Outubro chegou tão discretamente, que se não fosse pela ida à Hogsmeade no começo daquele mês, nenhum deles teria percebido que Setembro chegara ao fim. E, foi nessa oportunidade, que James aproveitou para cobrar seu encontro com Lily.

A ruiva, naturalmente, relutou um pouco antes de aceitar, mas acabou concordando. E assim que terminou de falar com James, correu contar para as amigas a novidade, que pareceram reprovar a atitude de Lily, mas depois que ela explicou que era só para ele largar do pé dela, as outras pareceram animadas e Dory prometeu arranjar uma roupa bem bonita para ela.

Então, na sexta logo depois das aulas de aparatação, que tinham começado naquele ano e que deviam ir até o final do ano, Lily, Lene, Dory e Alice foram para o dormitório feminino, achar uma roupa legal para a primeira ir com James à Hogsmeade no dia seguinte.

Estavam conversando animadas e Lily provava uma roupa atrás da outra que logo era rejeitada pelas outras. Tudo parecia bem, mas elas não contavam com uma coisa.

Pam estava em sua cama com as cortinas fechadas enquanto planejava uma marotagem e mexia no Mapa do Maroto. E a garota ouviu toda a conversa das colegas de quarto. James já tinha dito que sairia com Lily, mas Pam não tinha acreditado. Mais uma vez, ela se surpreendeu ao perceber que James não estava apenas delirando e que Lily parecia de fato animada com o fato de sair com ele.

_Você vai mesmo sair com o Pontas? – perguntou Pam, colocando a cabeça para fora das cortinas.

Lily deu um pulo. Não esperava encontrar a outra ali. E as outras pareceram igualmente surpresas.

_Me desculpe? – era Lene.

_Eu perguntei se a Lily vai mesmo sair com o Pontas. – Pam repetiu.

_Vou. – a ruiva respondeu. – Algum problema com isso?

_Não, nenhum… - Pam pensou por alguns momentos. – Mas você está fazendo isso errado.

E a marota não deu tempo de nenhuma das outras quatro falaram ou fazerem alguma coisa. Ela simplesmente olhou para a roupa de Lily e balançou a cabeça.

_Não vá de salto ou maquiagem muito forte. – ela aconselhou. – Se você quiser ser lembrada, não pode usar as mesmas roupas que as garotas com quem James fica usam normalmente. Se você vai usar as mesmas roupas, ele vai te tratar da mesma maneira. Para a maioria dos garotos é como… - ela pensou um pouco. – Como se as garotas fossem filhotes de cachorro. Bonitas sim, mas dispensáveis. Então, você tem que fazer diferente. Não pode ser fácil e não importa o que aconteça, não beije no primeiro encontro. Seja divertida e engraçada, mas não beije, porque assim ele vai gostar de ficar com você, mas você vai deixar o gostinho de quero mais. E ele provavelmente vai querer sair com você de novo.

_Como você sabe? – perguntou Lene.

_É que eu sou melhor amiga dele, sabe… - ela disse como se fosse o óbvio. - Não sei se todos os garotos são assim, mas eu conheço o James desde o primeiro ano e já ouvi muita coisa que vocês nem sonham em ouvir deles. Eu conheço o James. Sei do que ele gosta. Tem muita coisa que ele não dizer nunca para você, Lily. Afinal, ele tem que se comportar para te impressionar e você ter vontade de continuar com ele. Mas comigo não tem essa preocupação. Ele não tem que ficar pensando: “Não posso ser nojento ou ela não vai querer me beijar e vai contar para as amigas dela e eu nunca mais vou sair com ninguém”. Comigo eles são verdadeiros. São meus amigos. Então me ouça e você não vai ter nada a perder.

_Ah. – disse Dory, cruel. – E foi exatamente isso que você fez com o Michael quando começou a sair com ele, não foi?

_Eunãoestava realmente à procura de amor. Eu só queria me divertir. Mas, Lily, se você quiser realmente o James…

_Ela não quer o James! – gritou Dory. – Ela só quer que ele largue do pé dela!

_Cala a boca, Meadowes! – Pam gritou de volta. – Você acha que conhece a Lily? Talvez sim talvez não. Que tal ouvir o que ela tem a dizer? Isso é o que você pensa, não ela!

Por que Pam estava sendo legal com Lily? Porque ela sabia que James realmente gostava da outra. E, naquele momento, estava dando uma mãozinha para ele, já sabia que se fosse ao contrário James teria feito a mesma coisa.

_Lily… – começou Pam, devagar. – O que você me diz?

Agora todas olhavam para Lily que parecia tímida e constrangida.

_Eu realmente gosto do James. – ela disse por fim.

Pam sorriu vitoriosa. Sabia desde a conversa que ouvira no ano anterior que Lily gostava de James. E agora tudo o que mais queria era a alegria do casal.

_Verdade, Lily? – perguntou Lene baixo.

A ruiva apenas assentiu.

_Eu disse isso ano passado. Eu não sei… Acho que depois de todos esses anos… E as notas dele realmente melhoraram… E ele é monitor-chefe, tem se tornado mais responsável… Ah, eu realmente não sei.

_Certo. – disse Pam. – E você vai querer ouvir a quem? A elas, que terminaram com o Remus e o Sirius ou a mim, que sou a melhora amiga deles desde sempre?

_Eu tenho um namorado! – Disse Alice. – Eu posso ajudar ela!

_Não, na verdade. O Frank é diferente. Ele não é um Maroto. E os Marotos são diferentes de tudo o que vocês já viram. O James e o Sirius principalmente já ficaram com dúzias de garotas, já provaram de quase tudo. Você tem que me ouvir Lily. – disse Pam.

A ruiva pensou por um momento antes de suspirar, cedendo.

_Apenas me dê um motivo para você estar me ajudando. – ela continuou. – Pensei que me odiasse.

_Ah, e odeio. Mas o James parece realmente gostar de você. Não vou deixar que você estrague tudo logo no primeiro encontro.

E Pam sorriu com malicia para as outras. Tinha muita coisa a ensinar.

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James mal podia acreditar que estava mesmo esperando Lily sentado em uma das mesas do Três Vassouras. Três anos! Caramba! Era melhor que ele fizesse a tarde valer, ou teria desperdiçado três anos inteiros de sua vida.

E então de repente ele viu. Lily entrava no restaurante quase como se flutuasse. Os cabelos ruivos como águas nos ombros, os olhos amendoados e verdes quase impossíveis de existir.

James se levantou ao vê-la chegando. Era uma visão linda… Mas linda do que já estava acostumado. Lily era tudo para ele.

Ela sorriu ao vê-lo e andou em direção a ele. Usava uma blusinha solta verde que combinava perfeitamente com seus olhos claros, uma sapatilha simples e uma jeans justinha.

_Oi. – ela disse, sorrindo timidamente para ele e acenando com a mão brevemente.

_Oi. – James disse de volta, sem saber exatamente o que fazer. Tinha que fazer alguma coisa, sabia, mas simplesmente não sabia o que. Simplesmente não conseguia pensar direito enquanto olhava para ela e sua beleza que fugia a todos os modelos de beleza que ele já tinha visto, mas que mesmo assim ou talvez por causa disso, a fazia parecer a garota mais linda que ele jamais vira.

Lily ficou olhando para ele e James observou enquanto o sorriso dela se desfazia e ela olhava para o chão. Certo, estava fazendo papel de bobo, tinha que fazer alguma coisa se não quisesse perdê-la.

_Tudo bem. – ele murmurou, dando um passo para o lado e puxando uma das cadeiras. – Acho que devia se sentar.

_Certo. – Lily disse, andando em direção a James e sentando na cadeira que ele tinha puxado.

Sem dizer nada, ele se sentou na outra extremidade e os dois ficaram se encarando por um tempo indeterminado, sem saber exatamente o que fazer.

Agora que James tinha percebido. Não tinha o que falar com Lily. Ele a seguia há mais de três anos, mas durante esse tempo não se preocupara em saber do que ela gostava. O que sabia sobre Lily? Ele tentou listar rapidamente. Ela era inteligente, bonita, ruiva, gostava de estudar, vivia o rejeitando… E ele não sabia mais nada. Sobre o que ele podia falar com a garota a sua frente?

Ele engoliu em seco. Certo, estava perdido. Rezou rapidamente para quem quer que pudesse ouvi-lo e implorou por um assunto legal.

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Sirius segurava a mão de Lucinda com força enquanto a puxava para longe e ouvia seu riso alto. Ele prometera a levar para um lugar especial e era o que estava fazendo no momento.

Finalmente, os dois pararam em uma das paredes da casa e ele a beijou ternamente.

_Tem certeza de que podemos entrar aqui? – perguntou ela, entre os beijos, agora séria.

_Claro que eu tenho. O que de pior pode acontecer?

_Podemos perturbar o fantasma que vive aqui. – ela sorria e era óbvio que estava brincando.

Ele voltou a beijá-la.

_Eu protejo você. – ele disse, sorrindo também.

Lucinda riu alto mais uma vez e Sirius voltou a pegá-la pela mão, levando-a para o andar de cima da casa.

Estavam na Casa dos Gritos. Como ainda não era lua-cheia, achava que Remus não ligaria se levasse Lucinda para lá. E de qualquer jeito aquele lugar era o ideal para ele poder ter alguma privacidade com Lucinda em Hogsmeade e ao mesmo tempo permitir aos dois serem barulhentos e exagerados.

Eles entraram em um quarto no andar de cima. Não o no qual normalmente Remus se transformava, mas um quarto ao lado daquele que não tinha cama alguma.

Sirius sentou-se no chão e Lucinda se sentou ao seu lado. Os dois se beijaram mais uma vez.

_Você parece minha terceira namorada, sabia? – ele disse, segurando o rosto dela para que não pudesse se afastar dele.

_Ah, é? E quantas namoradas você já teve?

Mais um beijo.

_Duas. – ele disse travesso, antes de se jogar no chão, levando-a com ele e a beijando a boca dela como se nunca mais pudesse fazê-lo.

E, embora Lucinda tivesse acho que era mentira, não era. Tinha ficado com várias garotas. Tantas que nem mais se lembrava de quantas e nem seus nomes. Mas, ele tivesse apenas duas namoradas. Hestia (que durara apenas quatro dias) e Lene (com quem ficara mais tempo e na verdade não passava de um plano doentio para enganar o próprio coração).

Mas, era verdade. Achava mesmo que podia ter algo mais sério com Lucinda, apesar de ela ser da Sonserina.

Achava que talvez tivesse finalmente encontrado o amor.

Por fim os dois se levantaram e foram para o quarto no qual Remus se transformava e deitaram na única cama que existia na casa, que era bem mais confortável do que o chão, apesar de fazer ruídos realmente incômodos.

Ninguém nunca suspeitaria que estivesse acontecendo alguma coisa a mais na casa além de alguns fantasmas se manifestando.

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Era sua chance. Remus sabia. Então porque estava com tanto receio. Nada iria acontecer, tinha certeza. Ele simplesmente tinha que se aproximar e falar com ela. Era simples.

Mas se sentia travado. Como se não conseguisse se mover. Ela era linda demais. Os cabelos cor de mel presos em duas tranças e caindo nos ombros e na face cor de leite. Talvez fosse por essa combinação que ela parecia tão doce, ou talvez fosse o ar de inocência que ela emanava o tempo todo.

Emmeline Vance…

Por fim, e antes que ele perdesse sua chance completamente, Remus se aproximou.

_Emmeline. – ele disse o nome dela enquanto se aproximava por trás, mas a garota não o ouviu e virou-se rapidamente, sem dar pela presença dele e trombou nele com tanta força que quase foi ao chão. Remus a segurou pelos cotovelos.

Ela o encarou.

_Obrigada. – disse por fim, ficando de pé.

Ele não conseguiu dizer nada. A loira tinha um cheiro doce e inconfundível que fizera seu cérebro parar de funcionar. Não fazia mais ideia do que estava fazendo.

Talvez a paixão avassaladora que nutria por Emmeline fosse mais do que isso, mais do que ele jamais conseguiria colocar em palavras.

_Está tudo bem? – ela perguntou.

Porém, ao invés de responder, Remus simplesmente a observou. Usava um macacão jeans surrado, como se já o tivesse usado várias vezes, e que permitia a ele ter uma visão privilegiada de suas pernas alvas. Seus olhos castanhos amendoados e os fios rebeldes que escapavam das tranças caindo sobre eles. As bochechas estavam coradas por causa do sol. E seus lábios! Os lábios pintados de vermelhos que praticamente clamavam para que ele os beijasse! Como podia resistir a isso?

_Remus? – ela chamou o nome dele, agora levemente preocupada.

Ele balançou a cabeça, saindo dos pensamentos e olhando para a garota.

_Estou bem. Não precisa se preocupar. Agora o que eu quero saber é sevocêestá bem. Afinal, acabou de quase cair…

_Ah, não foi nada. Acho que eu sou um pouco desastrada mesmo. Ainda bem que você estava aqui para me pegar. – ela disse sorrindo.

Sobre o que ela estava falando? Se ele não estivesse ali, ela não teria caído para começo de conversa.

Mas, ele achou mais educado não mencionar esse fato.

_Não foi nada. E eu teria feito isso de novo com prazer. – ela riu e ele corou ao perceber o que tinha dito.

Os dois se encararam por alguns momentos.

_Bom, eu tenho que ir. Minhas amigas devem estar me esperando…

_Tudo bem.

Ela passou por ele e começou a se afastar. Até mesmo Remus ia continuar seu caminho quando ouviu a voz dela que era como mil sininhos batendo ao mesmo tempo.

_Remus?

_Sim? – ele disse, virando-se para trás.

_Eu estava pensando… - ela considerou se devia continuar por algum tempo. – Você tem namorada? – a garota mordeu o lábio inferior, apreensiva.

_Não… - ele disse, vagarosamente. – Na verdade… Eu ia mesmo convidá-la para sair. Claro, só se você quiser…

Ela sorriu travessa.

_Eu quero. Só precisa me dizer o dia e o horário e me considere lá.

_Que tal sábado que vem? – ele sorria também. - À meia-noite, no Lago Negro.

_À meia-noite? Pensei que o todo certinho Sr. Monitor da Grifinória não fazia esse tipo de coisas. – ela disse com malicia.

_Isso só vai depender se a Srta. Monitora da Corvinal permitir. – ele disse, tentando na brincadeira.

A loira riu alto e virou-se de costas, murmurando um “Te vejo lá, Remus”, antes de partir e deixar Remus nas nuvens.

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Era impressionante como não precisou mais do que alguns minutos para James e Lily começarem a conversar e quando começaram a conversa fluiu tão facilmente que era como se fizesse isso todo dia. Na verdade, James ficou realmente surpreso ao perceber que levar uma conversa com Lily não era nada diferente do que conversar com Pam, Sirius, Remus ou Peter, acrescido ao fato de que existiam sentimentos diferentes em relação à Lily. Mas, tirando isso, era quase a mesma coisa. Apesar dos assuntos serem completamente diferentes, James estava se divertindo do mesmo jeito.

Tinha se dado bem no final com Lily. E, pelo sorriso da ruiva e as gargalhadas que soltava de vez em vez, ele não teria que desistir dela. Ao contrário, tinha certeza de que agora iriam sair muitas vezes.

Por fim, ele pagou o almoço deles. Lily tinha dito que queria pagar a parte dela, mas ele não deixou, dizendo que no primeiro encontro pelo menos, o homem é que tinha que pagar a conta para a namorada. Ela riu quando o ouviu mencionar a palavra “namorada”, mas não fez nenhuma objeção, ao que James ficou muito feliz.

Os dois saíram do Três Vassouras e foram dar algumas voltas por Hogsmeade. Quando finalmente estavam em um lugar sem muitas pessoas perto dele e sem ninguém para apontar e cochichar que Lily talvez estivesse drogada por sair com James, eles pararam para conversar e Lily se despediu.

Ele tinha certeza de que iriam se beijar, então fechou os olhos e foi se aproximando dela. Ouviu seu riso e espero que ela encurtasse o resto da distancia, mas quando abriu os olhos novamente, viu a garota ao longe, os cabelos ruivos balançando no ar enquanto ela corria para longe dele ainda rindo.

James sorriu também, apesar de estar um pouco irritado. Tinha achado que finalmente iria beijá-la e nada… Fora apenas um encontro, nada mais do que isso… Devia saber que ter um encontro e beijar eram coisas diferentes. Era melhor ir de vagar mesmo, de qualquer jeito. Se fosse diferente, ele nunca conseguiria Lily completamente. Mas, pelo menos, isso lhe dava uma ótima desculpa para convidá-la para sair de novo…