Imprinting escrita por Mila


Capítulo 17
Capítulo Bônus - Mais um


Notas iniciais do capítulo

Fiz esse capítulo bônus para vocês entenderem melhor o que está acontecendo dos lados dos vampiros.



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JAVIER

Com força, chutei uma latinha em meu caminho. Ouvi o barulho de metal se amassando, mas não liguei. Não me importava se Carrie descobrisse que eu saí de casa. Depois de que ela agiu daquela maneira, não quero ver a cara de minha irmã mais velha por um bom tempo.

Continuei andando, sem ter um destino certo. Só sabia uma coisa: Quanto mais longe... melhor.

Depois de muito andar, uma coisa me parou. Mais a frente, a uns cinco metros de distância, uma mulher estava sentada na calçada, chorando. Talvez por instinto, ou deve ser mesmo a curiosidade, fui guiado até ela.

—Ei. - chamei baixinho, tocando em seu ombro. Ela estava gelada. Imediatamente, ela levantou a cabeça e me olhou, assustada. - Não vou te fazer mal, afinal... Você já parece estar mal.

Ela se levantou e ficou me observando por um tempo.

Também não pude deixar de olhá-la. Ela era incrivelmente bonita. Seu rosto era claro, seu cabelo loiro era incrivelmente lindo e seus olhos eram castanhos... avermelhados. Um toque exótico, pensei.

—Posso te ajudar? - perguntei, hesitante. Caramba. O meu destino seria esse, então? Encontrar uma mulher bonita no meio da rua que precisasse especialmente de minha ajuda? O.K. Eu o aceito.

—Como se chama? - ela perguntou baixinho. Tinha uma voz suave, e eu me senti corar.

—Javier.

—É um nome bonito. - ela observou. - É um rapaz bonito.

—Ahn, obrigado. - novamente, eu tenho certeza de que estava corando. - Como se chama?

—Quantos anos você tem? - ela me ignorou, mas eu não liguei. Estava disposto a ajudá-la e atendê-la de qualquer maneira. Da maneira que ela quisesse.

—Dezenove. Daqui a um mês eu tenho vinte.

—Deve bastar.

Por um breve momento fiquei confuso. O que significava "deve bastar"?

—Ahn... Oi?

Ela deu um passo a frente, chegando perto de mim. Exclamei um palavrão que fez ela rir. Será que ela também estava afim de mim?

O dedo gelado dela fez um desenho em meu pescoço.

Muito bonito. - ela falou lentamente.

Ah, caramba, eu precisava dela. Precisava mesmo

Coloquei a mão na cintura dela com a intenção de puxá-la para mais perto de mim, mas não fiz isso, ao contrário. Ela estava muito gelada, que me assustou. Era uma noite quente, como ela conseguia ficar assim tão... fria? Como reflexo, tirei as mãos dela.

Ela riu, sonoramente.

—Javier, Javier, você saiu de casa durante a noite. Você é um menino maú.

—Posso ser o que você quiser. - soltei. Não tinha ideia de como falei aquilo na frente dela. Com outras garotas eu morreria de vergonha, mas com ela simplesmente saiu. Não consegui me controlar.

Novamente, ela riu.

—Isso é bom. Desde sempre. É um bom começo.

—Ele é perfeito. - falou outra voz doce. Virei minha cabeça e vi alguém surgir dar sombras. Outra mulher, morena, incrivelmente linda, também. Caralho, da onde elas surgiram? - É forte. É jovem. E fiel. - ela riu. - Ficará dentro dos limites.

—Já não temos o suficiente? -a minha loira perguntou para a morena sem tirar os olhos de mim.

—Não. Precisamos de mais. Precisamos deste. Ele sabe se comportar. Já basta aqueles rebeldes. Chet já está cansado de "controlar" aqueles desgovernados. Precisamos de mais como ele para estarem ao nosso lado na luta. Há muitos lobos. - a morena sibilou.

—Você não pode ter certeza. Você não esteve lá. Eu estive! Vi apenas dois.

—Há mais! - Molly exclamou. - Eles mataram Brooke, mataram Renier e Ághata também! E vão nos matar também se não formos mais rápidos.

Shiu!— a loira fez, e apontou para mim. - Está falando demais.

A morena, Molly, arrumou a postura.

— Faça logo.

Os olhos da loira, me encararam, como se estivesse decidindo o que fazer comigo.

—O que está esperando? Faça isso e será recompensada!

—Recompensada? - os olhos da loira brilharam e assumiram um tom completamente vermelho.

Recuei um passo.

O que era aquilo?

—Faça. - falou a morena, ela estava quase implorando por aquilo.

—Não sei, Molly. Não vou conseguir parar. - o indicador da mulher loira fez um caminho pela lateral do meu rosto. O frio espalhou-se por todo o meu corpo e me fez tremer. Pensei em fugir, mas não consegui fazer aqui. Deve ser a curiosidade, outra vez, que me fez ficar ali, esperando para ver o que aconteceria.

Um pensamento bobo e maldoso passou pela minha cabeça: Qualquer coisa era melhor do que ficar no mesmo apartamento com Carrie.

—Posso ser o que você quiser. - repeti minha promessa.

Se possível, os olhos da loira - vermelho vivos - brilharam com mais intensidade. Ela deu mais um passo em minha direção. Eu não me importava, pensei, era a minha chance de mudar de vida. Não iria deixá-la passar.

Seu lábios gelados encostaram na lateral do meu pescoço. Arrepiei-me inteiro e fechei os olhos. Coloquei minha mão no pescoço dela, não me importando mais com a temperatura, com a intenção de guiar seus lábios para a minha boca, mas não aconteceu isso. No mesmo segundo que sua pele fria desencostou se meu corpo, ela o mordeu.

Não senti minhas pernas e meus joelhos fraquejaram. Ela me segurou, fazendo com que eu ficasse em pé. Minha visão dançou. Algo estranho começou a percorrer meu corpo todo a partir do pescoço.

Ouvi a morena sibilar alguma coisa que poderia ser o nome da loira. Britney? Ashley? Devia ser algo com "ey", porque não ouvi o resto. Os cheiros, os sons e as imagens dançavam a minha frente, sem se conectarem.

—Pare! - desta, vez ouvi com todas as letras, porque foi um grito.

Então, a loira me soltou.

Caí de cara no chão. Pensei em me erguer, mas não tinha forças para aguentar o peso de meu próprio corpo. Conseguindo ver apenas o que estava no nível de meus olhos, ou seja, o chão, vi os pés das duas se mexerem na minha frente.

Venha... - falou a morena, e então só consegui captar algumas palavras: - sair daqui... antes que termine o trabalho.

—Desperdício.— falou a loira então. — ... Sangue derramado...

Observei o próprio chão que eu estava deitado. Estava deitado sobre sangue, muito sangue. Provavelmente, deveria ser o meu.

Foi então, que os ossos do meu corpo todo doeram, e os músculos pareceram se romper. Acredito que gritei de dor, mas não ouvi o próprio som da minha voz.

Comecei a pedir que a morte viesse mais rápido enquanto meu corpo todo se contorcia e meu sangue escorria pelas ruas desertas.

Os sons desaparecerem, em seguida os cheiros e finalmente minha visão ficou preta.

Meu coração deu um pulo gigantesco.

Esperei a morte, mas ela não chegou.

Quando recuperei os sentidos vi que ainda estava no chão. Quanto tempo havia se passado? Minutos? Horas? Talvez segundos. Aquilo tudo tinha mesmo acontecido? Lembrei que quando era criança Carrie me dizia para me beslicar sempre que tinha um pesadelo, para que eu percebesse que não era real. Ergui meus dedos e me apertei. Não foi um pesadelo.

Sentei-me. Senti uma leve dor atrás dos olhos, porém toda a sensação de mau estar anterior haviam sumido. Meus ossos se recuperaram do baque e meus músculos estavam rígidos como se eu tivesse passado uma década na acadêmia.

Se aquilo não era um terrível pesadelo e tivesse mesmo acontecido, como eu me recuperei de tudo tão rápido? Será que tinha mesmo acontecido tudo aquilo? Deveria ser um delírio meu, um devaneio comum. Devo ter bebido, batido a cabeça e desmaiado. É. Deve ser isso.

Então, instintivamente, observei meu ombro.

Uma mordida.

Ela me mordeu.

Não estava entendendo mais nada.

Minha garganta estava seca e eu senti uma estranha vontade de sair correndo. Mesmo não sabendo muito bem para onde ir, eu me levantei, como se já soubesse o caminho.

Voltei as ruas que percorri e entrei em casa, batendo a porta. Carrie desceu as escadas para ver quem era. Tinha um sono leve.

—Javier, o que você estava fazendo fora de...? - sua voz sumiu.

Agarrei-a, puxando para perto de mim e cravei meus dentes em seu pescoço.

Ela arfou e seus joelhos cederam. Continuei sustentando-a, enquanto bebia de seu sangue. O líquido desceu com gosto de metal pela minha garganta. Nunca antes pensei que metal tivesse um gosto tão bom. Quando sentia-a vazia, soltei-a.

Seu corpo sem vida caiu no chão. A expressão horrorizada continuava a mesma e sua pele tinha perdido a cor. O corpo estava magro. A pele marcava os ossos.

Passei a mão na boca, tirando o sangue de minha mão.

Senti alguém atrás de mim e me virei para ver a loira, com as mãos na cintura, me observando.

—Gostou? - ela perguntou, irônica. - Sei onde tem mais.

Confuso, cerrei os punhos. Não sabia ao certo o que deveria ser feito. Era tudo muito estranho. Eu matara minha irmã. Eu bebi seu sangue. Soltei um rugido baixo. A raiva ferveu dentro de mim e eu pulei em cima da loira.

Sem fazer muito, esforço, ela agarrou meu braço em pleno ar e me jogou de costas em alguns movéis. Não senti dor.

—Ei. Estou do seu lado. Há mais iguais a você. Não está sozinho nessa.

Ainda queria matá-la. Sentia-me incrivelmente forte, capaz de fazer isso sem a menor dificuldade, mas meus verdadeiros instintos me guiavam para fazer outra coisa: Do lado de fora passou um garoto de bicicleta. Desviei o olhar dele. Não. Eu não faria isso de novo. Não era esse tipo de vida que eu queria.

Eu era um assassino, um monstro, um...

—Vampiro. - ela falou, como se lesse meus pensamentos. - A princípio há muitas perguntas, mas a resposta para todas elas é esta.

—Vampiro. - sibilei. Horrorizado, levei minha mão ao peito. Meu coração já não batia mais.


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Notas finais do capítulo

Era para vocês acalmarem a ansiedade e me desculparem pela demora que foi o outro capítulo que escrevi e postei esse bônus, mas acabou que aguçando ainda mais a curiosidade de vocês, não é?
HIhihi
Foi mal
Beijocas
até meus COMENTÁRIOS ;D



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