Chance (Primeira e Segunda temporada) escrita por Nyne


Capítulo 27
(27) / 05. Redenção


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores, tudo bem?
Aqui estou com + um capítulo fresquinho da segunda temporada de Chance pra vcs =)
Vcs odeiam a vó da Larissa não é?
Esse capítulo vai esclarecer muitas coisas...
Aliás quero dedicar esse capítulo as leitoras
Roberta Oliveira
Fernanda
DaianaMR
Rê Lovegood e
lia blue
Ótima leitura a todos!



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Bernardo e Larissa sobem três lances de escada até chegar a sala indicada pela até então misteriosa Estela Furlan.

Na porta da sala uma placa informava ser ali um escritório de advocacia. Bernardo e Larissa se entreolham um pouco confusos.

 - O que uma advogada pode querer com você? – pergunta Bernardo.

 - Não faço a mínima idéia, mas vou saber agora.

Larissa toca o interfone de aparência bem antiga e se anuncia, tendo a entrada liberada em seguida.

Ao entrar se depara com uma moça com no máximo uns 16 anos.

 - Boa tarde. Avisarei a Dra. Furlan que os senhores chegaram. – diz a recepcionista atenciosamente.

Bernardo e Larissa observam cada canto daquele lugar, que era bem mais bonito que o lado de fora.

 - Por favor, me acompanhem. – diz a recepcionista levando o casal a sala da advogada.

Assim que estão acomodados, a jovem se retira dizendo que em breve a Dra. Furlan irá os receber.

Eles estão sentados frente a uma mesa repleta de papéis e um notebook. Logo atrás havia uma porta, por onde em poucos minutos uma mulher aparentando entre 50 e 60 anos surgiu.

 - Boa tarde, sou Estela Furlan, advogada. – diz ao cumprimentar o casal.

 - Boa tarde. Sou Larissa e esse meu marido Bernardo.

 - Esse é o Bernardo? Nossa como está mudado, mais homem. Você também Larissa, a última vez que vi você, devia estar com no máximo uns 8 anos.

 - Desculpa, mas de onde a senhora me conhece? – pergunta Larissa confusa.

 - Já vou explicar tudo. Sentem-se por favor.

O casal se senta e Estela começa a falar.

 - É normal que você não se lembre de mim, como disse você era apenas uma criança quando a vi. Sou uma amiga de longa data da sua avó Lurdes, aliás, é por ela que entrei em contato com você.

 - Desculpa Doutora, mas continuo sem entender.

 - Pois bem Larissa serei clara e objetiva com você. Já faz alguns anos que você não vê sua avó não é?

 - Exato. E se a senhora e ela são tão amigas como disse, imagino que a senhora sabe o motivo disso.

 - Sei sim. – diz com a feição séria e as mãos cruzadas abaixo do queixo. – Mas durante esse tempo você sequer procurou saber alguma notícia dela?

 - Claro que não. Minha avó nunca gostou de mim, me via como um estorvo.

 - Não diga isso Larissa, garanto que não era bem assim.

 - A senhora não sabe de nada, nada! A Lurdes que você conhece pode ser diferente com você, mas quem sofreu por 16 anos com ela fui eu. Ela me expulsou de casa quando descobriu que eu estava grávida, me bateu! Me bateu grávida! – dizia Larissa alterada, já em pé e curvada sobre a mesa da advogada.

 - Calma Lari, senta. – dizia Bernardo procurando acalma - lá.

Estela apenas a observava, sem dizer uma palavra até então. Atendendo a Bernardo, Larissa se acalmou e voltou a sentar, escondendo o rosto entre as mãos.

 - Sei bem que Lurdes nunca foi um amor de pessoa, mas saiba que hoje ela está colhendo tudo o que plantou e esse é um dos motivos que está te trazendo aqui hoje Larissa. – diz Estela enquanto pega alguns papéis de um envelope pardo.

 - O que a senhora quer dizer com isso? – pergunta Bernardo.

 - A avó da Larissa está internada.

 - Como? – pergunta Larissa sem entender claramente.

 - Há poucos meses sua avó teve diagnosticado um câncer nos pulmões, porém quando foi diagnosticado já era tarde demais pra qualquer tipo de tratamento eficaz.

Larissa olha para Bernardo enquanto Estela continua a falar.

 - Sua avó está condenada Larissa. Os médicos otimistas dizem que ela pode chegar até o fim desse mês.

 - Eu... Não sei o que dizer...  – diz Larissa com um ar perdido.

 - Entendo perfeitamente Larissa. Mas me deixe prosseguir, tem mais coisas cujo você precisa saber.

Estela entrega os papéis que até então estavam com ela para Larissa, que lê mas parece não entender nada, por isso os entrega para Bernardo.

Ele olha cada um dos documentos em suas mãos e olha para Estela.

 - Isso é a escritura de um imóvel, estou certo?

 - Exatamente. É a escritura da casa onde Lurdes morou nos últimos anos, onde você também morou Larissa.

 - Ta, mas e daí? Continuo sem entender nada! – dizia Larissa ainda confusa.

 - Sua avó deixou a casa para você Larissa. Assim que descobriu a doença ela me procurou e cuidou para que eu transferisse tudo o que ela tinha de valor pra você. A casa é uma delas.

 - Calma, não estou conseguindo processar. O que quer dizer com uma delas? Tem mais coisas? E esse papo de deixou pra mim... Ela não morreu!

 - Ok, vou explicar tudo o que você quiser. Vamos por partes. – dizia Estela calmamente – Quanto a parte dos bens que ela passou para seu nome, estão a casa como você já viu e um colar, jóia de família.

 - Mas minha avó não usava jóias, ela sempre detestou essas coisas.

 - Aí que você se engana. Ela sempre gostou de jóias. Na juventude sua avó era uma mulher muito bonita Larissa, uma das mais bonitas que já conheci. Aliás você se parece e muito com ela. Lurdes sempre foi muito vaidosa.

Larissa olha para Bernardo que parece tão confuso quanto ela.

 - Por favor, Bernardo, entre esses papéis existe um envelope de carta. Pode me dar, por favor? – pede Estela.

Bernardo olha o monte de papéis em suas mãos e encontra o tal envelope, o entregando para Estela, que o abre e mostra uma carta a Larissa.

 - Conhece essa letra?

 - Sim, é da minha avó.

 - Ela escreveu essa carta para você, assim que me procurou. Quer ler?

 - A senhora se importa de ler pra mim? Estou muito confusa...

 - Claro, sem problemas.

Estela começa a ler a carta. Bernardo vê que Larissa parece muito tensa e segura sua mão, mostrando que ela não está sozinha.

Sei que você deve me odiar e tem toda a razão do mundo pra isso. Quando você mais precisou de mim, o que eu fiz? Te joguei na rua, grávida e assustada. Sei que não sou digna de perdão Larissa, mas estou aqui para de alguma forma me redimir com você, minha única família.

Sei que você nunca viu em mim uma avó de verdade, carinhosa como a de seus amigos, pelo contrário, sei que sempre fui vista como uma bruxa pra você. Não te culpo, afinal fiz por onde merecer esse seu conceito.

Nunca te falei a real história da sua vida. Da sua, da minha, daquela que te colocou no mundo e com a mesma facilidade te abandonou. Nunca fiz isso porque queria amenizar sofrimentos, tanto futuros pra você como passados pra mim.

Se você está lendo essa carta hoje, é porque já não estou mais aqui ou então estou bem perto de morrer e não posso fazer isso sem te contar a verdade.

Posso dizer que tive uma juventude privilegiada. Nunca me faltou nada, nem material e nem em qualquer outro sentido.

Fui uma mulher amada Larissa. Sei que é difícil acreditar, pois você só conheceu a minha parte amargurada, mas fui muito amada e desse amor tive aquela que um dia chamei de filha e que você nunca teve a oportunidade de chamar de mãe.

Porém esse fruto do amor por algum motivo que só Deus sabe, mas nunca permitiu que eu soubesse, foi a causadora das minhas maiores desgraças.”

Larissa e Bernardo se entreolhavam, pareciam estar atônitos com aquelas palavras. Notando isso, Estela perguntou se devia prosseguir com a leitura.

 - Por favor, se a senhora começou, tem que terminar. – diz Larissa apertando ainda mais a mão de Bernardo.

Estela acenou com a cabeça e continuou.

“Lembro-me como se fosse hoje. Sua mãe tinha o que queria de mim e do avô que você não teve a oportunidade de conhecer. Estudava nas melhores escolas, vestia as melhores roupas, porém quando a pessoa nasce com a índole ruim, nada disso importa. Ela começou a se envolver com más pessoas e fazer tudo que não prestava. Fumava, bebia, saia com diversos rapazes e sequer sabia o nome deles. Onde andava eu era apontada devido as atitudes dela, que era conhecida por todos.

Um dia ela resolveu sair com esses que ela chamava de amigos. Nós a proibimos, mas foi o mesmo que nada. Quando estávamos dormindo ela saiu de casa. Ficamos acordados a noite toda preocupados com ela, seu avô saiu por todo o bairro, mas nem sinal. Ela apareceu pela manhã completamente bêbada e acompanhada de dois rapazes tão bêbados quanto ela. Estava agindo como uma verdadeira vadia.

Os tais rapazes literalmente jogaram ela na frente do portão de casa e foram embora em seguida dentro de um carro. Seu avô quis bater nela, mas eu não permiti. Me arrependo disso até hoje, se bem que acho que uma surra não teria mudado em nada quem ela era.

Enquanto eu a trazia pra dentro de casa, os vizinhos olhavam de longe e cochichavam. Já dentro de casa seu avô foi conversar com ela, mas o que recebeu foi uma cuspida na cara. Seu avô começou a morrer aquele dia.

Ele já não tinha mais o mesmo brilho nos olhos, o mesmo sorriso alegre. Digamos que ele parou de se importar com sua mãe. Mas isso não a fez mudar, pelo contrário, isso a fez se sentir ainda mais livre e senhora da razão.

Saia todas as noites e sempre se envolvia com homens diferentes, ninguém a levava a sério. Seu avô cansou de ser apontado na rua e um dia decidiu que era hora de nos mudarmos pra outra cidade, algum lugar onde sua mãe talvez buscasse ser alguém melhor. Essa mudança não teve tempo de acontecer Larissa.”

 - Meu Deus, é muita informação pra mim! – dizia Larissa com os olhos vermelhos e já prestes a chorar.

Estela olhou para o casal a sua frente e Bernardo fez um sinal indicando para que prosseguisse.

 “Seu avô estava adoentado mas nenhum médico sabia explicar o que ele tinha. Um dia ele chamou sua mãe pra conversar e a mesma não deu a menor atenção, o que já não era mais uma novidade. Cansado de tentar uma conversa, seu avô apenas informou que nos mudaríamos da cidade ela querendo ou não, que era a única chance dele salva-lá. Ela riu debochadamente e perguntou que tipo de salvação ele se referia, porque se era algo relacionado a honra, era tarde demais, pois ela estava grávida. Ouvindo aquilo eu me revoltei e perguntei quem era o pai, pois ele teria que arcar com as conseqüências e se casar com ela. Ela riu alto, ficou assim por minutos e nos olhou nos olhos e disse com a cara mais limpa do mundo que não sabia, que a noite que ela provavelmente havia engravidado foi muito agitada.

Depois disso só me lembro do seu avô colocando a mão no peito e caindo de joelhos no chão. Pra sua mãe aquilo era um teatrinho de pai envergonhado, mas era um infarto. Seu avô morreu bem ali, na minha frente.”

 - Santo Deus! – disse Bernardo espantado com o que acabara de ouvir.

Sem perguntar se podia ou não, Estela prosseguiu com a leitura.

“Depois disso nunca mais fui a mesma Larissa. Não saia mais de casa, não me importava com mais nada. Sua mãe porém continuou vivendo a vida normalmente e até que a barriga pudesse ser notada, ela continuava com a mesma vida de vadia que tinha. Até que chegou o dia que você nasceu. Pensei que com o seu nascimento ela mudasse, mas não. Ela sequer olhava pra você. Se hoje você se chama Larissa, é porque eu te registrei, pois sua “mãe” sequer se deu ao trabalho de te escolher um nome. Quando se referia a você, era como “coisa chata”.

Um dia sem mais nem menos acordei a noite com seus gritos. Você estava morrendo de fome, com as fraldas por trocar, mas sua mãe não fazia nada. Quando a procurei pela casa, não estava lá, nem ela e nem nada ligado a ela. Foi a última vez que a vi. Ela foi embora sei lá pra onde te deixando pra trás, te deixando comigo.

Sei que você deve ter passado anos achando que eu te odiava, mas nunca te odiei Larissa, nunca. Mas acabei me tornando uma pessoa incapaz de demonstrar amor novamente.

A única coisa que te peço agora, seja eu ainda estando viva ou não, é seu perdão”.

Larissa estava imóvel, olhando para o nada. Bernardo ainda segurava sua mão enquanto Estela dobrava novamente a carta e a colocava no envelope.

 - Fique com ela. – diz entregando a carta para Larissa que não esboça qualquer reação.

Vendo o estado em que a esposa está, Bernardo pega a carta e a guarda.

 - Desculpe doutora Estela, mas como pode ver a Larissa não está bem, acho melhor leva - lá pra casa. – diz ele.

 - Claro, entendo. Tudo está acontecendo rápido demais pra ela. Por favor, esse é meu celular – diz Estela entregando um cartão a Bernardo – Me procurem para o que precisar e quando ela estiver mais calma. Ainda tenho certas burocracias para finalizar sobre à casa e outras coisas.

 - Sm senhora, agora com sua licença. – diz Bernardo ao sair da sala da advogada com a esposa.

Já dentro do carro, ele olha para Larissa, que tem um olhar distante e desligado.

 - Amor, estou aqui ta? – diz ele colocando uma mão no joelho de Larissa, fazendo assim com que ela saia do transe em que estava.

 - Eu sei Bê, eu sei. Mas agora só quero ir pra casa, por favor. – diz com a voz em um tom muito baixo.

Bernardo liga o carro e seguem o caminho de volta em total silêncio.


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Notas finais do capítulo

Tadinha da Larissa né gente?
Que barra!
O que acharam? Gostaram?
Mereço reviews e recomendações?
Bjus e até o próximo =)
P.S: Postarei a foto do Daniel e da Alice no próximo!