James pôs-se de pé assim que ouviu o despertador tocando e logo o desligou. Remus, Peter e Frank também tinham acordado, mas como de costume, Sirius nem deu sinal de vida.

Então o de óculos andou até a cama dele e separou as cortinas vermelhas, deixando a luz entrar.

Mas, o que James viu quase o fez cair de costas.

Sirius dormia profundamente e do seu lado, em um sono tão profundo quando o do outro, estava Pam.

James teve que se controlar para não gritar. O que a garota fazia ali?

Teriam Sirius e ela…?

Não. Isso não era possível.

Ou era?

Agora Frank, Peter, Remus e James olhavam sem entender para a cena bizarra.

Tudo bem que normalmente Pam não conseguia dormir quando Sirius saia com alguma garota e a grifinória ia passar as horas esperando o outro no dormitório dos garotos, conversando com eles. Mas, quando Sirius aparecia, pouco depois da meia-noite, ela voltava imediatamente para o dormitório dela.

O que teria prendendo a menina ao dormitório deles dessa vez?

As teorias eram muitas, mas nenhuma fazia sentido.

Finalmente, depois de ter se recuperado do susto inicial, James chacoalhou Sirius.

O outro resmungou alguma coisa sem abrir os olhos.

_Sirius. - Chamou James. - Sirius, acorda.

Ele apenas virou-se para o outro lado e continuou dormindo.

James voltou-se para Remus, Peter e Frank.

Seu olhar era um pouco assustado e confuso, quase se pedisse ajuda. 

Quando James olhou de novo para a cama, onde a bizarra cena se desenrolava, viu que Pam acabara de abrir os olhos azuis e que o encarava com uma expressão sonolenta e um tanto curiosa.

_James? Remus? Peter? Frank? - Ela chamou. - Como vocês conseguiram entrar no dormitório feminino? E onde estão as outras? - Ela começou a se sentar na cama.

_Pam… - Disse James, cuidadosamente - Nos não entramos no dormitório feminino. Na verdade… É você quem não esta no dormitório certo.

Ela riu fracamente.

_Como assim, James? É claro que eu estou no dormitório certo. - Disse Pam, se espreguiçando.

Mas, então ela olhou em volta e finalmente percebeu que não estava no lugar que normalmente ela acordava. Tinha alguma coisa diferente e ligeiramente mais brutal e desleixado naquele dormitório. Diferente do dormitório todo arrumado e feminino que ela dividia com as garotas.

Ela estava, de fato, no dormitório masculino.

O que ela estava fazendo ali?

Pam vasculhou sua mente em procura de memórias do dia anterior. Mas tudo o que ela conseguiu encontrar foi um enorme vazio.

Ela se lembrava de nada.

Droga! O que tinha feito na noite passada?

Logo a morena percebeu que não estava apenas no dormitório masculino. Estava também na cama de Sirius.

Certo, que merda ela tinha feito na noite anterior?

Então de repente todas as memórias da noite anterior vieram a sua mente. Ela tinha ficado esperando Sirius e acabara adormecendo enquanto o esperava no dormitório masculino. Ela lembrava que os outros meninos tinham dormido antes dela e que ela ficara esperando o amigo no escuro. Não conseguiria dormir se ele não voltasse para a sua cama e dormisse, ficasse longe das outras garotas idiotas. Mais ou menos como uma mãe que espera um filho voltar para casa depois de uma noite de diversão.

Mas, ela acabara adormecendo. E, quando acordara, Sirius estava deitado junto com ela na cama. Pam achara então que ele não se incomodaria em tê-la dormindo ali. E estava tão cansada! Quando tentara se levantar todo o seu corpo gritara em protesto. E então, antes que ela percebesse, estava dormindo de novo.

Tinha ouvido Sirius murmurar alguma coisa para a escuridão do quarto, mas não eram palavras realmente importantes e então, sem dar real importância para o que ele dissera, Pam tinha dormido.

Enquanto Pam devaneava, James já tinha dado um jeito de acordar Sirius e esse se espreguiçava preguiçosamente enquanto sentado ao lado da garota.

_Vocês dois…? - Perguntou James, fazendo a pergunta que passava pela cabeça de todos os outros garotos.

_Não, é claro que não. - Disse Sirius, ainda um pouco cansado. E então ele olhou para Pam, parecendo de repente confuso e assustado. - Não, certo?

_Não! - Bradou Pam, indignada que tal pensamento pudesse ter passado pela mente de Sirius. - Por Merlin, vocês só pensam nisso? - Ela perguntou, se dirigindo a todos os garotos de um modo geral.

Então Pam se levantou, irritada e saiu do quarto, pisando duro e partindo para o seu próprio. Mas, assim que ela estava de costas para os outros e eles não a podiam ver. Ela não pôde deixar de sorrir. Afinal Sirius tinha considerado a possibilidade de terem acontecido coisas a mais com ela. Sirius tinha imaginado que ela estava no lugar das idiotas e piranhas com quem ele normalmente ficava e, por mais que ela não quisesse admitir, era exatamente isso que ela queria.

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Agora os cinco amigos estavam no Salão Principal, tomando café-da-manhã. Os garotos não falaram nada sobre a discussão de mais cedo, como se ela não tivesse existido. Então Pam também não disse nada entrando no jogo dos outros.

_Qual a primeira aula? - A garota perguntou.

_Transfigurações. - disse Sirius, displicentemente, sem dar real importância para a aula. Afinal, ele fazia os feitiços com uma facilidade impressionante.

Pam suspirou.

Afinal, apesar de estar indo bem na matéria, isso não a impedia de odiá-la e achar difícil transformar uma coisa em outra.

_Ah, não!

_Ah, sim. - Disse James. - Isso vai nos ajudar a contar a missão T. A. I. Afinal, é perigoso a transformação em animagos. - Ele disse, sabidamente.

_Eu sei, eu sei! E não pensem que eu não quero me transformar ou que eu não me importo, mas… - Ela suspirou mais uma vez. - Isso tudo é realmente necessário?

_Sim, é claro que é. - Disse Sirius, servindo um pouco de suco de abóbora para si próprio.

_Não. - Disse Remus, olhando feio para o outro. - Não é necessário. Você não precisa fazer isso, Pammy. Na verdade, nenhum de vocês devia.

_Ah, mas eu quero. - Ela disse, segurando a mão dele em um gesto protetor. - Eu quero poder me transformar para poder te proteger.

_Eu estou seguro. - Ele disse, irritado.

Pam riu.

_Sim, claro que está bebê. - Ela disse, apenas para não contrariá-lo. E, ao perceber que todos já tinham acabado de comer, continuou: - Vamos, então? Depois nós, eu e James, temos treino de Quadribol.

_Bem lembrado, Pam. - Ele disse, usando um guardanapo para limpar a boca. - Eu tinha me esquecido.

_Um capitão bem responsável você, não? - Ela perguntou irônica. - Se esquece até do treino que você mesmo marcou. - Ela estreitou os olhos, o olhando como o maior inimigo no auge da inimizade, o que ela era de fato, quando se tratava de Quadribol. Os dois amigos travavam uma disputa silenciosa e saudável no campo, cada um tentando provar que era melhor do que o outro. James parecia estar ganhando, afinal, ele tinha sido promovido o capitão do time, não ela.

Então os cinco amigos se levantar e partiram para a sala de Transfiguração, fazendo o caminho que seus cérebros já tinha aprendido e registrado há muito.

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Pam desceu da vassoura, estava exausta. James tinha os feito treinarem mais do que o normal, graças ao jogo contra a Sonserina que se aproximava. Apesar de eles já terem ganhado uma vez naquele ano, era um time ao qual eles deviam temer, já que usufruía de alguns dos melhores jogadores de Hogwarts. E a vitória tinha sido apertada da outra vez, apesar de James ter conseguido pegar o Pomo e Pam ter defendido todas as goles que poderiam ter sido defendidas.

Normalmente, os jogadores tomavam banho nos vestiários antes de voltar para o castelo. Mas Pam estava tão cansada que não teve forças nem para isso. Ela nem ao menos tirou o uniforme do time de Quadribol antes de começar a andar em direção ao castelo. Tomaria banho em seu dormitório, onde a água era mais quente e relaxante.

Mas, ela se arrependeu quase que imediatamente de ter feito isso. Porque não demorou muito para Pam ver Sirius encostado em uma pedra, pressionando o corpo pequeno de Shirley Singh contra o seu e beijando-lhe loucamente os lábios.

Pam não acredita que ele estava fazendo isso.

E em plena luz do dia!

Não que beijar outras garotas fosse um crime, mas se algum professor visse aquilo, eles com certeza pegariam uma detenção, afinal, o jeito que eles estavam se beijando era… 

Indecente.

O queixo de Pam caiu quando viu que Shirley tinha passado suas pernas pela cintura de Sirius e que a estava segurando, quase levantando a saia dela.

A grifinória abaixou os olhos, ficando de repente muito interessada na grama. Mas esse talvez também tenha sido um erro, já que não demorou muito para ela ver que seus pés não eram os únicos em seu campo de vista.

Ela levantou os olhos, seguindo as pernas desconhecidas e tentando descobrir a quem pertenciam o outro par de pés que tinha se materializado aparentemente do nada.

E Pam realmente desejou não ter feito isso. Desejou ter saído correndo quando ainda tivera chances.

Era Michael Fox, da Corvinal.

E ele sorria timidamente para ela. Pam esperou que ele falasse.

_Oi, Pam - Ele disse.

_Oi. - Ela respondeu, rolando os olhos.

_Hum… Que perfume bom que você está usando! - Ele exclamou e logo ficou óbvio que ele não sabia o que estava dizendo. - Qual é?

_Suor. - Disse Pam, como se fosse óbvio. - Eu ainda não tomei banho.

Fez-se um silencio constrangedor por algum tempo.

_Então… - Ele continuou. - Eu estava pensando…

Pensando? Uau! Não sabia que você tinha essa capacidade! Ela pensou ironicamente, mas nada disse.

_Eu já estava querendo falar com você há algum tempo. Desde o dia em que nos sentamos na mesma cabine voltando para Hogwarts depois do Natal, lembra?

_ Claro que sim. - Disse ela.

Como poderia se esquecer da pior viagem de trem que já tinha feito na vida?

_Bom… E eu estava querendo… Queria saber se você… - Michael coçou a cabeça, parecendo apreensivo e sem saber exatamente o que dizer.

_O quê, Michael? - Ela perguntou, cansada de toda aquela enrolarão.

_Você deve saber que vai ter uma visita a Hogsmeade no final de semana.

_Sim, eu sei.

_E eu estava pensando… Pensando… Você eu comigo quer ir comigo Hogsmeade quer?

_Me desculpe?

_Eu só queria saber se você… Você...

_Fala logo! Eu não tenho dia inteiro! - Ela brigou, já irritada.

Michael respirou fundo e fechou os olhos.

_Vocequeriaircomigoahogsmeade?

Ele abriu os olhos e esperou uma resposta.

Mas só obteve uma pergunta.

_O quê? - Ela perguntou confusa.

A verdade era que tinha entendido o que ele tinha dito, mas não podia acreditar.

Michael respirou fundo mais uma vez.

_Você quer ir comigo a Hogsmeade? - Ele perguntou, mas devagar.

Pam pensou um pouco antes de responder.

Ela olhou por sobre o ombro de Michael e pôde ver Sirius ainda beijando Shirley como se não houvesse amanhã. Então ela olhou para trás, por sobre o próprio ombro e viu James cantando uma garota qualquer.

Remus iria dar aulas de História da Magia extras para Peter no dia, já que ele estava indo terrível mal em História da Magia, muito abaixo do resto da turma, que já não tirava as melhores notas.

Então como Pam sabia que James e Sirius levariam qualquer garota com eles, ela ficaria sozinha.

_Tudo bem. - A garota disse por fim, dando de ombros. - Estou cansada de ficar segurando vela de qualquer jeito.

Michael ficou tão animado, que por um momento Pam temeu que ele fosse fazer xixi nas calças.

Tudo bem que Michael gostava de Pam no primeiro ano e era óbvio que ainda gostava, mas não era para tanto. 

Ela tinha apenas aceitado ir a Hogsmeade com ele!

Nisso não era lá grande coisa.

_Legal! - Exclamou Michael. - Te vejo depois! - E então ele saiu correndo, o que fez Pam o achar mais estranho do que ela já achava.

O único problema era que Pam tinha se esquecido que o próximo final de semana em Hogsmeade, também era para comemorar o dia dos namorados.

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Dory tinha trabalhado arduamente para convencer algum menino de que levar suas amigas a Hogsmeade no dia dos namorados seria legal. Afinal, Alice, Lene e Lily eram divertidas. E tinha conseguido convencer Frank Longbottom, Daniel Jones e Edgar Bones a levar as garotas respectivamente.

Mas, tudo o seu trabalho seria em vão, se as outra não concordassem em ir com eles, e era sobre isso que Dory estava discutindo naquele momento com as outras, sentadas perto do lago.

_Vamos lá, Alice, o Frank sempre pareceu ser tão gentil! E vocês são vizinhos, oras. E ir com ele não a mesma coisa que assinar sua sentença de morte, por favor. Pelo contrario!

_Não, Dory! Não! Definitivamente não! - A garota exclamou. - Eu o considero apenas como um amigo!

_Mas você não vai precisar se tornar a namorada dele se for a Hogsmeade com o garoto! Podem ir apenas como amigos! Mas é triste ficar sozinha no dia dos namorados. - Ela fez uma cara triste. - Não é verdade, Lily?

_Não. Definitivamente, não, Dory. Desta vez você se superou. Devia ter pelo menos nos aviso que estava fazendo isso! Edgar Bones! Eu mal o conheço, Dory!

_Mas ele é divertido e bonitinho. Muito melhor do que o Severus. - Disse a de cabelos claros.

_A diferença, Dory, é que Sev é meu amigo e eu nunca nem ao menos falei com Edgar!

_Pelo menos o Edgar é legal. - Disse Lene. - Eu já conversei com ele algumas vezes e ele me pareceu ser bem legal. E a Dory tem razão ele é bonitinho. Mas o Daniel Jones? O que você viu nele, Dory?

_Pensei que você gostava dele. - Disse Alice, logicamente.

_Certíssimo. Gostava. No passado. Não gosto mais. - Lene retrucou. - E não dê razão a Dory, Alice!

Dory riu.

_Esta vendo? Até a Alice concorda!

_Você não devia ter feito isso com a gente! - Exclamou Alice, parecendo subitamente emburrada. - O que o Frank vai pensar de mim agora?

_O mais importante, o que eu vou falar para o Edgar? Eu não faço ideia sobre o que ele goste! - Choramingou Lily.

_Tente falar sobre trouxas e bandas de rock. - Aconselhou Dory. - Ele adora esse tipo de coisa.

_Você parece bem ligada nesses assuntos de garoto, não, Dory? - Perguntou Lene.

_Mas é claro! São eles que tornam a vida mais divertida!

_Mesmo assim, isso parece loucura! - Continuou Lily. - Eu não vou.

E Lily se levantou, mas Dory a impediu de ir embora.

_Como assim, não vai? - E finalmente Dory pareceu minimamente preocupada. - E o que você quer que eu diga para o Edgar? Que o par dele vai simplesmente abandonar ele? Ficou maluca?

_A maluca aqui é você, Dory! - Exclamou Lene, se levantando também e se juntando a Lily - Olha o que você fez com a gente!

_Mas, tentar fazer um louco não agir como um, não é por si só, uma loucura? - Perguntou Dory, arqueando as sobrancelhas, como se dissesse que sabia mais do que as duas.

Lily e Lene se entreolharam.

_Bom, isso ela está certa. - Disse Lene.

Lily suspirou e as duas voltaram a se sentar.

_Tudo bem. - Disse Alice por fim. - Eu vou com o Frank a Hogsmeade. Mas só como amigos! - Ela alertou.

Dory sorriu.

_Certo. Só como amigo. - E então olho para as outras duas. - E vocês?

As duas se entreolharam mais uma vez e então voltaram a olhar para Dory.

_Eu vou com o Edgar Bones, não é? - Perguntou Lily.

_Aonde o Daniel vai me pegar?

Dory sorriu. Satisfeita com seu trabalho. Tinha conseguido convencer as outras a saírem com os garotos que ela tinha escolhido para elas.

A verdade era que ela gostava de formar pares. Gostava de ver quem combinava com quem. E frequentemente ela fazia isso com as amigas.