Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 90
Capítulo 3 - O Cair da Noite


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :) E me desculpem pela demora.



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Quatro meses depois…

Marlene olhou no espelho. O espelho embaçado por causa do banho recém-tomado. Usava apenas uma blusa por cima da lingerie e como estava sozinha em casa, pouco se importava com isso.

Fazia o ritual noturno antes de dormir. Acabara de escovar os dentes e estava pronta deitar na cama e dormir até o dia seguinte tranquilamente. Deixou o banheiro e começou a andar até o quarto do mesmo jeito que fazia todos os dias. Tudo estava bem. Não havia nada de diferente ou meramente fora do lugar enquanto ela apagava as luzes e olhava sem interesse para a sala de estar.

Suspirou. O septuagésimo suspiro do dia. Aquele fora apenas mais um tedioso e medíocre, que nada acrescentara em sua vida.

E agora estava cansada. Talvez o pior fosse saber que quando acordasse no outro dia, tudo se repetiria como em um ciclo, simples e qualquer como sempre.

Nada de mais. Nada de menos. Apenas comum.

Porém, quando já estava perto da porta do quarto, ouviu um barulho estranho vinda da cozinha e quebrando a monotonia de sua vida.

Arregalou levemente os olhos. O que poderia ser?

Virou-se devagar. Talvez não fosse nada mesmo, mas precisava verificar. E tinha aquela sensação no corpo inteiro de que alguma coisa estranha estava prestes a acontecer.

Respirou fundo antes de dar o primeiro passo enquanto tentava acalmar a própria mente, repetindo para si mesma de que era nada. Afinal, se fosse um ladrão ou coisa do tipo, teria se preocupo em não fazer barulho algum.

Outro barulho vindo da cozinha.

Agora não restava duvidas. Havia alguém dentro da casa. E esse alguém não estava se importando nenhum pouco em manter o silêncio terrível que teria acabado com todos os nervos de Lene.

Porém, ela não parou de andar. Um passo depois do outro, repetiu para si mesma, um passos depois do outro… Ela continuou se obrigando a andar, agora o temor consumindo seu cérebro e Lene já não sabia se podia continuar.

Ah, que inferno! Não ajudava nada o fato de que já apagara as luzes e o interruptor ficar tão longe. Se desviasse o caminho agora, não sabia se conseguiria continuar a andar.

E precisava ver o que acontecia em sua cozinha.

Mesmo assustada, ela não parou. Um passo depois do outro… Que tipo de Grifinória seria ela se parasse?

Coragem, Lene. Um passo depois do outro.

Agora estava tão perto que achava que conseguia ouvir a respiração da pessoa na cozinha. Ou seria a sua própria respiração ofegante?

Talvez, o mais engraçado de tudo, era que apesar de todo o corpo ter entrado em estado mecânico e ela estava levemente assustada, seu coração continuasse batendo na mesma frequência de sempre, sem se importar com a pessoa na cozinha.

Engoliu em seco. Os segundos nunca antes se arrastaram com tanta dificuldade. Atravessara a sala, mas sentia como se tivesse percorrido todo o deserto do Saara sem uma gota d’água. Prendeu a respiração enquanto empurrava a porta entreaberta da cozinha, que rangeu em seus ouvidos mais alto do que normalmente fazia.

Um homem. Havia um homem desconhecido em sua cozinha. Usava uma capa preta e Lene não conseguiu ver seu rosto na semiescuridão.

Percebeu, com um susto, que não estava com a varinha e teve que se controlar para não ter um ataque de nervos.

Talvez se ela se virasse e desse alguns passos para trás… A varinha estava em cima da mesa ao lado do sofá. Se conseguisse esticar a mão só um pouquinho…

Porém, ela nunca chegou a colocar seu plano em prática. O homem virou-se e a viu. Lene só teve tempo de ver seus olhos escuros e cruéis uma vez e ouvir sua voz dizendo palavras que não conseguiu compreender uma vez.

Antes de a luz verde vir em sua direção.

E então ela já mais nada. Só dor e alivio ao mesmo tempo, e estava caindo… Caindo para o chão frio e para a quente luz eterna.

*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*

Era uma noite ventosa e o tempo ameaçava piorar a qualquer momento. Aquele com certeza não era o melhor momento para se sair do aconchego de seu lar, enfrentando o frio e qualquer outra ameaça que a noite escura poderia guardar escondido em suas mangas funestas.

Mas ele resolvera enfrentar tudo. Não tinha nada a perder de qualquer. Nada, a não ser ela, e essa era uma ideia que ele simplesmente não conseguia acertar. Severus estava parado no topo de uma colina, deserta e fria na escuridão, o vento assoviando através dos galhos das poucas árvores sem folhas. Ele esperava com sua varinha firmemente segura em sua mão, esperando por alguma coisa ou alguém... Seu medo parecia infectar todo o lugar, que parecia mais macabro e ameaçador do normalmente era. Ele olhou por cima do braço, tendo certeza de que não havia ninguém o observando da escuridão…

Então um brilhante e afiado raio de luz branco voou pelo ar. Por um momento achou que pudesse ser um raio, mas então percebeu que não era e caiu de joelhos e sua varinha voou de sua mão.

– Não me mate!

– Essa não era a minha intenção.

Qualquer som da aparatação de Dumbledore foi abafado pelo som do vento nos galhos. Ele parou perante Severus com suas vestes chicoteando ao redor, e seu rosto foi iluminado pela luz lançada pela sua varinha.

– Bem, Severus? Que mensagem Lorde Voldemort tem para mim?

– Não. Nenhuma mensagem… Eu estou aqui por minha conta!

Severus esfregava as mãos. Ele parecia meio louco, com seus cabelos negros espalhados voando ao seu redor.

– Eu… eu vim com um aviso… não, um pedido… Por favor…

Dumbledore abaixou a varinha. Apesar das folhas e troncos ainda voarem através do ar da noite ao redor deles, um silêncio caiu no lugar onde ele e Severus se encaravam.

– Que pedido um Comensal da Morte poderia fazer a mim?

– A… a profecia... A predição... Trelawney...

– Ah, sim, – disse Dumbledore. – Quanto dela você reportou a Lorde Voldemort?

– Tudo… tudo que eu ouvi! – disse Severus. – É por isso… essa é a razão… ele acha que significa Lily Evans!

– A profecia não se refere a uma mulher, – disse Dumbledore. – Fala de um garoto nascido no final de Julho…

– Você sabe o que eu quero dizer! Ele acha que se trata do filho dela, ele vai caçá-la… matar todos eles...

– Se ela significa tanto para você, – disse Dumbledore, – certamente Lorde Voldemort a poupará? Você não poderia pedir misericórdia pela vida da mãe, em troca da do filho?

– Eu pedi… eu pedi a ele...

– Você me dá nojo, – disse Dumbledore, e havia todo o desdém do mundo em sua voz. Snape se encolher um pouco, – Você não se importa, então, com as mortes do marido e do filho dela? Eles podem morrer, desde que você tenha o que quer?

Snape não disse nada, apenas olhou para Dumbledore.

– Esconda todos, então, – ele disse rouco. – mantenha ela… eles… salvos. Por favor.

– E o que você me dará em troca, Severo?

– Em… em troca? – Snape encarou Dumbledore por um tempo, e por um momento pensou em protestar, um tanto quanto incrédulo no que ouvia. Mas após um longo momento cedeu, dizendo: – Qualquer coisa.

*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*

Apesar de o vento parecer determinado a derrubar cada pobre alma que estivesse na rua e a noite fosse cruel lá fora, dentro da casa dos Potter o calor e a harmonia reinavam.

Lily acabara de entrar na sala e encontrou um semiadormecido James deitado no sofá. Sorriu achando graça do marido. Alguns minutos antes, quando ela fora colocar Harry para dormir, ele dissera que não estava cansado…

A ruiva aproximou-se do homem deitado de qualquer jeito no sofá e selou-lhe os lábios brevemente, fazendo com que ele abrisse os olhos e encontrasse os olhos verdes dela.

– Lily… - murmurou, ainda em um estado inexplicável de sonolência.

Com certo esforço James começou a se sentar, enquanto Lily aproximava-se da lareira para apagá-la e eles poderem ir para a própria cama.

– Eu quero mais. – ele disse, colocando os óculos no rosto desajeitadamente.

– Mais o quê? – ela perguntou, sem prestar muita atenção ao que ele estava dizendo.

– Mais filhos, é claro. Quando vamos fazer o próximo?

Lily não pôde deixar de rir. Harry tinha seus oito meses e James já estava pensando em mais filhos…

– Você quer mais? – ela perguntou, divertida e calmamente.

– Claro! – James exclamou. – Quero encher essa casa de filhos! Quero crianças correndo para todos os lados! – ele se levantou e começara a se aproximar dela.

– Igual aos Weasley? – ela perguntou, apagando o fogo da fogueira com a varinha.

– Igual aos Weasley – e James envolveu a cintura dela em um abraçado apertado por trás, fazendo-a rir e apertar seus braços também.

Ela virou a cabeça e estava prestes a se beijar quando eles ouviram alguém bater na porta.

Trocaram um selinho e olhares desapontados, mas com um quê de promessa de que mais tarde continuariam.

Segurando para a porta, ainda abraçados e o sorriso que antes esboçavam se desfez no momento em que viram de quem se tratava.

Dumbledore em pessoa estava parado ali, parecendo tão estranho e perdido no cenário que a imagem parecia ter sido extraída de um sonho.

– Tio Dumby… - Começou James, mas ele se corrigiu. – Dumbledore. O que faz aqui tão tarde? – perguntou, parecendo preocupado e culpado, soltando Lily como se ela tivesse lhe dado um choque e usando a mesma mão para bagunçar os cabelos. Era quase como se Dumbledore tivesse os pegado no ato, só por estarem abraçado enquanto o sábio homem parecia tão sério a sua porta.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou Lily, arregalando levemente os olhos. Dumbledore normalmente era tão ocupado… Ele não teria vindo até a casa deles no meio da noite apenas para tomar um chá.

– Existe um pequeno problema sim, Lily – ele disse, em sua voz que emanava tranquilidade e de os fazia se sentir de volta à Hogwarts, como se ainda fosse adolescentes irresponsáveis cuja maior preocupação era se alguém os tinha visto juntos na biblioteca. – E eu vou lhe dizer o que é, se puder me convidar para entrar por gentileza.

– Claro, claro. – ela disse, ainda meio atordoada. – Entre. – e abriu passarem para Dumbledore adentrar a sala e sentar no sofá.

James e Lily nem mesmo precisaram de uma troca de olhares para começarem a se mexer. A ideia pareceu ter chegado a eles por osmose.

Ele acendeu a lareira rapidamente e ela correu para a cozinha, voltando o mais rápido que conseguiu com um chá quente, oferecendo-o a Dumbledore. E por fim os dois também se sentaram no sofá, apreensivos, mas ainda sem se tocar.

– Obrigado pelo chá, Lily. – o professor agradeceu, tomando um gole. – Está delicioso. Mas infelizmente não vou poder ser tão gentil quanto vocês comigo. Temo ter más notícias.

Nesse ponto o coração dos dois estava quase na boca. Com a guerra bruxa eclodindo fora, as probidades de coisas ruins que podiam ter acontecido não era das mais atrativas.

– Duas coisas ruins na verdade. – ele disse e continuou: – E sinto muito se vim tarde demais, mas esse era o tipo de coisa que eu não podia colocar em uma carta. Primeiro, acho melhor vocês pegarem Harry e se esconderem. Vou explicar com mais detalhes depois, mas é um pouco urgente, então assim que terminarmos de falar quero que arrumem suas coisas e saiam daqui. Seus pais ainda têm aquela casa em Godric’s Hollow, James?

Ele assentiu, deixando que o professor continuasse.

– Ótimo, vocês podem ir para lá. – ele continuou. – A segunda coisa importante é que, e eu sinto ser eu a lhes contar isso, Marlene McKinnon foi encontrada morta na casa dela há algumas horas.

E nesse momento Lily pegou a mão de James que estava apoiada no joelho dele. Parara de respirar, sua garganta estava seca, assim como seus olhos cuja visão se embaraçava. Acho que fosse começar a tremer, mas seu estado de choque era tamanho, que ela não conseguia se mexer mais nem para isso. Apenas continuou olhando sem ver Dumbledore se movimentando em câmera lenta e levando a xícara de chá à mesa pelo que pareceu uma eternidade.

– Lene… Morta… Ela… Não… - foi tudo o que ela conseguiu balbuciar, enquanto tinha uma vaga noção do braço protetor de James em suas costas.


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