Imprinting escrita por Mila


Capítulo 2
Aluno misterioso


Notas iniciais do capítulo

JANEIRO



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MADSON

Era o primeiro dia de aula depois das férias de fim de ano, e todos os alunos, e até mesmo os professores, arrastavam-se pela escola, chateados por tudo ter começado de novo. Porém Ashley, minha amiga, apareceu pulando e sorrindo, como se não tivesse sido avisada com um "ei, as aulas voltaram, você tem que ficar triste".

–Sabe por que eu estou feliz? - ela me perguntou. Antes que eu pudesse responder, ela mesmo completa: - Porque faltam cinco meses para nos formarmos! cinco meses! Precisamos comemorar.

–Comemorar por que ainda temos cinco meses de aula? - eu pergunto, fazendo uma careta.

–Você está vendo pelo lado errado. Vamos sair e fazer alguma coisa?

–Sair? Quem vai matar aula? Eu to dentro! - Nick se intrometeu na conversa, aproximando-se de nós de mãos dadas com Maeva, sua namorada.

–Não vamos matar aula. - Ashley girou os olhos. - Vamos sair depois da aula. E... vem cá, quem te convidou?

Maeva jogou a cabeça para trás e riu alto, forçadamente.

–E onde vamos? - ela disse logo em seguida, não apenas se convidando, mas agindo como se já tivesse sido convidada.

–Vão aonde? - Alex apareceu, equilibrando alguns livros sobre os braços. Ashley imediatamente ruborizou com a presença dele ali, e se embaralhou com as palavras quando tentou se explicar. Eu salvei ela:

–Ainda não decidimos.

–Mas você vem, né? - ela falou rapidamente, incapaz de permanecer calada, mas se desorganizando. - Quer dizer...

–A Maeva e o Nick já se convidaram. - eu disse, interrompendo-a novamente, antes que passe por algum vexame. - Você pode se convidar também.

–Vocês se convidam para os lugares? - Luke perguntou. Ele era um aluno novo, entrara naquele dia na faculdade, e com seus cabelos desgrenhados e sua pilha de livros nos braços, parecia estar com dificuldade.

–É, cara. - Nick bateu no próprio peito com o punho, tentando parecer "machão". - Ninguém diz onde a gente pode ir e onde a gente não pode!

–É! - Maeva ecoou.

Luke ri. Ele deve achar que somos todos loucos. Que eu sou louca por andar com esses malucos. Não que eu me preocupasse com o que o aluno novo pensava de mim, mas... a primeira impressão é o que conta, não?

OK. Ele era alto, musculoso, moreno, tinha um sorriso lindo e seus olhos eram sempre confiantes, mas ele não era esnobe e arrogante (comum em garotos que sabem que são gostosos), ele era... confiante. Tem tudo o que faz uma garota, como eu, babar.

–Então... Eu posso me convidar também? - ele disse. Com isso, eu pensei: Se ele achou isso normal, também deve ter uns parafusos soltos.

–Claro, claro. - Ashley falou nervosa. - Onde vamos?

–Que tal naquele parque de diversões temporário? - Maeva sugeriu.

Esses parques de diversões temporários me lembravam de acidentes que viviam sendo noticiados em jornais e tevês, causados por brinquedos velhos e enferrujados, que muitas vezes não eram montados adequadamente.

–Com esse frio? - soltei como desculpa.

–Eu vi na tevê que hoje não neva. Não está tão frio para isso. - Alex informou-nos.

Todos concordaram em ir, e no final eu tive que ir com eles, pois não encontrei nenhuma outra desculpa para dar.

LUKE

Eu era péssimo em biologia, e não consegui acreditar que a garota por quem eu tive um imprinting, fazia faculdade disso. Consegui me enfiar no meio da faculdade com uma mentirinha esfarrapada que comoveu a diretora da escola, e assim conseguir ficar perto de Madson (esse é o nome dela).

Aguentar biologia por um dia foi difícil e eu não sei se era capaz de aguentar por muito mais tempo. Quando será que eu e Madson seríamos amigos o suficiente para que pudéssemos nos encontrar em qualquer lugar que não fosse na escola?

Seja como for, eu fazia o máximo que podia, até forçava a barra para ficar perto dela. Eu já estava disposto a me convidar para qualquer passeio que eles decidissem fazer antes de ouvir Nick, Maeva e Alex também se convidando. Esquisitos ou não, aproveitei a oportunidade, e fiz o mesmo.

Eu nunca tinha ido num parque de diversões "relâmpago", então não tinha muita ideia do que esperar encontrar, mas definitivamente eu não esperava encontrar tanta gente assim - a cidade não tinha nem metade das pessoas que estavam aqui, certeza.

Alex, Maeva, Nick, Ashley e Madson não paravam no mesmo lugar por muito tempo (para humanos eles eram bem rápidos). Eles acabaram se separando. Não foi ideia minha, nem de ninguém, mas eu fiquei com Maeva e Nick, segurando vela.

Afastei-me deles assim que percebi que estava sobrando. Andei pelo parque a procura dos outros, e encontrei-os na barraca de pipoca.

–Quer pipoca? - Alex me ofereceu com a boca cheia.

–Não, valeu. Estou sem fome. - menti. Estava morrendo de fome, mas não quis parecer mais invasivo do que já estava parecendo.

–Vamos na roda-gigante! - Ashley decidiu de repente. Ela agarrou a mão de Alex e saiu correndo, arrastando ele.

Percebi que estava sozinho com Madson.

–Acho que não fomos convidados. - ela disse com um sorriso amarelo, dando de ombros.

–Pensei que vocês se convidavam para as coisas. - eu sorri.

–Não para uma roda-gigante de um parquinho de diversões. Pelo menos, eu não. - ela disse e fez uma careta, como se não tivesse dito algo errado.

–Eu também não iria naquela roda gigante. - eu disse só para não ficar um silêncio estranho. - Parece que vai cair a qualquer segundo.

Ela não responde, apenas sorri.

–Quer dar uma volta? - perguntei.

–Claro.

Deveríamos ter dados apenas uns cinco passos, quando nossas mãos esbarraram, mas o que poderia ter sido algo, saiu errado. Ela deu um passo para longe de mim, assustada.

–Você é quente. Quero dizer, você está quente. É sério. Você está passando bem?

–Estou sim. Não é nada, tenho certeza. - respondi rapidamente.

Ela assentiu, mas continuou preocupada quando voltamos a andar. Não disse mais nada por um longo tempo, e eu também não soube o que dizer.

Legal. Vou passar mais dias tendo aula de biologia para consertar essa cagada.

MADSON

Enquanto caminhava em silêncio ao lado de Luke, procurei por Maeva e Nick, que sumiram, e fiquei pensando se eu e Luke seríamos as únicas pessoas do grupo a restarem no parque, já que Ashley brigou com Alex, porque, pelo que eu entendi, ele tinha medo de altura e vomitou durante o momento romântico deles.

–É impossível eles ainda estarem aqui.

–Quem?

–Nick e Maeva. Eles já devem ter ido embora há horas.

–Não era eles que estavam com o carro?

–Sim. - eu bufei. - Acho melhor irmos embora antes que comece a chover.

–Então é melhor corrermos. - ele disse assim que ouvimos um trovão - Vamos? - ele fez um gesto idiota com as mãos, agindo de modo medieval, mas cavalheiresco, ao me deixar ir primeiro.

Foi tão espontâneo que eu ri.

Cruzei as pernas, dobrei os joelhos e fingi esticar a saia, agradecendo do mesmo modo medieval e idiota que ele fez.

Caminhamos, andamos, corremos enquanto riamos e conversávamos. De repente a chuva começou, bem de mansinho, mas já aumentando o ritmo.

Então corremos.

Olhei para trás, vi o sorriso dele bem grande em seu rosto. Caramba, ele é rápido! Corre, Madson! Ordenei a mim mesma não deixando de rir. Mas ele me alcançou. Passou a mão pela minha cintura enquanto ele me contornava e parava ofegando na minha frente. Trombei com ele. Rapidamente dei um passo para trás e ri:

–Não é justo! Você é muito rápido!

Continuava chovendo sobre nós, mas eu não me importava mais, estava encharcada.

Notei que ele estava sério.

–O que foi? - perguntei. - Não estou magoada. Você é rápido, isso é bom!

–Desculpa. - falou Luke, nervoso.

–Pelo o que? - perguntei confusa. Enruguei a testa.

–Pelo o que eu vou fazer.

Não entendi nada do que ele dizia, talvez fosse pelo barulho da chuva, ou talvez, não fizesse sentido mesmo. O jeito que ele falava me deixou preocupada, como se ele fosse roubar ou matar alguém, sei lá, mas é claro que não faria isso - as vezes eu lamentava por ter uma imaginação tão fértil que chegava a ser idiota.

Não tirando minhas dúvidas, na verdade, só aumentando-as, ele me beijou.

Suas mãos enroscaram-se em minha cintura, e ele me puxou para perto. Lentamente passei minhas mãos pelo seu peito, parando na nuca e brincando com seus cabelos molhados. Sua pele era muito quente e parecia esquentar quanto mais o beijo ia aumentando o ritmo.

Eu já estava sem ar, devagar, e já me arrependendo, afastei-me.

Não falamos nada. Estávamos ofegantes.

Depois de um tempo, ele repetiu:

–Desculpe. Desculpa mesmo.

–Está se desculpando por me beijar? - disse recuperando o ar de meus pulmões. - Não se desculpe.

–Não. Desculpa por te colocar nessa.

–Nessa o que?!

Correndo, ele sumiu na escuridão da noite.


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Notas finais do capítulo

Beijocas.
Até os seus lindos comentários.