Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 107
Quinze Anos Depois - Capítulo 1 - Simplesmente Ser


Notas iniciais do capítulo

kkk Eu entendi que vocês querem vingar o Sirius me matando, mas ei, a culpa não foi minha! Foi da J.K., acreditem eu gosto da morte do Sirius tanto quanto vocês! Mas, como a Emily disse, Six Gostoso Black sempre estará vivo em nossos corações! E olhem pelas vantagens de isso ser só uma história... Se vocês quiserem, podem voltar alguns capítulo e ele estará vivo de novo :D



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Pam ficou inconsolável por dias depois de receber a notícia da morte de Sirius. Disse várias vezes para que queria morrer para se juntar a Sirius e repetiu trezentas vezes que iria trás dele no véu no Departamento de Mistérios, a fim de puxá-lo de volta para a vida. Afinal, não estava morto. Estava apenas esperando para ser salvo.

Claro que foi impedida de fazer qualquer besteira por Tonks e Remus, que sempre ficavam com ela desde a morte do noivo, a fim de proteger o bebê e Pam das coisas que ela mesma podia fazer, estando tão alterada como estava.

Naquele dia, porém, ela estava se mudando definitivamente do Largo Grimmauld. Não suportava mais ficar por ali e suportar a presença do fantasma de Sirius em cada corredor e sala escura, não suportava ficar ali e aguentar a presença de Monstros, o traidor que ela tinha vontade de pegar pelo pescoço e apertar até que seus olhos saltassem da cara e começassem a dançar Macarena. Ele não queria que quando morresse fosse decapitado igual à mãe? Então Pam estava apenas querendo lhe fazer um favor.

Mas, novamente, claro que ninguém concordava com o que ela dizia e estavam começando a trata-la como se ela beirasse a loucura e tivessem que tocar muito cuidado com o que diziam ou faziam perto dela. Claro que ela percebeu, mas deprimida e raivosa, com a montanha-russa de hormônios que era, não conseguia fazer muito mais do que chorar e gritar algumas ameaças vazias.

Naquele momento ela estava subindo as escadas enquanto Remus, seu pai e Tonks a ajudavam a pegar suas coisas para mudar para a casa que atualmente era usada apenas pelo Sr. Porter e suas duas corujas das torres. Seria bom para pai e filha a presença um do outro com maior frequência.

Pam andava com os olhos baixos, mas quando estava perto do topo da escala, olhou para cima e viu a imagem tão presente do homem que já não estava ali.

Suspirou, um pouco cansada e triste, antes de continuar subindo as escadas.

Queria que ele apenas fosse embora.

*~~*~~*~~*~~*~~*~~*

Algumas semanas haviam se passado até que Pam finalmente estivesse bem o bastante para conseguir conversar. Com a prisão de tantos Comensais no dia da invasão ao Ministério, e com a influência de Dumbledore e da Ordem da Fênix restaurados, já que agora todos sabiam sobre a volta de Voldemort, eles acharam que era melhor resolver o problema de Pam de uma vez por todas e limpar o nome da mulher e de seu noivo falecido.

Naquela tarde aconteceria seu julgamento, e ela ainda não acreditava estar mesmo no Ministério da Magia, tão perto de onde Sirius perdera sua vida há tão pouco tempo que era difícil acreditar que aquilo era real.

As pessoas da Ordem da Fênix lhe disseram que ficaria tudo bem, que nada poderia lhe acontecer, que nenhum deles poderia lhe levar para Azkaban de jeito nenhum, que ela tinha boas provas a seu favor e que o fato de ter não ter a Marca Negra era uma dela. Não tinha querido ouvir nada sobre o julgamento antes de ele acontecer. Não sabia quem seria o juiz que acompanharia seu caso, nem quem formaria o júri. Tinham tentado alertá-la por o que ela passaria, mas começava a chorar toda a vez que ouvia alguma coisa sobre o Ministério e por fim desistiram de tentar dizer qualquer para coisa sobre o assunto.

Por esse motivo, não tinha consciência nenhuma de que a imprensa estaria lá até que o primeiro flash ofuscou sua visão. Teve que ser escoltada até o tribunal onde aconteceria seu julgamento, pois caso o contrário, teria sido apedrejada ali mesmo, por cada câmera, jornalista ou pessoa que gritava para ela ir se ferrar e tirar a barriga falsa, porque não convencia ninguém.

Não era falsa, e ela teve vontade de levantar a blusa para provar isso, mas não o fez. Sentia o bebê se mexendo dentro de si constantemente e isso com certeza uma barriga falsa não podia fazer. Porém, ela não revidou, apenas fechou os olhos e tentou não se estressar muito. Era uma sorte que já passara dos meses mais perigosos em que se pode acontecer um aborto natural, pois se não fosse assim, tinha certeza de que teria começado a sangrar ali mesmo.

E, de certa forma isso seria bom. Provaria para os idiotas que sua barriga era tão falsa quanto a morte de Sirius.

Pam continuou andando e quando finalmente entrou por uma porta lateral do tribunal e sentou-se na cadeira que estava bem no centro dele tentando parecer o mais a vontade possível, ainda mantendo os olhos fechados e tentando prolongar ao máximo o momento em que veria o estúpido juiz que decretaria se ela ia para Azkaban ou finalmente encontraria sua liberdade.

Porém, foi nesse momento em que ela ouviu as correntes da cadeira ao seu lado começarem a se balançar e ela não conseguiu mais se conter. Aguentara muita coisa de boca calada, mas aquilo era um absurdo. Tentou imaginar o que James, Lily ou Sirius diriam se a vissem naquele momento.

–Oh, por favor, senhor. – ela disse, mas em sua voz não havia nenhuma fragilidade como Molly sugerira algumas vezes. Havia até um toque de ironia, como lhe havia sido altamente recomendado que não fizesse. – Você não prenderia uma mulher grávida, prenderia?

Ela sabia que as pessoas que assistiam ao julgamento já começavam a tirar suas conclusões precipitadas, mas não ligava nenhum pouco em ver como as pessoas reagiriam. Apenas continuou de olhos fechados, prolongando cada vez mais o momento em que teria que encarar todos eles.

Ela ouviu uma caneta escrevendo apressada em um papel.

Porém, foi somente quando as correntes pararam de fazer barulho que ela abriu os olhos.

E não acreditou em quem a observava, sentado naquela cadeira alta onde devia ficar o juiz, ela encontrou um sorriso de canto de boca, olhos de um tom sem graça, e cabelos escuros que ela conhecia. O homem parecia bem mais velho do quando o vira pela última vez e parecia um pouco mais gordo também. Rugas enfeitavam seus olhos e seus cabelos estavam começando a ficar grisalhos. Ela achava que ele não devia parecer assim tão velho dado que devia não ter nem quarenta anos, mas ele tinha todos os sinais de um homem que fora atingido pelo estresse quando mais novo e que nunca conseguira se recuperar completamente.

A boca de Pam ainda estava aberta, e ela balançou a cabeça, tentando ficar séria, sem sucesso.

O homem a sua frente era, inegavelmente, Michael Fox.

– Michael… - ela disse, baixinho, ainda sobre o efeito de choque ao encontrá-lo ali. Logo entendeu o porquê de todos parecerem tão preocupados. A menos que Michael resolvesse levar um julgamento completamente justo, ele tinha provas e motivos o suficiente para mandá-la a Azkaban.

E naquele momento Pam soubesse que estava perdida. Teria que penar muito para conseguir ser adsorvida por ele, o homem que um dia fora o garoto que gostava dela e que ela humilhara.

– Pamela Porter. – disse Michael e ele parecia divertido com a surpresa dela. – Você está aqui, em frente ao Conselho das Leis da Magia para responder à acusação de ser cúmplice no assassinato de doze trouxas e um bruxo há quinze anos e por praticar atividades relacionadas aos Comensais da Morte, além de ser uma deles. O que tem a declarar sobre isso?

Pam piscou. Essas acusações sempre estiveram ali, mas faladas na voz de Michael só tornava tudo muito pior e sério. Era tudo mentira, mas já não tinha certeza de que conseguia convencê-lo disso. E o pior de todo era que estando grávida não podia virar gata e fugir de Azkaban. Talvez pudesse prolongar a pena até que o bebê tivesse nascido, pelo menos…

– São acusações falsas. – Pam disse, tentando manter a voz instável. – Primeiro que existe um pequeno errinho no que você disse. – e sabia que estava desafiando Michael, mas não iria se deixar ser humilhada por ele. – Não são doze trouxas e um bruxo que morreram naquela rua sem saída. Foram apenas doze trouxas, o tal bruxo, Peter Pettigrew, não está morto.

– E como pode afirmar isso com tanta certeza? – perguntou Michael.

–Eu estava lá. – ela declarou, casualmente. – Vi acontecer.

– Quer dizer que assume que esteve lá no dia em que esses assassinatos aconteceram?

– Nunca tentei negar. – ela continuou, agora irritada. –Eu e Sirius estávamos atrás de Peter porque ele tinha traído Lily e James e… - ela engoliu em seco. – Peter gritou para toda a rua que éramos nós a trair Lily e James e achavam que Sirius era o fiel do segredo e… Ele não era na verdade, fizemos uma troca na última hora. Sirius teve uma ideia que na hora pareceu bem esperta. Tínhamos certeza de que Você-Sabe-Quem viria atrás de mim ou de Sirius quando os Potter se esconderam então decidimos que Peter seria o Guardião do Segredo. Ele parecia tão pequeno, tão sem poderes… Ninguém nunca suspeitaria dele, era perfeito…

– Você está dizendo que Peter Pettigrew era um Comensal da Morte? – perguntou um bruxo barbudo ao lado de Michael.

– Exatamente. – ela continuou. – Não só era como é. Ele não está morto. Podem perguntar a Harry Potter, Hermione Granger ou Ronald Weasley, eles o viram vivo… Agora sabem que Você-Sabe-Quem voltou e…

– E isso quer dizer que só porque isso as pessoas começam a voltar a vida? – perguntou Michael.

– Vocês podem estar errados. Todos achavam que eu estava morta, e eu não estou. Você pode ver que eu não estou morta, não é mesmo? – ela olhou para ele, desafiadora.

– Se não estava morta, Srta. Porter, não vai se importar se eu lhe perguntar onde você esteve nos últimos quinze anos.

Porém, antes que Pam pudesse responder – e ela já tinha a resposta na ponta da língua – uma chuva de perguntas caiu sobre ela e mesmo que tivesse tentando várias vezes responder a todas as perguntas de uma vez, não teve sucesso nenhum. Começou a desejar que Dumbledore estivesse ali naquele momento. Toda a Ordem da Fênix estava, porque então Dumbledore não chegava logo como prometera a ela?

A gota d’água, contudo, foi quando Michael perguntou sobre Sirius. Nesse ponto, Pam, já sobrecarregada com as perguntas e a pressão sobre ela, além da tristeza e dos hormônios da gravidez, ela desatou a chorar compulsivamente.

Todos se calaram para ouvir seus soluços que ecoavam pela sala escura e ampla.

_Isso é algo que você devia estar investigando! – ela gritou para Michael. – Sirius morreu aqui, nesse Ministério estúpido. Ele veio lutar contra Comensais da Morte que tinham invadido o Departamento de Mistérios atrás de uma droga de profecia. Ele me fez prometer que ficaria em casa segura e eu fiquei. Mas ele me prometeu também que iria voltar e não voltou. E sabe por quê? Porque a vaca da Bellatrix Lestrange apareceu e pá, pá, pá! – ela imitou uma varinha com as mãos, atingindo um alvo. – E Sirius atravessou o Véu da Morte. Ele está morto, passou doze anos em Azkaban por um crime que ele não cometeu e ficou preso o resto do tempo naquela droga de Largo Grimmauld. E onde está Bellatrix, a vaca da prima dele, que vocês deviam estar perseguindo ao invés de pessoas completamente inocentes? Ela está em liberdade, leve e solta por aí, à vontade para cometer crimes e obedecer ao seu amado Voldemort. É assim que o Ministério da Magia trata seus crimes? Julgando pessoas inocentes e permitindo as verdadeiras culpadas andar por aí como se nada tivesse acontecido? Então sinto lhe informar, Michael, mas vocês tem um problema muito sério.

E ela continuou chorando, sem nem tentar esconder que estava completamente arrasada. Provavelmente no dia seguinte tudo aquilo que ela estava gritando estaria no jornal para quem quiser saber, mas não ligava. Ela simplesmente continuou gritando e chorando, desabafando tudo o que ela precisava dizer:

– E vamos encarar os fatos, Michael. – ela continuou. – Você sabe que eu sou inocente. Sabe que eu posso ter sido uma grande filha da puta com você, mas sabe que eu sempre estive ao lado da Ordem da Fênix e que odeio cada Comensal da Morte desde que a merda da minha tia matou minha mãe. Você sabe disso tudo. Não está aqui me julgando por causa de nada disso, na verdade. Você só quer me julgar pelos erros que eu cometi com você. Eu já não sofri o bastante para uma vida inteira? Na verdade você quer apenas me julgar por amar o Sirius. E se é por isso que você quer me julgar, então nem precisa perguntar duas vezes, eu me declaro culpada! Mas eu não matei ninguém! Eu não sou uma Comensal da Morte!

E Pam enterrou o rosto nas mãos. Não queria mais continuar com aquilo. Queria poder sair daqui e nunca mais voltar. Estava cansada, arrasada. Acabara. Era o fim e tudo o que ela queria fazer era chorar. Era impressionante como ela não sabia que tinha tantas lágrimas acumuladas dentro de si, como era capaz de chorar tanto.

–Testemunha de Defesa. – disse uma vez atrás de Pam de repente, mas ela não se dignou a olhar para trás. – Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore.

Dumbledore? Pam pensou enquanto finalmente virava o rosto para ver se era possível mesmo que isso estivesse acontecendo. E estava. Dumbledore estava entrou no tribunal pela mesma porta que Pam e andou em direção a ela, olhando-a com seus olhinhos claros e gentis e seus óculos de meia-lua. E então ela soube que ainda havia esperança.

Foi a vez de Michael fazer uma cara surpresa. Não esperava por essa. O sorriso discreto desta vez estava nos lábios de Pam.

E Dumbledore começou a falar. E ele falou sobre o que tinha acontecido no dia em Sirius e Pam tinham foram em Hogwarts e logo depois fugido, ocultando a participação de Harry e Hermione nesse feito; contou como Pam fugira de todos e fingido estar morta por doze anos, ocultando o fato de ela ser uma animaga, e o mesmo fez com Peter; contou como Sirius fugira de Azkaban, ocultando novamente sua transformação em animago; contou como os Potter fizeram Peter o Fiel do Segredo ao invés de Sirius; contou como Pam e Sirius encurralaram Peter e como ele lançara o feitiço que explodiu a rua; contou sobre a morte de Sirius. E contou tudo isso com tal mestria, ocultando os segredos e os pequenos feitos ilegais, que se Pam não conhece a história completa, não acharia que havia mais do que isso. Ela ficou imaginando que teria recebido bem menos detenções em Hogwarts se tivesse Dumbledore como advogado particular.

Naquele ponto, e mesmo que muito contrariado, Michael não podia fazer muito mais do que concordar com toda a história de Dumbledore e inocentar Pam. Então ele colocou a votação, pedindo aos jurados que levantassem a mão quem era a favor da inocência de Pam…

As mãos unânimes se levantaram. Michael pareceu meio chateado, mas forçou um sorriso.

–Muito bem, Srta. Porter. – ele disse. – Parece que isso você está livre de todas as acusações.

Pam ouviu alguns aplausos, mesmo que algumas pessoas tenham permanecido sérias e desaprovando a sua inocência.

Porém Pam continuou sentada. As mãos sobre o colo olhando para o anel de noivado que ainda usava.

–Sirius também? – ela perguntou, levantando a cabeça, pronta para comprar outra briga.

–Sirius também. – Michael agora sorria para ela com certo carinho, como se finalmente percebesse que a garota que conhecera na escola nunca deixaria Pam e ela continuaria sendo a mesma para sempre.

Desta vez foi possível ouvir aplausos mais sonoros e foi quando Pam finalmente se levantou, conseguindo identificar o rosto sorridente de Remus enquanto ele aplaudia, foi o bastante para ela se lembrar do seu tempo em Hogwarts e como as pessoas a aplaudiam e adoravam por lá. Lembrar-se do seu tempo de Marota, ao lado de Sirius e James normalmente, recebendo os aplausos dos alunos da Grifinória, Lufa-Lufa e Corvinal.

E Pam fez uma pequena referencia, inclinando-se pouco por causa da barriga, mas o bastante para agradecer. Imaginava se ela conseguia fazê-los amá-la de novo. Afinal, agora que fora declarada inocente, podia fazer o que quisesse. Esperaria que apenas que o bebê nascesse para voltar a trabalhar no St. Mungus. Será que eles a aceitariam de volta? De qualquer jeito não importava. Apesar de achar que podia dar a volta por cima, nada nunca voltaria a ser igual. Não com o fantasma de Sirius sempre ao lado, lembrando-lhe do que acontecera, de que o perdera para sempre.

*~~*~~*~~*~~*~~*

Branco…

O branco das paredes, do teto e do chão, dominando o lugar, deixava-a nauseada. O cheiro forte de remédios e de algo que ela não conseguiu identificar fazia sua cabeça girar e enquanto andava por aquele corredor interminável tinha a impressão de que estava indo direito para os braços da morte, mas mesmo assim não parou.

Pam não podia. Fora para lá com um único objetivo e não iria embora sem cumpri-lo.

Finalmente entrou na Ala dos pacientes permanentes, respirando fundo antes de fazê-lo.

Ela olhou com pesar para uma dos pacientes – entre eles um homem parecendo contente e infantil e uma mulher com o rosto coberto por pelos – antes que a curandeira que cuidava daquela ala fosse a sua direção, sorrindo.

A mulher gordinha e atarracada estampava um sorriso gentil no rosto ao lhe perguntar quem viera visitar.

– Os Longbottom. – Pam disse com pesar.

– Você é da família? – ela perguntou, curiosa.

Pam negou, mas não demorou a acrescentar:

– Sou uma velha amiga.

A curandeira alargou seu sorriso e a levou até o final da ala, onde estavam duas camas um pouco escondidas. Pam percebeu que a curandeira não a reconhecera e imaginou que talvez a loucura de seus pacientes a estivesse afetando um pouco ou ela morava em uma caverna escura sem jornais, já que agora sempre que saia na rua em pontos mágicos as pessoas apontavam e cochichavam. Mas Pam foi grata pela curandeira parecer não saber de nada.

E foi quando Pam os viu.

Alice estava sentada em sua cama, mexendo nos cabelos agora brancos, e Frank deitado na cama ao lado, os olhos fechados e o corpo imóvel.

E Pam teve que controlar o choro e o vômito que começou a lhe subir pela garganta.

A curandeira ao seu lado anunciou sua presença para Alice, já que Frank não estava acordado, e então fechou as cortinas floridas para que eles tivessem alguma privacidade.

No momento em que Alice virou para ela, seus lábios esboçaram um sorriso. Mas Pam percebeu que seus olhos grandes não continham a mesma alegria de antes e que pareciam maiores do que eram graças às olheiras cinza. Ela também parecia mais muito mais magra e seus cabelos embranquecidos eram finos e quebradiços, de um jeito que nada lembrava seu antigo cabelo.

Então Alice estendeu a mão fechada para Pam, encarando-a com interesse. Pam achava que havia certo reconhecimento em seus olhos, mas podia perfeitamente estar imaginando coisas.

Ela abriu a mão para receber o que Alice parecia lhe entregar e quando ela abriu a mão, viu cair uma embalagem de Chicles de Baba e Bola.

Vacilante, Pam sorriu para a antiga amiga, que parecia contente enquanto começava a cantarolar para si mesma.

Então a mulher volta-se para Frank, deixando sua esposa de lado por um momento. A curandeira gorducha de antes lhe contara que ele estava em um estado quase de coma. Acordava algumas vezes, parecendo confuso e assustado, murmurava algumas palavras sem sentido e então apagava de novo. Ele fora mais afetado pelas torturas de Bellatrix Lestrange, seu marido e seu cunhado, e Bartemius Crouch do que Alice e por isso estava pior do que a mulher.

E Pam ainda passou a tarde inteira com os dois, conversando pacientemente com Alice e lhe contando sobre como ela e Sirius haviam chegado a noivar, ocultado a morte do outro, mesmo que soubesse que Alice pouco entendia do que estava falando. Pam também falou da sua gravidez, de como ela achava que era um menino enquanto Sirius jurava que era uma menina. Como colocaria o nome no filho de Sirius se estivesse certa… Também fingiu que Frank estava acordado e tentou inclui-lo na conversa também, fazendo um monologo sem fim, mas fingindo que os antigos amigos entendiam tudo o que ela fala, como se nada nunca tivesse acontecido.

~~*~~*~~*~~*~~

O grito de Pam acabou com toda a tranquilidade e calmaria da simples casa térrea dos Potter naquela manhã. Ela apertava a mão de Remus enquanto respirava com dificuldade. A bolsa rompera alguns momentos atrás e contrações haviam começado. Fora uma sorte Molly estar por lá, ou eles não teria sabido o que fazer. E vamos combinar, Molly era uma expert em partos.

Ela agora estava deitada na sua própria cama, com Remus de um lado, e Molly fazendo o papel de parteira sendo ajudada por uma hesitante Tonks e uma concentrada Andie.

– Meu pai! – Pam gritou. – Cadê o meu pai?

Apesar de todas aquelas pessoas estarem com Pam quando o trabalho de parto começou, o pai de Pam estava trabalhando e não estava por lá.

Nesse ponto Tonks aproveitou a oportunidade para deixar o quarto e avisar que mandaria uma carta para o Sr. Porter, avisando sobre a filha.

– Empurre agora. – disse Molly, suavemente, tentando transmitir tranquilidade à mulher, mas Pam estava longe de ficar calma.

Ela gritou e tentou empurrar o bebê para fora de si. Seu corpo todo tremia e ela estava um pouco tonta e tudo o que queria era que aquilo acabasse. Achava que Remus, ao seu lado e de quem ela apertava a mão com força, desejava a mesma coisa.

Algumas horas se arrastaram, e Pam suara, se esforçara, chorara, gritara.

Ela olhou para Remus, já exausta, e ele parecia estar se sentindo bem melhor do que no começo, quando parecera que ele podia desmaiar a qualquer momento.

– Nós estamos quase lá! – gritou Andie. – Eu já estou quase vendo o bebê, empurre!

Pam fez uma última força e Molly pediu para ela relaxar e não se preocupar. Alguns minutos depois ela ouviu um som diferente do que estava habituada.

No começo parecia um gemido distante e estranho, mas então ela percebeu o chorinho do filho e sorriu, tentando levantar a cabeça para vê-lo, mas descobrindo que estava cansada demais para tanto.

– É um menino, - disse Andie e, Pam sorriu mais ainda, lembrando as brigas com Sirius e percebendo que ela tivera razão.

Andie estava com pequeno no colo, nesse momento Molly percebeu uma coisa estranha.

– Espera. – ela disse, pausadamente. – Tem mais um!

Andie entregou o bebê à filha ­– que só aparecera naquele momento desde que fora enviar à carta ao pai de Pam – e voltou para o lado de Molly, a fim de confirmar e ajuda-la com o segundo bebê não previsto.

– O que? – perguntou uma exausta Pam.

E, enquanto ela tinha que repetir os últimos movimentos e a dor não cessava, começou a gritar e xingar, apertando a mão de Remus com mais força.

E foi desse jeito que Brian Sirius Black e Kathleen Elizabeth Black vieram ao mundo, sobre os xingamentos da mãe e cercados por poucas pessoas.

O parto da segunda foi bem mais rápido do que o primeiro e Pam não tardou a ouvir o mesmo chorinho.

Ela olhou para Remus, sorrindo bobamente, agora com uma sensação estranha, como se tivesse bebido alguma coisa que não devia. Foi naquele momento em que alguém entrou rapidamente no quarto e ela viu seu pai parando ao seu lado e segurando sua mão, perguntando se estava bem.

Mas, naquele ponto a visão de Pam estava embaçada demais e lhe parecia como se tivesse uma luz bem a sua frente. Estava bem tonta também, quase sem sentir dor nenhuma mais.

E mesmo que pudesse ver o rosto preocupado do pai e de Remus, um de cada lado, ela fechou os olhos e encontrou a escuridão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D E não esqueçam de comentar!
Ah, e obrigada a todos que sugeriram nomes para os bebês da Pam, mas eu já tinha escolhido e acho que vocês vão estender todas as homenagens :D
Obrigada também a quem curtiu a página da Carol e para quem não, vale a pena dar uma passadinha lá!
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