Daniel sai com o carro e consegue encontrar Bernardo. Ele está desnorteado. Daniel o chama para entrar e dar uma volta. Depois de resistir ele acaba cedendo.

– Quer tomar uma cerveja? – pergunta Daniel.

– Eu não sabia que você bebia.

– Também não sou santo cara. Topa?

Bernardo aceita e eles vão a um barzinho. Daniel começa conversar com Bernardo que aos poucos vai falando como se sente.

– O que aconteceu Bernardo? Aquele não parecia você.

– Sei lá Daniel, na hora eu não entendi direito, mas quando vi acabei explodindo.

– A Larissa ta muito mal. Quando fui busca-lás no hospital e desde a hora que chegamos ela não para de chorar. Disse pra Alice que você ia odiar ela.

– Como vou odiar ela? Eu amo a Larissa. – responde quase chorando também.

– Alguns minutos atrás você não agiu de acordo com o que está me falando agora, pelo contrário, fez com que ela se sentisse culpada.

– Não fiz por mal Daniel, mas fiquei assustado, com medo. E ela é a que menos tem culpa nisso tudo, quem insistiu pra fazer sem camisinha fui eu.

– Entendo você estar de cabeça quente, afinal saber que vai ter um filho assim tão de repente assusta qualquer um, mas você tem que ver o lado dela também. Se ela fez o que fez, digo aceitar transar sem camisinha foi porque ela também te ama e quis fazer a sua vontade. Não é justo ela agora achar que é a única culpada. Você também tem sua parcela de culpa.

– Sei disso. Sinto-me péssimo.

– Olha Bernardo, você e a Larissa não tem cabeça pra ter um filho, isso é coisa séria. Não me entenda mal, o que quero dizer é que vocês deviam ter se prevenido sim, mas agora já foi. A criança está a caminho e não tem culpa de irresponsabilidade de vocês. Minha mãe me teve com 16 anos também e não foi nada fácil pra ela. Ela teve o apoio dos meus avós, só, porque meu pai também era moleque e irresponsável, apenas me deu o sobrenome dele e pronto, mais nada. Ser pai não é só dar o seu nome, isso qualquer um pode fazer. A Larissa dificilmente vai ter apoio da avó pelo o que sei. Ela só tem a você.

– Eu sei. – diz de cabeça baixa.

– Vocês podem contar comigo e com a Alice com certeza, somos amigos e estamos juntos nisso, mas o apoio que a Larissa mais vai precisar agora é o seu.

– Será que ela vai me perdoar?

– Claro que vai. Hoje não foi um dia fácil pra ela, mas ela te ama também. Ela ta com medo, só isso. E aí, vamos voltar pra casa da Alice?

– Vamos sim. Valeu Daniel, você é um amigão.

– Não precisa agradecer, vamos que elas devem estar preocupadas.

Quando chegam à casa de Alice os pais dela já estão lá, mas acham que estão fazendo um trabalho de escola. Daniel e Bernardo vão até o quarto e as encontram vendo clipes no computador. Ao ver Bernardo, Larissa fica sem graça e vira o rosto. Daniel chama Alice e eles saem do quarto. Bernardo se aproxima de Larissa que está na frente do computador.

– Você está melhor? – pergunta sem graça pra ela, que só balança a cabeça.

Ele senta na cama e a puxa pela mão a fazendo sentar do lado dele.

– Me perdoa Larissa, eu sou um idiota. Não devia ter falado daquele jeito com você. Pelo amor de Deus me perdoa. Eu fiquei assustado e acabei nem pensando que você devia estar tanto ou até mais que eu.

– Você não me odeia?

– Claro que não, eu te amo. – diz lhe dando um beijo e a abraçando forte.

– Bê, eu to com medo. Minha avó vai me matar.

– Calma, também, tenho que falar com os meus pais, mas vamos dar mais um tempo.

– Minha barriga vai crescer, não vamos poder esconder por muito tempo.

– Eu sei, mas por enquanto vai ficar só entre a gente. O Daniel disse que podemos contar com ele e com a Alice.

– Ela tinha me dito isso também.

– Vai dar tudo certo Lari, eu prometo. – diz enquanto a abraça e acaricia seu cabelo

– Fiquei com tanto medo de você me deixar sozinha.

– Nunca vou te deixar sozinha entendeu? Nunca. Esqueceu que além de minha amiga você é minha namorada?

– Eu sei... Você tem que cuidar de mim em dobro. – diz sorrindo com os olhos marejados.

– Isso, agora em triplo na verdade, mas vou cuidar de você, disso pode ter certeza. De você e do nosso neném. – diz com Larissa agora deitada em seu colo.