Entrelinhas escrita por ariiuu


Capítulo 8
Só dessa vez... - Epílogo Skypiea


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas ^/
Queria pedir desculpas pelo atraso. Aconteceram alguns imprevistos em meus cálculos e só pude continuar a fic agora no começo de setembro, então me perdoem por ter demorado. Espero compensar o tempo com esse capítulo novo. Há várias coisas legais nele: Sonho, combate, um rival pro Zoro (ou não), ciúmes, embriaguez e outras coisas mais. Só lendo pra saber :]



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Capítulo 08 – Só dessa vez... [Epílogo Skypiea]

– Hey, Zoro...


– Hn...

– Acorde...

A ruiva dizia de forma sussurrada. Sua voz estava mais suave do que o habitual.

– O que você quer...? – Ainda sonolento e desinteressado com o que ela diria, Zoro não se moveu. Permaneceu encostado na parede de uma das ruínas de Shandora. Estreitou o olhar e a visão que acabara de ter ainda estava desfocada.

– Acorde... – A ruiva estava tão próxima do moreno, que ele podia sentir a respiração da mesma batendo em seu rosto. Quando resolveu abrir mais os olhos e observar todo o cenário em volta se tornar cada vez mais nítido, percebeu a navegadora há poucos centímetros e bem ao seu lado. Virou o rosto para encará-la e estranhou suas vestes. Ele se levantou, afastando-se imediatamente da mesma.

– Nami??

– Sim...?

– Por que você está... Desse jeito...?!

– Que jeito...?

– Você está... Diferente...

– Negativo.

– O quê?

– Sempre estive por perto de você dessa forma... – A ruiva direcionava um sorriso afetuoso para o moreno. Ele não entendia o que estava acontecendo ali, mas ela estava simplesmente... Deslumbrante. Usava um vestido branco comprido com uma fenda na lateral esquerda, deixando amostra uma de suas pernas torneadas. O tecido tão fino que mais parecia seda, realçava o corpo delineado da garota. Ele era muito reluzente e estava ofuscando a vista do espadachim. Os cabelos dela estavam longos, ondulados e chamejantes, num laranja muito mais vivo. Em sua cabeça havia uma grinalda em forma de coroa contornada com várias pedras preciosas e no centro havia um topázio imperial¹.

– Por que você está assim? Eu estou sonhando...? – Zoro estava confuso, porém Nami apenas continuou sorrindo e mantendo um silêncio incompreensível. Começou a se aproximar lentamente do espadachim que passou a acompanhar com os olhos o trajeto da ruiva. Zoro estava entorpecido, demasiadamente fascinado pela visão gloriosa que tinha em sua frente naquele exato momento. Tamanho era o encantamento que não havia percebido que sua feição diante da navegadora era de um reles homem que estava cativo por meio de toda aquela beleza eminente.

Finalmente, estando próxima o suficiente dele, sorriu ternamente, expressando uma espécie de afeição que jamais apresentara antes para o mesmo. Zoro estava se sentindo confortável com a proximidade. Aquela aura que o envolvia transpassava uma paz incondicional.

– Você... Não pode ser a mesma Nami que conheço...

– Isto é o que sou Zoro...

Após o término da frase, ela se aproximou ainda mais e cingiu-lhe com seus braços. Um abraço compassivo formou-se. Ele permaneceu parado, enquanto seus olhos se mantinham mais abertos que o comum.

– Por favor... Não me afaste ainda mais de você... – Disse próxima o suficiente de seu ouvido.

– O-o quê...? – Perguntou embaraçado. Não podia abraçá-la facilmente. Como poderia ficar tão mais próximo dela subitamente? E se tudo aquilo não passasse de uma armadilha? Se questionava se deveria desenfrear seus instintos de desconfiança, porém tudo parecia tão diferente... Quanto mais sentia o corpo dela contraindo o seu, somado de um aroma agridoce que vinha de suas longas madeixas ruivas, mais se sentia coagido e tentado a obedecer ao que seus sentidos exigiam. Ele franziu o cenho enquanto sentia o coração bater descompassado.

– Estou aqui para te proteger... – Ela dizia suavemente, como se sua voz fosse uma efêmera melodia soprada, assemelhando-se ao timbre de uma flauta. Para o espadachim, aquela frase não fazia o menor sentido. Era ela quem deveria ser protegida por ele e não o contrário.

– Você por acaso sabe o que está dizendo?

– Sim...

Zoro não tinha a menor idéia do significado daquilo tudo e tão pouco lhe importava no momento. Resolveu dissipar todos os pensamentos naquele instante e se entregar ao que lhe foi oferecido. Abraçou-a com todas as forças que ainda não haviam sido drenadas pela estranha sensação que ela acabara de lhe causar. Sentir o toque dela, envolto do fino tecido que escorregava deliciosamente por sua pele alva, lhe despertara efeitos inexplicáveis que imploravam em ser aprofundados com veemência e assiduidade. Aos poucos ele pôde sentir que ela contraia ainda mais seu corpo no dele, e inesperadamente várias plumas passaram a flutuar pelos ares. Zoro percebeu duas lindas asas brancas e cintilantes pousarem sobre seus ombros e um calor aconchegante provindo das mesmas.

Quando a ruiva elevou o rosto para encará-lo, Zoro sentiu-se constrangido perante aquele doce sorriso. Ele nem mesmo se sentia digno daquela serena expressão de amabilidade. Se perguntava onde ela escondera toda aquela beleza que era tão esplêndida e sublime, que lhe fazia até mesmo parar de respirar e de raciocinar... Os olhos dela flamejavam recorrente ao castanho natural predominante, e envolto ao delineio causado pelo olhar dela, foi abruptamente pego de surpreso ao lidar com uma das mãos da mesma que estava agora pousada em seu rosto. Aos poucos, os dedos finos passaram a deslizar pelo rosto do espadachim e consequentemente resvalados em seu pescoço. Zoro teve de se conter mediante ao toque extremoso da ruiva, mas antes que pudesse pensar em qualquer coisa, seu rosto já estava próximo demais da face amena dela. Os lábios de ambos já estavam quase confinantes, mas ela começou a sussurrar algo que ele não compreendia.

– imo... – A ruiva declinada o rosto.

O espadachim tentava entender o que a voz baixa dizia e prestou atenção ao máximo para compreender a palavra proferida.

– Marimo...

– O quê??


– ACORDE AGORA SEU MARIMO MALDITO!!! – O espadachim despertava por meio de uma bofetada de Sanji na cabeça.

– MAS QUE RAIOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO SEU COZINHEIRO DE MERDA?!

– Eu estou tentando te acordar a tempo!!!

– Mas que droga... Onde estou?? – Zoro olhava ao redor e percebia que a festa dos anjos e Shandians continuava. Luffy estava ao lado da fogueira comendo vários espetos, enquanto os demais dançavam.

– Você bebeu demais... Até hoje nunca vi você cair embriagado... – O loiro repreendia o companheiro enquanto acendia um cigarro.

– Que eu saiba... Você não tem nada com isso...

– Não tenho mesmo. E não foi por isso que tentei te acordar. Preciso que você vá procurar pela Nami-San. Ela saiu ao redor da fogueira há um tempo e não voltou. Robin, Chopper e Usopp já saíram para procurá-la.

– Hn... Já tem gente demais procurando... Vou voltar a dormir...

– Vá procurá-la agora!!! – Sanji dava outra bofetada na cabeça do espadachim.

– Por que eu e não você!? – Respondia esbravejado.

– Eu não posso sair daqui seu cabeça de alga! Estou fazendo petiscos no espeto pra todos! Deixe esse começo de ressaca para depois e vá agora ajudar a procurá-la!!!

– Eu não sigo suas ordens!

– Você sabe que nessas florestas há vários tipos de animais selvagens! Ela pode estar correndo perigo! E que fique claro que não estou nem um pouco preocupado se você vai se perder! O que importa é que a Nami-San esteja a salvo! – A carranca do cozinheiro era tão notável que não podia se contar o número de veias em sua testa.

– Aquela mulherzinha só sabe arrumar confusão... – Zoro saia do local emburrado enquanto Sanji gritava obscenidades por conta do mau comportamento do espadachim.





– Acho que isto deve ajudar...

– Você não precisava usar seu lenço pra isso. Agora ele vai ficar sujo de sangue...

– Não se preocupe. O importante é que a ferida fique estancada por um tempo. – A ruiva sorria docilmente para um dos guerreiros Shandian. Os dois estavam na festa, mas toda aquela agitação havia cansado ambos que coincidentemente saíram do local, adentrando a floresta em busca de ar puro, já que a fumaça da grande fogueira estava abafando o ambiente. Eles se encontraram pouco depois e começaram um diálogo casual. Quando deram por si, já haviam andado um grande pedaço da floresta, descontraídos com a conversa que não havia cessado nem por um momento. Em meio a um de seus diálogos, Nami percebera um corte extenso no braço esquerdo do guerreiro, e então numa demonstração de gentileza, retirou um lenço que estava guardado no bolso de sua calça, enlaçando o local ferido.

Este não era o único ponto que estava machucado. Havia uma porção deles por todo o corpo do rapaz, já que o mesmo lutou contra o grupo de Enel junto de Wiper e os outros.

– Você não se importaria se sentássemos um pouco?

– Claro que não. Sei que sua situação não é das melhores. Só não entendo porque não está descansando junto com os outros...

– Eu... Apenas não consigo acreditar que tudo isso finalmente acabou... – A feição do rapaz transmitia placidez. Nami conseguia entender o que eles haviam passado por todos aqueles anos.

– Acredite... Sei exatamente o que é essa sensação que você está sentindo... – A navegadora sentava-se numa rocha ao lado do rapaz. Levantou a cabeça e passou a fitar o céu estrelado, recordando-se de todo o inferno que passara com Arlong e os tritões. Por mais que seu passado fosse doloroso, o fato de ter alcançado a liberdade junto de seus companheiros lhe fazia se sentir ainda mais forte para encarar a dura realidade da Grandline.

Despercebida, Nami notava que o guerreiro lhe observava silenciosamente. A ruiva ficou um pouco embaraçada com o olhar masculino. Não se lembrava de ter mantido uma postura tão inibida com um recém-conhecido daquela forma. Todos os homens que lhe cercavam eram cavalos demais... Galinhas demais... Patetas demais... Mas ele era bem diferente de todos eles. Era educado, simpático, atencioso, discreto e possuía uma beleza sedutora, demasiadamente desigual. Mesmo ferido, sua pose ostentava grande imponência. Sua aparência basicamente se resumia em algumas pinturas nativas da vila dos Shandians no torso, cabelos negros num moicano curto, olhos castanhos esverdeados, pele parda, e alguns ornamentos que caracterizavam sua posição de guerreiro.

– Sei que é meio repentino, mas... Qual é o seu nome?

– Aah... É Nami... – Respondia com a voz mais baixa que de costume.

– Seu nome é diferente... Porém bonito. – O rapaz afirmava, enquanto lançava um sorriso para a ruiva, e ela não se recordava de se sentir tão estranhamente atraída por palavras como aquelas. Talvez seja porque nunca ninguém havia lhe dito que seu nome era bonito. Nem mesmo pelos rapazes que se aproximavam dela na época em que freqüentava diversas festas de elite no East Blue.

– Certo, agora quero saber o seu. – A navegadora tentava dissipar os pensamentos absurdos que insistiam rodear sua mente.

– O meu é Caliel.

Nami admirou-se instantaneamente. Ele tinha o nome de um anjo. Era um pouco irônico quando parava para pensar que estava numa ilha exatamente no mais alto dos céus.

– Seu nome não é diferente, mas é bonito. – Dessa vez ela sorriu em resposta.

Nami...

– O... Quê?

– Como é o mar debaixo...?

– Ah... Eh... Bem... Como posso explicar... Ele é imenso e por mais que tentemos, não podemos alcançá-lo por completo com nossas vistas... Não podemos saber o que há além do horizonte... – Antes que Nami pudesse concluir sua descrição sobre o mar, o rapaz já estava lhe fitando de forma perplexa.

– Ele... É tão grande assim? – Perguntava, admirando-se com a definição que a ruiva dera para seu oceano de origem.

– Sim... E ele é imenso, vasto e azul...

– Azul? Como o céu?

– Não... Mas ele é límpido e transparente, embora não possamos ver o que há nas profundezas... – A navegadora terminou a frase olhando fixamente nos olhos dele. Naquele momento a mesma podia ver através de seu olhar a emoção de alguém que realmente estava fascinado apenas com algumas palavras que especificavam o que o oceano representava.

– Então o mar azul possui a mesma extremidade do céu?

– Não sei se é exatamente do mesmo tamanho do céu que podemos ver², mas ele é inacreditavelmente grande. – E mais uma vez a ruiva pôde contemplar a face abismada do guerreiro.

– Nunca tive tanta vontade de conhecer o mar debaixo como agora... - Nami não esperava que ele pudesse sentir tão profundamente o que ela tentava passar através de poucas palavras. O meio sorriso de contentamento dele era quase inaudível, mas seu olhar de satisfação expressava muito bem o que ele estava imaginando naquele momento.

– Bem... Quem sabe um dia vocês não possam ver o oceano com seus próprios olhos? – A garota sugeria a idéia de forma alegre e em tom aventureiro, afinal, navegar pela Grandline era de fato uma aventura. Perigosa, porém excitante.

– Isto é algo que definitivamente faremos... – O moreno correspondia com um sorriso encantador. Nami percebia que a cor dos olhos dele contrastava com a noite estrelada, como se houvesse uma espécie de brilhantismo singular que lhe atraia de forma misteriosa. O rapaz não entendia porque estava sendo analisado de forma curiosa pela navegadora, e foi então que ela resolveu esquivar o rosto, pois o mesmo havia enrubescido involuntariamente. Talvez não fosse uma boa idéia ficar por perto daquele Shandian por muito tempo, ou ela acabaria ainda mais constrangida por causa das expressões extasiantes que o mesmo esbanjava de forma galante por conta de seu modo gentil. Ela não sabia o porquê, mas ele a lembrava alguém...

– Hey... Você ouviu um barulho?

– Barulho? Claro que n-

Repentinamente Nami foi empurrada para trás, pois o guerreiro já havia entrado em sua frente por meio de seus instintos de combate aguçados e lhe protegido do ataque de um imenso urso pardo. O animal acabara de ferir o ombro do rapaz com uma de suas garras.

– Caliel, Seu ombro!

– Não se preocupe... Apenas saia daqui! – O rapaz apontava sua arma para o animal selvagem. Sangue escorria do ombro pelo braço até chegar na mão que segurava a lança.

– Não posso te deixar enfrentá-lo sozinho!

– Você tem que fugir! Corra para bem longe! – A voz dele tornou-se perceptivelmente estrondosa.

– Não! Você está mais ferido do que eu! – Nami retirava as três partições do Clima Tact, posicionando-os em sua habitual posição de combate.

O urso urrava com fúria. Provavelmente porque havia dois humanos por perto que lhe pareciam apetitosos. Ambos permaneceram em suas respectivas posições de ataque.

O grande animal então se preparava para sua próxima investida. A dupla manteve-se em estado de total alerta, pois o mesmo já estava de pé, e uma vez pousado com apenas duas patas no chão sua altura aumentava para mais de três metros.

– Nami... Saia daqui. Você vai se machucar, eu já disse.

– Tenho um plano... – A garota dizia em tom de determinação.

– Um plano?

– O distraia enquanto condenso o ar para formar uma nuvem. Isso vai levar pouco tempo. – A garota corria por uma distância razoável e passou a soprar várias bolhas que consequentemente tornaram-se frias.

Caliel encarava o animal atenciosamente, quando o mesmo desferia um golpe com uma de suas garras. O guerreiro obteve êxito em se desviar, mas o ataque caiu sobre uma das árvores do local que acabara sendo cortada brutamente. O urso carnívoro era muito forte, e ele sabia que se estivesse em melhores condições físicas podia facilmente derrubá-lo.

Enquanto isso, Nami se empenhava na outra tarefa de soprar bolhas que se tornassem quentes para sugar toda a umidade do ar. Logo a nuvem estaria formada.






Zoro ia floresta à dentro enquanto ordenava os pensamentos. Tentava seguir a linha de raciocínio de seu sonho. Embora a realidade fosse totalmente diferente daquilo, não se conformava com o roteiro absurdo daquele devaneio, ainda que os resultados de tudo aquilo tivessem lhe causado uma estranha sensação quando se recordava da companheira. Ela jamais poderia se transformar num anjo. Aliás, a palavra ‘anjo’ para ele explicava o porquê do sonho. Estavam na ilha do céu... Toda aquela situação de ‘Deus’ e ‘sacerdotes’ esclarecia o percurso de todo aquele disparate.

Francamente... Nami jamais teria uma aparência tão bela e pulcra como aquela. Sua mesquinhez e arrogância de certa forma a corrompia por dentro e consequentemente por fora. Ela era apenas uma garotinha mirrada, e ele fez questão de deixar tudo bem claro quando foram atacados na duna em Alabasta. Não haveria motivos para que aquele sonho se tornasse real. – Sonhos como esse nunca se tornariam reais. – Pensava ele.

Continuou caminhando e atentou para uma árvore.

– Acho que já passei por aqui...





– Vamos lá... – A ruiva analisava se as bolhas de ar quente haviam colidido com as de ar frio. Já Caliel apenas desviava de vários ataques emitidos pelo grande urso. Ele já estava ofegante, pois não possuía condições de se defender. O animal voltou a rugir indômito, e com a brecha, o rapaz correu numa distância em que não perdesse a ruiva de vista, enquanto segurava o ombro ferido. Quando o animal percebeu, passou imediatamente a correr atrás dele, mas o guerreiro acabou tropeçando na raiz de uma das árvores, e colidiu com o chão. Agora ele estava encurralado. O urso lhe cercou imediatamente e atacou. Não havia chance de escape. Ele seria atingido certeiramente. Caliel fechou os olhos.

– THUNDERBOLT TENPO! – Uma bolha de eletricidade atingiu a nuvem, e vários relâmpagos atingiram o imenso animal, eletrocutando-o completamente. Caliel estava impressionado. Embora a navegadora não tivesse total controle sobre a técnica, os raios não haviam lhe atingido.

O urso sobreveio ao chão logo em seguida, e fumaça saia de várias partes do seu corpo. Nami correu para perto do rapaz que estava com o ombro ensangüentado.

– Você está bem?

– Sim... – Respondeu um pouco relutante.

– Precisamos dar um jeito nisso... – Nami tentava procurar algum outro lenço no bolso de sua calça, mas foi impedida pela mão do rapaz.

– Por favor, não faça isso... – Pediu gentilmente, no ímpeto de evitar que a mesma continuasse se preocupando com ele. Nami não soube como reagir. Ela sabia que aquilo não era teimosia. – Mas então o que era? – Pensava ela.

– Por que não aceita minha ajuda? – Ela se arriscou em desvendar o porquê de não permitir que ela lhe prestasse socorro, mas ele ficou calado por alguns segundos. Desviou o olhar dela, atentando para uma das árvores que antes havia sido cortada pelo animal selvagem, no entanto ele não poderia continuar em silêncio sem explicar por que não queria ajuda. Subitamente, enganchou a mão da ruiva e segurou-a firmemente.

– Não posso permitir que uma garota suje suas delicadas mãos com sangue... Não se preocupe comigo. Assim que voltarmos para o vilarejo procurarei assistência médica. – Nami estava surpreendida. Não soube exatamente o que dizer naquele momento. Apenas assentiu com a cabeça e permaneceu quieta, abaixando um pouco o rosto em constrangimento.

Em meio à proximidade de ambos, assustaram-se com o grande urso que havia se levantado com dificuldades e voltado a rugir ainda mais alto do que antes. Ele não havia sido totalmente derrubado com a técnica da garota.

– Essa não... – A ruiva dizia perplexa, enquanto Caliel mantinha uma expressão de fúria voltada para o animal.

– Nami... Fuja agora... – Antes que a mesma pudesse dar um passo a mais para fora dali, o animal selvagem já havia desferido um golpe frontal. Caliel envolveu a navegadora firmemente em seus braços, enquanto ela havia se encolhido por instinto.

Cinco segundos depois a dupla ouviu o barulho de um baque. O animal havia caído derrotado no chão. Eles encararam o corpo do urso fixamente, percebendo que o mesmo havia tido suas costas retalhadas, e ouviram vozes logo atrás dele.

– Podíamos levá-lo para comermos no acampamento...

– Huhuhu, acho que não será preciso. O estoque de comida está abastecido Espadachim-San.

Nami reconhecia aquelas vozes. Eram Robin e...

– Zoro!?

– Nami?? – O espadachim havia escalado o corpo do urso, ficando por cima dele, quando testemunhou uma cena um tanto quanto excêntrica pelo que conhecia da ruiva. Ela estava abraçada com um desconhecido, no meio da floresta àquela hora da noite.

Robin que havia feito o retorno ao redor do corpo do urso, também assistia a cena esdrúxula que envolvia a companheira. Até mesmo a arqueóloga ficara um pouco abismada com o que vira, mas em frações de segundos analisou a situação e percebeu que tudo aquilo podia não parecer o que era.

A navegadora e o guerreiro finalmente perceberam a posição comprometedora em que estavam e então se afastaram imediatamente, um tanto constrangidos.

– Todos estão preocupados e enquanto isso você resolve ‘se pegar’ com um desses Shandians no matinho?? – Zoro estava alterado por causa do álcool, e todos os seus impulsos eram obviamente descomedidos. Aquela cena não havia agradado nem um pouco o espadachim. Ele não estava sabendo absorver muito bem o fato de que a companheira poderia ter um pequeno lance amoroso com um dos guerreiros da ilha. Mas por que aquilo lhe incomodaria? – Deve ser o excesso de saquê. – Pensava ele.

– O-o quê!?? Eu não estava me pegando com ninguém! Preste um pouco de atenção seu idiota! Fomos atacados por este urso!!! – A garota apontava para a criatura caída no chão.

– E daí?

– E daí que ele me protegeu! – A ruiva apontava agora para o guerreiro.

Robin observava a expressão de indignação do moreno. Pelo pouco que lhe conhecia, algo tão banal como aquilo não deveria ter causado tanta aversão no mesmo. Mas ela não podia se basear somente naquilo, até por que, não havia tirado as devidas conclusões sobre o relacionamento da dupla briguenta.

– Por que saiu de perto da fogueira? Aquele maldito cozinheiro me obrigou a vir atrás de você! – Zoro havia pulado de cima do corpo do animal e andou até onde a ruiva estava.

– Desde quando você acata os pedidos do Sanji-Kun? Não me venha com essa!

– Então é assim que agradece por ter salvado sua vida? Sua bruxa ingrata!

– Eu não me lembro de ter lhe pedido pra me salvar!

– Claro que não... Talvez preferisse estar no chão em pedaços...

– É melhor estar despedaçada no chão do que ser humilhada por você na frente de todos! – Zoro não havia percebido, mas Nami estava extremamente sem graça. Já Caliel e Robin observavam tudo em silêncio.

– O quê?? Você é a maior cara deslavada que existe! Está com vergonha do quê? – O espadachim continuou a provocar a companheira. Ela nem mesmo estava lhe reconhecendo. Não era típico de ele agir daquela forma.

– Você bebeu demais? – Indagava emburrada.

– Eu bebi a mesma quantidade que sempre costumo beber.

– Não parece... – A ruiva se aproximou do moreno e atentou para seu rosto que estava mais avermelhado do que o comum. Era óbvio que estava embriagado.

– Em vez de averiguar o quanto bebi, porque não saímos logo daqui? Quero voltar a dormir! – Ignorou a garota, lhe dando as costas. Aquele não era o Zoro que conhecia. Ele parecia uma criança pirracenta. – Então é assim que ele se comporta quando está bêbado? – Pensava a ruiva.

O guerreiro Shandian suspirou ao tocar o ombro ferido, e Nami moveu-se para frente dele na tentativa de prestar ajuda.

– Você está bem?

– Sim, mas... Acho que preciso mesmo ver o médico da vila... – Ele sorria gentilmente, tentando neutralizar a dor que sentira, no ímpeto de não preocupar ainda mais a ruiva. Ela percebeu que ele teria dificuldades de se locomover e se ofereceu para ajudá-lo a andar.

– Certo, então vamos logo até ele... – Pegou o outro braço que não estava machucado e o apoiou em seu ombro.

– Tsc... – Zoro de fato não estava gostando do que vira. Desde quando Nami se tornou tão cuidadosa e atenciosa com alguém? Ela nem mesmo prestava esse tipo de ajuda para alguém do bando. Por que ela estava sendo tão prestativa com aquele guerreiro? Ele não acreditava que ela estava apenas prestando ajuda. Tinha que ter dinheiro envolvido, senão tudo aquilo perderia o sentido.

– Robin, por onde devemos ir?

– Vamos seguir reto até aquele cedro. A partir de lá podemos ver a fumaça da fogueira. – A morena apontava para uma grande árvore logo adiante.

– Então vamos sair daqui... – Nami passou a conduzir a direção com Caliel e seguiu Robin. Zoro havia saído na frente, mas foi alcançado por todos eles.





Depois de caminharem um pedaço da floresta rumo à fogueira, Chopper e Usopp cruzavam o caminho deles.

– Nami! Você está bem!? – Chopper corria para perto da ruiva.

– Sim, não se preocupe... – A rena atentava para o braço ferido do rapaz que Nami ajudava a se locomover e repentinamente começou a correr de um lado para o outro.

– Um médico!!! Um médico!!! Ah... Mas eu sou o médico... O que aconteceu com ele?

– Foi atingido por um urso pardo.

– Precisamos ir para a vila tratar esse ferimento logo! – Chopper sempre se mostrava preocupado com qualquer pessoa que estivesse machucada, não se importando se o paciente era bom ou mau.

Todos continuaram andando, e Nami ainda ajudava o guerreiro a caminhar. Zoro que estava logo atrás dos dois, assistia à cena irônica que envolvia a companheira. Ele estava tão alterado com o álcool que não mediria as palavras naquele momento, mesmo que aquilo lhe causasse arrependimento depois.

– Você até agora não apresentou seu namorado oficialmente para nós, Nami... – O sorriso descarado de Zoro ocasionou os olhares abismados de Usopp e Chopper.

– Nami começou a namorar com esse cara!? Tá falando sério?? – Usopp perguntava perplexo.

– Ignore esse idiota Usopp... Ele está bêbado... – A ruiva explicava a questão absurda que Zoro havia alienado.

– Por que está cuidando desse cara? Por acaso ele disse que tem alguma fortuna escondida na ilha? – Alfinetava a ruiva em um de seus pontos fracos. Nami franziu o cenho, se sentindo indignada.

– Não Zoro. Eu não me aproximei dele por interesse...

– Então... Por que está sendo tão gentil? Você não presta socorro pra ninguém sem que isso tenha um preço. – Todos arquearam uma sobrancelha com os comentários do espadachim. Se perguntavam desde quando ele se tornou tão tagarela, pois não era de seu feitio falar muito, ainda mais sobre um assunto tão trivial como aquele.

Nami estava sentindo sua paciência ir embora. Prova disso era a carranca em sua face e as veias que passaram a surgir. Robin estava se divertindo ao ver a cena hilária de Zoro provocando a ruiva. Ela estava mesmo disposta a saber mais sobre aquela suposta provocação.

– Hey cara, se eu fosse você tomava cuidado... Ela pode te dar um golpe de misericórdia depois de roubar o que tem... – O moreno não estava medindo as palavras. Usopp e Chopper estavam desacreditados com a cena infantil do espadachim. Aquilo não fazia parte de seu real caráter. Realmente, só podia ser o álcool. Enquanto Nami, esta já estava rangendo os dentes de tamanha cólera, porém sentiu a mão de Caliel pousar em seu antebraço.

– Não considere o que ele diz, por favor... – Falava num tom mais baixo que o comum, para que ninguém pudesse ouvir.

– Ahh... Mas não posso deixar esse idiota dizer essas coisas na sua frente... – A ruiva cochichava discretamente.

– Preste atenção... As nossas bebidas podem não ser iguais as que vocês estão acostumados a beber. Há uma quantidade maior de álcool, misturado com a seiva de uma erva que cultivamos por anos... Ela age diretamente no sistema nervoso central... – Por esta Nami não esperava. Os Shandians são realmente um povo bem peculiar... Então além de bêbado, Zoro estava...

– Certo... Vou ignorá-lo... – Caliel assentiu. Mas ele não havia contado tudo. Por mais que a bebida causasse efeitos que alteravam os sentidos, é comum o indivíduo expressar suas reais intenções, seja qual for a situação. Então, tudo o que Zoro dizia, era na verdade confissões que estavam presas no mais íntimo de seu ser. E é claro que a navegadora jamais acharia que ele estava realmente se importando com o fato de que estava sendo gentil com um estrangeiro. Aquilo jamais incomodaria Zoro.





Por fim, todos voltaram ao acampamento, e Caliel foi examinado e tratado pelo médico da vila. Nami ficou sentada, encostada numa rocha ao redor da fogueira ao lado da tenda onde o guerreiro estava. Ela permaneceu preocupada com o mesmo, e mostrava isso pelo semblante cabisbaixo, se recordando da conversa que os dois tiveram sobre o mar e como ele parecia ser uma boa pessoa.

Todos estavam mais uma vez ao redor da fogueira, cantando, dançando e pulando como nunca. Zoro havia voltado a beber e Robin o acompanhava.

– Vai conseguir beber mais? – A morena indagava, tentando descontrair.

– Um caneco a mais não vai fazer mal, e você não tem nada com isso. – Respondia incivil.

– Robin-Chwan!!! Trouxe esses petiscos no espeto para você!!! – O cozinheiro aparecia repentinamente fazendo uma pose charmosa enquanto oferecia a iguaria à arqueóloga.

– Obrigada, Cook-San. – Agradecia sorridente.

– E o que esse marimo está fazendo aqui? Se ele está te incomodando é só dizer, Robin-Chan... – Encarava o companheiro com exaltação, porém Zoro fingiu que ele não estava ali.

Quando Sanji passou a avistar a grande fogueira de longe, teve uma ligeira surpresa ao ver Nami ao lado de Caliel que estava com o torso enfaixado. Ela não somente estava ao lado dele, mas estava sorrindo docemente para o mesmo.

– Quem é aquele infeliz que ousa encostar na Nami-San!? – O loiro protestava com furor. Estava tão enciumado que não prestara mais atenção em nada. Porém ele não era o único incomodado com a cena que envolvia a ruiva. Robin fez questão de prestar atenção em todos os gestos do espadachim. Aquilo definitivamente estava se tornando bem interessante.

– Você está bem atrasado cozinheiro pervertido... Aquele é o novo namorado da bruxa. E se você não fizer algo, vai perder sua preciosa pra ele... – Zoro jamais diria aquilo sóbrio. Ele não fazia jogos sujos. Seu orgulho lhe impedia de fazer o que seus mais profundos sentimentos pediam.

– O quê!?? Quem esse maldito pensa que é para pedir a Nami-San em namoro?? Vou agora acabar com ele!!!

– Acabar com ele? Como Pode bater numa pessoa machucada? – Robin perguntava, tentando frustrar os planos de Zoro, apenas para se divertir um pouco mais com toda aquela situação.

– Você tem razão Robin-Chan... Mas... COMO A NAMI-SAN COMEÇA A NAMORAR SEM FALAR NADA CONOSCO!!? ELA É A NOSSA NAVEGADORA!!! ELA NÃO PODE NOS ABANDONAR PARA FICAR NESTA ILHA COM ESSE... ESSE...– O loiro apertava os punhos, enquanto o cenho se mantinha franzido.

– Tsc... Que idiota... – O espadachim delibava a bebida no caneco, se perguntando como ele era estúpido por acreditar que Nami namoraria com alguém, embora o fato do guerreiro receber uma atenção especial da mesma lhe causasse um pouco de ciúmes, sendo que nem mesmo ele havia detectado isto em si próprio.






Já era de madrugada e a dupla ainda estava conversando, porém a ruiva estava sonolenta, fechando involuntariamente os olhos. Caliel percebeu e resolveu deixá-la descansar. O rapaz ficou em silêncio por alguns minutos, e lá estava a garota, dormindo tranquilamente encostada na rocha. Ele se levantou e entrou na tenda, saindo da mesma logo em seguida com um manto nas mãos. Reaproximou-se da ruiva, e mesmo sem forças, a pegou no colo e a cobriu com o manto. Passou a caminhar para longe da fogueira, procurando um lugar aconchegante para que ela pudesse descansar, porém encontrou-se com Zoro no meio do caminho. O olhar do espadachim expressava intransigência. Caliel percebia que aquilo se devia pela desconfiança ao ver a companheira sendo carregada por um estranho que acabara de conhecer. Então ele apenas obedeceu ao que olhar do espadachim havia lhe ordenado, e depositou a ruiva nos braços dele.

Quando o guerreiro resolveu se retirar da presença de Zoro, atentou para o rosto de Nami e sorriu.

– Seria demais pedir que cuide dela?

Zoro ficou em silêncio por um momento, antes de responder.

– Seria demais dizer que não faço mais que minha obrigação. – O moreno retorquiu rígido.

Nami estava tão cansada que não perceberia que havia sido carregada por alguém, porém seu rosto refletia um referto contentamento.





Luffy, Nami, Sanji, Zoro, Usopp e Chopper se encontravam na frente da cobra gigante que ainda dormia profundamente por conta da festa que acabara há pouco tempo. Eles haviam colocado ouro em várias sacolas e estavam prontos para fugir.

Nami precisava voltar para o navio para encontrar com Conis. Ela estava com o Waver e necessitaria de ajuda para levar suas bagagens.

– Certo. Vamos nessa pessoal! – Luffy gritava enquanto saia correndo feito louco.

– Mas e a Robin!? – Chopper perguntava preocupado.

– Vamos esperá-la no lugar onde combinamos!!! – O capitão respondia de longe.

– Robin-Chwan!!! Estou indo!!! Me espere!!! – O loiro disparava de modo desenfreado na frente de Luffy.

– Espere Sanji!!! Comida!!! – Luffy ia logo atrás, contestando sobre sua fome fora de hora.

– Nami, você precisa de ajuda? – Usopp perguntava no ímpeto de ajudar a companheira.

– Sim, mas não se preocupe. Zoro vai comigo, até porque, terei de trazê-lo de volta para que ele carregue as demais sacolas. – Ela sorria triunfante.

– Por que eu!?? – O espadachim perguntava indignado.

– Porque sim, oras...

– Sendo assim, então vamos nessa Chopper. – Usopp dava as costas para os companheiros.

– Certo Usopp. – A rena concordava sorridente.

Sendo assim, então vamos nessa Chopper.

– Então vamos! – Pulava de um lado para o outro.

Sendo assim, então vamos nessa Chopper.

– Ah... Você já disse isso... – A rena contestava confusa.

Sendo assim, então vamos nessa Chop-

– PARE JÁ COM ISSO!!! – Nami e Zoro respondiam em uníssono, enquanto davam uma bofetada na cabeça do atirador que usava um tone-dial repetindo a frase que estava confundindo a rena.

– Sendo assim, então vamos nessa... Usopp... – Chopper passou a andar na frente, fazendo birra e ignorando o companheiro.

– Espere Chopper! Só estava brincando! – Perseguia a rena, enquanto se ausentava do local onde Zoro e Nami estavam.

– Certo, vamos indo para o navio, Zoro. – A ruiva pegava uma sacola cheia de ouro e prendia no guidão do waver.

– O quê? Eu não vou dirigir essa coisa! – O moreno protestava exasperado enquanto apontava para o veículo.

– Se toca seu idiota! Como poderia deixar um desorientado dirigir? Nem se eu estivesse bêbada deixaria você pilotar alguma coisa!

– Então o que quer eu faça!?

Nami subia no Waver e logo depois encarava Zoro com uma expressão feliz. Apesar de tudo, a aventura na ilha do céu tinha valido muito a pena.

– Venha.

– O quê?

– O que você acha seu idiota? Suba! – A navegadora já estava posicionada em seu novo meio de transporte, que particulamente havia adorado.

Zoro franziu o cenho. Ele não estava gostando nada daquela idéia. Estava mal-humorado. Talvez porque o excesso de álcool havia lhe trazido algum efeito colateral. Sua cabeça estava dolorida e tudo o que ele mais queria era dormir por várias horas. Mas ele não tinha escolha. Precisava consentir e subir naquela geringonça que tinha um formato bizarro em forma de barco na parte inferior.

– E então...? – A ruiva perguntava impaciente.

– Espero que não me derrube no meio do caminho.

– Não se preocupe. Enquanto meu ouro não estiver a salvo, nada vai acontecer com você. Se bem que... Não é uma má idéia te jogar das nuvens direto para o oceano. – A navegadora esbanjava um risinho de escárnio que fez o espadachim expressar uma carranca inconfundível.

– Pronto?

– Espere um pouc-

Nami pisou no acelerador inesperadamente, e Zoro quase caiu de costas no chão, mas conseguiu segurar na cintura da ruiva rapidamente.

– VOCÊ ESTÁ QUERENDO ME MATAR!? SUA BRUXA!!! – Contestava exasperante, enquanto sentia o vento forte bater em seu rosto.

– Ainda não... Por enquanto preciso de você. – A garota respondia convicta com um sorriso determinado no rosto. Zoro sentiu-se indignado. – Seu ouro é mais importante que qualquer coisa, não é mesmo? – Ele pensava e tentava se convencer de que aquilo não tinha importância alguma no momento.

A ruiva sentiu-se um pouco incomodada ao perceber que os braços do companheiro enlaçaram sua cintura e suas costas eram pressionadas pelo peitoral masculino. Embora aquele contato não fosse um dos mais ousados que tivesse com o mesmo, soava estranho e significativo demais, pelo menos para ela, afinal, era fato que se sentia atraída por ele. A proximidade era bem aconchegante, pois o calor do espadachim lhe envolvia de uma forma incrivelmente deleitosa, se misturando com o clima fresco da ilha e o vento que colidia com sua pele. A sensação era tão agradável, que no momento em que contornavam o Upper Yard e adentravam na praia dos anjos tendo suas vistas preenchidas pelo mar branco de nuvens, Nami resolveu fechar os olhos por alguns segundos.

Zoro contemplava a vista da praia, mas ao mesmo tempo tentava reprimir as fortes sensações que passara a sentir quando reconheceu a doce fragrância agridoce que brotava das madeixas alaranjadas que insistiam tocar seu rosto frequentemente. Os flashes do sonho que tivera com Nami ainda estavam bem presentes em sua mente e aquele aroma revivia os efeitos que sentira em seu desvairo. O que mais lhe deixava irritado era o fato de tudo aquilo mantê-lo fraco e sedento em viver um pouco mais daquela aventura interessante.

– Nami...?

– Sim?

– Falta muito para chegarmos até onde o navio está?

– Em alguns minutos chegamos lá...

– Tsc... – Impaciente, Zoro expressava uma carranca misturada com a feição sonolenta. Aquela atmosfera estava lhe deixando com sono. Muito sono...

De repente enquanto dirigia, a ruiva atentou para um fenômeno nunca visto antes. Já que a ilha era uma nuvem e estavam em cima dela, outras logo acima faziam sombra e eram cortadas por raios solares. A paisagem era inédita e deslumbrante.

– Hey Zoro, olhe aquilo! O sol penetrou nas fendas daquela nuv-

– ...

Nami arregalou os olhos quando sentiu que o queixo dele havia tombado em seu ombro. Ambos os rostos estavam agora se tocando levemente, e então ela constatou que ele havia adormecido após fitá-lo de lado e ver os olhos fechados. Agora sim tudo estava ainda mais estranho. Além de ter sua cintura enganchada pelos braços dele e o torso perigosamente perto de suas costas, seus rostos estavam muito mais próximos, a ponto de sentir a respiração do mesmo tocar seu pescoço. Se ele acordasse, veria o rosto dela completamente ruborizado, pois aquela proximidade repentina estava causando uma forte compressão no estômago da ruiva a ponto de sentir o ar lhe faltar aos pulmões e o coração acelerar desacertado.

– Mas que droga... Isso é hora de pegar no sono? Seu idiota... – Ela queria gritar e o empurrar para longe, mas achou melhor não fazer nenhum movimento precipitado para não acordá-lo enquanto dirigia. O máximo que teria de fazer naquele momento seria se acalmar e mandar embora todos aqueles pensamentos absurdos que insistiam em lhe atormentar. Pensamentos que diziam para aproveitar ao máximo por estarem tão próximos.

– Não vou me deixar ser atraída por esse espadachim dorminhoco! Ele não passa de um cavalo mal educado que não se importa com nada a não ser suas próprias ambições, e-

– Vá mais devagar... Eu estou cansado...

– O-QUÊ!? – Ela dizia com um tom de voz incompreensível. – Você está acordado?

– Me deixe ficar assim... Só por mais um tempo... Nami... – A voz dele soava mais baixa e rouca do que o normal. Estava entorpecido pela sonolência e o perfume que o cabelo dela emanava. Tudo o que precisava era estar perto o suficiente da ruiva para ter um efêmero momento de tranqüilidade e quem sabe a nostalgia do sonho.

Nami permaneceu em seu estado rijo e o fitou mais uma vez, apenas para admirá-lo por conta da feição terna e angelical. Ela sorriu afetuosamente enquanto dizia baixinho.

– Só dessa vez...


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Notas finais do capítulo

¹ O topázio imperial é uma pedra preciosa num tom que mescla amarelo com laranja.
² Para quem não sabe existem três tipos de céu. O céu que vemos, o céu do universo e um outro tipo de céu, que muitos não acreditam, mas eu particulamente não apenas acredito como também almejo ele mais do que qualquer coisa na minha vida =DD Achei que seria bom especificar isto na fanfic, já que Nami é a nossa navegadora experiente :]
E então galerinha? Gostaram do final do capítulo? Pela primeira vez eles terminaram bem um com o outro. Isso sim foi super inédito até mesmo pra mim =P
Tenho uma boa notícia para vocês. Estou com praticamente dois capítulos prontinhos pra vocês. São de dois arcos futuros, e não iria dizer, mas só pra deixar vocês felizes vou falar... Um é do Arquipélago e o outro do Time-Skip. Do arquipélago está imbatível! Ohohohohoho!!! Tenho certeza que vocês vão adorar.
O que posso adiantar do próximo é que mais uma vez nosso casal terá uma briga!!! o/ Ok... Sei que isso não é inédito, mas dessa vez eles terão uma platéia assistindo a briguinha deles. Vai ser bem diferente. E sobre não rolar algo mais sério entre os dois até agora, peço que sejam pacientes. A relação deles já está bem desenvolvida (perceberam os ciúmes do Zoro?) e logo as coisas vão ficar mais mornas entre eles (pra não falar quente, porque sei que tem muitos leitores pervos aqui na expectativa, porém não caiam do cavalo, certo?)
Quero saber a opinião de vocês. Mandem reviews dizendo o que acharam e dêem sugestões para os próximos.
Até ^/