Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 97
Capítulo 2 - Vida Nova e Morte Velha


Notas iniciais do capítulo

Aqui está. Sim, a todos os shippers de Sam, espero que gostem desse capítulo dedicado quase que inteiramente a eles.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/205228/chapter/97

Foi com um embrulho prazeroso no estômago que Felina reviu Remus andando nos corredores de Hogwarts. De repente era como se nada nunca tivesse mudado. Como eles ainda tivessem quinze anos e ela tivesse acabado de aprender a se transformar para ajudar o amigo a sua frente nas luas cheias.

Como se Sirius, James e Peter estivessem em algum lugar por ali e fossem aparecer a qualquer momento, o primeiro mexendo com a cabeça das outras garotas como só ele sabia fazer, o de óculos sorrindo mesmo depois de ter levado um novo fora de Lily e ansioso para treinar para o próximo jogo de Quadribol, e o terceiro os acompanhando para todo lado e venerando-os como heróis.

De repente era como se nunca tivessem dito adeus. Como se por algum encanto ela voltasse no tempo e parecia que tudo era exatamente como antes. Exatamente como antes…

Mas então o efeito passou enquanto ela observava Remus se afastar dela sem se aproximar ou ao menos olhar para ela. Eles não eram mais alunos estudando em Hogwarts cujas maiores preocupações eram notas, paixonites e escapar de detenções. Remus agora lecionava em Hogwarts, Pam supostamente estava morta, Sirius era o maior fugitivo do mundo mágico, James estava morto de verdade e Peter era um maldito traidor…

Naquele momento Hermione pegou Felina no colo, deixando ainda mais claro que os tempos eram outros e que mesmo que estivesse novamente em Hogwarts as coisas não eram iguais. Tudo estava diferente… Havia até mesmo algo no ar que soava estranhamente diferente, como uma ameaça silenciosa, dizendo que ela não pertencia mais aquele lugar e que não devia estar ali.

Mas, enquanto ouvia as discussões de Ron e Hermione por Bichenta tentar matar Perebas mais uma vez, Harry tentando acalmar os dois e apesar de tudo os três sendo grandes amigos, a gata percebeu que realmente o tempo dela passara. Um dia o posto que agora Harry, Ron e Hermione ocupavam havia sido dela e dos amigos, mas os tempos mudaram e eles tinham que entender que precisavam abrir espaço para uma nova geração de amigos.

Claro que em questões de marotagens e pegadinhas os três eram uma decepção completa, mas novamente, ela precisava entender que os tempos haviam mudado.

~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

Naquela noite Felina resolveu sair um pouco do dormitório da Grifinória e tomar um pouco de ar fresco. Foi para fora do castelo e começou a andar nos arredores da floresta, tencionando ir até o Salgueiro Lutador e talvez até Hogsmeade, mas antes que pudesse fazer tal coisa, viu um vulto negro passando rapidamente por ela.

Teve que olhar duas vezes, mas com a visão apurada da gata, conseguiu identificar o cão negro. Pensou em Sirius na hora, mas pensou por alguns momentos que devia estar engada, antes de lembrar que ouvira falar várias vezes que ele fugira de Azkaban. Estreitou os olhos e olhou fixamente para o cão negro durante algum tempo antes de concluir que estava certa ao analisar todas as características dele.

E sua mente se iluminou como que por um raio de luz.

Não, aquele não podia ser outra pessoa.

Era Sirius Black.

O cara que fora a primeira pessoa a fugir de Azkaban. O cara por quem ela fora apaixonada quase que uma vida inteira.

E lá estava ele, o cachorro preto mais lindo do mundo. Era verdade que ele estava imundo e que parecia um simples cachorro de rua, mas o número de vezes que ela o vira se transformar…

Ela saiu em disparada atrás dele em direção a Floresta. Ele precisava que saber que ela estava viva diferente do que diziam os jornais! Ele estava ali e ela precisava ir atrás dele. Tinha que poder vê-lo mais uma vez como humano e não apenas como cão.

Ela miou. Ele correu mais rápido, mas ela não desistiria, continuou correndo. Ele não a reconhecera. Ela ficou triste por um breve momento, mas provavelmente ele pensava que ela estava morta e que a gata correndo atrás dele era apenas o que aparentava.

O cão preto virou para trás e latiu. Ele estava tentando se livrar dela, mas não conseguiria.

Eu sou a Pam. Ela pensou, esperando que a força do seu pensamento chegasse até ele. Eu sou a Pam. Eu sou a Pam. Eu sou a Pam. Eu não estou morta. Eu sou a Pam! Eu sou a Pam!

O enorme cachorro parou de súbito. Pam se alegrou, imaginando que ele devia ter percebido quem ela era.

Almofadinhas a analisou sem se aproximar. Observou-a e ela continuava pensando, reforçando a ideia. Sim, sou eu, Sirius. Sou eu! Sou a Pam! Eu juro que sou.

De repente o cão voltou a sua forma humana e um homem, de cabelos negros malcuidados e sujos na altura dos cotovelos, o rosto magro e pálido parecia com o de uma caveira, mas os olhos cinza ainda brilharam nas órbitas.

Ele olhava com curiosidade para a gata.

_Por um momento eu pensei… Mas não, não pode ser… Ela está morta. Morreu há doze anos. Eu… - embora a voz ele soasse estranho, como se a usasse pela primeira vez em muito tempo, Pam quase deu pulos de alegria ao ouvi-la.

Sou eu, Sirius! Sou eu! E eu posso provar. Homorfo. Homorfo. Homorfo!

Sirius continuou apenas a olhando.

_Não pode ser. Ela está morta. Eu sei disso melhor do que qualquer um…

Homorfo. Homorfo. Homorfo. Homorfo. Homorfo!!

Ele foi se afastando, deixando ela sozinha.

Ela continuou mentalizando o feitiço. Tinha que conseguir. Tinha que voltar a forma humana, mesmo depois de todos esses anos...

Homorfo. Homorfo. Homorfo. Homorfo. Homorfo. Homorfo. Homorfo! Homorfo! Homorfo!

Depois de todos esses anos… e ela ia o perder por que não conseguia fazer um feitiço bobo como esse?

HOMORFO!

Finalmente sentiu seus membros se alongarem, seus pelos negros entrarem em seu corpo e os cabelos crescerem. A mesma sensação de dor e calor tão conhecida sua que era quase como uma amiga.

Sirius olhou para trás, sua boca estava aberta, seus olhos arregalados e ele a encarava com uma expressão de absoluta perplexidade.

Já Pam não cabia em si de tanta felicidade. Seus lábios se abriram no sorriso mais largo que conseguiu dar, seus olhos brilhavam infinitamente e ela esqueceu-se de todos os horrores do passado. Tudo o que importava era o presente.

 – Sirius! – ela o abraçou.

O corpo dele era quente e lhe trazia boas lembranças. Lembranças de um tempo não voltaria mais.

Sirius, porém, não retribuiu o abraçado da amiga. Ele ainda encarava o vazio, aparentemente imóvel.

Pam se afastou para poder ver o rosto dele. Não lhe importava que Azkaban tivesse lhe roubado quase toda a beleza, ela ainda achava que não podia existir pessoa mais perfeita. Isso porque ela o amava.

_Ah, Sirius, é você mesmo. É você! Ah! Sirius, Sirius! Sirius é você! Sirius Black! – dizer o nome dele em voz alta era como tornar o fato real, era como se, se ela falasse o nome dele, Sirius não pudesse ir embora e os dois ficariam juntos para sempre. – Ah! É você! Você mesmo! Você! Em carne e osso! Sirius! Sirius! Sirius!

E Pam o abraçou de novo.

_É você! Eu mal consigo acreditar! Ah! É você… é você… é você mesmo… ah…

Sirius finalmente teve uma reação. Segurou-a pelos ombros e afastou-a, para encará-la, poder vê-la melhor.

Pam sorria e o sorriso dela era perfeito. Era um sorriso que o envolvia e o aquecia, um sorriso tão sincero e bonito que Sirius tinha certeza que qualquer um que visse aquele sorriso seria curado de todo o mal.

Talvez pudesse até ressuscitar os mortos. Talvez fosse essa a razão de ela estar viva.

E aqueles olhos azuis continham um brilho imenso…

Olhos de vaga-lume, fora isso que dissera Michael Fox há muitos anos. Pam tinha olhos de vaga-lume.

Isso era um fato.

E os cabelos ainda tinham a mesma cor apesar do tempo ter passado. Só alguns tons mais claros do que os dele.

Ela continuava linda.

_Sirius, Sirius, Sirius. Ah! É você!

Sirius, porém, parecia ainda não ter se recuperado do choque.

_Você… você está morta. Como… como pode estar… estar viva? – disse ele, em um tom muito próximo ao silêncio.

Mas Pam não ouviu o que ele disse.

_Ah! Você está aqui! Não é um sonho! Você está aqui! Vivo, diante de mim! – ela continuou repetindo.

_Mas eu pensei… passei doze anos… viva… - e o fantasma de um sorriso passou pelo seu rosto. – Mas, como? Não, não. Eu estou sonhando, apenas sonhando. Logo eu vou acordar e tudo vai voltar a fazer sentido. Pam está morta… morta…

Desta vez Pam ouviu, mas ela não se importava com o que ele estava falando, só sabia que nunca mais se separaria dele. Tinha que tocar nele o tempo todo, tinha garantir que ele ficaria vivo para sempre junto dela.

Ela passou a mão pelos cabelos negros e imundos dele. Eles haviam crescido consideravelmente. Mas não importava, não lhe importava nenhum pouco. Sua mão desceu para rosto dele e ela o acariciou. Sirius colocou a mão em cima da dela.

_Pam está morta… Não… Isso não é possível.

_Eu estou aqui, Sirius. Eu sou real. – ela murmurou.

Sirius afagou a mão dela no seu rosto.

_Eu estou sonhando… Ela morreu… Há doze anos… Ela estava do meu lado e morreu. Eu queria que tivesse sido eu. Mas depois eu fui para Azkaban e fiquei feliz de eu estar lá e não ela. Ela era frágil como eu rosa, achava eu. Mas então veio a guerra e percebi que ela era mais forte do que todos nós. Pam era… era perfeita.

O sorriso de Pam diminuiu, mas ela não parara de sorrir.

_Eu estou aqui. Estou aqui, está tudo bem.

_Não, ela está morta. Morreu. Foi-se. E eu nunca pude, nunca pude dizer a ela que… - Mas Sirius parou e engoliu em seco.

A mão de Sirius acariciou o rosto dela.

_É exatamente como eu me lembrava. – ele disse, ilógico.

_Ah, Sirius!

Talvez os outros estivessem certos. Talvez, além de sua beleza, Azkaban também tivesse lhe roubado um pouco da sanidade. Mas, agora, longe dos dementadores, ele iria se recuperar. Ela cuidaria dele.

_Não, eu não posso. Vai ser pior depois. – disse Sirius e se afastou dela. – Depois quando eu acordar vai ser pior.

Pam olhou para ele, sem se mexer. Ele soltou a mão dela e ela finalmente parou de sorrir.

_Ela está morta.

Pam tentou se aproximar, mas ele sempre se afastava mais ainda dela.

_Estou aqui. Isso é real. Eu estou realmente aqui.

_Pam morreu…

_Eu não morri! – explodiu ela. – Acho que eu saberia se estivesse morta!

­– Pam, você…

_Eu estou viva é claro! Ah, Sirius Black, você consegue me tirar do sério quando quer!

Sirius sorriu, finalmente conhecendo na mulher a melhor amiga.

_Pam! É você mesma! ­– Ele sorria.

O homem se aproximou e a abraçou com força.

_Mas… como? Eu vi acontecer, você estava do meu lado. Pettigrew te matou, e eu não pude fazer nada. Você não é um fantasma, é sólida. Então, como pode você estar aqui?

_Eu… digamos que não importa, importa? Se Pettigrew está vivo por que eu não posso estar também? – ela perguntou. – Vivi os últimos doze anos na minha forma gata, procurando ele. Mas eu não tive sorte. Suponho que foi por isso que você fugiu de Azkaban?

Sirius confirmou com a cabeça.

_Fudge foi fazer uma inspeção em Azkaban e eu pedi o jornal dele. E lá estava, a foto dele, no ombro de um menino. O jornal dizia que ele vinha para Hogwarts… O mesmo lugar onde estava Harry. E eu precisava detê-lo. Não sabia que você estava viva!

_ Eu não pude fazer muita coisa. – ela se lamentou, começando a contar sua própria versão do que acontecera ­– Uma semana depois do dia… do Halloween ele se escondeu com uma família bruxa, os Weasley.

“E depois que eu fui levada para a Animais Mágicos.

“E então, nas últimas férias de verão, Harry Potter e seu amigo Weasley entram na loja acompanhados por ninguém mais do que o nosso amigo Rabicho. Acho que eu me equivoquei demais. Acabei pulando na cabeça do Weasley. – Pam sorriu, lembrando-se da cena. ­– Rabicho me reconheceu na hora e saiu correndo, fazendo com que Harry e o garoto Weasley fossem atrás dele.

“Mas tinha uma garota, uma nascida trouxa muito inteligente chamada Hermione. Bom, Hermione gostou de mim, e agora eu sou a gata de estimação dela. Rabicho é o rato de estimação do Rony Weasley, mas ele é tão escorregadio quanto sabão, você sabe disso.”

_Será que você não pode trazê-lo aqui? Eu quero ter o privilégio de matá-lo. Podemos fazer isso juntos, se você quiser. Mas eu quero ajudar, você não pode ficar o melhor da festa só para você.

Pam riu.

_Tá, eu vou me esforçar, mas como eu disse, ele é tão escorregadio quanto sabão. E conta com a proteção dos garotos. O que é um grande obstáculo. – ela o olhou e piscou duas vezes antes de continuar. – Mas não quero falar sobre isso. Quero falar sobre qualquer coisa, menos isso. Essa obsessão deixou de ser saudável há doze anos.

Sirius riu a mesma risada que lembrava muito um latido.

_ Então, Srta. Porter, o que você quer fazer? – perguntou ele divertido.

_Dar uma volta talvez, Sr. Black. Gosto muito dessa floresta e não a vejo há muito tempo. Quem sabe possamos ver os centauros. – disse ela, tentando ficar séria, mas fracassando completamente.

_Certamente, certamente. A senhorita vai gostar muito. Não mudou nada. Vamos? – disse ele lhe oferecendo o braço, o qual ela aceitou com prazer, ainda rindo.

Os dois caminharam devagar, Sirius olhando para o topo das árvores.

_Srta. Porter, se olhar para lá verá um dedo-duro.

Pam olhou e viu claramente o passarinho minúsculo e azul voando perto de uma árvore.

_Ah, sim. Muito interessante. – disse, lembrando-se da primeira vez que estivera naquela floresta e que Sirius lhe apontara o mesmo passarinho.

_E passando no chão correndo, estão dois gnomos.

De fato, observou Pam, dois gnomos passaram correndo na frente deles, os fazendo parar.

– E se você olhar para cá, verá o famoso prisioneiro de Azkaban, o primeiro a conseguir fugir daquele lugar horrível, Sirius Gostoso Black. – Pam olhou para ele, sorridente ao reconhecer o nome com que ele assinava as cartas até o quinto ano.

Quando azul encontrou cinza, o sorriso de ambos se abalou. Os dois se olharam como que hipnotizados. Pam ia começar a se aproximar, estava certa que iriam se beijar, quando Sirius virou a cabeça em um movimento brusco e ela sentiu o encanto do momento se desfazer.

_Bom, acho melhor você voltar para o castelo, está ficando tarde, Harry e os amigos podem perceber que você sumiu.

_Ah, sim, certo. – disse ela, desnorteada. – Mas e você?

_Ficarei bem. Estou me escondendo na floresta faz um tempão. Não se preocupe.

_Ah, tá, tudo bem. Eu vou indo, então.

Ela ainda se sentia confusa e chocada pelo súbito corte do clima que tinha se formado.

Pam se virou para ir embora, mas sentindo que alguém pegara sua mão, virou-se.

_Você volta amanhã? – perguntou Sirius e havia um tom de suplica em sua voz e em seus olhos que Pam nunca o vira usar antes

_Eu… - disse ela, ainda confusa. – Claro que eu volto. – De súbito toda a lógica voltou a sua mente e ela sorriu para ele.

Sirius abaixou os olhos e soltou a mão dela.

– Obrigado.

_Por o quê?

_Por estar viva.

Pam sorriu de novo, enquanto olhava para ele e reconhecia o cara por quem tinha se apaixonado. O cara brincalhão e sorridente que saia com todas as garotas, menos com ela. Mas Pam era feliz por saber que era a única para quem ele contava todos os seus segredos e inseguranças. Se Pam não sabia algo sobre Sirius, então ninguém mais sabia.

Mentalizando o feitiço Animagus, Pam voltou a ser a gata marrom e adorável que a Bichenta, voltou para dentro do castelo e para um mundo onde Sirius era apenas o novo maníaco que pretendia matar Harry.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e façam uma autora feliz :)