Imprinting escrita por Mila


Capítulo 37
Se precisar, é só gritar.


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora. Eu estou em semana de prova, fiquei meio atarefada. Não tive muito tempo disponível para escrever o capítulo.
Enfim, cá estou eu, fugindo um pouco dos estudos para escrever e postar.
Bem, já saibam que o próximo pode demorar e que provavelmente não será postado na sexta feira como é comum.



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DOMINGO

LUKE

Drake e Faith haviam saído logo após a conversa com a outra alcateia. Faith apenas abocanhou uma muda de roupas e partiu com meu irmão para a Dakota do Norte, EUA.

Eu estava exausto. Já era tarde quando fomos dormir em sacos mal acolchoados no barracão, mas com todo o meu cansaço nem me importei, e, por algum milagre (talvez o da neve que agora caia mais uma vez lá fora), os outros garotos não soltaram nada além de muxoxos e roncaram a noite toda.

Kluke cismou que não dormiria ali, mas me assegurou que passaria a noite bem do lado de fora do barracão em vigília. Não insisti que ela dormisse no coberto; já estava bem grandinha, eu não tinha que "cuidar" dela.

Ao pensar em cuidar lembrei de Nathan e Madson. Eu havia instruído (OK, obrigado) Drake a visitar ela primeiro, conferir se estava bem e se precisava de alguma coisa. Não sei realmente se ele ajudaria Madson da maneira que ela precisasse, porém se ela realmente precisasse, ela ainda tinha a possibilidade de bater nele com sua frigideira.

Eu ri com minha própria piada, mas depois percebi que não havia graça alguma. Ela estava grávida, não podia fazer esforço ao... ao socar Drake com aquela panela de fazer omelete! (Serio essa panela tem alguma outra função?).

Então afundei em meu colchonete até sentir as tábuas de madeira do chão em minhas costas e dormi.

***

DOMINGO

MADSON

—Ashley. - eu arfei.

—Madson. - a pessoa à minha frente respondeu com sua voz aveludada e lenta. - Você está grávida?

—Você está VIVA?

Eu não me importava com as perguntas dela. Ela sumiu! Ela estava morta! Quem tinha o direito de ter dúvidas e fazer as perguntas aqui era eu!

Meu coração continuava disparado no peito e o susto que levei não contribui nenhum pouquinho para dor que sentia no ventre e nas costas. Ainda sem reação, sem saber o que devia fazer, dizer, perguntar... Fui pega pela curiosidade ao observá-la.

Seu cabelo liso descia pelos ombros, brilhantes e macios. O rosto agora mais afinado, magro, limpo e branco. Sua silhueta esguia não era mais da antiga Ashley-sem-peito; seu busto estava mais aredondado, a cintura mais fina e o quadril mais largo. A postura perfeita. Os olhos tom de vinho mal sequer piscavam. Ela estava linda.

—Onde foi que você se meteu? - Indaguei-a com esta pergunta antes que soltasse: "Já sei! Fez lipo, né?".

—Madson... - ela pareceu com vontade de dizer algo, mas deu um passo a frente, insistindo em entrar. Estava tão aturdida que nem pensei nisso. Ela entrou e fechou a porta atrás de si, temerosa. - Madson eu... - mas sua voz sumiu. Ela fechou os olhos. - Você... Você está fedendo.

—Ahn?

Ela piscou.

—Esqueça. - deu alguns passos para longe de mim. Como que por instinto eu não me aproximei dela também. Algo realmente estava cheirando mal ali. - Eu vim te fazer uma pergunta.

—E seus pais? - soltei. Eu não estava nem aí para as perguntas que ela queria fazer, as minhas definitivamente eram mais importantes, mesmo que eu só estivesse usando-as para arrancar alguma resposta dela que comprovasse a suspeita que apareceu em mim nesse momento. - Já falou... vai falar com eles?

Ela fez uma careta com a menção de seus pais; não sei se de saudade ou repúdio. Porém, logo Ashley voltou a sua expressão facial impassiva e perfeita.

—Está acontecendo alguma coisa na cidade que... hm, a biologia não esteja conseguindo explicar? - essa era sua pergunta.

Nesse ponto eu já estava apavorada. Eu não precisava de respostas idiotas, precisava de tempo! Meu ventre, se pudesse, gritaria de dor. Eu tinha vontade de gritar.

Mesmo nessa situação, eu respondi normalmente:

—Não há nada que a biologia não possa explicar, Ashley. Você fez faculdade disso não fez? Por que está me perguntando essas coisas?

—Não estive na cidade nos últimos dias.

—Dizem que você morreu. Está comprovado biologicamente. E agora você está aqui. Será que é disso que está me perguntando? É isso o "algo que a biologia não possa explicar"?- soltei, afiada.

Ela me olhou surpresa, assustada por um momento, mas depois jogou sua cabeça para trás e riu.

—Madson, você continua a mesma. Eu não morri. Cometeram um engano bobo, só isso. - ela virara um pouco a cabeça para o lado enquanto dizia essas coisas, seu olhar fixado em mim. Um calafrio percorreu minha espinha. Não era mais a Ashley que conhecia, de forma alguma. Era um monstro, literalmente.

Minha barriga latejava de dor. Pousei uma mão nela.

—Eu fiz faculdade de biologia. - rebati rapidamente. - Você não?

—Não terminei a faculdade. - ela me fuzilou com seus olhos.

—Quando pretende terminar?

—Descobri que não gosto mais de biologia.

—E decidiu fugir, deixar seus pais desesperados, ser dada como morta, aparecer em panfletos de "desaparecida" por todo uma cidadezinha insignificante da Dakota do Norte?! - fiz uma pausa. - Pra quê? Encontrou um carinha? Está se drogando? Está grávida? Não! Já sei! Encontrou um gato, ficou grávida e se drogou para perder o bebê! Ou seja, enfiou a sua vida no ralo e decidiu fugir?

Ela estava achando a situação engraçada.

—Essa história é sua, Madson.

Não, não é. E eu não estou achando graça disso.

—Você acha que eu sou ignorante, não é? - eu sussurrei. Mal ousava piscar, não deixando que qualquer movimento dela passasse despercebido por seu. - Mas você não sabe nada sobre mim. Você acha que eu sou burra... como humana, não é?

Então nesse momento a bolsa estourou. Nathan estava nascendo. Eu me dobrei para frente, levando uma mão entre as pernas e a outra deslizando pela barriga para segurá-la. Um líquido escorria pela calça, por meus dedos.

Engoli a dor e o medo, ergui meu rosto e falei:

—Mas eu não sou. Eu sei sobre você.

Ela assustou-se, seus olhos se arregalaram e depois faiscaram em fúria. Deu um passo para frente.

—Vo... Como sabe? ­- sibilou.

—Você faltou a algumas aulas da faculdade. - eu murmurei surpresa comigo mesma por encontrar forças para dizer e uma boa resposta para ser dita.

—Alguém mais sabe? - ela sussurrou, assustada.

—Vai embora. - eu gemi ao escorregar e cair no chão. - Vai! - arfava. - Por favor, vai embora!

Eu não quis ver a reação no rosto dela, continuei com a cabeça baixa, segurando a mim mesma. Quando ergui meu rosto ela não estava mais lá.

Então gritei de dor.

Tentei ficar de pé, mas não consegui. Pouco a pouco, com muito esforço, consegui arrastar-me até a bancada e erguer-me com as mãos, tateando pelo telefone. Não o encontrei.

Já estava tentando me convencer de que conseguiria fazer o meu próprio parto quando tocaram a campainha. Eu gritei, desesperada. Qualquer um que fosse poderia me ajudar nesse momento, mas se fosse Ashley novamente, esse, com certeza, foi um grito de desespero.

Escutei algumas vozes do outro lado. Não sei se não consegui distingui-las por causa da distancia ou da dor, apenas gritei de novo.
Com um barulho alto a porta foi escancarada e Drake entrou correndo.

—Vampiro. - ele tremeu ao sentir o cheiro.

Alguém entrou logo atrás dele, uma mulher, que também fez caretas com o odor.

—Dru... Druake. - eu gemi.

—Madson! - ele assustou-se ao me ver caída no chão. - Tinha algum vampiro aqui? O que aconteceu!

—Ela está em trabalho de parto! - a mulher de cabelo curto atrás dele gritou.

Uma mulher... Ufa!

—Como você pode ter certeza? - Drake questionou-a, desesperado. Estava quase dando um piti.

—Você não consegue ver? - ela exclamou, irritada. - Faça alguma coisa!

—Tipo o que?!

—PEGA ELA NO COLO!

—Me... ajuda! - eu murmurei.

—LEVA ELA PRO HOSPITAL!

—Pega ela no colo, me ajuda, leva ela pro hospital, mi mi mi mi mi! - ele falou com a voz fina, irritado com as ordens que lhe eram passadas.

Eu me dobrei novamente para frente com um gemido quando uma contração desceu pelas minhas costas.

—DRAKE! - a mulher gritou.

Ele se aproximou de mim, passou um braço por trás de meus ombros e o outro por trás de meus joelhos e me levantou sem a menor dificuldade.

—Uau, engordou mesmo uns quilinhos, Madson.

Puxa que sensível!

—Quer que eu carregue? - a garota perguntou, afiada.

—Não. É claro que não. Sou um Super Lobo esqueceu?

—Se o Super Lobo não quiser me ajudar - disse de uma vez. Fiz uma pausa, buscando por ar. - O vizinho serve.

Uma manta caiu em cima de mim levemente.

—Onde está a mala do bebê? - a mulher estava ao meu lado, ajeitando para que eu permanecesse aquecida quando saísse lá fora.

Drake teve dificuldades em me carregar enquanto eu tinha contrações. Parecia um peixe fora d'água.

Ela ficou esperando pacientemente pela minha resposta.

—No sofá. - balbuciei depois de recuperar o ar.

Ela a pegou, descobriu a chave do carro em cima do balcão da cozinha e abriu a porta para Drake passar comigo.

Eu tentava esconder meu rosto da neve no peito do meu cunhado até que ele me colocasse no carro de Tyler. Ele assumiu a direção e a mulher, que eu não fazia a menor ideia de como chamava, sentou comigo.

—Luke. - eu sussurrei. - Onde ele está?

—A esse ponto... - Drake disse. - já deve estar voltando.

***

SEGUNDA

LUKE

Acordei dolorido. Saí do barracão me espreguiçando, estralando os ossos das costas. Não precisei de muitos estralos para eliminar a dor - sou um Lobo!

Kluke estava ali ao lado, deitada. O Lobo branco de olhos amarelos atentos à tudo.

—E aí? - perguntei pousando a mão em seu nariz cor de pele. - Com sono?

Ela mexeu as orelhas e levantou levemente o focinho. Mesmo em forma de Lobo, Kluke parecia dizer "Fala sério".

Foi quando eu vi duas pessoas a direita, se destacando na brancura da neve. Thai.

Estávamos quase em guerra contra seres sobrenaturais e imortais, e eu estava vendo, bem diante de meus olhos, Thai e Hamilton , dois imbecís da mesma "espécie", brigando.

Thai enfiou o dedo na cara de Hamilton.

—Escuta aqui, vovô. - disse ele. - Não viemos de tão longe para receber um não.

Kluke, que havia se transformado e se vestido e eu mal reparei, resmungou algo como "O Canadá não é tão longe assim".

—E o que vai fazer? - perguntou o outro, agressivo. - Enfiar o dedo no meu olho?

Então Thai enfiou o dedo no olho dele com um "É, é uma ótima ideia".

Até então eu mal tinha percebido que eles estava tremendo, só fui me dar conta disso quando eles se transformaram em Lobos e se atacaram. O Lobo de olho vermelho e o Lobo tão corajoso que chega a ser idiota numa briga mortal.

Olhei para Kluke, e ela respondeu como se falasse com um cachorrinho:

—Quem é o alfa?

Suspirei, tirei minha camisa e a calça - ignorando o grunhido de Kluke - e me transformei.

Eu não tinha bolado nenhum plano antes de me transformar que pusesse fim a briga deles e agora que eu já estava transformado não tinha mais tempo para pensar, só para agir, então corri na direção deles e... BUM!

Ouvi Kluke engasgar com a própria risada.

Ai! gemeu Hamilton. Por que você deu uma cabeçada?

Somos da mesma espécie, já conversamos, já nos entendemos, porque ainda temos que ficar brigando? exclamei.

Porque esse idoso ficou com chiliquinho e não quer mais ir! uivou Thai.

Hamilton se inclinou um pouco para frente e posicionou uma pata dianteira na frente da outra - uma posição de ataque, e rosnou:

Você não entende. Eu tenho minha família. Não posso abandoná-los assim e encarar uma luta suicida contra os vampiros para proteger uma alcateia que não é a minha.

Isso já estava indo para o lado ruim de novo.

Já conversamos sobre isso! rosnei. Se você tem algo contra vá dizer ao Alaric, o seu alfa. Você não tem que discutir isso com Thai.

Thai rosnou.

E você, virei-me para ele, não toma nenhuma decisão por aqui. Saia, Thai. Não me arranje mais confu...

Minha voz sumiu. Meus pensamentos se embaralharam de repente. Minha cabeça latejou e o ritmo do meu coração se acelerou. Pus a cabeça entre as patas dianteiras.

O que está acontecendo? Hamilton perguntou.

O que deu nele? Thai disse.

Minha cabeça doía tanto que parecia a ponto de explodir. Quando pensei que isso fosse acontecer a resposta veio: Madson.

Madson? O que tem ela? Thai disse.

Quem é Madson? Hamilton rebateu.

—LUKE!

Ergui minha cabeça e vi Kluke balançando um telefone acima da cabeça.

—É a Faith!

Fui para perto das minhas roupas e me transformei. Mal vesti a calça e já tinha pegado o telefone da mão dela e grudado na orelha.

—Alô? Faith?

—Luke! Você está bem?

—Como assim eu estou bem? O que aconteceu com Madson?

—Uau. Imprinting é realmente estranho. - ela pigarreou. - Enfim, eu e Drake chegamos aqui nos Estados Unidos já faz umas horinhas. Fizemos como você instruiu: Fomos para sua casa primeiro. Achei meio estranho quando entrei, o cheiro...

—Faith, por favor! - eu implorei. - Seja mais direta.

—Desculpa. - ela disse envergonhada. - Enfim, ahn... a sua mulher... Madson, não é? Bem, ela estava... dando a luz.

—Nathan está nascendo? - eu arfei. - O que aconteceu, Faith? Ela está bem? E o meu filho?

—Calma, Luke! Deixa eu falar!

Foi a minha vez de pedir desculpas, mesmo ainda desesperado. Minha cabeça ainda latejava.

—Eu e Drake estamos aqui no hospital com ela. Está tudo bem. Ela está na sala de cirurgia...

—O que aconteceu com ela? - interrompi-a. - Por que "sala de cirurgia"?

—Porque ela está parindo! É inacreditável como vocês homens não dão a mínima para a dor de um parto...

—OK. Desculpe, Faith. Foi insensível. Viva as mulheres! - disse rapidamente. - Mas me responde! Está tudo bem?

Ela suspirou.

—Sim, Luke. Só liguei porque achei que você gostaria de saber que seu filho está nascendo.

—Tá. - concordei, agitado. - Obrigado por ligar, Faith.

—Magina, Lu...

—Daqui a pouco estou aí.

Desliguei o telefone e joguei-o na direção de Kluke que reclamou.

—O que foi? - ela gritou para mim enquanto eu arrancava a roupa.

—Mark está no comando temporariamente. - eu gritei para ela. - Não deixe Thai encostar nem um dedo em alguém da outra alcateia.

—O que foi? - Kluke repetiu, irritada por eu não responder sua pergunta.

Transformei-me sem respondê-la primeiro, porém vi que ela já grudava o telefone na orelha e indagava Faith sobre o que estava acontecendo.

Corri o mais rápido que eu podia até os Estados Unidos.


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Notas finais do capítulo

Avisos nas notinhas iniciais.

Mandem reviews, favoritem, recomendem...
Beijoooos


p.s. ainda aceito sugestões de títulos para os capítulos
p.s.2. Finalmenteeeeeeee o Nathan nasceeeeeeeeeeeeeeeeeu! (a história inteira a menina está grávida!)



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