Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 112
Capítulo 3 - Batalha de Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo... Escrevi ele tranquilamente, apesar de muitas vezes simplesmente não conseguir achar as palavras certas e que ter parar. Então eu fui ler tudo. E bom... Cabô vida, cabô tudo. Eu era nada que não lágrimas. Sinto muito pela demora...



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Pam saiu da Sala Precisa em um salto, assustada com a quantidade de gente que corria pelos corredores em busca de abrigo ou prontos para lutar. Acabara de saber sobre a batalha que se desenrolava em Hogwarts e apesar dos apelos do pai, ela saiu de casa depois que ele já tinha o feito, deixando os gêmeos com Andromeda, Tonks e o seu próprio filho. Eles ficariam seguros, e Pam não podia simplesmente esperar em casa sentada enquanto os outros lutavam em Hogwarts e decidiam o destino do mundo.

Até Remus já se dirigira para lá! E não tinha medo de morrer, afinal, que tipo de grifinória seria se tivesse?

Mas, assim que deu o primeiro passo em direção ao Salão Principal, o caminho que seus pés conheciam tão bem mesmo depois de tanto tempo, ela simplesmente não conseguiu andar. Sentiu todo o corpo parando de repente e era quase como se tivesse sido atingida pelo feitiço do Corpo Preso. Mas, não fora. Era apenas estranho demais estar em Hogwarts mais uma vez.

Da última vez que ali estivera Sirius ainda estava vivo. Foragido e escondido na floresta, é verdade, mas vivo.

Lembrava como ele dissera esperançoso que quando tudo aquilo terminasse seriam uma família, como seus olhos brilhavam ao imaginar que quando entrasse em Hogwarts de novo seria como um homem livre.

Ilusões, ilusões. Nada daquilo acontecera. Algumas vezes a vida joga jogos com a gente, e nem sempre podemos vencer.

De repente seus pés lembravam o que era andar, e seguiram até o Salão Principal, passando pela confusão de alunos, professores, membros da Ordem. Foi apenas quando chegou ao seu destino, que ela olhou em volta e viu o salão como se o visse pela primeira vez.

Lembrava-se das ampulhetas com os pontos tão maravilhosas, tão mágicas. Lembrava-se das mesas longas e das pessoas alegres conversando sentadas nelas. Lembrava-se do céu magicamente encantado refletindo as estrelas lá de fora. Lembrava-se dos que ainda seriam seus futuros melhores amigos a sua frente e de quem não gostava nada naquele momento, conversando aos sussurros sem que ela prestasse atenção neles.

Agora os pontos esmeralda da Sonserina estavam espalhados pelo chão graças ao vidro quebrado da sua ampulheta. Agora as longas mesas estavam bagunças e repletas de pessoas lutando em volta delas. Agora o teto refletia nuvens de tempestades escuras e feias. Agora seus amigos não estavam mais com ela.

Olhou em volta enquanto pegava a própria varinha e começava a atirar feitiços em um comensal mascarado perto dela. Não conseguiu encontrar ninguém que conhecesse em meio aos flashes de feitiços e pessoas caídas. Apenas continuou lutando meio que perdida com o Comensal a sua frente até que o derrubou com um feitiço no peito e voltou a olhar em volta, procurando em desespero um rosto conhecido para que pudesse se agarrar a essa esperança de tudo daria certo.

Finalmente viu Harry correndo para fora do Salão Principal e ao identificar o afilhado, foi atrás dele, querendo entender onde ele estava indo e garantir que ficaria bem.

Mas acabou o perdendo em uma bifurcação. Agora andava por corredores vazios, mas podia ouvir que mais a frente também havia batalhas. Correu naquela direção, descobrindo que um grupo de Comensais lutava com alguns membros da Ordem, entre eles Remus, King e Bill.

A maioria dos Comensais eram pessoas que Pam não conhecia, mas teve um sobressalto quando viu quem lutava com Remus.

Era um homem alto, cabelos escuros, tinha um rosto estranho e retorcido, mas apesar de tudo, apesar de envelhecido e feio, Pam o reconheceu com o garotinho da Sonserina de quem nunca se lembrava o nome que era do mesmo ano que ela e os amigos.

Dolohov.

Também foi com uma sensação nauseando que percebeu que se tratava também do homem com quem dormira na despida de solteira de Alice.

Ele parecia bonito na época, apesar de agora parecer mal e deformado. Admitiu que tinha de fato bebido muito para acabar em uma cama com ele. E imaginou se não teria sido amaldiçoada…

O choque estava passando e ela teria corrido para ajudar o amigo em seu duelo, empunhando sua varinha de castanheira com firmeza, mas viu King derrubando a comensal com quem lutava, e um segundo depois, Remus caindo também. Pam e King se voltaram ao mesmo tempo para o lobisomem caído, ele olhando surpreso ao perceber que ela estava ali, e então os dois se preocuparam em ajudar Remus, enquanto Bill dava um último golpe no homem com quem lutava e afastava Dolohov, que correu na direção que Pam acabara de vir.

Pam segurava a cabeça de Remus no colo, acalmando-o, enquanto Bill e King viam o que podia ser feito pelo homem.

– Vai ficar tudo bem. Tudo bem. – ela murmurava, sem saber se para ele ou para si mesma. – Você vai ficar bem. Vai voltar para Tonks e Teddy, vai viver mais muitos anos, vai levar Teddy para o Expresso Hogwarts pela primeira vez e verá ele crescer como você, bonito e gentil. Você vai ficar bem, vai ficar bem. Não pode me deixar. Não faça isso. Você prometeu que não me deixaria sozinha, por favor! – nesse ponto as lágrimas banhavam seu rosto, apesar de ela tentar contê-las.

– Pammy… - Remus disse o nome dela uma última vez, o corpo tremendo levemente. – Diga a Dora… Teddy…

– Não, não. – ela continuou em sua pequena prece. – Não vai. Fica comigo, fica comigo.

Mas não houve muito que fazer. Nem Bill, nem King, nem Pam podiam ajuda-lo mais. Ele simplesmente olhou para Pam uma última vez, balbuciou alguma coisa incompreensível, e sua cabeça tombou para trás.

A mulher gritou por ele. Gritou o nome dele. Gritou para ele voltasse.

Mas seus gritos e súplicas desesperada chegaram tarde demais. A vida já não habitava mais o corpo de Remus.

Bill tocou o ombro dela, pedindo para que soltasse Remus, que não havia mais nada que pudessem fazer, dizendo que tinha que deixá-lo naquele momento.

Ela não entendeu como a transição acontecera. Abaixara para ajudar Remus preocupada, depois chorou.

Levantou-se irritada.

Estava determinada a matar alguns vários comensais para compensar a morte de todas as pessoas de quem ela gostava. Agora era a última marota, e a guerra levara todos os seus amigos de infância.

Parecia errado deixar o corpo de Remus ali sozinho. Mas para onde podiam leva-lo? O resto do castelo estava um caos completo, ali pelo menos não estava tão terrível assim.

– Vocês vão precisar de ajuda? – perguntou para King e Bill.

– Não. – King respondeu, sem olhar para ela. – Acho que não. Esses foram os únicos que vieram para cá.

Ela assentiu determinada.

Finalmente Pam correu para longe, apesar dos protestos de King e Bill, que queriam saber o que ela ia fazer, e preocupados que ela poderia fazer alguma besteira.

Ela não parou de correr mesmo assim, ainda sentindo as lágrimas nas bochechas e as paredes e janelas do castelo chacoalhando graças aos feitiços e batalhas que ocorriam em seu interior e exterior.

Faltava um passo para alcançar o Salão Principal novamente, e todos os duelos se desenrolavam a sua frente quando trombou de frente com alguém que surgiu do nada.

Soltou uma exclamação assustada.

Lutou com as vestes para achar a varinha, quando percebeu de quem se tratava, relaxou.

– Pam! – a outra disse, aliviada. – Que bom te ver! Sabe onde está Remus? Me disseram que ele veio para cá.

Tonks agora agarrava os cotovelos de Pam, desesperada por informações que a ajudassem a achar o marido, mas a mais velha não foi capaz de colocar em palavra o que acontecera e fazer o mesmo papel que Remus fizera ao lhe contar da morte de Sirius.

Olhava para os olhos cheios de esperança de Tonks, que ao mesmo tempo pareciam ansiosos e desesperados, buscando incansavelmente uma notícia que fosse do homem a quem amava.

Quase não acreditava que Tonks estivesse ali mesmo. Achara que ela tinha ficado com Andie, Teddy e os gêmeos, mas aparentemente não fora capaz de sentar e esperar como Pam.

Confusa entre o que dizer, e vendo as pessoas morreram por cima do ombro de Tonks, Pam simplesmente permaneceu calada por um tempo, buscando as palavras certas.

Mas nunca precisou falar nada. Pois um segundo depois a mulher encarava-a com os olhos vidrados, o corpo caindo sobre o seu.

Pam tentou a sustentar e enquanto fazia isso, preocupada e sem entender o que acontecera, viu Bellatrix Lestrange bem a sua frente, varinha em mãos e um sorriso escancarado e maluco no rosto, o cabelo escuro e bagunçado caindo no rosto.

Teve vontade de pegar o pescoço dela e “crack”. Teve vontade de torturá-la para sempre, e fazê-la sofrer. Teve vontade de acabar com a vida dela ali mesmo.

A mulher que matara Sirius, a mulher que acabara de matar Tonks bem na sua frente.

Pam sentiu o ódio queimando dentro de si e teria começado um duelo com ela, sem se importar se seria ferida, apenas querendo machucar Bellatrix o quando podia.

Mas justamente nesse momento ouviu uma voz alta que serpenteou pelo seu ouvido, enroscou-se em seu cérebro e saiu pelo outro ouvido:

– Vocês têm lutado, – disse a voz alta e fria, e Pam tinha a sensação que o homem estava trás de si, sussurrando em seu ouvido – valentemente. Lorde Voldemort sabe valorizar bravura. Entretanto, vocês têm enfrentado grandes perdas. Se continuarem resistindo a mim, vocês todos morrerão, um por um. Eu não desejo que isso aconteça. Cada porção de sangue mágico derramado é uma grande perda. Lorde Voldemort é misericordioso. Eu ordeno que minhas forças voltem imediatamente. Vocês têm uma hora. Disponham seus mortos com dignidade. Cuidem de seus feridos.

“Agora eu falo, Harry Potter, diretamente para você. – ele continuou. – Você tem permitido que seus amigos morram por você ao invés de você mesmo me enfrentar. Eu esperarei por uma hora na Floresta Proibida. Se, ao final de uma hora, você não tiver vindo até mim, não tiver se rendido, então a batalha recomeçará. Desta vez, eu mesmo entrarei na luta, Harry Potter, encontrarei você e punirei todos os últimos homens, mulheres e crianças que tentarem te esconder de mim. Uma hora.”

Bellatrix soltou uma risada incomoda, enquanto desaparecia junto com os outros Comensais, a fim de se unirem a Voldemort em sua espera de uma hora.

Cansada, desesperada e fraca, Pam entendeu que tinha que achar Harry e impedi-lo de ir até onde Voldemort o esperava. Já fizera a mesma coisa anos atrás e essa ação resultou na morte de Sirius, mesmo que Pam não culpasse o afilhado por isso.

Ela colocou Tonks gentilmente no chão, despedindo-se da amiga silenciosamente, e começou a perguntar a todas as pessoas que encontrava se tinham visto Harry.

Também estava à procura do pai, afinal, não o vira até o momento e ele devia estar ali em algum lugar.

Viu quando a Professora McGonagall, o Professor Flitwick e Madame Pomfrey fizeram um feitiço que fez as quatro grandes mesas serem retidas do salão e abriu espaço para os mortos e feridos. Os mortos de um lado, os feridos do outro.

Pam observou enquanto os corpos começavam a serem trazidos e colocados lado a lado no chão. Observou enquanto Madame Pomfrey reunia um grupo de ajudantes e todos iam tratar dos feridos. Observou enquanto Tonks e Remus eram deitados lado a lado na parte dos mortos.

Ela andou até eles, observando como o casal parecia tranquilo, a mão dela em cima da dele. Ajoelhou-se ao lado aos pés deles e lamentou suas partidas.

Foi apenas quando se levantou que viu alguém trazendo outro corpo que foi colocado ao lado de Remus e Tonks.

Pam gelou ao reconhecer o ruivo.

Era Fred, um dos gêmeos Weasley. Não podia acreditar! Era tão jovem! Tinha uma vida pela frente!

Quando os Weasley começaram a se aproximar como uma infestação ruiva, Pam se afastou, deixando a família chorar a morte do filho em paz.

Mas nada a chocou tanto naquele momento como a morte que estava para ver. Seu pai estava deitado do outro lado do salão, os olhos quadrados tortos no rosto e uma das lentes quebradas. Seu rosto estava banhado em sangue e parecia que o braço direito quebrara, pois estava em um ângulo estranho.

Pam levou a mão à boca, incrédula. O pai que sempre lhe dera apoio, que sempre parecera tão forte… Ajoelhou-se, tocou seu cabelo, usou as próprias vestes para limpar seu rosto e descobriu que não tinha mais lágrimas para chorar.

Uma ideia lhe ocorrera de repente. Se ela morresse, quem cuidaria de Kath e Brian?

Remus estava morto, Tonks estava morta, seu pai, Sirius, todos os amigos, e certamente Andromeda teria trabalho ao ter que cuidar de Teddy, que acabara de ficar órfão.

Ela não podia deixar os filhos sozinhos, mas decidiu que deixaria o assunto para mais tarde.

Por quando tempo ficou parada ao lado do pai, lembrando-se de todos os abraços dele, de todos os momentos em que a protegera e confortara, de como fora seu porto-seguro durante muito tempo, os seus sorrisos calorosos que sempre a encorajavam, ela não sabia dizer, mas apenas se levantou quando viu Harry, Mione e Ron entrando em passos lentos no salão.

Eles dirigiram-se diretamente para a família ruiva. Pam deixou que a menina se aproximasse de Ginny e o ruivo de Bill, Fleur e Percy. Foi para Harry que ela se dirigiu.

– Harry! – ela exclamou, o abraçando, e esperando sinceramente que os fantasmas de suas lágrimas não estivessem mais em seu rosto e suas vestes não tão manchadas com o sangue do pai. – Por favor, - ela disse com urgência. – me prometa que se alguma coisa acontecer comigo você vai cuidar dos meus bebês.

Harry olhou confuso para ela. Não devia estar esperando esse tipo de pedido. Mas Pam encontrara uma esperança e se agarrara a ela.

– Por favor! – ela repetiu, quando não houve resposta. – Eu estou tão desesperada que se você recusar, eu vou para o outro lado da batalha procurar o Ranhoso e pedir isso para ele!

Harry não tentou ao menos forçar um sorriso. Ele ficou alguns momentos em silêncio, preso em seu próprio mundo.

– Você não vai morrer. – ele disse finalmente.

– Por favor… - Pam pediu de novo. Não o deixaria fazer qualquer coisa se não concordasse com ela.

– Não vai acontecer. – ele disse seguro. Mas, para acalmar a madrinha, acrescentou: - Se é tão importante para você, fique sabendo que eu não os deixaria sozinhos.

Aliviada, mas também preocupada com a resposta do garoto, ela continuou:

– Não está pensando em ir até Voldemort, está?

­Harry não respondeu de imediato.

– Não, - ele mentiu.

Com todos os seus anos como mentirosa, ela sabia que aquela não era uma verdade. Sabia o que ele pretendia. Mas não sabia como impedi-lo.

– Harry, você não pode fazer isso! – exclamou. – Vamos continuar lutando. Lutando até o final, vai dar tudo certo.

– Eu sei. – ele disse, mas encarava um ponto sobre o ombro de Pam, o que a deixou preocupada.

– Por favor, não faça nenhuma besteira. Lily e James deram a vida pela sua, não desperdice o sacrifício deles simplesmente se entregando para Voldemort. – ela olhou no mais profundo dos olhos dele, tocando seu braço e o obrigando a olhá-la também. Precisava fazê-lo compreender. Precisava…

Por fim, ele pareceu ceder. Suspirou pesadamente.

– Certo, certo. Não vou fazer nenhuma besteira. Não se preocupe. – ele continuou. – Mas agora preciso ir. Me desculpe, Pam.

Ele passou por ela, olhando para os Weasley brevemente e passando pela grande porta do salão principal.

Pam não pôde fazer muito mais que observá-lo partir. Não muito certa de que podia confiar nele, e temendo que fosse heroico demais. Mas o que podia fazer? Tranca-lo em uma gaiola não era uma opção. Tudo o que poderia fazer era esperar, torcer e rezar.

E foi o fez. Além, é claro, de ir até onde Madame Pomfrey cuidava dos feridos e se oferecer para ajudar.

Lembrava que quando adolescente desejava se tornar uma curandeira para cuidar de pessoas. Ali estava a oportunidade mais do que perfeita.

A primeira pessoa para quem se dirigiu foi um centauro baio que estava deitado, seus flancos estavam cobertos de sangue, incapaz de se levantar.

Reconheceu imediatamente.

Firenze.

– Lembra-se de mim? – perguntou, enquanto observava cuidadosamente suas feridas.

O centauro não respondeu imediatamente. Pareceu concentrar-se no rosto, mas sem realmente lembrar. Talvez a conhecesse dos jornais, apesar de não ter certeza de que centauros liam jornais, mas pareceu demorar um tempo para lembrar ao que ela se referia.

– Você era muito novo. – disse Pam, por fim, cansada, – Firenze.

E olhou para ele com seus penetrantes olhos azuis, finalmente viu algum sinal de reconhecimento.

– Ah! – ele forçou um sorriso. – Prazer em te ver de novo, Pamela!

Ela fez uma careta ao ouvir o nome, mas não o corrigiu. Estava concentrada em fazer o feitiço para curar o outro.

– Isso pode doer um pouco. – ela avisou.

Pam lembrava como tinha encontrado ele com os amigos quando eram bem mais novos na floresta. Como ele estava preso em uma das armadilhas de Hagrid e como parecia tão mais novo. Imaginou se seu pacto de paz com os centauros ainda era válido e se eles ainda lhe deviam alguma coisa, apesar de achar que nunca seria capaz de cobrá-la.

O centauro fez uma careta enquanto ela terminava o feitiço.

Depois de Firenze, Pam ainda cuidou de mais dezenas de pessoas, tentando desesperadamente preencher a mente com qualquer coisa que não as tragédias que aconteciam. Era muito para ela. Mas enquanto estava cuidando dos feridos, ela não se sentia tão mal assim, era quase como estar vivendo a vida de outra pessoa.

Madame Pomfrey veio falar com ela depois de passados quarenta minutos da uma hora estipulada por Voldemort. Disse que ela já tinha feito muito e que talvez fosse melhor descansar. Mas Pam não queria descansar, se passasse naquele momento não tinha certeza se conseguiria voltar a se mexer. Mas Madame Pomfrey tanto insistiu, preocupada com a mulher, que ela teve que ceder.

Sentou-se finalmente, e teve que admitir que apesar de seu cérebro protestar, seu físico agradeceu. Estava cansada, era alguma coisa próxima a quatro da manhã, e apesar de depois de algum tempo precisar dormir menos, seu animago ainda era um gato, e gatos dormem mais do que os seres humanos.

Não estava exatamente com sono, mas seu corpo doía com tal intensidade, e sua mente dava voltas e voltas, fazendo-a perguntar se não tinha sido amaldiçoada.

Cansada, perdida, abalada emocionalmente e fisicamente. Ela não sabia exatamente quanto tempo se passou até que finalmente se levantou, acompanhando uma multidão que corria para fora do castelo.

Não conseguia ver muita coisa ali de trás, mas o que viu, a fez perceber que se sobrevivesse aquela batalha teria de fazer companhia a Alice e Frank no St. Mungus por pelo menos alguns meses.

Harry estava morto.

*~~*~~*~~*~~*~~*~~*

Agora Pam corria pelo Salão Principal quase que insensível a todos duelos ao seu redor, e observando enquanto Yaxley foi surrado no chão por George e Lee Jordan, viu Dolohov cair com um grito pelas mãos do Flitwick, viu o carrasco Macnair ser jogado através do salão por Hagrid, bater na parede do outro lado, e deslizar inconscientemente rumo ao chão. Viu Rony e Neville derrubarem Fenrir Greyback. Aberforth atacando Rookwood, Arthur e Percy derrotando Thicknesse, e Lucius e Narcisa Malfoy, correndo através do salão, nem ao menos atenta a batalha, gritando por seu filho.

Viu no meio de tudo isso Voldemort destruindo tudo a seu alcance enquanto lutava com McGonagall, Slughorn e Kingsley ao mesmo tempo.

Mas não viu Harry.

Mesmo assim, não foi capaz de não sorrir com o pensamento que não lhe saida da cabeça.

Foi tudo um plano.

Um plano genial. Harry não estava morto. E aprontara um plano genial que devia ter feito James se remexer prazerosamente no túmulo. O amigo teria se orgulhado do filho, Pam tinha certeza.

Foi quando ela viu Bellatrix, a única dos Comensais que permanecia lutando. Lutava com Ginny, Luna e Hermione ao mesmo tempo. As quatro mulheres davam tudo de si, mas Pam viu quando um feitiço de Bellatrix quase atingiu Ginny e ela e Molly correm em direção a batalha.

Molly em direção a filha, Pam em direção a Bellatrix.

Bellatrix! A maldita mulher! Pam a mataria ali naquele momento, sabia que o faria. Tinha o que fazer, afinal, agora eram só ela e o demônio disfarçado de mulher a sua frente.

Era matar ou morrer, e Pam não se preocupava sinceramente em perder a vida, desde que levasse a mulher comigo.

− FIQUEM FORA DO MEU CAMINHO − ela berrou para as três garotas e Molly atrás de si, e com um simples balançar de varinha começou a duelar.

A varinha de Pam torceu e reluziu, e o sorriso de Bellatrix Lestrange hesitou e transformou-se em um ranger de dentes. Os jatos de luz voavam de ambas varinhas, o chão em volta dos pés das bruxas rachou; as duas estavam duelando para matar.

Pam parecia irada, talvez até um pouco animalesca. Estava dando tudo de si naquela batalha, mataria Bellatrix, mataria…

− Não! − gritou para alguns estudantes que pareciam vir em sua ajuda. – Se afastem! Se afastem! Ela é minha!

E ela não teria deixado mais ninguém fazer isso por ela. Tinha que acabar com aquilo. Bellatrix matara Sirius, matara Tonks, matara tantos outros… Precisava se vingar por eles.

− O que acontecerá com seus filhos quando eu tiver te matado? − provocou Bellatrix, saltando como se os feitiços de Pam estivessem dançando em torno dela. – Quando mamãe tiver ido embora da mesma forma que Sirius?

Para Pam foi o que bastou. A menção sarcástica ao noivo falecido, e Bellatrix teria a cabeça pendurada em sua parede.

− Você nunca mais machucara minha família de novo! − gritou Pam.

Bellatrix gargalhou loucamente, a mesma risada que dera após matar Tonks. Uma risada debochada que fez crecer algum em Pam que ela desconhecia.

O feitiço de Pam passou por debaixo do braço de Bellatrix e a acertou em cheio no peito, exatamente sobre seu coração.

O sorriso zombeteiro de Bellatrix congelou, seus olhos pareceram esbugalhar: Em um pequeno espaço de tempo ela soube o que havia acontecido, e então ela caiu no chão.

– Eu matei Bellatrix Lestrange! – Pam gritou, em uma imitação cruel (e talvez merecida) da mulher morta a seus pés. – Eu matei Bellatrix Lestrange!

E riu da mesma forma que Sirius fizera pouco antes de atravessar o véu da morte. Como uma premonição, era quase como se soubesse o que iria acontecer.

De repente ela se sentiu caindo. Caindo para frente, sem que pudesse controlar seu corpo e nem mesmo esticar os braços para impedir o contato direto. Estivera tão preocupada com Bellatrix, que nem lembrara que Voldemort lutava as suas costas e não percebeu que ele ficara tão irado ao ver sua seguidora mais fiel cair, assim, Pam não tinha como desviar do feitiço que a atingiu nas costas e a fez tombar para frente.

Não teve tempo para um último pensamento. Apenas se sentiu caindo, mas não sentiu o contato com o chão. Ao inves disso, continuou caindo, mas não para o frio e o escuro como imaginou. Mas sim para a quente luz eterna.

E, assim, a última marota foi morta.

Depois disso, Harry e Voldemort duelaram, e o garoto vingou todos os que tinham morrido pelo homem a sua frente e impediu novas mortes ao derrotar o senhor das trevas. Os sobreviventes comemoravam alegres o final da guerra e todos se sentaram misturados no salão principal, conversando alto e parabenizando Harry por tudo.

Poucas pessoas pareceram notar que havia um estranho vazio no castelo de Hogwarts, uma vez que o grupo tão animado dos anos setenta estava finalmente acabado. Poucas pessoas pareceram perceber o vazio deixado pelos Marotos que não podia ser preenchido.

Eles haviam reinado, com seus altos e baixo, durante todos aqueles anos em que estiveram juntos. E ninguém nunca fizera a associação, mas aqueles dez mil e quarenta e quatro dias da duração do grupo poderia ter sido resumido em um dia só.

A infância deles, a manhã sorridente e inocente, onde pouco se sabe, mas é feliz do mesmo jeito.

O momento mais claro do dia, o meio-dia, quando o sol estava em seu auge, e os marotos reinavam únicos sobre Hogwarts, a melhor parte de suas vidas.

A tarde quente, em que suas concepções mudavam e as outras garotas começavam a fazer parte de sua vida constantemente.

O pôr-do-sol – oh, o pôr-do-sol – o final de suas vidas em Hogwarts, e mesmo que não soubesse, o começo de seus pesadelos com a noite escura se aproximando, o final de um ciclo tão importante.

A noite tenebrosa que se seguiu, cada vez mais escura, as mortes de Dory, Lene, Lily, James, a tortura de Alice e Frank, a traição de Peter, a prisão de Sirius e mais tarde as mortes de Sirius, Peter, Remus e Pam também, todas as tragédias, os sofrimentos, tudo de ruim que poderia dar errado.

E finalmente, com a morte de Voldemort, o sol estava nascendo de novo para um recomeço melhor, que prometia vários anos de alegria, luz, paz e tranquilidade.

Mas, infelizmente a noite é cheia de terrores, e nenhum deles conseguiu ver a aurora em seus tons mais bonitos.

Triste, não? Um pouco, talvez.

Mas todo o fim tem seu recomeço e Hogwarts que se prepare, pois uma nova geração de Marotos está chegando.

Que as marotagens continuem…


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Notas finais do capítulo

Nem sei o que falar...
(só lembrando que não, não vai ter uma continuação. Mas sim, ainda tenho o capítulo bônus para postar).
BBK,
Cassie