Imprinting escrita por Mila


Capítulo 43
Vivas memórias


Notas iniciais do capítulo

Voltei atrasada, mas voltei.
Desculpa, gente.

Recadinho: Nesse capítulo será mencionado um personagem que não aparece há muito tempo, o ALEX. Alguém se lembra dele? Aposto que não. Enfim, quem é vivo aparece (ou não). Lá nas Notas Finais eu relembro vocês sobre ele.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/205012/chapter/43

QUINTA

LUKE

Eu consegui me segurar até o meio dia.

Eu tomei a decisão de ir embora.

Poderia ser a coisa mais retardada que já tivesse decidido, mas eu não podia ficar ali. Estava acontecendo uma guerra da qual eu "alistei os soldados", da qual acontecia no lugar onde morava, ameaçando a vida da minha família e, pensando por um lado bem ruim, tudo o que eu conhecia.

Então, logo depois do almoço, coloquei Madson e Nathan no carro de Tyler.

Ela não objetou quando disse que precisávamos voltar; pelo menos, não em voz alta. Eu sabia que ela ficara preocupada com a ideia, e quando nós mal começávamos a viagem de volta, ela começou a arranhar a própria coxa nervosamente.

—O que... O que aconteceu aquela noite em que você... Ahn, Ashley...? - eu não consegui esconder a curiosidade por muito tempo, mas não consegui demonstrá-la de um modo compreensível.

Ela levou suas unhas a nuca e a caçou.

—Hm. Ashley apareceu em casa e setniu o cheiro de Nathan assim que entrou. Ela começou a entender as coisas. Descobriu sobre Nathan, sobre os Lobos, sobre você... - ela olhou para mim nesse momento. - Disse seu nome. Então eu...

Ela passou a língua nos lábios, desviou o olhar e voltou a coçar a coxa. Percebi que estava escondendo partes da história.

—Ouvimos um uivo. Ashley não... er... Parou e falou que não podia morrer antes de repassar essa informação.

Apertei os dedos no volante.

Por um segundo... Mais um segundo e eu poderia ter matado Ashley antes de ela passar o segredo dos Lobos como Papai Noel de loja distribui balinha. Só por mais um segundo... e Madson podia ter morrido, e Nathan também; percebi então.

—O que estava acontecendo com você nesse momento? - ela perguntou baixinho.

Afrouxei o aperto no volante lentamente.

—Havia alguns vampiros na floresta.

Ela pensou por um momento antes de responder:

—Ainda há?

Olhei rapidamente para ela, antes de voltar os olhos para a estrada:

—Provavelmente.

—E as alcateias? Elas já estão ajustadas ou ainda estão... estranhas?

Eu não sabia a resposta, porque não estava lá nesse momento. Isso fez com que eu me sentisse mal. Eles precisavam de mim.

—Desculpe. - Madson falou, voltando a se coçar. - Vamos falar sobre outra coisa.

—Ei. - apertei a coxa dela gentilmente, para impedir que ela parasse de se arranhar. Aquilo estava me deixando nervoso. - Não tem problema.

Ela pousou sua mão sobre a minha. Ela encostou a cabeça no banco e suspirou.

Ficamos assim por um tempo, de mãos dadas, completamente em paz.

Finalmente, depois de muito tempo, a ficha caiu para nós dois. Éramos realmente um casal, uma família. Agora nossos sentimentos um pelo outro tornaram-se os mesmos.

Soltei minha mão da dela para mexer no câmbio.

A minha esquerda, a floresta acompanhava-nos há vários minutos; em minha direita, havia uma extensa plantação verde; e há vários quilômetros de distancia, uma única casa de campo. O centro da cidade ficava mais adentro, depois de várias outras plantações e fazendas. Faltava uma hora apenas para chegáramos em casa.

Nathan choramingou no banco de trás, e Madson automaticamente se virou para afagá-lo.

—Sh,sh. Está tudo bem. - ela disse.

Virou-se novamente para frente, ajeitando-se no banco, e falou:

—Já está na hora de ele se alimentar de novo.

—Você quer que eu pare o carro?

—Não... Acho que consigo pular para o banco de trás. - Ela se desvencilhou do cinto de segurança.

Então apareceu alguma coisa no meio da estrada.

Freei bruscamente. Estendi meu braço direito, impedindo que Madson voasse para frente.

—Tudo bem. Pode parar. - Ela disse, ofegante pelo susto.

Depois viu o que eu vira.

Parada no meio da pista estava uma mulher com as mãos na cintura.

Ashley.

***

MADSON

Ela se movimentou assim que Luke parou o carro há cinco metros dela.

Ele abriu a porta e hesitou, olhando para mim.

Eu grudei meus lábios aos deles por menos de um segundo e então ele saiu, batendo a porta.

Olhei nervosamente para trás e vi Nathan, enroscado nos cintos do bebê conforto, com um biquinho infeliz. Fora isso ele estava bem. E ia ficar.

Pulei para o banco do motorista e pousei o pé no acelerados e as mãos no volante, pronta para qualquer coisa.

Luke, lá fora, tirou a blusa independente da neve.

—Luke. - Ashley disse. Sua voz ficava abafada por eu estar presa dentro do carro fechado e ela lá fora. - Pensou que ia fugir de mim para sempre? Awn. Você até que é bonitinho para um humanos... quer dizer, um lobo.

—Ah sua vadia. - murmurei para mim mesma. - Esse homem é meu.

Então seu olhar me encontrou.

—Ah! É Madson ali? Fiquei procurando por ela também... - ela ficou me olhando enquanto falava. - Sabe, Madson, você é apenas mais uma mortal traidora. Você, Alex, Maeva... Vocês mentiram para mim. A minha vida humana foi uma pura mentira, vocês nunca se importaram comigo, aposto que riram pelas minhas costas... Mas não é assim que fica a história, não. Porque agora eu sou muito mais forte, mais poderosa... Alex teve o que mereceu, e você será a próxima.

Alex teve o que mereceu, e você será a próxima. Suas últimas palavras repercutiram por vários segundos em minha memória.

Alex... Ele estava morto? Ela havia matado-o? Não...

Luke se transformou mesmo antes dela terminar sua frase. Seu jeans caiu rasgado em vários pedaços na neve rala que cobria a estrada. Ashley já sabia que ao dizer aquelas palavras provocaria raiva em Luke, portanto estava preparada. Ela avançou sobre ele rapidamente. Luke se esquivou para o lado, esperando que ela caísse no chão, vencida pelo impacto de sua força com a do solo, mas ela percebeu no último segundo e derrapou sobre a rua. Algumas pedrinhas de asfalto e neve voaram um pouco.

Percebi que eu tremia.

Não sabia se conseguiria aguentar presenciar mais uma luta. Meus nervos estavam em frangalhos. Quanto tempo duraria essa briga? Seria idiotice demais ter tanta esperança? Luke ainda não estava recuperado o suficiente para isso.

Com apreensão, vi Ashley chutar o queixo de Luke.

Cravei minhas unhas em minha coxa.

Ele revidou, raspando os dentes no flanco de Ashley, que eu percebi já estar machucado.

A cada dor que sentia, Ashley desarmava sua postura arrogante e orgulhosa, e, eu percebi, se parecia mais com a antiga Ashley, a Ashley humana. Isso atiçou minha memória e me vi na casa dela jogando video-game:

"Ashley jogou a cabeça para o lado, fazendo seus cabelos loiros se mexerem; o que deu um ar dramático a sua expressão 'ninguém merece, Madson'.

—Você morreu, Madson. - ela disse devagar. - De novo."

Ela se jogou por cima de Luke, seus dentes tentando encontrar um lugar para morder.

Não. Não era essa Ashley que ainda existia.

Essa Ashley era aquela que arrancou minha aliança e cuspiou o nome de dentro dela. Era aquela que matou Alex, que tentou matar meu filho...

Uma raiva extremamente desproporcional ao meu corpo me invadiu.

Ela se pôs de pé, contente, quando viu o sangue de Luke ensopá-lo.

Não esperei por letreiros luminosos para me dizer "é agora", eu já sabia disso. Enfiei meu pé no acelerador e a atropelei. Ela caiu no chão. Mexi no câmbio e dei ré.

Luke se levantou rapidamente. Ashley, do chão, girou seu pescoço para me olhar. Em seus olhos vi sofrimento, medo e decepção...

Luke pulou sobre ela.

Olhei para o meu colo.

Esperei pelo silêncio e logo o encontrei. Havia acabado.

Ergui meu olhar. Próximo ao carro havia um corpo de uma garota que um dia foi minha amiga.

—Você morreu, Ashley. - eu sussurrei com a voz tremendo. - De novo.

***

LUKE

Chegamos na cidade lá pelas quatro da tarde. Quando cheguei à porta da casa de minha mãe eu aguardei por um momento e decidi fazer suspense, batendo duas vezes.

Nathan gritou em meus braços; e ri ao pensar que ele estava incomodado com todo o meu suspense.

—Luke, pelo amor de Deus! Vai matar Sally do coração! Ela é mãe! - Madson também pareceu nervosa com a minha brincadeirinha.

Olhei para ela com um sorriso.

—Sabia que minha mãe disse a mesma coisa a seu respeito?

Ela sorriu também.

A porta se abriu depois de um tempo e Kluke apareceu em minha frente com o nariz vermelho e um lencinho na mão.

—Ei. - ela disse com normalidade então percebeu o que estava acontecendo. - EI! Vocês não deviam estar aqui!

—É muito bom te ver também, Kluke. - disse sem jeito. Empurrei-a para o lado para que eu pudesse entrar.- Onde está mamãe?

—Luke, seu imbecíl! - a garota continuou a brigar comigo. - Você está tentando se matar? Ah, se era assim, era só pedir que eu dava um fim em você.

—Kluke, você está bem? - Madson entrou logo atrás de mim, mas parou para observar Kluke com uma expressão assustada e confusa.

A garota tossiu.

—É culpa do seu irmão. - respondeu.

Madson olhou assustada de mim para Kluke e depois deixou seus olhos em mim.

—Isso é imprinting? Você... - antes que ela pudesse terminar a frase, pois mamãe chegou do corredor correndo:

—É o seguinte, Kluke: Vamos colocar você num avia... - Ela parou quando nos viu. -Luke? O que você está fazendo aqui? Você não pode... Ah, meu filho!

Então ela se jogou em cima de mim e me abraçou com força.

Depois beijou Nathan várias vezes e também apertou Madson em seus braços.

—Vocês chegaram na pior hora. - ela disse. Ela parecia agitada e energética como nunca esteve.

A porta de casa se abriu de repente e Drake entrou apoiado nos ombros de Mark.

—Drake! - minha mãe correu até ele e ajudou Mark a acomodá-lo no sofá.

Nesse momento fiquei com medo. A situação parecia terrível. Será que alguém tinha... Engoli essa ideia e perguntei:

—Os vampiros estão aqui?

—Luke? - Drake franziu o cenho ao me ver. Falou irônico: - Legal! Você não podia chegar em melhor hora! Droga, Luke! Por que você tem que ser tão retardado?

—OK. O que eu fiz de errado?

—Seu idiota! Eles estavam atrás de você! - ele exclamou, revoltado. - Os vampiros que ainda não "chegaram para a guerra" eram aqueles que estavam atrás de você; mas agora que você está aqui, todos os vampiros já podem aparecer para a festa, e a nossa guerra pode começar.

Naquele momento que um alarme de carro soou e várias pessoas gritaram lá fora, aterrorizadas, pensei mesmo que meu irmão tivesse algum tipo de "o poder das palavras". Demoramos meio segundo para compreender o que havia acontecido.

—Oh, legal! - Mark passou a mão por entre os cabelos, absolutamente nervoso. - Eles estão na aldeia?

—Kluke, vá para o quarto, querida. - minha mãe disse e empurrou-a gentilmente com as mãos trêmulas. Incrivelmente, a garota fez isso, provavelmente, ruim demais até mesmo para contradizê-la.

Meu irmão se pôs de pé num pulo.

—Drake, você não pode... - mamãe tentou impedí-lo, mas ele balançou a cabeça para os lados.

—Só torci o pé, mãe. Preciso ir lá.

As pessoas pareciam ter mudado de ontem para hoje. Eu e Madson foram as primeiras que pude notar, e Kluke a segunda, mas mamãe e Mark estavam em frangalhos e Drake parecia estranhamente indepente. Ele sempre foi um bom beta, disse a mim mesmo, só precisei de uma experiencia para comprovar isso.

Engoli em seco com a minha própria conclusão. Talvez, ter a certeza de algumas coisas pela pior maneira de descobrir isso, não pareceu muito justo. Devia acreditar em seus potenciais tanto quanto em suas fragilidades, e vice-versa, e não esperar que alguma experiencia absurdamente traumática esclareça essas coisas.

Madson caminhou até mim e pegou Nathan de meus braços com uma baixinho "Deixe ele comigo".

—Eu já volto. - disse a ela, tocando sua bochecha com meu polegar.

Ela sorriu, tentando me encorajar.

—Eu sei.

Beijei sua testa rapidamente e segui Mark e Drake porta afora.

Ouvi minha mãe gritar "Tome cuidado, meninos", antes de seguirmos adiante.

A aldeia estava um caos. Aquelas pessoas histéricas e desesperadas nada combinavam com o lugar que sempre morei minha vida toda. Algumas gritavam tão alto que me perguntei se a cidade não estaria nos escutando.

O alarme de um carro soava próximo de mim e percebi ser o de Tyler.

Eu me transformei logo depois de Drake.

Eu me senti mais a vontade com o Lobo depois que me acertei com a Madson. Eu e meu Lobo estávamos agora sempre unidos, como um só, e isso me fazia mais forte.

Corri com os outros por entre as casinhas das aldeias. As pessoas não estavam apavoradas conosco, mas sim com o que realmente deveriam se preocupar e se apavorar: Os vampiros.

Encontramos vários deles, não consegui contar quantos. Os Lobos da alcateia Hunt e da alcateia Knai estavam misturados, lutando contra os vampiros em brigas difíceis.

Eu avancei na direção de um vampiro alto, moreno e (claro) pálido, que aproximava-se de uma mulher da aldeia. Eu o derrubei ao pegá-lo desprevenido. Quando caiu no chão levantou-se num pulo, mas quando virou-se para mim e me viu, começou a gargalhar loucamente.

Eu pouco me importei com a sua loucura no momento. Iria matá-lo, ele achando graça disso ou não.

Porém parei onde estava. Minhas quatro patas derraparam no chão.

—Os Hunts são fáceis de se reconhecer. - ele continuava rindo ao falar comigo. - Você era aquele pequeninho... - mais risadas. - Quem diria que voltaríamos a nos encontrar!

Estava assustado demais: Eu o conhecia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece, mas quem é morto também, não é?

Enfim, Alex!
Ele era aquele "paquerinha" (para usar uma gíria bem titia) da Ashley, logo nos primeiros capítulos, do qual ela se derretia por ele e ele... hm, bem, não parecia dar muita bola.
Eu lembrei dele porque estou reescrevendo os primeiros capítulos da história e desfazendo VÁRIAS CONFUSÕES que eu cometi, como, por exemplo, Maeva namorava o Alex antes, não o Nick, mas agora é OFICIALMENTE o Nick, o Alex era da Ashley (mais ou menos...)

Sobre o título do capítulo: Eu demorei meia hora para escolhê-lo até eu me decidir por esse (depois de passar por uma série de clichês); mas eu gostei desse, ficou um tanto irônico: As memórias estão vivas, e "Viva! Memórias!" (olha a ironia, amiga!).

Bom, o que acharam? Estão curiosos?
Comentem, por favor.
Beijos!


P.S. Acabei de descobrir/decidir/organizar que Imprinting terá apenas mais três capítulos! Pam pam pam!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Imprinting" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.