Imprinting escrita por Mila


Capítulo 27
Não


Notas iniciais do capítulo

Volteeei, feliz ano novo a todos!



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MADSON

—Que merda é essa?

No quarto do bebê, Kaio, Kluke, Tyler, Mike e Luke pintavam as paredes. Cada vez que Kluke passsava perto de Mike ela passa o rolinho de tinta pelas costas dele. Mark estava usando Thai como pincel gigante e pintava as paredes com ele. O resto ia atrás, retocando os estragos do pintor psicopata Mark.

Os sete pares de olhos se viraram para mim.

—Madson. - falou Luke.

—Você chegou. - observou Mark, constrangido por estar usando outro homem para pintar as paredes.

—Não. Ela está catalogando patos na Austrália ainda. - respondeu Mike, irônico.

—Austrália? - Kluke enrugou a testa.

—Patos? - confundiu-se Tyler.

—Não tem graça. - Mark decidiu-se.

—Isso tudo foi só para que eu não pintasse, Luke? - questionei.

Ele abanou com as mãos, sem saber o que dizer. A mão que segurava o rolinho de tinta ao ser abanada fez com que pingos de tinta voassem.

Suspirei.

Minha mente não estava funcionando muito bem hoje. Precisava urgentemente descansar.

—Tudo bem. Vocês terminam aí... arrumando os estragos. - dei uma olhadela significativa para Mark e Thai. - e eu vou fazer algo para comer.

Eles voltaram a se mexer, mais confortáveis.

Observei por mais um tempinho a bagunça daquele quarto. Bem, sempre tem a opção de usar um papel de parede.

***

Coloquei todo mundo para fora para comer, porque eu não estava afim de limpar a bagunça que eles com certeza fariam.

Eu estava sentada no degrau da varando com Luke ao meu lado, seu braço em meu ombro, me esquentando, mesmo que eu tivesse me embrulhado em um cobertor.

Tyler tinha vestido um moletom por cima da blusa e puxado o gorro para cima da cabeça. Com a boca cheia de pizza (Ah, você achava que eu iria fazer comida para todos aqueles sacos sem fundo?) falou:

Ue eda é ea e oceis ao eniem io e eo im?

—Tyler, mastigue e engula. - aconselhou Kaio.

Ele fez.

—Que merda é essa de vocês não sentirem frio e eu sim?

Thai hesitou antes de enfiar outro pedaço enorme de pizza na boca.

—O moleque não descobriu ainda? - ele jogou o pedaço de pizza na caixa dela, que por acaso estava em seu colo. - Ai, porra...

—Ele já descobriu sim, Thai. - falei. - Quando você e Mike começaram a brigar e se transformaram. Espera aí, agora que eu percebi! O que deu em você que toda hora fica intercalando briga entre os dois irmãos?

Mark olhou para mim sem entender, depois se lembrou que ele estava competindo com Thai e o usou de pincel, então abaixou a cabeça e abocanhou metade de sua fatia.

—Por que "Ai, porra"? - perguntou Kluke de olhos apertados.

Tyler fez que ia morder outro pedaço de sua pizza, mas decidiu falar de boca vazia primeiro:

—É porque ele me contou que quando vocês estão na forma de Lobo podem ouvir os pensamentos um dos outros.

—Agora você vai contar tudo para ele? - resmungou Drake.

—Desde quando vocês viraram amiguinhos? - perguntou Mike, ultrajado.

—O que é isso? - disse Kluke, dessa vez ela estava indignada. - Desde quando vocês viraram namorados?

Tyler cuspiu o pedaço de pizza.

—Opa. Opa. Opa. Que história é essa de amiguinhos e namoradinhos que incluíram meu nome?

Thai olhou para mim, desesperado.

—Qual é o problema desse garoto? Por que ele fica questionando coisas que já sabe?

Luke enrugou a testa quando olhou para ele.

—Por que você fica questionando coisas que já sabe? Qual é o seu problema, garoto?

Thai ficou um tempo em silêncio tentando entender o trocadilho de Luke. Tempo suficiente para Kaio roubar a caixa de pizza de suas mãos e para Drake e Mark roubaram mais fatias para eles. Até mesmo Luke pescou mais duas. Ele ofereceu uma para mim, mas eu fiz que não. Eu deveria ter comido uns três pedaços já, não aguentava mais, porém Luke tinha comido apenas uns seis, deixei ele ficar com o meu.

Vendo o desenrolar e o troca troca de pizzas em nossas mãos, Mike entendeu errado e comentou:

—Estão falando sobre o bebê?

Ele entendeu bem errado.

Todos os olhares se voltaram para nós.

—Ei. - falou Kluke, muito mais feliz pelo assunto ter mudado. - Já escolheram o nome?

Ão. - respondeu Luke de boca cheia.

—Acho que ele poderia se chamar Chris.

Apertei os olhos.

—Por que, Kluke?

—Porque pessoas bonitas chamam Chris.

Tyler arrumou o gorro na cabeça.

—Que pessoas bonitas?

—Pessoas bonitas. - exclareceu ela sem exclarecer muita coisa. - Tipo o cara que faz o Thor e o cara que faz o Capitão América. - ela mordeu um pedaço de sua pizza, mastigou e engoliu. Estendeu a palma da mão para cima em minha direção, para que eu concordassem com ela - Pessoas bonitas.

Virei para Luke.

—Ele poderia chamar Chris!

—Não. - foi sua resposta rápida.

—Então seu filho será feio. - Kluke declarou.

—Kluke, não exa... - ia comerçar a dizer, mas Drake me interrompeu:

—O bebê não vai ser feio, porque não chamará Chris. Vai ser feio porque é filho do Luke.

Luke jogou seu pedaço de pizza no irmão. Drake o pegou no ar e enfiou na boca.

—Não se preocupe, Drake. - falei, dando tapinhas em seu joelho. - O bebê vai puxar para mim.

—Ei! - Luke protestou.

—Bleh - fez Thai. - Kluke está errada. Outras homens são muito mais bonitos do que o Thor e o Capitão América e não chamam Chris.

—Ah, é? Quem? - ela riu.

Thai arrumou a postura.

—Eu.

Kluke se jogou no chão e rolou de rir.

Mike roubou a pizza dela rapidamente.

—Se... - a garota soluçou. - existissem ogros. - ela engasgou com a própria risada. - o rei deles se chamaria Thai.

Eu discordava completamente. Todos aqueles garotos era sexys demais. Nenhum deles era um ogro... pelo menos não por fora.

—Ahn... todos nós somos bombadões e imortais. - falou Mike. - Se é para alguém aqui ser um ogro é o Tyler.

—Cala a boca, idiota - Tyler respondeu, mas não teve muito efeito já que Mike gritou mais algumas coisas, como:

—Parece um espantalho esbudegado!

Kluke chutou a canela e Tyler esmurrou o ombro de Mike. Como eu um dia disse para ele... esse moleque não cansa de apanhar?

Kaio virou-se e perguntou para Luke:

—O que é "esbudegado"?

Ele deu de ombros, sem saber a resposta.

Kaio virou-se para Mike e repetiu sua pergunta.

Todos fizeram um estranho e incomum silêncio para descobrir o que era "esbudegado". Mike coçou a cabeça.

—Sei lá... Não! Já sei! - gritou. - O nome do bebê!

—Não. - todos disseram.

—Mas...

—Não.

***

LUKE

Quando todos foram embora - eu meio que tive que expulsá-los - e Tyler se trancou no banheiro para tomar banho quente (humpf, mortais), Madson somente jogou as caixas de pizza no lixo e bateu as mãos.

—Louça lavada. - ela disse feliz.

—O que quer fazer agora? - perguntei, puxando-a para mais perto de mim.

—Precisamos resolver algumas coisas, Luke...

—Deixa eu adivinhar... coisas do bebê.

—Sim, sim. - ela sorriu.

—Ótimo. Ele precisa de um nome.

—Ahn... é, claro. - ela respondeu de testa franzida. - Mas podíamos ir pensando em nomes enquanto... ahn, descobríamos o que tem dentro da caixa com as suas coisas de bebê.

Eu tinha medo do que encontrar quando abrir aquela caixa, mas eu tive um imprinting, minhas vontades não eram mais minhas prioridades.

—Tudo bem. - disse. - Fique aqui. Vou buscá-la.

Em pouco tempo subi e desci as escadas com a caixa de papelão cheia de coisas. Sentamos no chão e começamos a tirar as coisas lá de dentro enquanto dizíamos nomes masculinos que nem sempre nós mesmos gostávamos.

—Logan. - disse ela.

—Não.

—Ah, que bonitinho! - ela disse quando tirou algo da caixa. - Olhe, Luke! É um sapatinho. Era seu?

Segurei o minúsculo tênis na palma da minha mão.

—Ahn, eu não lembro.

—Bem, ou era seu ou de Drake. Vocês não vão usar mais isso, não é mesmo? Vai servir para o bebê.

Puxei um tecido de dentro da caixa.

—Luke. - disse. - Junior.

—Não, senhor. Deixe-me ver isso.

—Acho que é um lencinho. - tentei descobrir o que era aquilo.

Madson ergueu o olhar para mim, constrangida.

—É uma fralda de tecido.

—Ah.

—Não vamos precisar disso, não é? Compramos descartáveis. Ahn... Eric?

—Não tem uma pessoa com esse nome já?

—Há muitas pessoas chamadas Eric. - ela disse. - Ah, opa. Tem o meu amigo. Não sei porque eu disse isso...

—Ei, olha isso, meu álbum de fotos!

—O seu álbum de bebê? - ela engatinhou até onde eu estava e sentou-se ao meu lado, encostada em mim. - Será que sua mãe sabe que está aqui? Acho que ela não daria isso embora...

—Mathew?

—De jeito nenhum.

—Vamos dar uma espiada no álbum. - abri a página e dei de cara com duas fotos: um bebe moreno e minúsculo nos braços de uma mulher jovem. A segunda foto era um homem alto e também moreno carregando o mesmo bebê da primeira foto. O bebê era eu. No mesmo instante um caroço se formou em minha garganta.

—Ei, essa é sua mãe. Esse é você! - Madson riu. - Então esse é o seu pai... - sua voz abaixou.

—Tudo bem. - disse, mas virei a página.

—Sabe Luke, o segundo nome do nosso filho poderia ser o do seu pai... em homenagem a ele.

—Não precisa. - falei.

—Mas eu gosto de...

—Eu não quero.

Ela ficou em silêncio por um tempo, senti seus olhos em mim, até ela falar:

—Está bem... - ela abaixou os olhos para o album.

—Desculpe. Não queria falar desse jeito.

—Tudo bem, Luke. Vamos mudar de assunto.

Assinto.

—Gabe?

—Eca... Andy?

—Não, senhora Hunt. - brinquei.

Ela riu.

—Pelo menos sabemos o sobrenome de nosso filho.

—Mason?

—Nananinanão. Ei, espere!

—O que? Gostou mesmo de Mason? - Droga, por que eu fui abrir a boca.

—Não! - ela respondeu rapidamente. - Claro que não.

—Ufa.

Folheei as páginas do álbum mais aliviado.

—É que me veio à cabeça... - Madson pensou em voz alta. - As linhagens dos Lobos têm que ter nomes de índio?

Olhei para ela com a testa enrugada.

—Ahn?

—É que... Ahn... - ela corou. - Vocês têm... O nome precisa ter alguma letra de índ... quer dizer, específica?

—Específica como?

—De índio?

Eu ri.

—Índio?

—Tá, esquece.

Fiquei com vontade de fazer mais perguntas, mas decidi ignorar.

—Olhe, é o Drake! - apontei para uma fotografia do album em que um garotinho chorava. - Nesse dia, um pouco depois dessa foto, ele fugiu e se perdeu na floresta. Tinha seis anos.

—Por que ele fugiu?

—Ele não queria tirar foto.

Madson tentou segurar o riso, mas não conseguiu.

—Desculpe.

—Está vendo essa foto aqui? - apontei para a foto de baixo, onde outro garotinho sorria de braços abertos. - Eu queria tirar foto.

Madson riu mais um pouco.

—E quem é essa de maria-chiquinha?

—É a Kluke.

Ela me olhou atentamente e então falou:

—É sério. Quem é essa?

—É a Kluke! - eu ri. - Ela tinha dois anos. Gostava de usar o cabelo assim, porque ele não fica caindo no rosto dela. Mas ela logo sujou essa roupa... quando foi comer o bolo.

Madson não parava de rir.

—Vamos, me conte mais, Luke.

—Se a senhora insiste - brinquei. Virei a página do álbum. Bati o olho na foto e fechei o álbum rapidamente. Essa foto não; um motivo: cabelos. - É... Acabaram as histórias.

—O que? Como assim? O que você está escondendo de mim, ein, Luke?

Ela tirou o álbum de minhas mãos e procurou pela foto até que a achou: eu aos meus quinze anos com cabelos longos indo até os ombros. É, droga.

Madson até mesmo cobriu a boca com a mão para não rir alto, porém não adiantou: Ela começou a gargalhar.

—Você tinha cabelão!

—Não é... É. - confessei de uma vez. - Ta bém, pode rir.

Ela riu.

—Desculpa, Luke. Mas não fica assim não. Eu também aprontei muito quando tinha quinze anos: Na formatura da minha irmã, vi três meninas brigando e joguei meu sapato nelas. Aí sim elas começaram a brigar!

—Mas você não tinha um cabelo esquisito.

—Luke. - ela me cutucou. - Eu era esquisita.

Eu ri.

—Tudo bem, empatamos: Também aprontei quando tinha minhas ameixas...

—Madeixas. - ela corrigiu, rindo.

—É, isso aí. Sou um homem, não espere essas palavras... femininas de mim.

—Certo. - ela riu. - Continue, homem.

—Fugi de casa uma noite com Drake e Mark para ir assistir um filmes... para maiores de dezoito anos. Como não podíamos comprar os ingressos, entramos pelas portas de emergência. Quando o lanterninha me pegou, depois que assistimos metade do filme, Drake jogou um pote de pipoca em cima da cabeça de uma mulher e gritou "Guerra de comida!". Drake e Mark corriam por todos os lados no cinema jogando saquinhos de katchup, o que distraiu o cara para eu dar uma cotovelada nele e sair correndo. Não posso entrar naquele cinema até hoje.

Ela riu e depois gemeu, levando a mão à barriga.

—Ele chutou!

—Sério? - coloquei a mão na barriga dela e senti os chutes. - Caramba, acho que ele se inspirou!

—Seremos pais desnaturados. - ela riu. - Péssimos exemplos para nosso filho.

—Não podemos mais dizer essas coisas na frente dele.

—Nunca! - ela concordou.

Ficamos um tempo em silêncio, eu com a mão na barriga dela sentindo-o chutar.

—Kevin? - Madson sugeriu.

—Não.


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Notas finais do capítulo

Beijos.
Quero comentários, amiguinhos.
Até!



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