A ideia de ficar deitado na cama era um tentação. Principalmente em dias como aquele, em que se fazia um friozinho agradável. Porém, as nada convidativas aulas já os esperavam e eles tinham que se levantar.

Não foi exatamente uma surpresa quando James e Sirius se levantaram e perceberam que nem Peter nem Remus nem Frank estavam lá. Eles estavam sozinhos no quarto, em plena manhã de sexta-feira.

Ah! Como era difícil ter que ir para as aulas! Ver os mesmos professores chatos com suas típicas ladainhas irritantes.

Mas os dois garotos se trocaram e desceram as escadas, ainda meio dormindo meio acordados. James à frente, Sirius logo atrás, eles ainda esfregavam os olhos, tentando acordar definitivamente, quando começaram a descer os primeiros degraus.

Porém, os olhos de James se arregalaram quando ele viu o que o aguardava na Sala Comunal, alguns degraus antes do chão.

_Oh, não. – ele murmurou para o amigo atrás de si. – Se abaixe.

James se abaixou, mas Sirius, ainda meio perdido, não entendeu o que estava acontecendo a tempo e, quando deu por si, uma torta de creme tinha atingido seu rosto.

Ele tirou, lentamente por estar se controlando de ódio, a torta dos olhos mas, antes que ele pudesse os abrir para ver quem fora o idiota que jogara aquilo nele, outra torta o atingiu.

Sirius novamente, tirou a torta dos olhos, mas desta vez, também lambeu os lábios com prazer, ao perceber o quão gostosas eram as tortas.

Então, aparentemente do nada, uma garota de cabelos castanhos pulou na frente deles, sorrindo um sorrisinho cheio de malicia e com os braços cruzados.

_Ah! – ela suspirou. – A clássica torta na cara. Um bom começo para um final de semana cheio de marotagens, não? – ela perguntou antes de ir embora do mesmo jeito que tinha surgido. Do nada.

James virou para Sirius, ergueu as sobrancelhas ao ver como estava o amigo e disse:

_Eu tinha me esquecido completamente! – ele exclamou. – Agora nós estamos perdidos! A Pam pegou minha capa da invisibilidade! E agora?

_Agora? – continuou Sirius, enquanto usava um feitiço que sugava os restos da torta de creme da sua cara. – Bom, agora é cada um por si! – ele exclamou, antes de lançar um feitiço de Gás Fedorento em James e sair correndo, passando pelo Quadro da Mulher Gorda.

James levou algum tempo para entender o que tinha acontecido. Ah! Mas, ele seria melhor que Pam e Sirius faria as marotagens mais terríveis.

Mas, antes era melhor se livrar daquele cheiro horrível.

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Peter parecia animado, sentado à mesa da Grifinória junto com Remus, Pam e Sirius. Estava louco a espera das próximas marotagens.

Pam tinha aprontado com Sirius. Apesar de uma das tortas não ter sido planejada para ele, o garoto acabou levando as duas.

Sirius tinha aprontado com James. O outro ainda estava no dormitório, tentando se livrar do cheiro horrível.

Mas, James ainda não tinha feito nada com ninguém.

Era essa marotagem que Peter esperava. Queria ver o que James iria fazer. O que quer que fosse seria algo grandioso.

Remus parecia um pouco nervoso com isso, mas não poderia negar, era divertido.

James entrou sorridente, no Salão Principal. Um sorriso arreganhado de todos os dentes que deixou Pam e Sirius preocupados.

O que estaria o de óculos aprontando?

Boa coisa com certeza não era.

Bom, pelo menos não boa para Sirius ou para Pam.

_Olá, James. – disse Pam devagar, afastando o prato de comida do amigo recém-chegado, talvez temendo envenenamento.

James riu da atitude da amiga.

_Fique calma. Não vou te machucar. – ele garantiu.

_Não. – ela murmurou. – Não vai. Só vai fazer alguma pegadinha contra mim.

Infelizmente James a ouviu.

Mas, por mais estranho que isso pareça, ele riu.

Pam juntou as sobrancelhas.

_James… - ela sussurrou. – Você está me assustando!

Ele riu mais ainda.

A garota olhou para Sirius.

_Tem alguma coisa errada. – ele disse para ela, que concordou.

_Bom. – disse Pam, depois de um tempo, voltando a olhou para James, que agora quase se matava de tanto rir. – Eu e o Sirius. – ela deu uma olhada no amigo que assentiu. – Vamos indo e depois encontramos vocês na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, ok?

Remus, Peter e James balançaram a cabeça, positivamente.

Sirius e Pam se levantaram e, quando estavam longe o bastante para não conseguir ouvi-los, James virou para Peter e Remus e falou:

_Estão prestando atenção? Melhor que estejam. – ele disse, ainda rindo.

Assim que Pam e Sirius passaram pela grande porta do Salão Principal, ouviu-se um grito aguda vindo da menina e outro, um pouco mais grosso, vindo do menino.

Remus e Peter se viraram, assustados, para um James que agora se contorcia de tanto rir.

O que ele tinha aprontado?

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Agora Pam se esforçava para conseguir tirar a gosma de seu cabelo.

A mistura de vomito de grifo, gema de ovo de dragão e mais muitas coisas nojentas tinha acertado a ela e a Sirius em cheio, os dando tempo apenas para gritar quando a gosma os atingiu.

James tinha pagado para três garotos do quarto ano jogarem aquela meleca nos dois amigos, com armas de brinquedo.

Pam e Sirius tinham gritado e brigado. Tido que, como James não tinha feito a pegadinha, e sim os três garotos, então não valia.

Mas, como o de óculos tinha planejado, preparado e encaminhado o plano, apenas não executando a parte final, estava valendo, de acordo com Remus.

Na verdade, Pam achava que James tinha confundido o amigo lobisomem. Aquilo não era justo!

Porém, se o outro estava jogando sujo, então ela também iria jogar.

E ele a aguardasse. Não iria perder por esperar.

Ah, mas ela iria com certeza se vingar! E quando ele menos esperasse.

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O dia passou.

Sirius fora colado em uma cadeira por James, fazendo sua calça rasgar e sua cueca de unicórnios aparecer fazendo todos os presentes rirem.

Pam tinha derrubado um doce de propósito no chão e James o achou, o comendo e, então, percebendo que estava cheio de pimenta, o que o obrigou a correr para o banheiro, enquanto os outros quatro riam tanto que ficaram sem fôlego.

A morena também tinha caído na clássica pegadinha da flor, armada por Sirius. Ela recebera um buquê de rosas, com um cartão em que dizia que o remetente fora Michael Fox. Ela tinha recebido várias daquelas no primeiro ano e não estranho quando ganhou o buquê, até que, de repente e misteriosamente, o buquê explodiu na cara dela, deixando seu rosto preto por causa da fuligem.

Sirius também tinha feito outra marotagem clássica. O chão molhado fez tanto Pam quanto James escorregarem ao mesmo tempo e caírem de cara em cocô de explosivos, que não eram nada agradáveis.

Pam também fez uso da magia. Deixando que os amigos andassem a frente, dizendo que iria abotoar seus sapatos direito e que logo os alcançava, ela pegou a varinha, escondida na meia e murmurou alguns feitiços que fez com que os cabelos de Sirius, que iam até os ombros, ficassem encaracolados e loiros; e que os de James ficasse tão grandes que arrastavam no chão e assumissem uma coloração ruiva.

Sirius também não deixou por menos. Também usando a varinha, ele fez com que aparecessem várias marcas de sangue falso pelo corpo de Pam, que olhou para os braços e pernas e então saiu correndo e chorando, rumando o banheiro feminino do segundo andar.

O que a fez ficar assim, tão transtornada, nenhum dos quatro garotos sabia dizer, então, depois que desistiram de ir atrás dela, eles voltaram para o Salão Comunal. Afinal, anoitecera enquanto todas as marotagens eram realizadas.

Depois de jogar conversa fora, os garotos resolveram subir para o dormitório deles, apesar de Pam não ter aparecido ainda. Acreditando que tinha acabado o dia de pegadinhas, eles deitaram nas camas, cansados depois de todo o que tinha acontecido e dormiram profundamente.

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Pam tinha acabado de voltar do banheiro feminino do segundo andar, onde tinha conversado com a Murta que Geme, o fantasma de uma garota que tinha morrido ali e ficava sempre se lamentando.

A Murta era legal. Diferente dos garotos, que tinha rido quando apareceram as marcas em seu corpo.

O que eles não sabiam, era que a marotagem despertara antigas lembranças. Lembranças horríveis que tinham que ser esquecidas.

Mas ela ia se vingar! Tanto de James, que tinha pagado outras pessoas para fazerem seu trabalho sujo, quanto de Sirius, que a fizera se lembrar de tão terríveis acontecimentos.

Ela foi até o dormitório feminino, ignorando quando as outras quatro perguntaram o que ela estava fazendo, e então partindo para o dormitório masculino, com os braços cheios de logros e brincadeiras.

A morena fez o estrago que tinha que fazer. Tomando o cuidado de aprontar as piores coisas para Sirius e James, mas não deixando Peter e Remus de lado, já que eles tinham rido dela também. Mas deixando Frank em paz. Afinal, ele nada tinha a ver com isso. Se fosse esperto, não tinha nada a temer, a vingança da grifinória não o atingiria.

Quando, finalmente, ela se deu por satisfeita, deixou o quarto, sorrindo malignamente, enquanto imaginava o que não iria acontecer quando os amigos acordassem no dia seguinte.

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Sirius acordou preguiçosamente e se sentou na cama, colocando os pés no chão logo em seguida. A sensação do piso frio em seus dedos o fez estremecer. Ele se levantou e continuou andando pelo quarto, quando finalmente algo estranho aconteceu. O moreno percebeu que tinha pisado em algo com rodas e que estava patinando pelo quarto, gritando, antes de cair e bater a cabeça no chão.

Com o grito do primeiro, os outros quatro acordaram, se levanto assustados e se deparando com as surpresas deixadas por Pam.

A massa grudenta no chão colocou Remus ao piso.

James logo começou a pisar, sem parar nas tarraxas no chão e então uma xícara mordente mordeu sem dedão e não queria mais soltar.

Peter logo foi arremessado no ar, quando, sem querer, calçou os tênis que Remus tinha dado a Sirius no Natal do primeiro ano.

Apenas Frank ficou no meio da confusão, apenas olhando para tudo acontecendo ao seu redor, como se não pertencesse aquele lugar.

Quando finalmente tudo parou, todos os brinquedos pararam e eles puderam finalmente respirar em paz, James estava tão furioso, que desceu as escadas pisando duro, sem se importar com os pés machucados ou com a calda de chocolate que caíra sobre a sua cabeça. Todo o que ele queria era tirar satisfações com Pam. Porque era óbvio que fora ela quem fizera tudo aquilo.

Para a sua felicidade, Pam estava na Sala Comunal, lendo (ou fingindo ler) uma revista sobre Quadribol, enquanto sorria com malicia, como se tivesse feito algo errado e ninguém pudesse puni-la.

_Ah! – exclamou James, e havia certa ironia misturada com a raiva em sua voz. – Você está aí!

Pam afastou a revista e olhou para o amigo, se controlando para não cair na risada.

James cruzou os braços.

_Você já deu uma olhada no nosso dormitório?

_Hoje não. – ela disse. – Mas, pelo seu estado, posso deduzir que está engraçadíssimo!

_Eu não achei graça. – ele disse sério.

_Por que não? É hilário! – Pam riu brevemente.

_O dia da competição de marotagens acabou ontem, Pam. – ele disse.

_Errado. – Pam levantou um dedo, como se isso o impedisse de continuar falando. – Na verdade, eu disse que era o final de semana das marotagens.

_Final de semana? – James ergueu as sobrancelhas.

_É, James. – ela rolou os olhos. – Período de três dias. Sexta, sábado e domingo.

_Eu sei o que é um final de semana! – ele disse, erguendo a mão em um sinal de impaciência. – Só não sabia que iria durar um final de semana inteiro essa competição!

_Ah, mas vai. – ela sorriu com malicia. – E prepare-se. Porque de onde veio essa marotagem, - ela apontou para James – virão muitas outras.

E, dizendo isso, Pam se levantou, pegando a revista e passando pelo Quadro da Mulher Gorda.

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James contou para os outros o que Pam tinha lhe dito e Remus confirmou as palavras da amiga, dizendo que, com isso, eles podiam continuar a fazer marotagens que ainda estava valendo.

O sábado passou exatamente como a sexta, com exceção que eles não tiveram aulas. Mas o medo e a desconfiança continuaram.

De fato, as marotagens foram quase tão hilárias e criativas quanto as do dia anterior.

Sirius e James jogaram bexigas d’água em Pam, como vingança por não ter deixado claro que a competição duraria o final de semana inteiro.

Ela, em compensação, pegou alguns ratos e os fez subir pelas pernas de James, fazendo com que ele “dançasse” uma dança engraçadíssima.

Já para Sirius, ela novamente mexeu com seus cabelos, seu ponto fraco. Desta vez, ela fez um feitiço que fez com que eles ficassem exatamente iguais ao de Regulus, o que deixou clara a semelhando entre os irmãos, para terror de ambos.

Naquela noite, depois de inúmeras pegadinhas e marotagens, eles voltaram para seus dormitórios.

Pam contava com a segura de seu dormitório, que impedia a entrada de meninos.

Mas Sirius e James estavam sujeitos a ataques noturnos de Pam, então trancaram a porta do dormitório com magia, para impedir a entrada da amiga.

No dia seguinte, Pam acordou cedo, indo para o dormitório masculino, como de costume. Porém, ficou surpresa ao constatar que a porta estava trancada, mas entendeu o motivo, eles não queriam que ela entrasse lá de novo e aprontasse mil e uma enquanto eles estavam dormindo.

Então, animada, ela bateu na porta.

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Sirius acordou, exausto, com a porta batendo. Como, por algum motivo estranho, a pessoa não parava de bater e ninguém mais atendia a porta, ele se levantou, e foi, arrastando os pés, até a porta e a destrancou.

_Oi. – ele disse mal-humorado.

_Hum… - era a voz de Pam. Sirius só conseguiu a reconhecer por causa disso, já que seus olhos ainda estavam bem fechados. – Sirius? Tem alguma coisa no seu rosto.

_No meu rosto? – e ele levou a mão automaticamente para a bochecha direita.

_Não desse lado. – a morena continuou. – Do outro.

Sirius levou a outra mão até a bochecha. Ou melhor, tentou. Mas foi impedido na metade do caminho. Alguma coisa estava presa em sua bochecha.

Ele abriu os olhos.

_O travesseiro está colado no meu rosto, não está? – ele perguntou e Pam assentiu. – James!

O moreno se matava de rir, sentado na cama.

_Bom, a Pam não fez nada para você. – ele disse. – Quem fez foi eu! – e ele voltou a rir.

As marotagens no domingo não foram nem de perto tão legais quanto as dos dois primeiros dias. Eles já não sabiam mais o que fazer e o estoque de logros e brincadeiras estava se acabando.

Na verdade, o ponto alto do dia foi quanto Sirius colocou terra na comida dos outros dois.

Naquela noite, quanto eles foram dormir, ouviram Remus e Peter falando que anunciariam quem tinha ganhado no dia seguinte, mas que lhes desse tempo para pensar.

O fato foi que nem Sirius, nem James e nem Pam dormiram direito naquela noite, ansiosos por saber quem era o mais marotos dos três.