Imprinting escrita por Mila


Capítulo 39
Em outra língua


Notas iniciais do capítulo

Voltei.
Um "poquitinho" tarde, mas cá estou, com um capítulo ligeiramente pequeno... mas é um capítulo.
Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/205012/chapter/39

TERÇA

MADSON

Ele deu apenas um passo na minha direção, o suficiente para me alcançar, e me segurou pelas ombros com força.

—Madson, o que aconteceu aqui? Você... Você se... - ele não conseguia terminar a frase.

—Luke. - eu disse ainda assustada. - Não aconteceu nada comigo. Nada de ruim aconteceu.

Seus olhos não desgrudavam de meu rosto.

—Você estava aqui quando o vampiro também estava?

—Sim. Foi domingo a noite...

—Eu deixei você aqui. - ele me interrompeu. Parecia difícil permitir que sua voz saísse, ele estava sofrendo. Ele me puxou um pouco para perto e grudou sua testa na minha. Observei todos os músculos de seu corpo enrijecidos e eu não soube o que dizer. - Eu deixei você aqui. Você podia ter... Você podia estar...

Seus dedos me apertaram ainda mais.

—Luke. - eu gemi por causa da dor.

Ele me soltou de repente e se afastou um pouco de mim.

—Madson... - ele parecia muito mal. Meus braços continuaram latejando, mas eu ignorei isso.

—Eu não corria perigo. - disse rapidamente para não preocupá-lo. Eu inspirei fundo e expirei. Decidi contar para ele o que aconteceu, infelizmente não consegui esconder o desconforto em minha voz: - Era Ashley, o vampiro era Ashley.

Seu rosto assumiu uma expressão diferente.

— Ashley não morreu, Luke. Nós entendemos errado: Ela se transformou num vampiro. - eu continuei falando. - Ela... Bem, ela não me atacou... Eu disse... Eu disse que eu não era ignorante como ela pensava, que eu sabia de muitas coisas. Ela ficou brava comigo e nesse momento pensei que ela fosse me atacar. Mas então eu comecei a sentir dores de parto, as contrações ficaram mais fortes e a bolsa estourou. Fiquei desesperada. Eu... - ao ver que o que eu dizia não ajudava Luke a sentir-se mais calmo, eu troquei o que ia dizer. - mandei que ela fosse embora. E... ela foi.

—Madson.

Ele pareceu péssimo. Eu nunca o vi daquele jeito. Era como se de um segundo para o outro ele tivesse desenvolvido uma dolorosa doença.

Nesse momento me senti idiota por ter brigada com ele no hospital. Eu acabei preocupando ele, mas agora ele sabendo toda a verdade, o que realmente aconteceu na noite de domingo, ele parecia ainda mais preocupado. Eu não queria assustá-lo e fazer ter remorso por não ter impedido que eu passasse uma noite com uma vampira - por que, quem, pode prever e evitar isso, sinceramente? -.

—Luke, ela não me atacou. Ela não quis me atacar. Eu só aticei ela, não devia ter feito isso. - eu disse para acalmá-lo. - O nascimento de Nathan foi só coincidência, uma estranha coincidência. Mas ele está bem, eu estou bem, nós estamos bem, não estamos? Nada aconteceu. Luke, por favor não se preocupe...

Eu dei um passo na direção dele e pousei uma mão em seu rosto.

—Madson, Ashley é uma vampira. - ele disse seriamente, seus olhos firmes em mim.

Esperei ele acrescentar algo mais, porém ele não disse mais nada. Sua curta e indireta frase foi a única coisa que ele me disse. Ele me deu isto como um fato certo, não duvidável.

—Ela não ia me machucar. - disse e projetei minha voz para que emitisse a mesma certeza da frase dele. Eu estava tentando ajudá-lo, perdoá-lo, mas Luke parecia insistir em sua própria culpa. E se eu dissesse para ele que sim, que ele era o culpado, o que ele faria? Se jogaria no chão e lamentaria? Era besteira e além do mais era passado, já fora, não queria revirar isto outra vez.

—Madson. - sua voz soou um tom mais alto. - É. Uma. Vampira.

—E eu estou dizendo o contrár...? - comecei a protestar, puxando minha mão do rosto dele, mas ele me interrompeu:

—Ela foi a sua amiga quando foi humana. Agora ela é um monstro, uma assassina. Ela não guarda amores por você. Se puder... quando puder, irá matá-la. Não hesitará em fazer isso.

Eu mal percebi que estávamos gritando.

—O que? Espera! Está achando que eu estou defendendo ela? Luke, eu não faço a menor ideia do por quê ela não me atacou, mas QUE BOM que isso aconteceu, não é?

—Você não pode buscar a proteção na sorte, Madson! Eu... Agora eu posso te proteger. Colabora comigo, pelo amor de Deus!

—Eu estou tentando! Estou tentando te perdoar! Estou tentando me perdoar! Mas você não para de revirar o passado! Qual é o teu problema em viver o presente? Ashley já foi! Você está com medo que eu ache ela mais legal que você? Que eu busque a proteção dela? - usei a ironia.

—O que foi? Eu não sou o tipo certo de monstro para você?

—Nesse momento? Não! - eu arfei, surpreendida com sua pergunta e brava com nossa conversa.

Então ele olhou para mim assustado e eu olhei para ele assustada.

Percebi que minhas mãos tremia, mas todo o corpo inteiro dele tremia. Foi a pior conversa que tivemos; o que eu disse, o que ele disse... dois idiotas orgulhosos.

Sinto um caroço em minha garganta que é impossível de engolir. Forço minhas lágrimas a não escorrerem.

Nathan começa a chorar lá do segundo andar.

De repente sinto medo de que ele não consiga se controlar. Nós continuamos nos olhando por mais um tempo até que ele diz, numa voz mais baixa, mas o maxilar ainda travado:

—Preciso ir.

Nada mais do que isso, ele se virou e saiu de casa pela porta.

Quando a porta bateu eu apertei meus lábios e senti uma lágrima escorrendo pela minha bochecha. Eu passei a palma da mão com força sobre ela e me obriguei a permanecer calma.

Todo casal briga, disse para mim mesma, tentando me convencer do impossível. Todo casal briga, todo casal... O que tinha de errado com nós? Meus pensamentos estavam brigando entre si. Meu coração disparava e isso me deixou mais irritada, só servia para me desesperar ainda mais.

Puxei o cabelo para cima e o prendi com um nó.

Lembrei que Nathan continuava chorando e subi as escadas e peguei-o no meu colo. Percebi que ele estava com fome e o amamentei, depois ele não dormiu mais - aquele pestinha - , então coloquei-o no bebê-conforto e desci para o primeiro piso.

Coloquei o bebê-conforto no sofá e sentei-me ao lado dele, roendo minhas unhas - coisa que não fazia desde os meus quinze anos.

Então ouvi batidas na porta. Eu me pus de pé, em alerta. Não estava esperando ninguém. Antes que pudesse me aproximar e ver quem estava lá fora, a porta se abriu e Ashley entrou com um sorriso presunçoso que sumiu de repente. Seus olhos foram de negro a vermelho sangue.

***

TERÇA

LUKE

Era fim de tarde e o sol estava se pondo no horizonte e eu nunca tive tanta raiva disso. Eu me transformei assim que deixei a casa. Meus músculos se acomodaram melhor na forma de Lobo e meu corpo sentiu-se ótimo quando lancei-me pela floresta, correndo e correndo.

O que Madson estava pensado? No que eu estava pensando? Eu não sabia de mais nada.

O meu coração pulsava freneticamente. Pude sentir o sangue passando por cada veia de meu corpo. Era uma sensação boa de loucura, mas não sabia se podia parar aquilo. Eu sabia o que aquela reação significava: Madson.

Eu queria muito, eu nunca quis tanto - na verdade, eu nunca quis - esquecer e tirar Madson de minha cabeça só por um segundo, como qualquer cara normal consegue fazer, mas eu não sou o cara normal, isto era impossível. Eu a amava com todo o meu corpo, era à ela o pulso frenético de meu coração e a sensação do sangue passando pelas veias de meu corpo.

Era imprinting.

Essa merda de imprinting.

Parei de correr e encostei minha cabeça em uma árvore, respirando fundo várias vezes. Então comecei a pensar em outras coisas para me distrair: Na outra alcateia.

Ontem a tarde eu apresentara eles para a aldeia e procurara um lugar que pudessem passar algumas noites, a garagem da casa de minha mãe. Ela não parecera contente com isso, e me lançou um olhar que vivia me lançando quando eu tinha uns dezesseis anos que significava que eu ia ficar de castigo para sempre. Eu nunca vi a minha mãe, Sally Hunt, tão antipática.

Quando apresentara-a para Alaric a conversa fora mais ou menos assim:

—Mãe, este é Alaric, o alfa da alcateia Knai. E, Alaric, esta é Sally, minha mãe.

Ele estendera a mão para cumprimentá-la e dissera:

—Há quanto tempo, Sally.

Ela nem se quer olhara para a mão dele e nem movera um músculo do corpo para apertar a sua mão. Ela só continuara olhando para ele e dera um pequeno sorrisinho nenhum pouco amistoso.

—Não o suficiente. - respondera.

Eu cutucara-a entre as costelas e sussurrara para que ela, pelo menos, parecesse educada e ela me respondera, com todas as letras:

—Você precisava de mais educação. - e dirigindo-se a eles com um olhar arrogante falara: -A garagem é a serventia da casa.

Agora eu pensei, realmente confuso, no que se passava na cabeça dessas mulheres que tornavam-as tão parecidas; tão crianças, teimosas e totalmente indiscutíveis. Sally, Kluke, Madson... Idênticas.

O que será que estava passando pela cabeça delas? Será que a culpa era minha e de todos os outros homens? Por que diabos eu não consegui entender o que elas falavam? Estava em outra língua, grego, talvez? Porque, bem... eu não falava grego.

Argh. Quanta dor de cabeça.

Então ouvi algo estalar e parei. Eu não esperei por uma confirmação do que fosse aquilo, já tinha certeza: Joguei minha cabeça para trás e uivei, chamando os outros. Logo em seguida senti um cheiro ruim... o cheiro ruim que já estava esperando. Um gosto amargo surgiu em minha boca.

Vampiros.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi de novo.
E o medinho como anda? Sempre ao seu lado? (nota: isso é o nome de um filme triste). E a curiosidade, ein?
Comentem, amiguinhos.
Até o próximo.
Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Imprinting" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.