Pam estava com um dor de cabeça tão grande na manhã seguinte que se surpreendeu de ela não estar aos pedaços. Os olhos ardiam com a luz do sol e quando ela olhou no espelho viu que também estava vermelho e que estava com uma expressão horrível de cansaço, como se tivesse morrido e voltado dos mortos na mesma noite.

E a pior parte era que tinha um borrão escuro em sua mente. Uma parte da noite que ela devia se lembrar, mas não lembrava. Entre beber a segunda garrafa de hidromel e acordar em sua cama naquela manhã, era apenas uma imensidão de trevas. Não fazia ideia do que tinha acontecido.

Tinha noção que de alguma forma rasgara o vestido vermelho, já que quando acordou estava o usando e havia um bura… não, uma cratera imensa na lateral. Seria impossível usá-lo outra vez.

Procurando informações, vasculhando a mente e fazendo uma busca profunda na memória, ela terminou de se vestir e maquiar e desceu as escadas para o Salão Principal. Mas não adiantou nada colocar a mente para funcionar. Era como se a lembrança tivesse resolvido sair para dar uma voltinha sem aviso prévio e agora temia que tivesse feito algo do que se arrependeria para o resto da vida.

Fingindo que nada tinha acontecido, ela começou a andar rumo ao quadro da Mulher Gorda, tencionando ir até o Salão Principal comer alguma coisa, mas foi impedida de continuar pela aparição repentina de Sirius.

–Ei! – Ele disse sorrindo igual a um bobo. – Tudo bem?

–Tudo… - Disse um pouco ressabiada.

–Sobre ontem à noite… - Ele começou parecendo desconcertado, mas antes que pudesse continuar, Pam tinha o interrompido.

–Me desculpe.. Eu não me lembro de qualquer coisa sobre ontem à noite. – ela confessou infeliz. – Então, seja lá o que eu tenha dito para você, desconsidere complemente. Eu devia estar tão bêbada que devo ter dito alguma coisa que não queria. – Ela disse, temendo que tivesse dito algo terrivelmente ruim. – Me desculpe. Realmente me desculpe.

–Ah.. – Ele disse, parecendo triste de repente. – Tudo bem então! Eu só queria saber se você estava bem e…

–Claro que estou! Estou com uma ressaca terrível, mas fora isso bem! Obrigada por se preocupar.

E, incapaz de permanecer mais um momento ao lado de Sirius e continuar mentindo, ela se afastou, indo rápido para o Salão Principal.

Ficou surpresa com os olhares que as pessoas lhe lançavam no caminho. Eram olhares de pena na maior parte das vezes, mas alguns a recriminavam. No momento Pam achava que ia desmaiar se não descobrisse o que tinha feito na noite anterior. Alguma coisa muito horrível devia ter acontecido e ela agora se amaldiçoava por não se lembrar de nada.

Finalmente chegou ao Salão Principal, encontrou Michael e correu até ele. O garoto a olhava preocupado e perguntou inúmeras vezes se ela estava bem antes de lhe entregar o casaco que deixara com ele e sua varinha, falando para que não ficasse preocupada porque Gordon King já tinha recebido a punição que merecia.

–Michael… - Ela disse devagar, sem saber se tentava acalmar o garoto ou a si mesma. – O que aconteceu noite passada? Sinceramente, eu não consigo me lembrar de nada.

–Como você não se lembra de nada? – Ele perguntou parecendo completamente fora de si. – Você quase… Você basicamente… Ah, Merlin, nunca mais posso te deixar sozinha à noite. A culpa foi minha. Se eu tivesse parado de conversar sobre o maldito Quadribol…

Pam não ficou muito feliz ao ouvir o namorado falando mal do seu esporte favorito, mas entendeu o que ele queria dizer e isso parecia pequeno comparado com o que ela provavelmente tinha feito na noite anterior para deixar Michael tão alterado.

Conforme ouvia o corvinal contar o que tinha acontecido entre ela e Gordon, Pam mal podia acreditar no que ouvia. Era como se ele estivesse falando sobre uma pessoa completamente diferente, não ela mesma. Não podia acreditar, não queria acreditar. Apesar de saber que ele estava absolutamente certo por causa do vestido rasgado, ela não deixava de imaginar que talvez todos estivessem errados e que houvesse outra razão para isso.

Mas sabia que não era verdade.

–E foi uma sorte o Sirius ter aparecido porque senão eu nem sei o que teria acontecido.

–Como assim?

–Ah, o Sirius apareceu e te salvou. Gordon foi encontrado amarelo, paralisado e com o dedo no nariz hoje mais cedo e logo souberam que tinha alguma coisa a ver com os Marotos. Quando chamar o Sirius, o James, o Remus e o Peter para conversar, o Sirius contou tudo o que tinha acontecido. Acho que é a primeira vez que ele faz alguma marotagem e sai com todas as honras. Deve ter ficado satisfeito…

Ah, então era isso que Sirius queria dizer mais cedo. Tinha que agradecer a ele depois…

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Sirius mal podia acreditar que depois de tudo, Pam dizia que simplesmente não se lembrava do que tinha acontecido e disse para não levar a sério qualquer coisa que ela tenha dito.

Tinha dito o que amava…

Mas não tivera significado nenhum para ela. Não o amava de verdade. Tinha apenas o deixado acreditar que tinha alguma chance quando não tinha nenhuma. Não podia culpar Pam, é claro. Ela estava bêbada quando dissera tal coisa e ele devia saber que não significava nada. Estúpido! Ainda bem que não tinha comentado isso com ninguém ou faria papel de bobo.

Pam estava namorando Michael Fox. Tinha que colocar isso na cabeça. Pam estava com Michael Fox. E não com ele. Não sentia nada por ele. Ela gostava de Michael Fox. Mas era tão difícil aceitar a verdade. Era mais fácil acreditar em sua pequena ilusão de que o “Eu te amo” de Pam tinha sido verdadeiro e que o coração dela pertencia só a ele.

Estava frágil no momento. Por gloriosas horas pensara que finalmente alguma coisa podia acontecer entre ele e Pam, mas então ela chegava e destruía tudo com simplesmente palavras, como tinha feito para construir a mesma coisa antes. Pam não tinha culpa. O culpado era ele, é claro. Tinha levado a sério as palavras de uma bêbada!

Mas desta vez, quando Lene se aproximou dele e se jogou para cima do garoto descaradamente, Sirius não fez nada para impedi-la e eles combinaram de se encontrar naquela noite, perto da Floresta Negra. Era justo que se Pam tinha Michael, Sirius também ter alguém. E Lene realmente não era de se jogar fora.

Além disso, seus sentimentos em relação a ela ainda eram um pouco confusos e agora que tivera tempo para pensar, longe das influencias da família puro-sangue, Sirius percebera que o que sentia por ela algo tão estranho que nem ele podia identificar. Mais do que amizade, menos do que amor. Não fora apenas o fato de ter achado o rosto dela bonitinho no jantar em sua antiga casa que o fizera achar que estava apaixonado por ela. Era mais do que isso.

Talvez estivesse mesmo apaixonado por Lene. Porém, é claro, mesmo quando ele a pegou em seus braços e beijou seus lábios, era nada comparado ao que ainda sentia por Pam e que deixava um buraco em seu coração. Mas ficar com Lene era como um ter um premio de consolação quando não se conseguira ganhar o premio maior.

Ele realmente não sabia onde estava com a cabeça quando pediu para ela o namorar naquela noite, mas foi reconfortante ouvi-la dizer “sim”.

~~*~~*~~*~~*~~

James estava se lixando se Sirius estava ocupado demais aos amassos com Lene, Pam já quase não contava mais como do grupo, Remus estava ocupado sendo um monitor perfeito e Peter estava estudando tanto quanto seu cérebro reduzido era capaz de aguentar. Realmente não queria saber se dessa vez ele estava sozinho contra o mundo quando resolveu aprontar uma de suas pegadinhas. O nome do grupo que tinham formado um ano antes era Marotos e não era por acaso. Naquele ano eles ainda não tinham aprontado nada realmente descente, então, mesmo que sozinho, James começou a planejar alguma coisa.

Finalmente resolveu o que ia fazer.

Porém, antes que pudesse colocar seu plano em ação, encontrou Lily no corredor e, sem perder a chance, foi até ela.

–Lily! – ele gritou. – Ei, Evans! Espere-me!

Lily, ao longe, rolou os olhos. Céus, James não podia dar paz para ela um pouco?

–Evans! – ele gritou de novo e agora estava assustadoramente próximo.

Não demorou mais do que alguns segundos para a ruiva sentir o braço de James apoiado em seu ombro.

Ela se desvencilhou dele.

–Oi, Evans. – ele sorriu ao lado dela.

–Não se contentou com apenas um soco? Veio em busca de mais? – a ruiva perguntou irritada.

–Claro que sim. – ele disse, sorrindo com malícia. – Quero meu beijo.

–Esquece, Potter.

–Me peça qualquer coisa, menos o impossível.

– Fique longe de mim.

–Lily, eu disse menos o impossível!

Ela rolou os olhos mais uma vez. James tinha cada ideia… E ele era tão infantil e idiota e… Merlin, como o odiava! Seria possível que o maroto conseguisse mesmo ser tão estúpido e tão irresis… imaturo. É claro que ia dizer imaturo desde o começo.

–Lily, meu lírio, minha ruiva, minha…

–Cala a sua boca, Potter! – ela gritou perdendo a paciência. – Cala a boca e me deixa em paz. Você não cansa de sempre dizer as mesmas coisas? Eu nunca vou sair com você e tenho pena da garota que sair. Você não passa de um piadista ridículo, imaturo e complemente besta. Eu te odeio! Te odeio muito e nada nunca vai mudar isso! Argh!

E ela saiu batendo os pés, James até que tentou ir atrás dela, mas nesse momento Lily entrou no banheiro feminino e ele teve que voltar para o seu dormitório, esquecendo o motivo que o levara a sair do dormitório.

Irritado e chateado, James encontrou Stephanie na Sala Comunal da Grifinória e no momento ela era tudo o que ele precisava.

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Quando Sirius voltou para o seu dormitório, ele o encontrou vazio a não ser pela cama de James, cujo lençol se movia como se houvesse alguém embaixo dele. Sem se alterar, Sirius o levantou e não foi exatamente uma surpresa quando encontrou James e Stephanie aos beijos.

Os dois pararam o que estavam fazendo e olharam para ele.

–Pensei que gostasse da Lily.. – disse Sirius simplesmente, antes ir se sentar em sua cama.

–E eu gosto. – James concordou. – Mas, enquanto eu não consigo a garota certa, me divirto com as erradas.

Ao contrário do que Sirius achou, Stephanie riu e então os dois voltaram a sumir embaixo do lençol.

Sirius sorriu. Afinal, não era exatamente isso que estava fazendo? Durante um tempo os gemidos de James e Stephanie não o incomodaram, mas depois ele começou a ficar realmente irritado, apesar de a garota só ter ido embora quando Peter apareceu.

–Oi, gente. – disse Peter, dando uma breve olhada em Stephanie antes de ela ir embora – Como vai a vida?

–Horrível – disse Sirius, se jogando na cama.

–Um tédio. – James disse logo depois suspirando.

–Nossa, pessoal, que desanimo. Normalmente esse dormitório transbordava alegria…- ele se sentou em sua própria cama.

–Eu sei! – disse James sorrindo fracamente. – Me desculpe, Peter. As coisas mudaram, eu acho.

–Não sei quanto a vocês. – disse Sirius. – Mas o meu problema é amoroso. Nunca achei que fosse dizer isso, mas é verdade. Minha vida amorosa anda uma merda.

–Uau! – exclamou James. – Achei que morreria sem ouvir isso. Sirius Gostoso Black, com problemas amorosos!

Todosriram.

–Mas eu pensei que você estivesse com a Lene.. – disse Peter.

–E eu estou. Mas, não sei… É complicado. – ele finalmente disse e então mudou de assunto. – E você, James? Qual o seu problema?

–Amor também. Acho que a Lily realmente me odeia!

–Parabéns por descobrir o óbvio! – exclamou Sirius.

Mas, ninguém riu.

–Mas eu amo ela. Não estava mentindo antes. Eu a amo de verdade.

–Isso é ruim…

–Muito ruim!

Mas nesse momento Remus entrou e ele parecia melhor do que todos os outros.

–Oi, pessoal. O que está aconteceu?

–O amor está nos matando. – disse James.

–Mas você parece muito bem meu amigo lupino. – disse Sirius. – O que aconteceu?

–Bom… Vocês sabem que semana que vem tem uma visita a Hogsmeade.. – todos assentiram. – Então, hoje a Nancy da Lufa-Lufa me chamou para ir com ela.

Era difícil uma garota chamar um garoto para sair e quando isso acontecia queria dizer que ela estava realmente apaixonada por ele.

–Nossa, cara, parabéns! – disse Sirius, sem saber se ficava feliz pelo amigo ou se ficava triste pelo outro estar melhor do que ele. – E o que você disse?

Fazendo mistério por um tempo e então se sentando na própria cama, Remus disse:

–Eu recusei!

–O quê? – Os outros três olharam para ele, surpresos.

–Nancy Campbell, que não é de se jogar fora, te chamou para sair e você disse não? É maluco por caso? – perguntou James.

–Não sei não cara.. Acho que quem quer que esteja aqui.. – Sirius bateu na cabeça de Remus. – Foi dar uma voltinha!

–Remus, você tem algum problema.

Todos riam nesse ponto.

–Vocês sabem que eu gosto da Emmeline!

–Certo, então.. – Sirius disse se levantando e sorrindo maroto. – Se você disse não para a Nancy, ela deve estar tão tristinha… Vou ir consolar ela.

–Mas devagar, garanhão. – James brincou. – Você já está comprometido. Imagine o que a Lene vai dizer se souber?

_Ih, é verdade. Mas o que os olhos não veem…

–Os amigos contam! – Peter gritou.

Todos riram e, de certa forma, por algum tempo, pareceu que tudo tinha voltado a ser como era antes. Apenas alguns amigos tentando se divertir, contar piadas e rir. Mas desta vez não estava completo e eles sentiam a falta de uma pessoa. Pam não estava mais com eles e ninguém mais podia substituir o lugar dela. Mas, naquela noite, era como tudo estivesse bem, faltando apenas a presença feminina e doce da marota e irônica Botão de Rosa.