Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 84
2º Ano Pós-Hogwarts- Capítulo 1- Amor e Sacrifício




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A Sra. Black não estava em casa quando Regulus chegou. O que só facilitou tudo mais ainda.


Correu os olhos tristemente pela casa, sabendo que aquela era provavelmente a última vez que o fazia. Tinha descoberto um segredo terrível que talvez mudasse para sempre todo o sentido daquela guerra que estava acontecendo no mundo bruxo.

Tentou memorizar cada detalhe da antiga e sombria casa onde passara a infância e a juventude. Como era estranho que mesmo estando próximo de setembro aquele ano ele não recebesse uma carta de Hogwarts! Sorriu enquanto deixava que o passado todo voltasse para ele.

De repente ele tinha seis anos e seguia o irmão mais velho pela casa. Em sua inocência infantil, não existia ninguém no mundo mais inteligente ou mais corajoso do que Sirius, no auge de seus gloriosos oito anos. Como eram felizes enquanto ignoravam que existia a sempre tão presente diferença entre os tipos de sangue!

Logo depois disso, viu a mãe gritando e amaldiçoando sentada no sofá escuro com a carta de letra garranchada no colo. “Grifinória!” ela gritava e Regulus se lembrava como se estivesse vivenciando a cena mais uma vez. “Orion, Grifinória! Sirius está na Grifinória! Uma vergonha, Orion!”.

Regulus sorriu enquanto lembrava-se do irmão voltando do seu primeiro ano em Hogwarts, passando pela porta e a primeira coisa que disse, antes mesmo de alcançar o porta guarda chuva de pé de trasgo, fora gritar em alto e bom som, para quem quisesse ouvir: “Viva a Grifinória! A casa dos corajosos e honrados, diferentes das serpentes estúpidas da Sonserina!”.

Como seus onze anos recém-completados, Regulus nunca tinha visto a mãe tão furiosa antes e admirou a coragem do irmão. Achou que ela fosse lançar uma maldição da morte em Sirius naquele momento, mas ao contrário disso, pegou o garoto pelo braço e o arrastou até o quarto, sem se importar que garoto tivesse se machucado no caminho, trancando-o no quarto e ainda gritando mais alguma coisa antes de descer as escadas em fúria, berrando por Monstro para que lhe fizesse uma massagem nela.

Regulus abriu os olhos, subindo os degraus um tanto quanto irregulares pela ação do tempo, querendo chegar o mais rápido ao segundo andar possível.

O garoto partiu para frente do próprio quarto, sem entrar, olhando a placa na porta, que impedia a entrada das pessoas sem sua expressa permissão. Como era tolo quando escrevera aquilo! Como era tolo quando decorara o quarto com tons elegantes de verdes para reforçar a semelhança com a família Sonserina quando na verdade não devia ter orgulho algum de nada daquilo.

Arrastou lentamente os pés para o antigo quarto de Sirius. Teve que usar alguma magia para destrancá-lo, já que os pais queriam esquecer completamente que Sirius Black algum dia fora filho deles, o que era difícil com aquele quarto logo ali para sempre lembrá-lo da desgraça que criaram.

Regulus admirou com cuidado cada pôster que o irmão tinha meticulosamente colado na parede do quarto com um feitiço permanente muito forte, apenas para irritar os pais.

As bandeiras vermelhas e ouro, as garotas trouxas seminuas, as motos que pareciam tanto com a que ele tinha usado para levantar vôo para longe na noite que deixara a casa pela última vez…

Tudo naquele quarto era um perfeito retrato do rebelde Sirius. Até mesmo as únicas fotos trouxas coladas permanentemente na parede.
Parecia um sacrilégio irromper a quietude e solidão do único lugar onde Sirius ainda pertencia na casa, mesmo que estivesse encoberto por imagens que nada lembrassem um santuário, era assim que Regulus se sentia.

Corrompendo algo sagrado.

Mas, precisava dar uma última olhadas nas fotos bruxas coladas à parede há tanto tempo e que Sirius não levara consigo.

Em uma delas Regulus conseguiu identificar perfeitamente o irmão ao lado dos melhores amigos em Hogwarts. Eles eram chamados de Marotos, não era isso? Admirados e temidos, amados e odiados. Regulus tinha certo respeito por eles, mesmo que fosse um respeito um pouco diferente do habitual. Em sete anos, aquele quinteto tinha moldado Hogwarts ao seu gosto, fazendo e desfazendo quando bem entendiam, sem se importar muito com as leis, como se estivessem a cima delas, como se fossem uma espécie ainda desconhecida de heróis ou deuses.

Na outra foto estava a figura envergonhada de uma garota que tentava esconder o rosto e afastar a câmera sem sucesso. Parecia ter seus quinze anos no máximo, mas já era bem bonita, considerando o cabelo bagunçado, a camisa folgada e o rosto sem maquiagem. Regulus sorriu ao perceber que aquela era Pamela Porter, a Felina. Sempre fora óbvio, mesmo depois que Sirius fora deserdado e Regulus parara de vê-lo com tanta frequência, que ele tinha um carinho especial por ela. E ali estava a prova concreta disso. Enquanto os amigos apareciam apenas uma vez, Sirius tinha se preocupado em colar a garota de novo à parede, como para se certificar de que ela nunca sairia da sua vida, mesmo que tinha feito isso inconscientemente.

Saiu do antigo quarto de Sirius, voltando a trancá-lo e admirando a porta nua onde antes a placa desgastada onde estava escrito “Sirius Black” era tão visível.

Entrou na sala elegante onde estava a Árvore Genealógica da Mui Antiga e Nobre Família dos Black.
Andou alguns passos despreocupados em direção àquela parede, tocando o ponto queimado onde antes havia estado o nome e imagem do seu irmão mais velho.

Fechou os olhos, lembrando-se de Sirius à porta de seu quarto perguntando se ele não queria fugir também, a ofensa aos amigos do mais velho, os dois rolando no chão aos socos e por fim Sirius indo embora, a última vez que Regulus veria o irmão pessoalmente. A boca sangrando, a mochila nas costas, o sorrido debochado e antes de bater a porta, Sirius ainda olhara uma última vez para Regulus, e em seus olhos havia piedade.

Na hora, não tinha entendendo o porquê daqui.

Regulus tinha vencido, era o filho de sucesso, teria dinheiro e nunca envergonharia a família. Então porque Sirius, o Grifinório que estava fugindo de casa para morar com uma ralé, estava olhando com tanta pena para o irmão?

Mas, agora que crescera, começava a entender como Sirius estava certo e todos eles errados. Como a Sra. Black estava errada ao gritar naquela noite que ele não era mais seu filho, como o Sr. Black estava errado por apoiá-la com todas as forças, como Regulus estava errado por ter deixado o irmão partir sem nunca tentar entendê-lo…
Regulus suspirou, afastando-se alguns passos da árvore genealógica e observando-a melhor.

Olhou para o próprio nome escrito logo ao lado do borrão queimado. O perfeito Regulus, Regulus o filho melhor, o ideal sonserino… De que adiantava agora todos aqueles títulos, se estava fazendo tudo errado?

Um pouco mais a cima encontravam-se os nomes de seus pais. A data de nascimento do pai seguida por outro número. Sua morte. Orion Black morrera fazia pouco mais de dois meses e Regulus tinha certeza de que Sirius não fazia ideia disso. Como era triste que um filho desconhecesse a morte de seu pai enquanto o resto da família já está em luto há tanto!

Naquele momento, Regulus sentiu uma mão firme tocando seu ombro. Virou-se, um tanto assustado, mas apenas para perceber que se tratava da mãe, olhando para ele com um sorriso doce e expressão serena. Ele admirou rosto jovem com traços envelhecidos graças ao recente falecimento do marido.

Amava-a, mas como podia contar-lhe o que pretendia fazer, como podia decepcioná-la mais uma vez em tão pouco tempo?

Preferiu manter silêncio, enquanto deixava que a mãe o guiasse para o andar de baixo, onde ele deixou que ela falasse a vontade enquanto jantavam, sem interrompê-la, apenas concordando ocasionalmente com a cabeça.

Como era possível que aquela mulher tão gentil pudesse ser horrível com Sirius?

Era a pergunta que não saia da mente de Regulus enquanto ele fazia a última refeição de sua vida curta e regada por preconceito que agora já não valia de mais nada.

Mãe e filho se recolheram pontualmente para seus quartos às dez e meia. E embora a Sra. Black não tenha demorando a dormir, Regulus nem sequer se trocou, apenas ficou andando de um lado para o outro do quarto, pensando em mil coisas e em nada ao mesmo tempo, dando tempo o suficiente para que fosse seguro andar pela casa sem que a Sra. Black estivesse acordada.

Quando o relógio grande da sala bateu meia noite, Regulus precipitou-se para fora do quarto, mas voltou tanto rápido quanto, se lembrando de algo.

O outro merecia uma explicação.

Pegou um papel e escreveu apressadamente uma carta em sua letra pequena e elegante, colocando a carta em um lugar que achava que apenas o destinatário perto encontraria, se algum dia voltasse à casa.

Regulus entrou no quarto de Sirius uma última vez.

Escondeu a quarto sobre uma tábua solta do assoalho que antes era usada como esconderijo para logros e ocasionalmente comia. Um segredo que Regulus descobrira uma vez em que a porta do quarto estava entreaberta.

Se um dia Sirius voltasse para reivindicar a casa que era sua por direito depois da morte da mãe, mesmo que ele tivesse sido queimado da tapeçaria da família, certamente encontraria a carta e assim Regulus poderia parabenizar o irmão pela coragem, mesmo que não estivesse mais naquele mundo.

Ele apertou com força a replica do medalhão que mandara fazer alguns dias antes enquanto caminhava a passos largos e determinados até o porão.

Abriu a pequena porta que levava até o mais próximo de um quarto que Monstro tinha e acordou o elfo doméstico com algumas chacoalhadas.

_Eu tenho um trabalho para você. – Regulus disse. – Lembra-se daquela caverna onde o Lorde das Trevas te levou quando eu te emprestei para ele? Preciso que me leve lá. E também preciso que prometa que vai cumprir cada ordem que eu lhe der, mesmo que minha mãe tenha dito o contrário. E, por fim, que tudo o que acontecer essa noite é de absoluto segredo.

E era isso. Com aquelas simples palavras, Regulus tinha selado seu destino. Seu corpo nunca fora encontrado, nem haveria de ser, mas foi naquela noite que a vida o abandonou por completo.
~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

O celular de Lily tocou naquela noite. Ela estava em casa com Alice e ficou muitíssimo chateada ao ter que interromper sua discussão com a outra sobre quando era melhor começar a pensar em filhos.
Mas, foi com uma prazerosa surpresa que a ruiva leu o nome no identificador de chamadas.

James.

Teria o marido finalmente aprendido a usar o aparelho trouxa depois de quase um ano de falhas enquanto Lily tentava lhe ensinar que a pessoa do outro lado da linha o entenderia mesmo que ele sussurrasse e que gritar era desnecessário?

_Alô? – ela atendeu o celular ansiosamente, esperando que James tivesse finalmente aprendido a usar o aparelho.

Mas, o que ouviu do outro lado da linha foi apenas uma música um pouco alta demais e um ruído estranho. Tentou gritar para James que ele tinha que colocar o celular no ouvido, na esperança de que ele entendesse, mas ainda teve que esperar mais alguns longos e torturantes segundos antes de finalmente ouvir a voz de James.

_Lily?

_Do outro lado. – ela suspirou, percebendo a voz dele mais baixa do que devia estar.

_Você pode me ouvir?

_Agora sim. – Lily continuou. – Fico feliz que tenha começado a aprender como usar isso.

_Preciso te contar uma coisa. – ele começou – E não é o tipo de coisa que pode ser colocada em uma carta.

A ruiva franziu a testa, levemente preocupada. Mas toda a sua preocupação se foi no momento seguinte.

_Eu encontrei uma stripper que é a cara da Lene!

_Você está em um bar stripper? – perguntou Lily, os olhos arregalados.

_Coisa do Sirius. – James se defendeu, em voz calma. – Mas, é sério! A semelhança é assustadora! Acho que elas foram separadas no nascimento!

_O que ele está dizendo? – perguntou Alice, curiosa.

_Disse que encontrou uma stripper que é igualzinha a Lene. – a ruiva disse, afastando o celular para que James não a ouvisse.

_Ah! – Alice suspirou e sorriu. – Deve ser ela mesma.

_Lene é uma stripper? – os olhos de Lily se arregalaram mais ainda.

_Não! Ela perdeu uma aposta com a Dory. Esse era o combinado. Fale para James olhar ao redor. Provavelmente vai achar a Dory lá.

_A Alice disse que provavelmente é a Lene mesmo. Ela perdeu uma aposta. – Lily disse para o marido do outro lado da linha. – Dê uma olhada ao redor e vê se consegue encontrar a Dory por aí.
A voz levou algum tempo para voltar a falar. Por fim ela veio.

_Você tem razão! Agora que eu percebi que a garota com o chale e os óculos escuros é a Dory! Vou desligar. Te amo, lírio. – ele disse e então fechou o estranho aparelhinho que Lily insistia que ele tinha que aprender a usar por algum motivo. Mesmo que naquele momento tivesse lhe sido útil, ainda não confiava totalmente na coisinha que tinha em mãos.

Virou-se para Sirius e Remus sentados na mesma mesa que ele.

_É a Lene mesmo! – e os três se voltaram para observar a morena que dançava em posições provocantes e que deixava que outros homens colocassem dinheiro trouxa no meio de seus seios.

_Jura? – perguntou Sirius, sorrindo animadamente.

_É. – o de óculos continuou. – Perdeu uma aposta com a Dory. Fico imaginando que tipo de aposta seria… Ah, - ele acrescentou – aquela é a Dory. – e apontou para a garota que ria de se acabar sentada em uma mesa distante.

Mas, nem Sirius nem Remus estavam prestando atenção às palavras de James.

Remus estava muito ocupado tentando esconder o rosto e não olhar para Lene. Já Sirius fazia justamente o contrário. Olhava para a garota com olhar cobiçador e animado, achando graça e desejando-a intimamente ao mesmo tempo.

_Essa é minha ex-namorada! – gritou de repente, como se estivesse orgulho disso.

Quando Lene virou o rosto para os três amigos e seu rosto era da mais completa fúria, James e Remus tiveram que arrastar Sirius para longe antes que acabassem levando uma surra, ou pior, sendo enfeitiçados no meio daqueles trouxas mesmo.
~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

Enquanto isso, no apartamento de Pam e Sirius, a garota estava sentada no único sofá da casa, no escuro, ao seu lado e perigosamente perto de sua boca estava Caradoc.

_Eu te amo. – o curandeiro disse.
Pam preferiu não responder, apenas colocando uma das mãos na nuca do novo namorado e o puxando para um beijo demorado.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acharam? Surpresos? kkkk Sim, sou cruel. Mas garanto que agora não falta muito para a Pam e o Sirius ficarem juntos, prometo mesmo.



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