversam, Daniel e Bernardo vão até elas.

– O que estão fazendo? – pergunta Daniel apoiando o rosto no ombro de Alice.

– Terminando as lembrancinhas. O que acham?

– Estão bonitinhas. – diz Bernardo pegando algumas e olhando mais de perto – Vamos ao mercado querem alguma coisa?

– Não vou querer nada, to embrulhada... – Diz Alice.

– Mas você está bem? – pergunta Daniel.

– Estou só com um embrulho no estomago, nada demais.

– Olha lá em Li... E você dona encrenca? Quer algo da rua? – pergunta Bernardo.

– Não quero nada também não.

– Vamos lá então, não demoramos. – diz Bernardo dando um selinho em Larissa.

– Papai, padrinho, posso ir com vocês? – pergunta uma Amanda saltitante que abraça as pernas de Bernardo.

– Lari, vou levar a Dinha com a gente ta? – grita Bernardo já da porta.

– Tudo bem, juízo vocês! – diz Larissa rindo e voltando a fazer as lembrancinhas com Alice.

Já no mercado, Daniel, Bernardo e Amanda começam suas compras.

– Papai, me compra chocolate?

– Você vai comer só depois do almoço né?

Ela acena positivamente com a cabeça e Bernardo compra uma barra de chocolate para a filha.

– Igualzinha a mãe. – brinca Bernardo.

Eles terminam as compras e vão para a fila do caixa. Após pagarem por suas compras, voltam para o carro. Daniel dirigia, enquanto Bernardo estava no banco do carona e Amanda no banco de trás.

Os rapazes conversavam normalmente até que Amanda os interrompe.

– Padrinho, é melhor dirigir mais rápido.

– Porque Amanda? Quer que seu padrinho leve multa? – pergunta Bernardo rindo.

– Não, mas a madrinha vai ter os nenéns, por isso é melhor irmos logo pra casa.

– O que você disse Dinha? – pergunta Daniel.

– A madrinha vai ter os nenéns hoje padrinho.

Daniel olha Bernardo.

– O sexto sentido da baixinha é bom, melhor irmos logo pra casa. – diz Bernardo.

Daniel acelera, ainda dentro do permitido e vai para casa, onde Alice e Larissa estavam. Ao chegar, encontra a esposa e a amiga na sala, vendo televisão.

– Já? Pensei que iam demorar mais... – diz Larissa.

– Nós também, mas a Amanda quis vir logo pra casa. – diz Daniel.

– Você foi ao mercado e quis voltar logo Dinha? Você adora ir ao mercado. – diz Larissa.

– Eu sei mamãe, mas eu queria ficar aqui com você e a madrinha.

Daniel olha Bernardo e faz cara de quem não entendeu nada.

Antes que digam algo, Alice faz uma careta, colocando a mão na barriga em seguida.

– O que foi amor? – pergunta Daniel indo até ela.

– Senti uma pontada. Ai, outra e ta mais forte. – diz Alice agora com as duas mãos na barriga.

– Será que já é a hora? – pergunta Daniel tenso.

– Não sei Dan...

Larissa olha para a amiga e seu rosto fica tenso.

– Li, não se assusta, mas sua bolsa estourou. Chegou a hora amiga.

– Ai meu Deus! – diz Alice assustada.

– Calma amor, vamos pro hospital. Vem, ajudo você. – diz Daniel levando Alice até o carro.

– Vou com voce amiga, fica calma. – diz Larissa ficando próxima a Alice – Bê, pega minha bolsa... Não...

– O que foi Lari? Pergunta Bernardo assustado.

Larissa não diz nada, apenas olha para baixo.

– Sua bolsa também... Estourou? – pergunta Daniel.

– É acho que sim. – diz Larissa calma.

– Oba, os nenéns vão chegar no mesmo dia! – dizia Amanda pulando e batendo palmas.

– Meu Deus e agora? Não estamos com suas coisas Lari, ficaram em casa. – dizia Bernardo desesperado.

– Calma Bê, me leva pro hospital agora, depois vemos o que fazemos ta legal?

Enquanto Larissa parecia calma, Alice até chorava.

– Calma moranguinho, vai dar tudo certo, to aqui com você. – Dizia Daniel tentando acalma - lá.

– To com medo Daniel.

– Calma, vai dar tudo certo.

– Vou ligar pra minha mãe e pedir pra ela dar uma força aqui. To perdido! – dizia Bernardo andando de um lado para o outro.

Bernardo liga para os pais que não demoram a chegar. Eles ficam com Amanda enquanto os demais vão para o hospital.

– Consegue dirigir? – pergunta Bernardo a Daniel.

– Consigo, agora você precisa ficar de olho nas duas aí atrás.

Bernardo olha para trás e vê Larissa e Alice no banco do passageiro.

– Pelo amor de Deus, vamos logo! – dizia Alice fazendo caretas.

Eles então partem rumo ao hospital.