Imprinting escrita por Mila


Capítulo 29
Cada louco com sua mania


Notas iniciais do capítulo

Oi, voltei.
Vou tentar postar sempre um capítulo por semana, porque a história começou há muito tempo e ainda vai demorar para acabar tra-lá-lá.
Tra-lá-lá? Nossa, eu tinha um xampu com esse nome! KKKK
Ok. Leiam a história que compensa mais.



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LUKE

—SALVE-SE QUEM PUDER! - Madson gritou, antes de sair correndo.

Essa teoria não funcionava comigo, porque eu tinha que salvar Madson.

Quando o pai dela e minha mãe vieram para cima de mim - Só faltava as tochas, sério. - a mãe dela começou a jogar as frutas da fruteira em cima dela, que usou Drake como escudo e depois fugiu; então eu passei pela minha mãe e pelo meu sogro como um jogador de futebol americano para alcançar - e salvar - Madson.

—Como assim você não me contou que casou? - gritou minha mãe.

—Como pode fazer isso com a minha filha, moleque? Ela merecia um casamento digno!

—O cartório é lugar de gente direita. - expliquei. O punho dele voou em minha direção, e eu me esquivei. - Não é?

—O que você fez com minha filha?

—Eu só casei com ela... É uma coisa boa, não é?

Minha mãe socou meu ombro.

—E não nos convidou!

—É foi mal. Talvez outra hora.

Fugi dos dois e corri para o lado de Madson, atrás do balcão da cozinha, que se escondia das frutas e "qualquer coisa que tivesse na frente de Lucy" que a mãe dela atirava em sua direção.

—Pega, mãe! Pega ela! - Mia incentivava, enquanto jogava até as chaves de cima do balcão em cima de Madson.

Escorreguei para o lado dela atrás do balcão.

—Tudo bem aí?

Ela pegou minha mão.

—Sério? "Tudo bem"? Nós vamos morrer, Luke!

Quando alguma coisa indefinida passou voando por nossas cabeças, Madson gritou:

—Eu estou grávida! Vão mesmo matar uma grávida? Isso é crime! O seu netinho, mãe!

—Não envolva meu neto nessa história! - Lucy berrou.

—Não dá! - ela reclamou. - Ele está dentro de mim!

—Não para, mãe. Madson continua falando! - Mia incentivou.

Quando o ataque de tudo que estava em cima do balcão mudou para o resto da casa, Madson voltou a gritar:

—Vocês vão matar Garry! Coitadinho do Garry. Pequeno Garry... Matariam seu próprio neto? O primeiro neto?

—MATA ELA! - Mia urrou.

Levantei rapidamente, com as mãos estendidas.

—Espere. Podemos conversar!

—Não. Não podemos! - respondeu o pai de Madson.

—É! Cala a boca, Luke! - minha mãe gritou e jogou seu sapato em minha direção. Ele acertou meu peito antes que eu conseguisse me abaixar.

—Você está bem? - perguntou Madson, colocando a mão em meu peito, assim que me agachei ao seu lado.

—Vou sobreviver. - respondi com uma careta.

—O que fazemos?

—Uma hora os objetos da casa vão acabar.

—Ah, então vamos esperar eles jogarem os móveis? - ela rebateu, a mandíbula cerrada. - A questão é: Será antes ou depois de morrermos?

Madson pegou a primeira coisa que encontrou no chão - um mini relógio cuco - , e jogou por cima do balcão.

—Não! Meu rosto não! - choramingou Joshan. - Tenho um comercial de pasta de dente para fazer na semana que vem!

—Acho melhor você substituir o comercial por um que fale de plásticas. O negócio ta feio mesmo. Mei nojentinho— ouvi Tyler dizer. Logo em seguida Joshan soltou um lamento e saiu correndo.

—Amor! - Mia foi atrás dele.

Kluke e Tyler caíram na gargalhada.

—Ótimo. - falei para Madson, e nós batemos os punhos. - Menos dois. Só faltam três.

—Carga máxima?

—Afirmativo.

—Permissão para matar?

—Permissão concedida. - disse firmemente.

—Qual é o problema de vocês?

A voz, vindo de nossas costas, nos vez pular de susto. Era Drake.

—Atacar intruso? - Madson perguntou, ainda no estilo "Capitão América", ou sei lá o que.

—Madson... Já deu.

—Ah, ok.

—O que você está fazendo aqui atrás, Drake?

Ele me olhou como se eu fosse anormal.

—A geladeira fica aqui. - explicou, deu de ombros e atacou a geladeira.

De repente, uma almofada atingiu a cabeça de Madson. Ela se levantou.

—Sério? Uma almofada? Vocês não têm mais nada que in... Aicarambaotelefone!

Puxei-a pelas pernas antes dela ser atingida por qualquer coisa.

Você quer morrer? — exclamei enquanto abraçava-a.

—Ai, Luke. Me larga. Está me sufocando. Quer me matar? — quando a soltei, ela bufou e olhou para o telefone espatifado no chão. - Legal. Era novo. E eu querendo economizar.

—Pelo menos a conta de energia sai mais barata esse mês.

—Energia! - ela exclamou de repente quando teve uma ideia.

Ela levantou-se rapidamente, bateu o dedo no interruptor e tudo ficou preto. O ataque de coisas parou. Algo pegou minha mão e instintivamente soube que era Madson.

—Qual é o plano? - cochichei.

—CADÊ O BOLO? DROGA! QUEM APAGOU A LUZ? - Drake gritou de algum lugar próximo.

—A porta é logo ali. É só desviar do balcão engatinhando e saímos. Fim. - ela respondeu.

—Acha que consegue engatinhar?

—É o único jeito que consigo subir as escadas!

—Você desceu correndo!

—Descer é outra coisa completamente diferente.

—Onde acendo a luz nessa casa? - perguntou Lucy.

Bufei.

—Eu vou na frente. - disse. - Não saia de trás de mim.

—O.K. Vai!

Tateando o chão, fui empurrando para longe todos os "destroços da guerra", mas mesmo assim, meu joelho conseguiu afundar-se em coisas pontudas, tipo um abacaxi. O que um abacaxi estava fazendo nessa casa? Não sabia que éramos saudáveis...

—Ai. - Madson reclamou, de algum lugar atrás de mim. - Um abacaxi!

—É. Cuidado.

—Valeu. Muito útil sua dica agora que minha mão está sangrando.

Parei.

—Sua mão está sangrando?

—Ai! - a cabeça dela bateu em minha bunda. - É modo de falar! Continua andando. Eu estou bem, só não sei se posso dizer o mesmo do abacaxi.

—Certo... - disse enquanto pensava em quem usava "minha mão está sangrando" como modo de falar.

Então eu ouvi passos próximos de nós e engatinhei mais rápido.

—Já mataram el... - Algo bateu em minha cabeça com força, fazendo barulho, e a cabeça de Madson bateu de novo em mim.- O que? Por que está tudo escuro?

Mia acendeu a luz, e eu vi uma das coisas mais estranhas da minha vida. (Deveria me lembrar de apagar a luz mais vezes na casa de minha mãe, com todos os Lobos, só para ver o que aconteceria).

Primeiramente, eu estava de quatro, com uma porta encostada na minha cabeça, e uma cabeça encostada na minha bunda - Madson. Parecíamos cachorros nos cumprimentando. Bom, pelo menos foi o que pareceu que Mia pensou quando tentei ler a expressão dela.

Mas as outras situações que vimos quando a luz foi acesa também foram extremamente cômicas: Drake tinha feito um cesto com a própria blusa para guardar toda a comida que furtara e estava saindo pelas portas do fundo na ponta dos pés. Lucy segurava uma vassoura e, as cegas mal percebia que estava quase acertando seu marido. Minha mãe segurava seu outro salto baixo como uma pistola, e estava com os joelhos dobrados, como se fosse "atirar" a qualquer momento. Kluke e Tyler estavam de mãos dadas e quando a luz acendeu eles deram um passo para longe do outro rapidamente.

Fechei os olhos e bati a cabeça na porta várias vezes.

Fala sério.

***

Minha mãe e os meus sogros sentaram-se no sofá maior, enquanto eu me sentei no braço da poltrona que Madson estava. Joshan estava no banquinho do balcão, com Mia ao seu lado apertando gelo contra sua testa.

—Certo. - Lucy colocou um fio solto de seu cabelo para trás da orelha. - Vamos conversar sobre isso como pessoas civilizadas.

Tyler apontou para Kluke.

—Mas ela mora na floresta.

A campainha tocou.

—Tyler, sua ameba, cale a boca e vá pegar a pizza. - Madson disse gentilmente.

Quando ela disse isso, Drake largou o saco de pipocas que comia e se transformou em um suricato. Quer dizer, ele me lembrou muito de um suricato quando arrumou a postura, arregalou os olhos e olhou maníacamente para os dois lados como se estivesse com dor no pescoço.

Madson soltou um muxoxo.

—Vai. Estão esperando o que? - minha mãe disse. - Comecem a contar o que aconteceu.

—Aconteceu o que? Agora?

—Não, Luke! O casamento.

—Ah, está bem. - olhei para Madson, pesando minhas palavras com cuidado. - Foi depois do ultrassom, que descobrimos o sexo do bebê.

—No seu aniversário, Luke?

—Sim, mãe. Saímos tarde de lá... Estávamos felizes... E decidimos nos casar.

Kluke, que estava sentada no chão com os joelhos dobrados, apoiou os cotovelos nos joelhos e o rosto nas mãos e falou:

—Nossa, puxa, que interessante. Conta mais. - depois bufou. - Mentira. Isso é muito clichê. Uma chatice.

Isso é clichê? - perguntou Mia, um tanto enojada. - Ela nem usou vestido de noiva da Katrina Lecleur. Bem, não que Madson tivesse dinheiro para usar um vestido dessa estilista...

—Eu não queria usar um vestido de alguém que chama Katrina. Se eu tivesse um cavalo, e esse cavalo fizesse coco, o coco dele se chamaria Katrina. - Madson rebateu.

—Vamos nos concentrar no assunto? - pediu o pai das duas. - Então quer dizer que vocês casaram... de repente... sem combinar nada? Por livre e... bem espontânea vontade?

—Sim. - respondemos juntos.

—Por que? - disse Lucy.

—Ahn... Porque eu queria que Luke viesse morar logo comigo para me ajudar a cuidar de nosso filho.

Hm, resposta inteligente.

Comecei a balançar a cabeça para cima e para baixo várias vezes.

—Isso mesmo.

—Mas por que vocês não casaram antes, quando descobriram a gravidez?! - minha mãe perguntou.

—Não tínhamos tempo. - respondi.

—Um casamento bem planejado leve meses, talvez anos, para ser feito. Eu estava terminando a faculdade, grávida, não sabia se eu iria conseguir um emprego. Tinha que guardar o dinheiro que eu tinha para o bebê, não para um casamento! - Madson explicou.

—Mas vocês casaram! - a mãe dela exclamou.

—Mas não gastamos nada.

—Eu comprei as alianças. - notei.

—Tem alianças? - meu sogro ficou surpreso. - Onde estão?

—Oh! Nem teve um noivado! - Lucy grudou as palmas das mãos no rosto.

—Noivados são cafonas! - disse Madson.

Eu tive um noivado! - Mia protestou.

—Viu? - Madson exclamou, apontando para irmã enquanto encarava a mãe. - É por isso que noivados são cafonas!

—Tudo bem... Tudo bem... O noivado não é o mais importante. - minha mãe tentou ser racional e paciente. - A questão é o casamento. No cartório, vocês mudaram de nome, casaram com união de bens...? Temos que esclarecer essas coisas.

—Vou buscar as alianças. - Madson decidiu.

—Não. Eu vou.

Antes que ela pudesse sequer se levantar eu saí correndo na frente dela. Peguei as alianças no quarto e desci novamente.

Não demorei muito lá em cima, mas Madson já respondera as questões que minha mãe fez antes de eu subir.

Dei as alianças para meu sogro que as analisou com os olhos semicerrados por um momento, para então passar para Lucy, ao seu lado.

—Ouro. - ele constatou.

Minha mãe suspirou.

—Como conseguiram fazer tudo isso em uma noite?

—Não sei. - confessei.

—A gente estava meio lelé. - Madson fez uma careta constrangida.

Ela apertou os olhos.

—Não estavam bêbados, estavam?

Lucy arfou.

—Não! - tratei logo de responder. - Claro que não. Tivemos consciência do que fizemos. É que nós... já somos meio loucos.

Meio? - Mia riu ironicamente e apertou mais o gelo contra a testa de Joshan que reclamou.

Depois que todos viram, nos devolveram as alianças.

Madson suspirou.

—Problema resolvido?

Lucy apontou seu indicador para ela.

—Mas vocês vão casar depois. Com vestido, convidados, festa... Entendido?

Concordamos com um gesto de cabeça.

—Certo. - disse minha mãe.

—Podemos comer a pizza agora? - pedi.

Todos me olharam como se eu fosse louco. Qual é, derrubaram toda a lasanha em cima de mim! Estava com fome!

—O que foi? Se não nos apressarmos, Drake vai comer tudo.

As horas se passaram e o dia acabou em mais uma frase clichê e bobona: Então, tudo acabou em pizza.

***

MADSON

Quando todos foram embora e aquela baguncinha "básica" permaneceu em casa, eu decidi ignorar e dormir até o meio dia. Mas não aconteceu isso, claro, porque Madson não é nome de gente sortuda, é nome de gente destinada a ter uma vida anormal. Então eu passei a noite no banheiro vomitando aquela merda de pizza.

Eu já não estava com vontade de comer, mas Luke deu um piti e insistiu que minha alimentação era extremamente importante. Agora ele estava acordado, segurando meus cabelos enquanto a minha "importante alimentação" ia para a privada.

Depois da manhã torturante, a tarde passou mais tranquilamente com meu pacote de bolachas água e sal.

Luke, Mark e Thai - que queriam continuar a aposta - terminaram de pintar as paredes do quarto do bebê, e meu pai apareceu no final da tarde para ajudar a montar o berço, o presente dos meus pais para o primeiro neto.

Minha mãe veio junto - conhece a expressão "mala"? - e cuidou de mim, mesmo que eu já estivesse bem melhor.

Em si, o domingo passou tranquilamente, sem grandes incidentes. E com grandes incidentes, quer dizer que ninguém foi atingido por uma lasanha, ou pelos objetos da casa.

Mas ninguém encontrou o abacaxi em lugar algum.

***

Encontrar um pedaço rasgado de pano num montinho de adubo nunca antes foi um caos. Agora, segunda feira, no meio da floresta, com a temperatura baixíssima, eu preferia ter seguido o conselho de minha mãe e ficado em casa. Mas agora não tinha como voltar atrás.

Nellie havia ficado no laboratório analisando o pedaço de jeans, procurando por moléculas... qualquer coisa que ajudasse a resolver o mistério de como aquele pano foi parar ali e de quem pertencia.

Eu esperava ficar na "área de pesquisa" como Nellie, já que hoje o enjoo persistia e minhas costas doíam por suportar o peso da barriga. Infelizmente isso não aconteceu. Tive que ir para a floresta com Steve e o Dr.Hapborn, o velho que nunca aparecia (para você ver como as coisas estavam sérias) para mostrar - e ajudar a procurar, claro - o local onde eu recolhi a terra.

—Tem certeza de que é aqui, Madson? - Steve me perguntou após ter agachado ao lado do doutor para cavar com as mãos a terra fofa.

—Tenho sim. - respondi massageando as costas.

Eu não iria me agachar novamente e enfiar minhas mãos no solo. O que eu mais precisava era um remédio e minha cama.

Fiquei andando ali por perto para tomar um pouco de ar. Chutei algumas folhas secas do chão, imaginando que logo elas estariam acobertar pela neve do inverno.

Foi então que chutei algo duro. Como olhava para as folhas das árvores em cima de mim sendo agitadas pelo vento, não vi o que eu acabara de chutar. Aos meus pés, caído no chão, entre as folhas secas, um corpo sem vida.


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Notas finais do capítulo

HEHEHE, está ficando bom agora. Preparem-se para morrer de medo. Brincadeira, não é tão macabro assim, é mais dramático... por enquanto. Mas vai dar medinho... vai sim.


É muito feliz ver quantas pessoas visualizaram um capítulo, então se quiserem me deixar ainda mais feliz, comentem, marque em suas histórias favoritas, recomendem...
Beijos, até semana que vem, com sorte.



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