Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 101
Capítulo 2 - Lembranças


Notas iniciais do capítulo

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Ah, e obrigada a MonnyPeace que recomendou a fic! Obrigada mesmo, linda!



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– Como tem coragem de vir até mim, Rabicho? Como se atreve? – era a voz aguda e irritada da mulher gritando e seu rosto continha toda a fúria do mundo. – Perdeu a sanidade?

Ele não respondeu. Gostaria que sim, pensou. Que tivesse de fato perdido a sanidade. Assim não precisaria sofrer tanto.

– Diga de uma vez o que quer de mim e vá embora! – ela esbravejou. – Não tenho tempo para tamanhas burrices!

Mesmo assim ele não disse nada, apenas a observou continuar a arrumar suas malas apressadamente, correndo de um lado para o outro no seu quarto bagunçado do apartamento que dividia com a irmã. Peter não tivera tempo para perguntar o que ela estava fazendo, ele chegara apenas momentos antes, mas sabia que ela estava fugindo. Para onde ou por que, exatamente, ele não sabia, mas tinha uma ideia.

O Lorde das Trevas caíra fazia menos de um dia. Lily e James haviam morrido fazia menos de um dia. Sirius fora preso fazia poucas horas. E Peter conseguira despistar a furiosa Felina assim que começara a chover, o que não fazia nem dez minutos.

Tudo ainda era muito recente, como uma tela que acabara de ser pintada e a pinta fresca não tivera tempo para secar ainda. Aquele quadro de perda e destruição, muito mais do que Peter podia aguentar sozinho.

Ainda não conseguia parar de se culpar pela morte de Lily e James. Como poderia um dia? Afinal, fora culpa sua…

As mortes de Lily e James.

Ou seriam apenas mais duas mortes?

Era difícil saber.

– Vai ficar apenas me encarando ou vai dizer alguma coisa? – gritou a garota mais uma vez.

O braço da garota avançou para pegar alguma coisa atrás de Peter, e ele segurou o pulso da garota com seus dedos frios, virando o braço dela e vendo a Marca Negra tatuada ali.

Ela parara. Parecia quase não se mover enquanto olhava fixamente para Peter, os lábios entreabertos, e esperando o próximo movimento dele.

Peter também olhava para os olhos dela agora. Para o mais profundo deles. Onde estava escondida a garota frágil na Comensal da Morte. Onde estava escondida a Fadinha Verde que precisava de proteção.

Sua Fadinha Verde…

Lucinda afastou o braço de Peter, abraçando a si mesma e virando de costas, parecendo desconcertada. Os dois nunca tiveram nada juntos, é claro, e aquela era apenas a segunda vez que se encontravam pessoalmente desde que ele se transformara em um Comensal. E na primeira ela apenas o parabenizara pela coragem em se juntar a eles. Então não podia existir nada entre eles. Mas porque diabos então sentira aquele arrepio estranho quando a pele dele tocou a dela?

Recompondo-se, ela voltou a ficar irritada enquanto jogava várias roupas ao mesmo tempo na mala que arrumava. O que Peter queria?

– Se pretende mesmo falar alguma coisa, eu sugiro que fale agora, Rabicho – ela disse. – Porque eu estou indo embora. – agora Lucinda se esforçava para fechar o malão com todas as suas coisas.

Ela não sabia que ele devia estar morto e que aquela era a última vez que os dois se veriam. Talvez se soubesse, não estaria com tanta pressa para ir embora, mesmo que eles nunca tivessem sido tão próximos.

– Eu só… - Peter começou, mas não sabia o que dizer.

“Eu só queria dizer que eu te amo”. Soava ridículo para mesmo para ele.

Então, quando ela passou pela segunda vez por ele, desta vez em direção à porta já aberta, Peter simplesmente pegou-a pelos cotovelos e selou seus lábios.

No começou houve certa resistência por parte dela. Mas, em pouco, Lucinda havia cedido ao beijo e se segurava a Peter também.

A verdade era que nenhum dos dois sabia exatamente o que estavam fazendo, mas de certa forma era reconfortante se aconchegar nos braços um do outro. Era como escapar por alguns segundos da dura realidade.

Peter ouviu quando alguém gritou alguma coisa fora do quarto em uma voz chorosa, mas não prestou muito atenção no que era. Apenas quando sentiu Lucinda escorregando de seus braços com os olhos arregalados e a boca entreaberta, e não conseguiu impedi-la de cair, que viu Gabrielle bem na frente dele, o rosto banhado em lágrimas e com a varinha apontada para as costas da irmã.

­– SUA VACA! – ela gritou, soluçando incontrolavelmente. – SUA TRAIDORA!

Por um momento Peter não entendeu o que acontecera. Mas quando a porta do apartamento da irmã foi arrombada e alguns aurores entraram, segurando os braços de Gabrielle, ele entendeu tudo.

Voldemort caíra. Lucinda, sabendo disso, avisara o Ministério da Magia que a irmã era uma Comensal e onde encontrá-la, sem que Gabrielle soubesse. E quando Peter chegou, ela estava arrumando suas coisas para ir embora antes que os aurores chegassem, para que assim só encontrassem Gabrielle, e Lucinda ficasse livre. Mas a mais nova soubera do plano da irmã assim que os aurores começaram a cercar o prédio e matara Lucinda antes de ser presa.

Peter olhou para Lucinda morta aos seus pés e para a chorosa Gabrielle sendo presa. Os aurores não o haviam visto, já que estava em uma parte mais escura do quarto e eles estavam preocupados demais com Gabrielle. Apavorado, a única coisa que conseguiu fazer foi se transformar em rato mais uma vez e fugir por um buraco na parede do quarto.

Berta Jorkins, olhando para aquilo tudo aterrorizada sem que ninguém percebesse sua presença, sentiu tudo ao seu redor girar e quando deu por si mais uma vez, estava de volta à cabana velha e imunda.

Virou-se de costas e deu de cara com Peter – o Peter atual, parecendo muito mais acabado do que o Peter que vira na penseira – olhando para ela sem expressão nenhuma.

– Entendeu agora? – ele perguntou.

Berta apenas piscou confusa e quase incapaz de assimilar tanta coisa ao mesmo tempo.

– Eu não… Eu…

–Você me perguntou como eu podia estar vivo. Entendeu agora? – ele repetiu. Acabara de lhes mostrar várias lembranças sua. Como se juntara ouvira os amigos fazendo mal dele, como se juntara aos Comensais, como entregara os Potter, como Sirius e Pam o cercaram, como correu para Lucinda depois disso…

– Sim, eu entendi. Mas… - Berta disse, a voz falhando. – Mas por que você está me mostrando isso…?

– Para que você não pense que é nada pessoal. – ele disse, enquanto pegava a varinha. – Mas é a minha vida ou a sua. E acho que já entendeu que eu não estou disposto a sacrificar a minha.

– O que você…? – ela perguntou, com os olhos saltados.

– Estupore. – ele disse, fazendo Berta desmaiar.

E então ele passou por cima do corpo caído da mulher, olhando para a penseira onde estavam as lembranças que pretendia esquecer. Não voltou a olhar dentro dela para não encontrar a Fada Verde de novo, achando melhor esquecê-la. Afinal, as melhores lembranças, também podiam ser as que mais doíam. E ele havia banido aquela mulher de sua mente.

Peter então amarrou Berta para se caso ela acordasse que fosse incapaz de contar tudo o que soubera para qualquer um. E ele a levou junto com ele, achando que tampouco era prudente deixá-la sozinha. Mas ele foi incapaz de matá-la, incapaz de cometer mais essa atrocidade.

Peter continuou seu caminho, desta vez indo para onde os ratos já haviam lhe contado, para o meio de uma floresta albanesa que eles evitavam, onde pequenos animais como eles encontravam a morte pelas mãos de um vulto escuro que os possuía. Para onde, ele esperava, poderia encontrar o que restara do Lorde das Trevas.

*~~*~~*~~*

Pam e Sirius chegaram à Hogsmeade fazia não tanto tempo e assim que chegaram Dumbledore havia lhes falado sobre uma caverna não muito afastada da cidade que os dois e Bicuço poderiam usar como esconderijo, e foi para lá que eles se dirigiram. A caverna era um pouco apertada, é verdade, mas afastada o bastante para dar liberdade para eles voltarem à forma humana sem que ninguém os visse. Naquele momento os dois estavam deitados no chão da caverna, Sirius por cima de Pam, beijando-a.

As mãos de Pam correm em busca dos botões da blusa dele, mas, antes que ela tivesse a oportunidade, Sirius começou a se afastar dela.

– Ei, ei. – ele começou. – Espera um pouco. Devem ser quase duas horas. Você não combinou com Harry de encontrá-los às duas horas nos degraus da estrada de Hogsmeade?

– Sim, sim, eu combinei… - ela disse, ainda de olhou fechamos e tentando puxá-lo de volta para si. – Mas ainda é cedo…

– Não. – Sirius disse. – São quase duas horas. É melhor eu ir.

Ele se levantou, e ela olhou irritada para ele, como se fosse protestar, mas Sirius foi mais rápido:

– Olha, não é como se eu não gostasse de ficar com você. – ele disse, limpando as vestes. ­– Eu realmente gosto. Mas, não podemos simplesmente deixar Harry, Ron e Hermione esperando por nós. – ele estendeu a mão para ajuda-la a se levantar. – Você vem comigo? – perguntou.

– Não. – ela respondeu, parecendo ainda um pouco irritada. – Vou esperar vocês aqui. – e então se sentou em uma pedra grande na caverna, perto de Bicuço, que estava amarrado em um canto a um pedregulho.

– Vamos, se anime. – Sirius disse. – Eles vão trazer comida! – ele se inclinou para beijá-la, parecendo mais feliz. – Eu te amo, Felina. Volto já.

Então se transformou no imenso cão negro e desapareceu pela fenda da caverna, deixando Pam sozinha com Bicuço. Ela olhou para o hipogrifo e acariciou seu focinho e ele parecia estar gostando, pois fechara os olhos. Então Pam se lembrou de muito tempo atrás, quando ainda estava no primeiro ano em Hogwarts e conhecera Bicuço pela primeira vez. Quem diria que um dia ele salvaria sua vida?

Ela sorriu com essa ideia. Imaginando que se ela não tivesse o salvado na floresta durante aquela detenção, Bicuço poderia ter morrido e se morresse não poderia tê-la salvado anos depois. Como as coisas são engraçadas…

Mas, antes de tivesse tempo para devanear mais sobre isso, o cão negro voltou a entrar na caverna e desta vez acompanhado por Hermione, Ron e Harry. Os três fizeram demoradas reverências para Bicuço que os encarou por um tempo antes de dobrar o joelho e permitir que Hermione se aproximasse.

– Que bom ver vocês! – Pam exclamou, levantando-se e abraçando Harry com força antes de dar um abraço em Hermione e Ron também. – Muito bom mesmo. E vocês trouxeram comida! – ela olhou para a mochila de Harry, que parecia cheia, e sentiu o cheio das coxas de galinha, passando a língua rapidamente pelos lábios.

Sirius, que trouxera alguns jornais na boca, acabara de voltar à forma humana e atirá-los no chão da caverna, olhando para Harry como uma criança olharia para doces.

– Galinha! – ele exclamou. E Harry abriu a mochila depressa, lhe entregando o embrulho de coxas de galinhas e pão. – Obrigado. – Ele passou um pedaço para Pam enquanto os dois sentavam ao lado de Bicuço e Sirius mordia um pedaço da sua coxa de galinha de modo muito canino. – Nós quase que só temos comido ratos. Não podemos roubar muita comida de Hogsmeade; chamaria atenção para nós.

Ele sorriu para Harry, mas o garoto relutou a retribuir o sorriso.

– O que não me incomoda nenhum pouco. – Pam disse. – Considerando que passei doze anos vivendo disso…

— Que é que vocês estão fazendo aqui? — perguntou Harry.

— Cumprindo nossas obrigações de padrinhos — disse Sirius. — Não se preocupe conosco, eu estou fingindo ser um adorável cão vadio e Pam uma gata sarnenta de rua. – ela lhe deu um tapa com força no ombro, mas ele ignorou.

 Sirius ainda sorria, mas, ao ver a ansiedade no rosto de Harry, continuou com mais seriedade:

— Quero saber de tudo. A sua última carta... Bem, digamos que as coisas estão começando a cheirar pior. E tenho roubado jornais todas as vezes que alguém joga um fora e, pelo que parece, eu não sou o único que está ficando preocupado.

Ele indicou com a cabeça os exemplares amarelados do Profeta Diário no chão da caverna, e Rony apanhou uns e abriu-os.

– Sim, conte de novo esse negócio de você ter sido escolhido pelo Cálice de Fogo. Eu pensei que apenas alunos maiores de dezoito anos poderiam ser escolhidos! – Pam continuou. – E não se esqueça de nós explicar exatamente com foi a primeira tarefa no lago. Tudo o que sabemos foi o que lemos nos jornais.

Harry explicou mais uma vez como não fazia ideia de como fora escolhido pelo Cálice de Fogo, que alguém que ele desconhecia devia ter feito isso, mas que não havia com o que se preocupar. E também contou como ficara em segundo lugar depois de ter salvado Ron e a irmã de Fleur do lago.

Pam e Sirius se entreolharam um tanto preocupados.

 Harry, no entanto, continuou a encarar os padrinhos.

— E você? E se eles pegarem vocês? E se virem vocês?

— Vocês três e Dumbledore são os únicos por aqui que sabem que eu e Sirius somos animagos — disse Pam sacudindo os ombros e continuando a devorar a galinha. – Ninguém vai nos encontrar aqui.

Eles ainda discutiram alguns assuntos sérios como a suposta doença de Crouch e Sirius contou como fora ele que lhe mandara para Azkaban sem julgamento e que ele também mandara o próprio filho para lá junto com os Lestrange e ao mencionar isso Pam pareceu muitíssimo perturbada.

Ron e Harry também contaram sobre suas preocupações com Snape, mas Sirius e Pam, apesar de não gostarem dele, disseram que Dumbledore confiava nele, mas que mesmo assim era bom manter-se em alerta.

Por fim, e depois de também terem discutido outros assuntos, Sirius pediu para que se fossem mandar mais cartas que não os chamassem pelos nomes verdadeiros e que era melhor usar os nomes “Sr. e Sra. Snuffles”. Então Pam e Sirius assumiram suas formas animais e foram com os três amigos até o ponto onde Sirius os encontrara antes, onde deixaram que cada um deles passasse a uma mão uma vez em suas cabeças antes de voltarem para a caverna.

– Então – disse Pam, sorrindo com malícia para Sirius, quando os dois se viram apenas na companhia de Bicuço que comia uma das coxas de galinha. – Onde estávamos antes deles chegarem?

Sirius sorriu de volta para a mulher e aproximou-se dela, voltando a beijá-la e desta vez as mãos entrando por baixo de sua camiseta, buscando o fecho do sutiã.


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