Imprinting escrita por Mila


Capítulo 13
Grande Família


Notas iniciais do capítulo

Sente o duplo sentido no título, amorengos.



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MADSON

Drake não parecia nem um pouquinho preocupado com a minha fragilidade, ou melhor dizendo, o meu jeito zombie do momento. Ele me arrastou para fora do hospital dizendo alguma coisa sobre o cheiro dele.

Eu não conseguia pensar em muita. Sinceramente, nada parecia fazer o menor sentido.

Tinha um bebê dentro de mim e eu tinha vontade de vomitar. Vomitá-lo?

Por fora eu parecia uma debiloide que acabara de sair de um sanatório, mas por dentro as dúvidas me matavam.

Pensei em como meus pais reagiriam sobre isso, pensei na família de Luke e no próprio Luke. Me perguntava se e como terminaria a faculdade. Preocupei-me também com a criança. Será que eu seria uma boa mãe? Com que dinheiro eu cuidaria dela? O que ela acharia de mim? O que todos achariam de mim agora? Como seria essa gravidez e o parto também eram imagens turbulentas que corriam como diabretes na minha mente.

—Ei, Madson?

Minha cabeça deu mais algumas voltas antes que eu pudesse entender e responder o que ele havia dito.

—Ahn? O que foi?

—Eu que te pergunto, tá bem?

—Preciso vom... - não consegui terminar a frase, pois repentinamente alguma coisa pulou em cima de Drake, e eles caíram no chão.

—SEU FILHO DA... - perguntou a coisa.

Espera! Era Luke.

—Luke!

Ele olhou para mim.

—Madson. - seus olhos deram aquele brilhinho especial para mim.

—Sai de cima do seu irmão!

Ele levantou e estendeu a mão para ajudar Drake, mas esse ignorou com um olhar feio a sua ajuda.

—Qual é o motivo de você tentar me matar? - ele quis saber.

Foi a vez de Drake receber um pouco de ignorância e Luke passou reto por ele e chegou perto de mim. Abraçou-me com força.

—Madson... - ele sussurrou no meu cabelo.

—Luke... - gemi. Minha voz saiu fina, e tenho certeza de que ele não me escutou. Tentei então gritar. - Iiihhh!

—Ah. Desculpa. - ele falou me soltando e depois passando o polegar na minha bochecha. - Kluke me contou que você ficou no meio da floresta sozinha.

—É. - falei tentando recuperar o fôlego - E o seu irmão me encontrou. Você deveria agradecer ele e não tentar estrangulá-lo.

Luke deu uma olhada para Drake, relutante.

—Foi mal por quase ter te estrangulado.

—Não tinha vampiros onde ela estava. - ele explicou. - Mas em compensação, Madson já tava passando mal.

—Você tá bem? - Luke perguntou prontamente para mim.

As últimas novidades voltaram a me atingir com um baque forte.

—Éee...

Ele ergueu uma sobrancelha.

—Nãoooo... - prolonguei a última letra. - A gente precisa conversar. - disse rápido.

—Vamos para casa. - falou ele. - Minha mãe está cuidando dos ferimentos de Mike e Kluke, e depois que tivermos certeza de que eles estão bem, a gente conversa. Pode ser?

Confirmei num aceno de cabeça enquanto Luke beijou a ponta dos meus dedos.

***

—Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! - gritou Kluke. - Tá gelado!

—É claro que está gelado. - respondeu Sally. - É gelo.

No pé de Kluke tinha um saquinho com gelo amarrado na canela dela com um barbante, onde fazia que o pé dela ficasse dentro do saquinho com gelo o tempo todo.

Quando chegamos a casa de Luke, achei que a casa tivesse encolhido. Todos aqueles garotos altos estavam ocupando grande parta da sala e da cozinha com uma pequenina Sally passando de um lado para o outro com remédios e ataduras para Kluke que gemia no sofá e Mike que, de tão empolgado que estava com a transformação, que se jogava de cima da bancada para o pescoço de cada um dos garotos, como se fossem bloquinhos de um videogame onde se você caísse no chão, afundava num mar de lava.

—Para, Mike! - gritou Mark segurando o irmão pelos cabelos.

Mesmo que Mike fosse mais novo que Mark, eles eram quase do mesmo tamanho.

Era estranho como agora Mike estava mais alto e o cabelo cortado em vários ângulos diferentes.

—Mike você vai voltar aqui ou não? - perguntou Sally tentando por ordem na casa. - Tenho que terminar de cortar o seu cabelo.

—Ah, eu sei lá, imagina como Lobo como ia ficar legal o pelo! Já sei! Vou me transformar e ver...

—NÃO! - gritaram todos e Luke, Sally, Mark e Thais pularam em cima de Mike para impedí-lo.

—Sally me dá aqui a tesoura que eu mesma corto o cabelo dele! - pediu Kluke tentando se levantar do sofá. - Vou raspar a cabeça desse imbecil até ele virar um PINSCHER!

(N:A:// pincher, cachorrinho, sabe, gente?)

Por causa das palavras da Kluke todos ficaram extremamente quietos por um mísero segundo e depois Mark olhou de Kluke para Mike e vice-versa e então para Sally:

—É... Dá a tesoura pra ela.

—Mark! - o irmão gritou com o outro.

—Olha esse cabelo! - Mark falou puxando o irmão, de novo, pelo cabelo. - Parece cabelo de Barbie.

—Me larga, infeliz! - e deu um chuto nas regiões perigosas de Mark, fazendo-o cair em posição letal. - E Kluke! - o novato lobisomen gritou. - Se você fizer isso eu pulo em cima da sua cabeça como eu fiz hoje!

—Faça isso e não corto só o seu cabelo como furo um de seus olhos! Aí sim, você vai virar o Mike Oasawki!

Antes que Mike pudesse pular em cima de Kluke, Luke pegou o moleque e o empurrou para a direção oposta.

—Não tem nenhuma coleira pra esse, animal?

Ao invés de Mike ficar frustado por ser impedido de atacar Kluke, ele ficou feliz da vida quando quem fez isso foi Luke.

—Ô alfa! Quando eu vou poder fazer um tour com os outros?

Thai e Drake explodiram em gargalhadas na sala.

Com Luke longe de mim, fui ajudar Sally, que agora caçava outro gelos na cozinha para aliviar a dor de Mark.

Depois de um tempo de muita confusão e sarcasmo, Sally expulsou todos da casa dela, inclusive Drake, pois ele poderia ficar irritando Kluke. Sobraram só eu, Sally, Luke, Kluke e Mark que tentava convencer Mike a pedir desculpas para a garota.

Ele sentou-se ao lado dos pés dela no sofá.

—Desculpa, Kluke, por ter te machucado... - e enquanto fazia isso ele dava pancadinhas com a mão, propositalmente, para machucar Kluke. - Você - tapa - não - tapa - merecia - tapa.

—Não acredito nele! - Kluke logo tratou de não deixar barato. - Acho que ele ainda está me devendo alguma coisa. Ele pode ser o meu cozinheiro particular durante uma semana.

—Tá louca? - ele deu um soco no pé machucado dela, ao mostrar indignação.

—Ahh... - Kluke mordeu a língua ao perceber que mostraria a sua dor em público. - Não. Acho que ele deveria fazer isso. O que acha Mark?

Eu realmente não sei o que se passou na cabeça de Mark naquele momento, ache que, por ele estar com raiva dele também por o ter machucado, ele estava disposto a ver o irmão pagar um mico como moeda de troca. Talvez ele até tivesse imaginado Mike vestido com um vestidinho preto e um avental branco e assando bolinhos.

—Acho ótimo. Boa culinária, mano.

—O que? - ele exclamou.

Kluke então, não aceitando a parte do mico que viria de Mike, com o pé amarrado ao saquinho com gelo, chutou o ombro do garoto.

—É para você esfriar a cabeça. - ela avisou com uma piscadinha sínica de olho. - Comece me preparando um sorvete.

Após tanta confusão, perguntei a Luke se poderíamos conversar agora e ele pareceu entender que o que eu tinha para dizer era importante e urgente.

A gravidez não parecia apenas me seguir, como também parecia estar dentro de mim. Se possuir de mim.

Acho que era verdade.

E eu estava ficando paranoica.

***

LUKE

—Luke eu preciso te dizer uma coisa! - ela falou desesperadamente quando eu fechei a porta do quarto atrás de mim.

Primeiro fiz ela sentar-se na ponta da cama comigo, e só depois me explicar o que tanto a inquietava.

—É importante o que eu vou dizer.

—Tá. O que foi.

—Tem a ver com o meu umbigo.

—Desculpa. - parei. - Você disse umbigo?

—Disse, mas não era isso que eu ia dizer! É sobre a minha barriga.

—Táaaa bem.

Não entendi nada, mas fiz um gesto com a cabeça para que ela fosse em frente.

—A minha barriga vai ser pai. Quer dizer, vai ser pai da minha barriga. Não, não, não! Vai ser meu... pai. Meu! Mas não pai! Não ele! Não... Você ! Você sim! Pai do meu Luke... Não, não é isso...

—Madson, o que você tá falando?

—Você não é pai do Drake e o Drake não é meu pai . Não é pai da minha barriga! Não é pai... de ninguém.

—Madson... você tá bem? - ela parecia ter começado a suar.

—Eu vou ser pai!

—O quê?

—Eu não posso ser pai, né? - ela perguntou com uma careta de dor.

—Ahn... não.

—Então... Alguém vai ser.

—Como assim?

—Pai, ué! Pai da minha barriga, do meu Luke, que não tem Drake no meio, que eu não sou pai, mas o médico confundiu tudo e achou que fosse o Drake o pai da barriga minha, mas é minha e não dele, mas seria sua, mas não pode ser porque a barriga é minha!

Eu a segurei pelos ombros.

—O que você está querendo dizer?

Alguma coisa dentro de mim já dizia saber o que era, mas não disse nada.

Ela respirou fundo várias vezes, mas mesmo assim não conseguiu dizer mais nada.

—Vamos pegar as partes importantes. Que relação eu tenho com a sua barriga onde não envolve o Drake, mas que o médico fez essa confusão toda?

—Luke. - ela falou tentando focar o olhar no meu rosto. - Pai... Minha barriga.

Ergui uma sobrancelha e sorri, lutei muito para não dar risada.

—Eu sou pai... da sua barriga?

Ela abriu a boca para tentar explicar, mas como não ia sair nada de útil mesmo, eu completei os pensamentos dela.

—Ou eu sou pai... do que está na sua barriga?

—Diga-me que estamos falando do mesmo assunto.

Eu ri.

—Não é sobre o seu almoço.

—Não...! É sobre o meu útero.

—Madson, você está grávida? - perguntei repentinamente não me aguentando mais de ansiedade ao ver a enrolação dela.

Ela abriu a boca numa exclamação, mas só saiu uma palavra:

—Serve.

Meu sorriso se alargou.

—Você tá grávida!

—Éeee! - ela exclamou com uma expressão de dor.

—Eu vou ser pai!

—Éeee!

Depois, repentinamente, eu parei.

—O que o Drake tem a ver com tudo isso?

Ela levantou-se rapidamente, tentou dizer alguma coisa, mas não conseguiu e cambaleou até o banheiro. Antes disso, porém, ela caiu no chão.

—Madson!

Corri para pegá-la nos braços.

—Está tudo bem? - perguntou mamãe aparecendo de repente no quarto como se já estivesse lá pronta para isso, como uma ambulância parada em frente a uma casa de um doente.

—Ela... - parei de falar ao fazer força ao levantá-la em meus braços. - Desmaiou.

—Vou pegar uma pano úmido para refrescá-la. Luke, ligue o ventilador!

Coloquei Madson em minha cama, arrumada sobre lençol e travesseiros, de barriga para cima. Por um momento distrai-me ao procurar por alguma saliência em sua barriga, mas nada aparecia ainda. Liguei o ventilador e fui sentar ao lado dela, de novo.

Logo minha mãe chegou com uma compressa molhada e colocou sobre a testa dela.

—Ela vai ficar bem.

Um minuto se passou em silêncio, eu sentado na cama ao lado de Madson, desmaiada, e minha mãe em pé, do outro lado da cama, batendo o pé num ritmo frenético. Minha mãe nunca fora agitada.

—Você está bem?

—Tô sim. - ela respondeu. - Madson vai ficar bem, é comum uma grávida desmaiar quando ela está nervosa e seus batimen...

—Como você sabe que a Madson está grávida? - a interrompi.

Minha mãe nem se quer me olhou. Ficou apenas batendo o pé freneticamente no chão, como se escondesse alguma coisa.

—Estava escutando nossa conversa?

—Vi Madson tão angustiada que achei que fosse algo grave e acabei escutando a conversa de você dois. Me perdoe, meu filho.

—Madson com certeza deve estar achando tudo isso complicado demais.

Ela fez um sim com a cabeça e continuou batendo o pé no chão. Interpretei o gesto como se ela estivesse preocupada com alguma coisa, ainda.

—Mãe. - chamei, decidido. - O que foi?

—O seu filho vai ser um Lobo, Luke.


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Notas finais do capítulo

Volteeeeeeeeeeeeeei
Gostaram?
Alguém aqui quer ver a Madson gorda e loucona??



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