Entrelinhas escrita por ariiuu


Capítulo 1
Apenas isso... - Pós Arlong Park


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas ^/
É fato que Zoro e Nami não conseguem ter uma boa relação, por vários fatores que estão acima das diferenças. No que de fato isto vai dar? Acompanhem 8D



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Capítulo 01 – Apenas isso... [Pós-Arlong Park]


A navegadora estava contente.
O espadachim estava abatido.

Ela queria respostas.
Ele queria descansar.

Nami resplandecia jovialidade.
Zoro abrandava nebulosidade.

O dia em que ambos perguntaram a si mesmos um sobre o outro.



*Nami Flashback on*


– Ei Nojiko, Gen-San...! Se Bellemere-San ainda estivesse aqui… Acham que ela tentaria me impedir de me tornar uma pirata?

– Como você acha que ela permitira que sua amada filha fosse...

– Não, não tentaria! E se tentasse você obedeceria?

– Nah! Não mesmo!



*Fim do Flashback*



E neste dia em que tudo parecia tão confortante para a ex comparsa de Arlong e sua trupe, Nami sabia que ainda haviam fatos para refletir. Talvez tudo não passasse de um desvairo cômodo demais. Uma real, inesperada e venturosa jornada começava. Em meio aos devaneios enquanto fitava o céu realçado em tons avermelhados pela janela, suspirou aliviada e um breve sorriso formou-se. Tirada do transe por meio do soprar do vento, reparava ao redor da alcova. A feição ranzinza por meio dos móveis que não condiziam com o que planejava para a decoração era inevitável.

– Quanto preciso arrumar para dar um trato nisto? Pensava, quando resolveu deixar seus aposentos imediatamente. Partiu para o convés, dando de cara com o inquieto capitão.

– Hey Nami, vamos logo para a Grandline! Estou ansioso! - Os olhos de Luffy brilhavam. O garoto pulava de um lado para o outro como um verdadeiro macaco descontrolado.

– As coisas não são tão simples assim. Temos que passar em algumas ilhas antes de partirmos e nos prepararmos melhor. Precisamos de suprimentos e...

– O quê?? Por quê?? Eu quero ir agora!!!

– Apenas ouça o que eu digo Luffy. - A navegadora dava um tapinha de consolo no ombro do afoito capitão e em seguida dava as costas para o mesmo. Passou a rodear as laterais do navio admirando a paisagem do fim do dia.

– Luffy!!! – Usopp urrou frenético, indo de encontro ao garoto que mantinha a feição emburrada e o olhar fixado nas costas da navegadora.

– Há uma colina adiante. Vamos usar o canhão mais uma vez antes do anoitecer!

– Não quero. – O capitão rumou à proa. Sua feição emburrada era engraçada.

– O que ele tem?

– Nada demais. Quando chegarmos à próxima ilha, ele vai se animar. – Nami mal respondia à pergunta de Usopp quando Sanji surgia com uma bandeja cheia de petiscos.

– Nami-Saaaaaaan!!! – Embora nada pudesse estragar seu dia especial, os gritos apaixonados de Sanji já estavam a importunando. O navio era menos barulhento apenas com Luffy, Usopp e... Zoro.

– Trouxe uma amostra do jantar de Boas-vindas para a navegadora mais bela do oceano.

– Obrigada Sanji-Kun, mas estou sem fome. – Apesar de tudo, Sanji era um cavalheiro. Diferente daqueles três.

– A Nami não quer? Então vou comer a parte dela também. – Luffy surgia do nada e já abocanhava a bandeja de forma descomunal. Usopp e Sanji protestavam os maus modos do capitão enquanto o mesmo terminava de engolir tudo. Risonha, Nami resolveu fazer um novo percurso pelo navio.

Definitivamente aquele era um dia que seria lembrado para o resto de sua vida. Seu bom-humor incontrolável não lhe seria tirado em hipótese alguma. Por fim dirigiu-se ao topo do Going Merry. Aproveitaria para dar uma olhada nas laranjeiras, quando então se deparou com Zoro.

Passou a observá-lo cautelosamente, cuidando para que não fosse vista. Ele parecia um tanto abatido naquele momento.

O Espadachim mantinha os cotovelos apoiados na balaustrada do navio e fitava o vasto oceano onde seu destino ironicamente lhe concatenou. O mesmo ainda se recuperava da última batalha, e a cicatriz da luta contra o melhor do mundo resultou um compelido alquebramento, ferindo sua vaidade, orgulho e honra. Algo que todo usuário de uma lâmina tinha de mais precioso.

Era evidente que nem mesmo o pôr-do-sol em seu extasiado esplendor podia ocasionar algum contentamento para Zoro. Pelo contrário. Sua expressão soturna e as vibrações que emanavam dele parecia tragar o ambiente para si mesmo.

Nami se aproximava e ainda não compreendia porque ele tinha chegado à ilha com um corte tão extenso e todo enfaixado. A ferida era tão grave, que há tempos a garota não vira o médico da vila Cocoyashi tenso correndo de um lado para outro na ilha com seus utensílios medicinais.

Talvez os garotos não tivessem lhe contado sobre o ocorrido porque devia ser algo mais sério do que presumia.

– Está guardando as laranjeiras no lugar do Sanji?

– Hn? Zoro limitou-se apenas em espiá-la de canto de olho.

– Você se machucou feio. O que aconteceu?

– O que quer aqui?

Nami já sentia uma veia pipocando em sua testa instintivamente. O jeito carrancudo e insolente do mesmo lhe enfadava em todas as circunstâncias. Ele não era de muita conversa, sempre ia direto ao ponto, não se importava com as conseqüências das batalhas, contando que lutasse para vencer... Coisas assim a irritava e a mesma não compreendia muito bem sobre sua maneira de agir com os inimigos. Ainda assim, decidiu manter o tom complacente.

– Vim agradecer. – Sorriu, atrevendo-se a olhá-lo nos olhos. Já ele, como esperado, não dava muita atenção para tal.

– Você já fez isso.

Nami ignorou o pensamento de estrangulá-lo após o término da frase.

– Queria agradecer um por um pessoalmente. Devo minha vida a vocês. – Dava uma longa pausa antes de terminar.

– Obrigada.

– No fim, você era apenas uma mulher repleta de traumas sentimentais. – O Espadachim esbanjava um sorriso insinuante e completamente descarado, algo que Nami considerava extremamente azucrinante. Sua vontade de enforcá-lo não havia sido totalmente descartada, mas seu incrível bom-humor não seria atingido pelas provocações dele. – Não hoje. Pensava ela.

– Pode até ser, mas... – O intervalo no meio da frase de Nami fez com que Zoro desviasse o olhar em direção a ela. O cenho franzido era notável. – Nami não faz o tipo delicado, muito menos meigo. Deve estar com febre ou bêbada. – Concluia ele.

– Você confiou em mim até o fim, não é? – Instigou-o.

– Heh...! – Zoro não conseguiu segurar um meio sorriso explanando escárnio diante da pergunta.

– Se Luffy escolhesse outro navegador, talvez estivesse mais à vontade agora, sem que ninguém viesse aqui tirar o meu sossego.

– Mas você me aceitou.

– É a decisão do capitão. Apenas isso.

– Então você ainda não confia em mim? – A pergunta soava mais como uma intimação, e ela ansiava uma resposta positiva. Por que de todos, Zoro era o que mais lhe tirava do sério? Nem mesmo as decisões inconvenientes de Luffy a irritavam de modo certeiro derradeiramente.

Zoro apenas a fitou por um momento. – O que há com ela hoje? – Abrasivo, suspirou indelicadamente. O rumo daquela conversa estava lhe aborrecendo.

– Vamos esquecer isso. Estou cansado. – Suspendia o diálogo de ambos, transparecendo uma impaciência irregular diante da mesma, quando Nami percebia naquele momento que Zoro carregava somente uma espada. Ela se questionava mais uma vez sobre o evento que perdeu quando roubara o navio e partira.

– Você não vai me contar o que aconteceu? – A voz entoando apreensão somada de feições receosas causava grande incômodo em Zoro. Ele não teria que contar nada. Ela quem escolheu fugir e ele não lhe devia satisfações, mas o impulso de, no fundo, intrinsecamente, ainda que não quisesse lhe considerava como uma companheira, mesmo que tivesse qualquer desconfiança. E tal era acirradamente possante.

– Por que não descobre por si mesma? – Um sorriso desdenhoso surgia como válvula de escape.

Nami prolongou o tempo de resposta. Não sabia dizer se o acontecido de fato podia ser considerado relevante ou se não passou de um combate imperceptível. A navegadora já havia testificado o mesmo se ferir em outros combates por motivos triviais, mas ela presumia que, por mais simples que fosse a luta, para ele era considerado importante.

– Ora, se é tão vergonhoso dizer... – Ela rebatia com dose superior de desdém. Havia um desejo ardente no mais íntimo de Nami que ansiava encetar discussões com Zoro, só para coagi-lo com alguma contradição do mesmo e tirar algum proveito mais tarde, mas ela percebia que aquele não era o momento.

– Certo, agora vá e me deixe dormir. – Zoro encostava-se na balaustrada para um cochilo e Nami insistia manter o olhar consternado na única espada do companheiro.

– Você não tem um navio para controlar? – Mantendo os olhos fechados, o espadachim repreendia a navegadora em tom aborrecido. Não queria a compaixão de ninguém. Muito menos dela.

Intimidada, Nami se deu por fim vencida. Ainda que estivesse num dia que pudesse julgar afável em demasio, sentia-se na obrigação de saber das dores de seus companheiros. O espadachim que recendia um caráter implacável mostrava postura sorumbática e não vivia um de seus melhores dias... Embora não soubesse por que, aquilo a incomodava...

Quando finalmente resolveu se ausentar do lugar teve seus passos interrompidos pela voz de Zoro.

– Não se preocupe Bruxa.

Nami virou o rosto de volta.

– Não há nada que você possa fazer sobre isso. Não desperdice seu tempo com o que não é da sua conta. – Ele permanecia de olhos fechados, com os braços cruzados, a cabeça curvada e o semblante plácido.

A face abismada de Nami durou centésimos de segundos e um sorriso terno e confortante decorreu no mesmo instante. Embora fosse seu jeito, dizia pra si mesma que sentiu falta dele e das frases secas, nem um pouco movidas por emoção. Dirigiu-se a escada, mas parou no primeiro degrau antes de descer.

– Zoro...

– Hn? – Ele continuou de olhos fechados.

– Você realmente teria me atacado se Sanji-Kun não tivesse lhe impedido? – O episódio onde a mesma foi acusada de matar Usopp pelos antigos companheiros de Zoro, não foi tão alarmante como pensou que seria.

– Eu cortaria qualquer um que machucasse um Nakama meu. – Dizia ríspido, mas no fundo, Nami percebia uma espécie de estreiteza em meio às suas palavras e um novo significado naquela expressão. Ela podia intimidá-lo com a frase que julgou ser de duplo sentido, mas preferiu ficar em silêncio. Um novo sorriso brotava nos lábios da navegadora.

Quando Nami se ausentou do local, Zoro sentiu como se a mesma estivesse passando por algum tipo de metamorfose, ou alguma doença nos oito anos de pélago tinha afetado seu cérebro, definitivamente. Ela era mesquinha, seus modos e sua personalidade lhe desagradavam em todos os sentidos. Algo nela parecia familiar, porém importuno. Mas sua arrogância e gênero forte lhe traziam algum divertimento no fim de tudo. Tê-la ali, talvez não fosse uma má idéia. Mas só porque ela estava apta para navegar. - Apenas isso. – Pensou

Uma forte brisa fazia instantaneamente as folhas das laranjeiras de Nami balançarem. Zoro abria os olhos vagarosamente até observá-las caírem e o vento soprá-las dali. Um sorriso compassivo formou-se, até fechar os olhos novamente.

– Bruxa...


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Notas finais do capítulo

Provavelmente no próximo capítulo teremos algo em Loguetown. É isso aí, gente. Espero Reviews :]