Imprinting escrita por Mila


Capítulo 40
Eles sabem


Notas iniciais do capítulo

Capítulo Quarentaaaaa!

Olá, tudo bem?
Bom capítulo quarenta!



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TERÇA

MADSON

Ashley deixou a porta bater atrás de si e deu dois passos decididos em minha direção. Eu dei um para trás, por reflexo. Eu nunca vi seus olhos tão vermelhos, sua raiva tão assassina, nunca vi minha ex melhor amiga tão vampira.

Ela ergueu o braço fino, pálido e comprido com o indicador esticado e apontou para algo atrás de mim, abaixo de mim. Nathan.

—É ele! Era ele! ARRGHH! - ela gritou, furiosa. Virou-se para o lado e chutou o banquinho do bar com tanta força que colidiu com o teto. Ele caiu, destruído, perto da escada.

Senti meu coração na boca, batendo mais alto.

Ela voltou seus olhos loucos para mim.

—O seu cheiro! Agora você está cheirando a sangue, antes você estava... era ele! - ela voltou a apontar para o meu filho. - O cheiro dele estava em você. Foi por isso que você estava fedendo... é o cheiro deles!

Um tremor passou pelo meu corpo. Deles? Ela queria dizer... a alcateia?

—Mas ele é um humano! Tem cheiro dos Lobos, mas é hu.ma.no!

Suas mãos se fecharam em punhos. Imaginei suas unhas cravando-se nas palmas. Ela não piscou durante dez longos segundos dos quais nenhuma de nós disse uma só palavra. Ela não desviou o olhar e tão pouco eu. Quase pude ver sua mente trabalhando para encontrar uma resposta.

—Ashley. - eu disse. Não sabia o que deveria saber, mas não queria deixá-la pensar até descobrir por uma resposta.

Ela me ignorou, como seu eu não estivesse ali.

Senti minha boca seca e um caroço gigante em minha garganta. Minhas mãos não paravam de tremer. Eu me mantinha na frente de Nathan, como uma barreira - uma fraca barreira, sabia disso - para impedí-la de machucá-lo.

—Só se... - ela finalmente disse, ainda sem piscar, mas desviou o olhar do meu por um tempo, procurando por respostas. - os Lobos não forem só Lobos. Se eles tivesse uma outra forma, humana... - ela grudou seus olhos em mim novamente e eu senti vontade de gritar, pedindo para ela parar de fazer isso. - Mas uma criança Lobo! Não pode ser algo espontâneo...

Seus olhos continuaram vidrados - há quanto tempo ela não pisca? - e não desviaram do meu rosto. Ela pousou o dedo indicador em seus lábios, o que me fez lembrar da Antiga Ashley, que tinha esse hábito quando estava raciocinando; porém também me fez lembrar o quanto ela havia se distanciado dela mesma.

—Os pais devem ser Lobos. - ela disse novamente, mas dessa vez não estava pensando em voz alta, estava me explicando. - Você... - ela esboçou um sorrisinho. - definitivamente você não é um Lobo. Mas e o pai do menino?

Eu não respondi a princípio, mas ela insistiu, dessa vez mais brava:

—O pai do menino!

—Do que você está falando? - eu disse. Não ia dizer nada.

Então seu olhar bateu em minha mão durante um milésimo de segundo e antes que eu pudesse pensar ela deu um passo e puxou um dos meus dedos, o anelar, tirando minha aliança.

Ashley girou a aliança em seus dedos e leu a inscrição de dentro. Ouvi-a murmurar:

—Luke Hunt... - e seu olhar subiu na minha direção novamente.

Engoli em seco.

—Eu me lembro dele... Luke, sim! Aquele garoto da faculdade que ficava dando em cima de você! Teve um filho dele? - ela jogou a cabeça para trás e gargalhou. Ela avaliou Nathan com os olhos. - São parecidos...

—Ashley.

—Teve um filho com um Lobo, um transmorfo. - ela riu e me olhou com curiosidade, mas depois sua expressão ficou séria. - Mas você sabe disso. É isso que você sabe! É isso que você sabe e não me contou! - sua voz elevou vários tons. Seu humor negro acabou e a raiva voltou... Não sabia qual era pior. - Você não me contou! Agiu contra mim! Está do lado deles!

Meu coração pulsava tão freneticamente que me machucava.

O seu filho é um deles!— ela sibilou, a fúria mal cabendo dentro dela.

Ela deu mais um passo duro em minha direção.

Estendi minhas duas mãos na direção dela, automaticamente, e coloquei um pé para trás.

—NÃO! - gritei. - FIQUE LONGE!

Não tinha nenhuma ideia do que ia fazer para impedir que ela atacasse Nathan. Eu não estava pensando direito. Nunca tive tanto medo antes. Mas ela não ia tocar em Nathan, não ia...

—ELE É UM DELES! NÃO DEVE FICAR VIVO! - ela gritou de volta. - VOCÊ É UMA TRAIDORA! ARGH! MADSON COMO VOCÊ PODE?!

—DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? - eu berrei, assustada. Não me lembro de ter me alistado ao lado dos vampiros.

Ia continuar falando quando nós ouvimos um uivo alto e claro. Meu corpo gelou. Ashley fez um cara de assustada e foi se afastando de mim lentamente.

—Eu não posso morrer. - ela sussurrou, mais para ela mesma do que para mim. - Tenho que passar essa informação.

E então ela desapareceu.

Eu desmontei sobre meus joelhas, cai no chão ao lado do sofá. Meu corpo tremendo pelas soluços que avançavam rapidamente. Estava em prantos, desesperada, amedrontada...

Estiquei meu braço e fiz cafuné na barriga de Nathan. Ele estava bem. Ah, meu Deus, ele estava bem! Chorei por ele, meu corpo inteiro tremendo; por me preocupar com ele, por ter medo de algo pudesse lhe acontecer, por culpa de que eu pudesse ter lhe condenado... Ah, ai.

Não sei por quanto tempo chorei. Apenas ergui meu rosto e não vi ninguém lá fora. Ashley ia voltar, ela ia voltar... e ia pegar Nathan. Esse pensamento me desesperava muito. Eu tinha que protegê-lo.

Eu não podia ir atrás de Luke, ele estava no meio da floresta com os vampiros e eu com certeza não podia ficar aqui. Sem querer, meus olhos bateram no carro de Tyler.

Respirei pela boca várias vezes, estabilizando meus soluços.

Nem me dei ao luxo de secar minhas lágrimas, agarrei o bebê-conforto pela alça e subi correndo as escadas. Peguei uma mala não muito grande de cima do meu guarda roupa e comecei a puxar minhas roupas do armário e um cobertor, socando tudo na mala. Era um sensação ruim, uma cena de filme de terror, de traição, então me apressei.

Fui ao quarto de Nathan e peguei a malinha dele que usávamos quando saíamos e um pacote de fraldas.

Desci com tudo isso e meu filho para baixo, pegando minha bolsa no cabideiro da sala antes de sair lá fora. Afundar meus pés na neve fofa e coloquei as coisas no carro. Encaixei o bebê-conforto de Nathan no cinto de segurança do banco de trás.

Eu parei antes de ligar o motor do carro. Voltei para dentro e, pegando um papel e uma caneta de cima do balcão da cozinha, escrevi um recado para Luke com as mãos tremendo. Não me demorei muito já que Nathan estava sozinho no carro, mas consegui dizer o "resumo" do que eu queria dizer. Queria dizer muito mais.

Eu me encaixei no banco do motorista. O carro estava gelado e demorou para pegar; só funcionou após a segunda tentativa. Mexi no câmbio e dei ré, caindo na rua, mexi no câmbio de novo, girei o volante para a esquerda, e pisei no acelerador.

***

TERÇA

LUKE

De repente todo a minha alcateia estava ali, nervosos, ansiosos, alertas, preparados... Eu podia sentir isso vindo deles. E eu também estava assim.

Onde você o viu, Luke? Drake me perguntou.

Não o vi. Senti seu cheiro. Vamos a oeste.

Começamos a correr. Eles me seguiam enquanto eu seguia meus instintos, até que tive outra coisa para seguir: O cheiro. Fomos mais rápidos. Atrás de mim Drake rosnou, incomodado.

Então os encontramos. Eu só tive tempo de pensar que eram cinco deles, antes que um punho voasse em minha cabeça. O soco fez todos os meus dentes tremerem.

Antes que o vampiro pudesse pular em mim, eu investi contra ele, furioso, minha cabeça batendo em seu tronco com tanta força que ele foi arremessado três metros de altura, caiu de costas numa árvore, derrubando-a.

Uma rápida checada em meus pensamentos e pude perceber os outros Lobos lutando contra os vampiros.

Devemos chamar a alcateia Knai? Mark me perguntou.

Há poucos vampiros ainda. Kaio respondeu. Acho que... Argh! A dor que ele sentiu quando caiu sobre uma das patas de trás ecoou em minha mente.

Calma ae, Kaio! Mike respondeu, já indo na direção dele.

Kaio está certo. Kluke disse. Deixe como elemento surpresa. Nós pegamos esses.

Toda essa conversa aconteceu em menos de um segundo.

Eu corri velozmente na direção do vampiro que tinha derrubado antes que ele pudesse se levantar e se recompor. De repente, algo bateu do lado direito de meu rosto com uma superforça. Fui arremessado para o lado e bati o lado esquerdo contra duas árvores. Minha visão ficou turva e todo o meu rosto latejou, pulsando.

Fique de pé, disse a mim mesmo. Ergui-me sobre as patas, balançando como uma girafa recém-nascida.

Mas ninguém veio em minha direção para um segundo golpe.

Alguém uivou e eu não tive a capacidade de registrar quem foi. Talvez Zack ou Thai... ou não.

Vi uma cabeça loira ajudar o vampiro a se levantar. Essa vampira não estava aqui antes, percebo após uma contagem. Reconheci os dois: Ashley e um outro vampiro que já lutamos contra ele antes, ele se chama...

—Chet, Chet, Chet... - Ashley repetiu. - O que seria de você sem mim?

Ele olhou-a de modo arrogante:

—Não preciso de você, loira.

—Ah, mas precisa sim. - ela cantou, dando voltinhas em volta dele. - Temos que sair daqui e voltar depois... com os outros.

—Não estamos em grande desvantagem. - Chet observou a quantidade de Lobos e vampiros. - Conseguimos vence-los.

Ele olhou para mim de repente e começou a vir em minha direção.

Rosnei e curvei-me, preparado para atacá-lo. Ashley agarrou o braço dele rapidamente, impedindo-o de prosseguir.

—Chet, me escuta! - ela disse nervosa. Apontou para mim com seu dedo pálido e magrelo. - Eles são humanos! Esse é o ponto fraco deles! Vamos voltar, avisar os outros e então atacamos.

Quando ela percebeu que não havia convencido-o, disse:

—Se morrermos, ninguém vai saber disso. Não podemos arriscar.

Ele olhou para ela com surpresa e concordou:

—Vamos voltar. Chame os outros.

Ela não cumpriu sua ordem imediatamente, ao invés disso, olhou nos meus olhos com o cenho franzido e falou, com todas as letras:

—Luke Hunt.

Um rosnado escapou de minha boca, automático.

Nesse momento algo pareceu cair sobre meu corpo - a verdade -. Eu soube o que aconteceu: Ashley estava com Madson. Procurei dentro de mim e encontrei os sentimentos de Madson: Medo, desespero, determinação...

O Lobo dentro de mim de repente estava furioso, como eu nunca estive. Não esperei qualquer sinal, eu avancei na direção de Ashley com a boca aperta. Pelo segundo de atraso que ela teve ao perceber que deveria correr, meus dentes encontraram o flanco dela e o arranhou. Eles rasparam um no outros quando fechei minha boca novamente. Até aí, tudo pareceu correr em câmara lenta.

Então ela já havia se virado de costas para mim e corria para longe, fugindo.

Os vampiros já foram avisados e agora corriam para longe dos Lobos.

Ela era rápida, mas eu me sentia muito mais forte que ela. Senti minha raiva arder dentro de mim - era horrível. Quis quebrar o pequeno espaço entre nós, portanto pulei em sua direção. Eu era muito maior que ela, ia esmagá-la.

Algo bateu em meu ombro direito de repente. Fui lançado para longe de novo. Um formigamento se espalho pelo meu corpo e eu não liguei muito para ele.

Coloquei-me de pé rapidamente, mas Kluke veio em minha direção e ficou na minha frente. Seu pelo branco camuflava-se na neve

Saia daí. Rosnei.
­

Luke, você está sangrando! Pare!

Olhei para o horizonte. Os vampiros já haviam ido.

DROGA!

Eles descobriram. Kaio murmurou, assustado e até mesmo amedrontado. Eles descobriram sobre nós.

Vamos pegá-los! Eu disse.

LUKE! Kluke gritou comigo. Você está tentando morrer? Pare com isso! Pare agora! Eles já foram. Agora temos que conversar com a alcateia Knai. Temos que treinar, que estar preparados e se você morrer como é que vamos fazer isso?

Além disso, ninguém quer o Drake no comando. Zack resmungou. Ele estava mau-humorado. Havia machucado a costela, percebi. Percebi que Kaio havia quebrado uma pata de trás.

Incrivelmente Drake não retrucou.

Eu não concordava com a Kluke, queria ir atrás deles agora, queria matá-los, destruí-los...

Luke! Kluke reclamou, irritada.

Mas então eu lembrei de Madson.

Kluke deu um passo para trás, confusa, quando comecei a pensar em Madson.

Eles atacaram ela? Ela me perguntou.

O que aconteceu, Luke? Mark perguntou, também confuso.

Minha cabeça latejava.

Já vou descobrir. Respondi.

***

Eu quase derrubei a porta de casa quando entrei, mesmo que meu ombro estivesse bem machucado, como Kluke me disse.

Um dos banquinhos do balcão estava caído e quebrado no chão. Tudo estava silenciosamente vazio. Era isso: A casa estava vazia.

Não, eu devia estar errado.

Fui da sala a cozinha, ao quarto de Nathan, ao nosso, ao banheiro, a lavanderia... Procurei por esses mesmos cômodos mais umas cinco vezes. Eu subia e descia escadas, entrava e sai de quartos.

Mark, Kluke e Drake foram os únicos que vieram atrás de mim. Nesse ponto, eles já estavam sentados no sofá com a cabeça baixa, conformados com uma verdade inconformável. Não era possível.

Procurei de novo. Nada.

Busquei pelos sentimentos de Madson dentro de mim: Seja lá onde ela estivesse, estava nervosa, assustada... chorava.

Eles tinham ido embora.

Eu cai sentado na poltrona da sala. Enterrei a cabeça nas mãos e chorei. Meu corpo tremia. Não me importava se eles estavam me vendo daquele jeito, não me importava mais.

—Luke. - Drake disse.

Eu não queria escutá-lo. Queria que ele sumisse da minha frente.

—Saia daqui.

—Ela deixou um bilhete.

Ergui meus olhos para ele. Não compreendi o que ele quis dizer, até que encontrei um papel em sua mão. Arranquei da mão dele.

Estava escrito num papel do bloquinho da bancada, em caneta azul e com a letra de Madson. Li:

ELES SABEM

Seja cuidadoso

Amo você

M.


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Notas finais do capítulo

É... foi meio triste.
Alguém chorou aí?
Espero que tenham gostado, mandem comentários.
Beijooos e até semana que vem (com sorte)



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