Imprinting escrita por Mila


Capítulo 23
Já era


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Pudim
Tá, parei.



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POV. Madson

O braço de Luke me enlaçou e me puxou para perto quando deitamos na cama.

As 23h54min da noite a casa estava silêncio. Tyler tinha dormido sobre a mesa da cozinha, uma mão ainda segurava a colher que mexia o cereal da tigela e a cabeça tinha caído em cima de um gibi aberto. Cutuquei-o, belisquei-o e gritei para que ele acordasse, mas nada aconteceu. Estava quase desistindo e deixando o meu irmão mais novo dormir do lado de uma tigela de cereal com leite quando Luke pegou-o nos braços como se ele pesasse uma pena e colocou-o na cama dele no quartinho de visita improvisado. Fácil.

Mas esse não era o único motivo do silêncio.

Eu tinha casado.

Eu casei há uma hora.

Ainda não tinha entendido muito bem isso.

Eu casei?

–Eu casei? - repeti meus pensamentos em voz alta.

Luke, ao meu lado, enrugou a testa, numa careta de dor.

–Nós casamos.

Segurei minha cabeça.

–Por favor me diga que não tivemos uma lua de mel.

Ele olhou para o relógio no criado-mudo.

–Não... Não tivemos tempo para uma lua de mel. Depois do médico, tivemos uma conversa parecida com: "Vamos ter um filho. Precisamos nos casar" e "Tá bom. Vamos nos casar" e fomos para o cartório. Casamos. Assim. Eu te comprei uma aliança. O cara gravou nossos nomes nela na hora.

–Hora... Isso foi há uma hora. - murmurei. - Luke... Nós nos casamos!

Ele me observou.

–O que foi que nós bebemos?

–Nada... - murmurei, minha voz baixinha. - Pior que nada.

–Já somos loucos por natureza.

–Sim...

–Vamos ter um menino!

–Estamos felizes... e decidimos nos casar! - tentei achar alguma lógica nesses últimos acontecimentos.

Ele abriu bem os olhos, afastando o sono.

–Deixe eu ver sua aliança.

Entreguei minha mãe esquerda para ele.

–Ouro...

–É bonita. - eu disse, agora um pouco mais consciente do que acontecia.

–Desculpe por não economizar nosso dinheiro.

–Tudo bem... - respondi. - Luke?

–Sim?

–É seu aniversário.

Ficamos em silêncio por um tempo, as últimas informações repercutindo em nossas cabeças. Luke comentou seus pensamentos:

–É meu aniversário, descobri que serei pai de um menino e me casei.

Inspirei e expirei. Sabiamos que estávamos ferrados. Nossas mães iam nos matar, mas meus olhos já grudavam de sono e eu não conseguia pensar em mais nada.

–Feliz aniversário, marido. O garotinho aqui também te deseja o mesmo... e deseja dormir. Vamos dormir, marido?

Tão sonolento quanto eu, que é a mesma coisa que estar mais dormindo que acordado, Luke concordou:

–Vamos. Vamos dormir, família.

*****

POV. Luke

Madson permanecia com a mão esquerda, a que tinha a aliança, no bolso do jeans para ninguém ver. Minha mãe e os pais dela não podiam descobrir sobre isso. Uma hora eles iriam descobrir, mas não agora.

Como eu pude me casar de repente? Será que eu pedi a mão de Madson em casamento? Será que isso era importante?

–Então? - perguntou mamãe, ansiosa.

Ela, Kluke, Mark e Mike decidiram vir com ela para minha casa, para descobrirem o resultado do ultrassom. Drake também estava conosco, mas ele não veio por livro e espontânea vontade... Ou seja, mamãe arrastou-o, como se faz com um cachorrinho.

Madson olhou para mim, sorrindo.

–Conte, Luke.

–É um menino! - falei.

Minha mãe fez um "O" bonitinho e veio nos cumprimentar. Enquanto abraçava-a e ouvi-a sussurrar perto de mim que eu seria pai de um menininho - coisa que ela repetiu várias vezes - consegui escutar Kluke falando.

–Isso! - ela exclamou. - Ganhei.

Mamãe me soltou e foi abraçar Madson. Drake cumprimentou Madson e me ignorou. Mark aproximou-se de mim e deu uns soquinhos na minhas costas.

–Sorte a sua, cara. Você não conseguiria ser pai de uma garota.

Xinguei ele. Nada demais, estávamos rindo.

Olhamos para Kluke, ela sorria, vitoriosa, e apontava para o nariz de Tyler, dizendo:

–Você perdeu.

–É. - ele falou, chacoalhando os ombros. - Não é uma menina. O que eu vou ter que fazer?

–Sempre que as pessoas falarem com você, você terá que responder e dizer a última palavra que ela disse. O.K?

–O.K. - ele murmurou, depois ajeitou a postura e falou: - Ah, é assim que funciona?

–Sim, mas você não pode fazer perguntas.

–Tá bom.

–Tyler! - Kluke o repreendeu. - Você não pode falar nada. Só pode dizer a última palavra que a pessoa disse.

–Mas já começou?

–Sim!

–Então... Sim. - ele falou.

Mike começou a rir, enquanto Kluke explicava de novo que ele não podia falar o "Então..."

–Está ferrado! - riu ele. - Quem mandou apostar que iria ser uma garota?

Tyler o fuzilou com o olhar.

–Ou, espere. - disse Kluke de repente. - Você também apostou.

Mamãe e Madson, depois de se abraçarem, ficaram observando a cena dos mais novos da família.

–Tsc, tsc... - fez mamãe observando eles.

Voltei minha atenção novamente àquela conversa maluca.

–Você também apostou. - lembrou Kluke. - E perdeu.

–Mas eu disse que seria um menino!

–Disse que seriam gêmeos! - observou a garota, com aquela nota de ironia e raiva sempre presente em sua voz.

Madson bufou e resmungou algo como "me chamou de gorda".

–Gêmeos. - concordou Tyler.

–Isto inclui um menino!

–E uma menina!

–Menina!

–Você perdeu, Mike. - falou Kluke balançando a cabeça. - Tem que pagar a aposta.

Ele ergueu as mãos e soltou-as do lado do corpo, num movimento exagerado de "como assim?".

–Você perdeu. - Kluke falou novamente.

–Perdeu. - concordou Tyler, rindo do amigo.

–Ah, legal. - ele resmungou. - O que eu tenho que fazer? Repetir as últimas palavras, assim como Tyler?

–Não... Eu peguei leve com o Tyler. Você não merece a mesma punição.

–Ah! Vai se f...

–Mike! - reprendeu Sally.

–Eu disse que seria uma menina e um menino. Eu só tenho que pagar metade da pena. Você não pode me humilhar mais do que está humilhando o Tyler!

–Tem um manual de regras? - Kluke perguntou de vagar, arranjando calma e paciência de algum lugar tão rapidamente que até me assustou.

–Não, mas...

–Então cala a boca. - ela se decidiu.

–É...! Cala a boca. - fez Tyler.

Kluke olhou para ele.

–Você não pode....

Ele ergueu as mãos se desculpando.

–Tá bem - ela disse lentamente, e voltou a falar com Mike: - Tudo o que você falar terá que ser cantando.

Mark desatou a rir, e Tyler começou a rir loucamente.

–Se fu...

–Tyler! - as três mulheres da casa - Kluke, Sally e Madson. - exclamaram. Por motivos diferente, claro.

–Você ainda não aprendeu como funciona? - perguntou a mais nova.

–Como funciona. - ele repetiu, envergonhado.

Kluke balançou a cabeça e resmungou algo como "por que eu fui fazer isso?".

–Você entendeu, Mike? Tudo que falar tem que ser cantando.

–Não! - ele estrilou.

Nãaaaao!– cantou Tyler enquanto ria.

Kluke bateu palmas.

–Muito bem, Tyler. Assim que se faz! Viu, não é tão difícil? Só tem que prestar atenção e ser esperto.

–Esperto. - ele concordou e deu uma piscadinha.

Kluke ficou momentaneamente sem jeito, mas conseguiu disfarçar bem e virou-se novamente para Mike e disse:

–Viu? Você tem que fazer assim.

Minha mãe pigarreou.

–Então, crianças, não vão parabenizar Luke e Madson?

Houve um momento de silêncio.

Nós ficamos esperamos com um sorriso amarelo estampado no rosto.

Drake estalou a língua e Mark fingiu uma tosse para quebrar o clima. É... Não adiantou.

O olho esquerdo de Kluke pulsava maníacamente. O que? O que deu nela? Alguém disse alguma coisa que a tenha ofendido? Mamãe só cobrou que eles cumprimentassem... Ah! Ela incluiu Kluke em seu "crianças".

Tyler esperava, desconfortavelmente, pela atitude de alguém para que ele pudesse repetir as mesmas palavras. Ninguém se levantou do sofá. Mike estava contando nos dedos e resmungando melodias.

Estranho.

Pessoas estranhas.

Tudo estranho.

Então Tyler se levantou.

–Madson.

Ela olhou para ele, assustada por seu gesto repentino.

–Oi?

–Oi. - ele repetiu.

–Tudo bem?

Pelo seu olhar enraivecido... muito enraivecido, ele queria dizer muitas coisas. Inclusive bater em algumas pessoas.

–Bem. - bufou.

–Bem mal pelo jeito. - observou Madson. - Kluke, isso não vai dar certo!

De repente, a garota saiu do transe, demorou alguns segundos para processar a informação que mal tinha escutado e então sorriu maquiavelicamente.

–É essa a intenção.

Tyler olhou para Madson e deu de ombros.

–É essa a intenção.

Sorri para ele e bati em seu ombro.

–Valeu, cara.

Madson enforcou o irmão mais novo num abraço.

–Ah... baixinho!

–Baixinho? - ele repetiu, irritado.

–Tudo bem... Você já está quase do meu tamanho.

–Ele já te passou, Madson. - observei.

–Não precisa me humilhar. - ela respondeu e enforcou mais um pouquinho Tyler para logo soltá-lo.

O garoto afundou no sofá, ao lado de Kluke.

–Mike... Você não vai cumprimentar o Luke e a Madson? - perguntou Mark. Sua boca estava repuxada para um lado, um sorriso malvado e divertido.

–Vai se fu...

Kluke beslicou o garoto ao lado dela.

Ele gritou.

–Cante. - ela rugiu.

Mike fez uma careta de contragosto, como se estivesse mordendo sua língua. E então ele cantou, em ritmo natalino:

–Vai se fuder. Vai se fuder. Lá, lá.LÁ! Lá, lá!

Kluke levantou-se do sofá e veio me abraçar. O que?

–Obrigada! - ela ria, sem parar. Quando se afastou vi lágrimas transbordando de seus olhos e um sorriso rasgando-lhe o rosto. - Obrigada por mandar o cromossomo Y.

Mark engasgou de repente.

–Não vamos falar sobre isso. - decidiu Drake depois de fingir que estava vomitando.

–Isso. - concordou Tyler, afundando no sofá.

Kluke ergueu o olhar do colo de repente.

–Tem comida?

Madson franziu a testa, pensativa.

–Miojo?

Kluke também franziu a testa, como se imitasse Madson.

–Com queijo ralado?

–Bom. - disse Madson e bateu as mãos umas nas outras. - Mas alguém quer?

Eu, Mark e Drake erguemos as mãos, envergonhados. Mike ergueu as duas mãos e quase pulou sentado.

Cooooooooooooom – cantou Mike. - fome eucomoqualquercoisa! AAAAAAAAAAh ha-há!

Mark, Drake, Kluke e Tyler explodiram em gargalhadas e a garota comentou algo como "amo muito tudo isso". Pelo canto do olho vi minha mãe apertar o topo do nariz com o polegar e o indicador e fazer "tsc, tsc, tsc..."

*****

POV. Madson

Minha mãe não demorou para ter a sua intuição de "preciso ligar para minha filha. Ela deixou de me contar alguma coisa" e conversamos gritando por telefone. Não foi uma gritaria de briga, mas sim de... de... de gente estúpida mesmo. Quando eu contei para minha mãe que sabia o sexo ela gritou comigo, dessa vez foi uma gritaria de briga. Depois eu contei para ela que era um menino e ela gritou de novo, em seguida gritou o nome de meu pai, para chamá-lo. Aí eu escutei meu pai gritando "O que foi, mulher?" e gritar novamente um "uh!" quando lhe contei que era um menino.

Não sei como não fiquei surda.

No dia seguinte fui trabalhar. O dia pareceu passar-se o mais lentamente possível.

Spencer, um bioquímico que trabalha comigo, que tinha mais ou menos uns trinta anos (mas menino sempre tem uns dez anos a menos que sua idade verdadeira), tomou toda a minha atenção - e impaciência - ao me contar a biografia de Berzelius, um químico de séculos atrás.

Foi o dia mais longo e mais chato a minha vida.

Luke foi me buscar no final do dia de taxi, o que me surpreendeu bastante.

Durante a viagem de taxi, fiquei tentada a lhe perguntar quando compraria um carro para nós, mas desisti quando lembrei da loucura que fizemos há duas noites: Nos casamos. Se eu pedisse era bem provável que ele comprasse um carro. Como eu ia dizer para nossas mães que compramos um carro quando nosso filho ainda nem tinha roupas... nem nome. Hum... precisava pensar nisso.

Tyler também estava no taxi e não pareceu nem um pouco feliz em ficar no banco do meio, entre mim e Luke.

Enfim, chegamos a casa de Sally para passar o finalzinho da tarde lá. Ela tinha feito torta, e os Lobos e a grávida aqui não dispensavam torta.

Sentamos nas mesas de piquenique que fizemos o aniversário do Luke. Dessa vez tinha pouca gente. Só eu, Tyler, Sally e a alcateia... se isso for pouca gente.

O clima estava gelado já que era final de tarde e começo de inverno, a torta estava quentinha, o sol se punha entre as árvores de copa verde, segurava a mão de Luke por de baixo da mesa e alguém soltou um pum.

Tampei o nariz com a mão.

Mark instantaneamente deu um soco em seu irmão.

–AI! - Mike reclamou meio cantarolante.

Tyler enfiou o nariz dentro da gola da blusa e Kluke abanou o ar.

–Isso é mesmo necessário, Mike? - Sally franziu o nariz.

–NÃO FUI EEEEEEEEEU! - gritou o garoto.

Thai, ao lado dele, riu. Sua risada que é sempre esnobe.

Mike arregalou seus olhos para ele.

–FOOOOOI VOCÊEE! - ele gritou o que pareceu uma ópera.

–Eu não de fazer esse tipo de coisa!

Kluke fingiu uma tosse.

Catinga desgraçada!

Mike esmurrou o peito de Thai.

Então o clima mudou.

–Ei! - falou Luke.

Thai se levantou. Mike também. Um empurrou o peito do outro. Luke soltou minha mão e se levantou.

–EI! - gritou.

–Meninos... - Sally falou, apreensiva.

Mike mirou um soco na cara de Thai, que se esquivou. O garoto mais novo tentou vários socos, mas sem resultado certeiro: Thai continuava se esquivando. Ele ia indo para mais longe a cada tentativa de Mike.

Em pouco tempo eles já estavam no meio da clareira e começaram tremer.

Luke pulou o banco e foi se aproximando deles a passadas largas e furiosas.

–EI! - falou pela terceira vez.

Mike ameaçava o mais velho cantando.

–O que é? - falou Kluke com uma nota de humor em sua voz. - Eles vão fazer um duelo dançante? Iupi! Essa eu não perco! Preciso de torta...

Tyler riu da ideia dela.

Mark se levantou.

–THAI!

Esperamos em silêncio para ver Mark defendendo esse irmão.

–FAZ ESSE IMBECÍL CALAR A BOCA!

É... isso nunca iria acontecer.

–Meninos! - gritou Sally, também se colocando de pé. - Vão com calma. O que é isso? Que infantis!

–Só por causa de um pum? - pensei em voz alta.

–Um pum fedido. - Drake fez uma careta, como se se lembrasse do cheiro.

–E um irmão cantante. - completou Mark, se jogando no banco, apoiando os cotovelos na mesa e segurando a cabeça entre as mãos.

–E porque eles são retardados. - Kaio simplificou.

Tyler ponderou a ideia, como se concordasse.

Luke deixou escapar um rugido quando os garotos se curvaram, numa posição de ataque.

Oh, não. Gelei. De novo... só por causa de um pum?

Levei uma mão para baixo da barriga.

Então ouvimos o vento rasgar quando um enorme Lobo negro se lança no ar, destroçando as próprias roupas e rugindo. Mike também se transforma rapidamente e crava os dentes no pescoço de Thai.

Luke solta um palavrão.

Drake, Thai, Kaio e Kluke também deixam escapar alguns.

Ele olha para mim, como se perguntando se pode.

Olho para Tyler, seu rosto estava pálido e os olhos arregalados. Sim, ele tinha visto. Volta a olhar para Luke e confirmo com a cabeça. Ele já viu mesmo.

Agora já era.


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Notas finais do capítulo

Quero comentários super lindos porque meu aniversário é amanhã, terça feira, e eu mereço.
u_u
Beijos
XOXO



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