Estava terminado.

O moreno ignorava em absoluto os gritos da plateia.Ignorava as ovações pra cima de seu rival - e vitorioso - Natsu.Ignorava a dor de seus ferimentos, a poeira que dominava o lugar.

Não conseguia entender ainda muito bem como as coisas haviam terminado assim.Tinha a absoluta certeza de que eles venceria aquela batalha, de que trariam a vitória a sua guilda mais uma vez.

Mas não foi bem assim...

Nem a Dragon Force fora o suficiente.Nem a Unision Rain fora o suficiente!

E ele nem conseguira lutar contra o Gajeel!

–Perdoe-me, Frosh...eu não pude vencer desta vez.

Observou os presentes.O olhar de tristeza e de piedade de sua pequena Frosh eram mais do que evidentes, assim como as lágrimas de Lector.Rogue ficou de pé, cambaleante e dolorido.Não prestou atenção ao seu parceiro, que também já se levantara, e tomou uma direção diferente da dele.Apertou o tóxar e reprimiu uma exclamação de dor, caminhando para os corredores da Arena.

A derrota ainda lhe descia amarga pela garganta, mas ter a sua ansiada luta negada era ainda pior do que isso.Ele esperara todo esse tempo para finalmete pôs as mãos em Gajeel, mas não conseguira.Se sentia terrivelmente irritado e frustrado!

–Rogue.Rogue, espere por Fro!

A gatinha correu em sua direção, os grandes olhos brilhando e a boca contraída em uma linha fina, como se contivesse toda a tristeza do mundo...

Ele se abaixou até ficar da mesma altura que ela, afagando-lhe as orelhinhas com um pequeno sorriso de escanteio.

–Onde está indo?Sting-kun foi praquele lado, precisa se curar!

–Eu estou bem, Frosh, não precisa se preocupar...

–Fro não concorda! - taí uma frase que ele não escutava com frequência. - Fro está preocupada com você!

Ele a pegou nos braços colocou em seus ombros, ainda mantendo o sorriso forçado.

–Eu já disse que estou bem.Mas me desculpe, eu não pude vencer e...

A frase morreu em seus lábios, substituída pela expressão de surpresa.Um cheiro conhecido, nostálgico, atingiu-o e o fez mudar os pensamentos.Ele inclinou o rosto na direção que o olfato indicava, ainda segurando sua preciosa parceira consigo.

–O que faz aqui?

Ela se aproximou com um sorriso fraco.Os cabelos claros e curtos, que ele não via há dias, ainda eram adornados pela mesma rosa azul que ela tanto amava.Não estava com o manto e penas brancas, e sim com uma roupa simples e justa.

–Ela tem razão, você precisa se tratar.

–Porque está aqui, Yukino?

A maga celestial se aproximou ainda mais, ficando feliz pelo fato de ele não dar sinais de repeli-la ou se querer se afastar.Parou a menos de dois metros de distância, as mãos escondidas nas costas e o olhar desviado.

–Eu disse que ia assistir, não disse?

As íris escarlates fitaram o chão.

–Achei que não voltaria, depois de... - evitou mencionar o assunto que lhes era tão doloroso.Não queria machucá-la ainda mais.

Yukino negou com a cabeça.

–Eu estava torcendo pro vocês, nunca disse que torcia pela vitória da minha guil...eh, quer dizer, da Sabertooth.

–Fro não sabia onde Yukino-san estava, ela estava preocupada!

Ela estendeu a mão e afagou a exceed, fazendo-a rir.Trirou um doce do bolso e ofereceu-lhe, que o agarrou e colocou na boca com empolgação.

O silêncio dominou por alguns segundos, trazendo uma sensação desagradável de desconforto aos dois.Ela decidiu abrir a boca; sabia por experiência própria que ele era capaz de passar horas em silêncio, se assim o quisesse.

–Sinto muito pelo que aconteceu.

Ele deu de ombros, desinteressado.

–Eu não estou falando da luta.Estou falando da outra coisa.

–Não sei do que está falando! - rosnou ameaçador, fazendo-a recuar dois passos.

Era de conhecimento geral dentre toda a guilda o profundo desejo que Rogue tinha de lutar contra o Dragon Slayer de Ferro da Fairy Tail, e que, quando ele não conseguia o que queria, era bastante difícil de se conviver.

–Eu só...só queria uma desculpa pra falar com você, Rogue.

Fro deixou o doce de lado um pouco e fitou a maga de frente; a pele normalmente clara e pálida se tingida de um delicado porém forte tom de rosa.Achou que ali estava a sua deixa pra ir dar uma voltinha por aí.

–Fro vai procurar o Lector, Yukino-san cuida pro Rogue ficar bem!

O tom de rosa mudou pra vermelho, e ela assentiu, o olhar desviado.A gatinha ativou o Area e saiu dali o mais rápido possível, deixando os dois a sós.

Não era preciso ter a audição aguçada do Dragon Slayer pra ouvir a grande festa que tinha início no pavimento superior.Aquela provavelmente era a luta que tivera a mair repercussão não só naquela, mas de todas as edições dos Jogos Mágicos.Nem quando sua guilda se tornara a número 1 de Fiore as ovações tinham sido tão efusivas.

E isso estava dando nos nervos do moreno.Ela mordeu o lábio, temendo uma possível explosão.

–Ugh...- o corpo dele parecia não concordar, e o lembrou através de impulsos nervosos aguçados dos danos que ele sofrera.

–Vem, vamos até a enfermaria... - tentou apoiá-lo em seus ombros,mas ele a repeliu orgulhoso.Nada a qual ela não estivesse acostumada.

–Você não faz parte de nenhuma guilda, não deveria estar aqui. - começou a caminhar sem se importar se ela o seguiria.

–Então, preciso ser bem rápida, não é?

Não houve resposta.Os passos eram abafados pelos gritos e pelos pensamentos agitados das duas mentes desconectas; ela, atenta a cada mínima reação dele, e ele pensando apenas em sua frustração silenciosa.

Yukino respirou fundo, e agarrou a sua mão no meio do camnho.Rogue reagiu de uma forma que não lhe era muito comum: surpreendeu-se.

–O que foi?

–Eu...eu só...

Respirou profundamente, fitando vermelhos com seus castanhos profundos.O coração disparado, o rosto em chamas, a pele quente e a sensação aconchegante de estar segurando-lhe a mão embaralhavam todos os seus pensamentos.

–Não é nada... - soltou o ar de seus pulmões, sentindo a repentina coragem largá-la mais uma vez.Não deveria, não podia.

Não.

Ele deu de ombros e puxou a mão de volta, enfiando-a no bolso e tornando a caminhar.

–Eu não concordo...com o que o Mestre fez.

Ela elevou o olhar, fitando apenas as suas costas.

–Mas...

–Você era nossa companheira.Aquilo foi desnecessário.

–Tudo bem, Rogue.Eu desonrei a Sabertooth.Fiz por merecer a minha punição... - tentou espantar as dolorosas lembranças da maior humilhação de toda a sua vida.

–Então, é bem capaz de ele nos expulsar também.Afinal, eu e o Sting desonramos a guilda agora há pouco.

–É diferente, não entende?E você não pode sair, precisa ficar na guilda!

–Porquê não? - o tom de voz ainda desinteressado.

–P-porque não, e pronto!

Ele sorriu, um sorriso microscópico e que passou despercebido por Yukino.Parou de repente de andar.

–Daqui eu sigo sozinho. - ante o olhar levemente decepcionado dela, precisou completar. - Sting e Lector estão aí, não sei se é uma boa idéia que eles te vejam agora.

Um menear de cabeça, e uma mão estendida para se despedir.Ele a apertou de volta, corrigindo a postura e tentando parecer sério.

–Até a próxima, Yukino.

–Vou estar torcendo por você..vocês!

–Sei disso.Apesar de tudo, você foi uma de minhas companheiras.

Ela lhe deu as costas impassível, e se dirigiu a saída, tentando não ser vista.A mão forte do Dragon Slayer girou a maçaneta da enfermaria, se detendo por um segundo.

–E ainda é....não vou deixar que você desapareça.

E entrou no cômodo, pronto pra ouvir a torrente de reclamações que certamente o seu companheiro em breve despejaria.