Imprinting escrita por Mila


Capítulo 5
Ignorância


Notas iniciais do capítulo

Voltei!
Tudo bem?
Boa leitura!



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LUKE

Segunda de manhã. Pois é, era uma merda ser quem eu sou. Apesar de eu ser um super Lobo, e o ser o primeiro da alcateia a ter um imprinting, eu tinha que ir para a faculdade de biologia só para ficar perto de Madson, e esperar até que ela comece a gostar de mim e possamos nos encontrar fora da escola... Mas como as coisas andaram ultimamente, era mais provável que ela nunca mais quisesse me ver.

Eu odiava ir àquela faculdade, e ter aulas específicas de biologia tornava tudo pior. Não sei como Madson gostava disso e entendia todos os nomes científicos e experimentos. Eu aguentava por ela, mas... Será que ainda demoraria muito para ela prestar mais atenção em mim e eu poder fugir dessa faculdade complicada?

A verdade era que tinha que me teletransportar para outro mundo longe de Madson. Eu percebi que tentava lutar contra o imprinting. É claro que eu a amava com todo o meu coração, mas me sentia um idiota por me pegar pensando nela o tempo todo. Então é claro que encher a cabeça com outra coisa não funcionava, mas distraía. Temporariamente.

E lá estava ela, sentada numa mesa redonda do pátio com outras colegas de sala, conversando e discutindo sobre algum assunto da aula, provavelmente.

–OK. Você já falou sobre a sua vida inteira, pode ir embora agora. - disse e empurrei Drake para o outro lado. Então fui em direção a mesa onde ela estava e sentei-me ao lado dela, cumprimentando todos.

Assim que sentei, Madson instantaneamente fechou sua apostila com raiva, pegou-a junto com a bolsa a bolsa, virou o quadril no banco, passou uma perna e depois a outra; saiu sem dizer nada.

Algumas pessoas da mesa deram risadas abafadas e balançaram a cabeça como se eu fosse mesmo um idiota. Será que eu era? O que tinha feito de errado agora?

MADSON

Depois de ter abandonado a mesa de repente, deixado Luke com minha ignorância, fui entregar um trabalho para o professor de Genética e quando vi já tinha que estar na aula de . Droga, me atrasei!

Entrei na sala e a maioria das pessoas já estavam lá. Até o professor já tinha chegado. Olhei para as pessoas desorganizadas e procurei um lugar para mim. Achei um. Achei um lugar ao lado de Luke. Sentaria no chão. Não burrice demais, o professor com certeza pediria que eu sentasse ao lado dele e todos, a escola inteira, iria ficar sabendo. Então, para minha sorte (ou não), vi um lugar ao lado de uma menina que não parava de espirrar e assoar o nariz. Teria que ser lá mesma.

Acompanhei o olhar incrédulo de Luke (e metade da sala) quando fiz o caminho até a bancada da garota.

–Posso sentar aqui?

Nesse momento a sala toda estava me observando.

Ela espirrou.

Considerei como um sim.

A aula não transcorreu de um jeito tão normal. Eu ainda recebia olhares de Luke como eu todas as outras aulas, mas dessa vez o olhar era... diferente. Num momento virei-me e vi-o me encarando quase como se pudesse enxergar o que se passava na minha cabeça. Não, ele não podia, conclui ao perceber que ele estava completamente confuso.

O sinal bateu.

Recolhi minhas coisas correndo e fui uma das primeiras a sair da sala e da escola. Não podia deixar que Luke conseguisse uma brecha para falar comigo ou coisa do tipo. De jeito nenhum.

Fui direto para casa.

Olhei para o meu braço, em baixo dos tecidos da minha roupa havia um enorme curativo. Quando tirei-o para trocar as ataduras, vi novamente as marcas estranhas. Arranhões. Profundos e doloridos arranhões. Na mesma hora minha mente se confundiu com um trilhão de pensamentos. Tinha acontecido algo noite retrasada. Tinha certeza. Como poderia ter me machucado desse jeito?

Eu queria uma explicação. Nem que ela tivesse que ser tirada a força. Luke.

Ele sabia. Era outra certeza que eu tinha, mas ele não iria me contar. Teria que ser tirada a força. Está aí o motivo de eu o evitar. Ele virá conversar comigo, mais cedo ou mais tarde, e vai me contar. Ah, vai!

Não demorou muito (não que eu estivesse contando os segundos) para ele vir arás de mim.

Ele tocou minha campainha uma segunda vez.

–Madson! - gritou. - Eu sei que você está aí!

Apertei o botão no microondas para as pipocas pararem de estourar. Cheguei perto da porta e abri uma frestinha e espiei.

Era Luke, claro.

–O que você quer? - perguntei.

–Podemos conversar?

–Não.

–Por que está me evitando? - perguntou ele. Olhei para o seu rosto e vi em seus lindos olhos negros cheios de preocupação. Eu cederia, então por isso escondi-me atrás da porta para não precisar olhar para ele.

–Vá embora. - eu disse.

Luke pôs o pé no vão entre a porta e batente para que eu não a fechasse na cara dele, encerrando nossa conversa.

–Você acha que eu sou idiota? - perguntei. - Acha que é normal alguém acordar de repente toda machucada na casa do aluno novo da faculdade? Acha que é normal a casa desse aluno ser no meio da floresta? Acha que é normal beijar alguém e sumir de repente? Acha é normal o irmão desse alguém sentar com você no cinema e contar sobre a vida inteira dele, e então derrubar café em você e você... Não! Não é normal, ok?!

–Não, não é... - ele murmurou.

–Está tudo muito estranho. E vocês sabem de algo que não querem dizer, então é simplesmente isso: Não falo mais com você até você me contar toda essa história. Sem mentiras.

Empurrei a porta, minha força tentando inutilmente vencer a de Luke, que empurrava do outro lado. Empurrei a porta com as costas. Ele empurrou um pouquinho mais forte, e eu acabei escorregando e cai no chão. Parei de fazer força e a porta acabou batendo na minha cabeça com a força do lado oposto.

Minha visão escureceu por um segundo.

–MADSON!

Quando vi Luke estava me erguendo pelo braço enquanto eu me encolhia no canto entre a porta e a bancada da cozinha. Ele me abraçou fazendo-me sumir de baixo de seus braços. Eu não tinha percebido, mas estava chorando. Ah, não, que burra! Para, Madson!

–Eu te machuquei?

–Você sempre me machuca. - soltei. - Não dá para você me contar o que está acontecendo? Por que diabos tanto mistério?

Comecei a massagear a cabeça no local onde a porta bateu.

Olhei para Luke e observei seus músculos se tencionaram. Pareceu ficar mais alto e seu maxilar fechado. Seu olhar se focalizou em um ponto atrás de mim.

–Não sei se eu posso te dizer...

–Então, queira-me fazer o favor de sair da minha casa. - falei, irritada.

–Talvez você já saiba. - tentou ele. - Tem alguma ideia?

–Assassinos, ou se eu tiver mais sorte, trabalham para o governo, talvez para a FBI ou CIA. - arrisquei.

Ele deu um sorriso de canto de boca.

–Que tal algo surreal?

–Como o que? Alienígenas? Aranhas radioativas? Encantamentos, poções, feitiços? - franzi a testa. - Não creio que você se encaixe em algo desse tipo.

Seu corpo voltou ao normal e ele caminhou de um lado para o outro na minha pequena sala.

–Não vai me falar o que é?! - irritei-me ao ver ele caminhando com duas passadas várias vezes, de um lado para o outro.

Luke parou chegou perto de mim e a sua própria sombra me engoliu.

–Madson... Não pode contar a ninguém.

–Não vou contar. - dei um passo para trás com medo da aproximação. - O que é?

–Fazemos parte... quer dizer, somos uma alcateia...

–... de lobos? - completei.

–Aposto que você entenderá mais como lobisomens.

Fiquei um tempo olhando para a cara dele, seus olhos esperando pela minha reação. Ele me acharia tão idiota assim?

No segundo seguinte meus cinco dedos estavam marcados em vermelho na bochecha dele. Eu tinha batido nele, mas minha mão é que doía. Minha mão formigava depois do forte contato com a pele dura dele.

Ele segurou meus pulsos e falou:

–Ainda não acredita em mim, não é?

Soltei uma espécie de rugido como resposta.

–Vou te mostrar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada muitíssimo, como sempre para todos que acompanham e mandam seus comentários, são vocês que me fazem feliz
Obrigada novamente a minha beta por me apoiar e me ajudar.
Beijos