Alternative Pairing escrita por Hana chan


Capítulo 14
Gelo e mar


Notas iniciais do capítulo

Yoo, miina!Como vão vocês?
Tá, tá, sem bronca, eu sei que faz tempo que não atualizo isso aqui, mas ando numa crise, tô sem net em casa e acabo atrasando todos os meus compromissos aqui no Nyah!, inclusive os reviews e minhas respostas (autores que eu acompanho, meu desculpem!)...
Sobre o capítulo, é de conhecimento geral (ou não) que eu não shippo nenhum dos três couples mais amados de Fairy Tail, que são NaLu, Jerza e Gruvia (NaLu por motivos óbvios, os outros dois pq acho que Erza e Juvia merecem coisa melhor do que os frouxos do Jellal e d Gray), então, no meio de minhas loucuras e misturebas de casais, me peguei pensando:e a Urtear e o Lyon?Porque só shippam ela com o Gray?Eles deviam ao menos ter um pouco mais de interação, ele é tão aluno de Ur quanto o outro...daí, nasceu este cap!
Falei demais hoje, agora aproveitem!



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Não fazia sentido.

Ele revisou os papéis pela décima quarta vez, só naquela tarde, mas eles continuavam a não fazer o menor sentido.Como uma coisa daquelas podia ser real?Ela não poderia estar viva, ainda mais depois de tanto tempo.Era impossível!

-Lyon-sama?

O conhecido chamado de sua fiel parceira o fez sair momentaneamente do transe, mas só um pouquinho.Estava curioso demais sobre aquilo.

-O que foi, Sherry?

-Ah, n-nada demais, mas você parecia tão concentrado que eu só...desculpe-me.

Ela tinha aquele irritante hábito de pedir mais desculpas do que era necessário, mas ele já se acostumara.Sentiu que ela o espreitava por cima do ombro.Fixou os olhos em uma das muitas fotos apresentadas.

-Quem é ela? - Havia algo a mais no tom de voz de Sherry.Seria...ciúmes?

-Urtear Milkovich.Pertencia ao conselho e ajudou nos planos de Jellal na época do disparo do Etherion, é ex-membra da guilda das trevas Grimoire Heart e tem um currículo dos mais invejados no submundo.Aparentemente até a mim ela andou enganando!

Ele parecia irritado, mais do que o normal.

-Sim, Sherry também a conhece.Mas o que tem ela?

-Não é ela, eu sou o problema...como é que eu nunca havia percebido?

Já havia algum tempo que ela fugira da prisão e se tornara um dos alvos mais apetitosos para magos de guildas oficiais, já que havia uma gorda recompensa pela sua cabeça, mas apenas há alguns dias atrás Lyon se interessara pelo assunto e fora pesquisar mais a fundo.E se sentiu um tremendo idiota.Apesar de o nome lhe causar uma forte suspeita, ele jamais o ligara à pessoa, e achava que era coincidência que outra mulher tivesse o mesmo nome de sua falecida mestra.

Suas suspeitas se confirmaram.Era a mesma pessoa.Aquela por quem Ur soltara lágrimas bem á sua frente, e cuja ausência ferira tanto o seu coração. Somente isto já era informação demais pra cabeça dele, mas ela ter tido tanta influência anônima na vida dele era mais do que ele podia ignorar.Ia tirar aquela história a limpo o mais cedo possível.

Direto da fonte.

Ele arrumou a bagunça em cima da mesa e a guardou dentro do casaco.Ficou de pé e disse:

-Vou dar uma volta, vai junto?

-Er, Lyon-sama...  - Ela parecia desconfortável, balançando minimamente para os lados enquanto desviava o olhar, as bochechas coradas.Ele revirou os olhos; conhecia aquele comportamento.

-Vai ter um encontro com o Ren, não é?

Ela assentiu, antes de expressar culpa com os olhos:

-M-mas se o Lyon-sama desejar...

-Não, deixe.Pode ir, o Ren ia me infernizar se eu a fizesse perder mais um encontro!

Ela abriu um largo sorriso, antes de tentar matá-lo sufocado com um abraço mais apertado que o necessário.

-Obrigada, Lyon-sama!

-Tá, tá, mas eu preciso ficar vivo, senão você vai precisar usar a sua magia e aí sim, vai perder o seu compromisso!

-Sim!  - Sorriu, fazendo-o sorrir também.Os dois caminharam até a entrada de sua guilda e ali se separaram, Sherry ainda sorrindo e Lyon experimentando uma sensação de solidão.Desde que sua amiga arrumara um namorado, ele se sentia constante solitário e abandonado, ela era uma companhia pegajosa e barulhenta, do tipo que faz falta quando está ausente.

Caminhou pela cidade semi-deserta, tentando colocar os pensamentos em ordem.Urtear...quem seria essa mulher misteriosa?E qual o motivo de tudo aquilo?Tantas perguntas!Lyon sentia-se subitamente cansado e sufocado, e parou pra descansar em um banco de praça.Tirou os papéis do bolso e tornou a analisá-los, como se por magia fossem revelar alguma informação que ele deixara passar ou quem sabe até mesmo o paradeiro dela.Franziu a testa.

Sentiu algo pousando com estardalhaço, e ao levar a mão à cabeça pôde acariciar uma cabeça penosa e urulante.O pombo manchado se curvou e o olhou diretamente nos olhos.

-Só pode ser brincadeira... - Tentou afugentá-lo, mas a ave era insistente, e o sobrevoou até conseguir pousar em seus joelhos. - Se é comida que quer, não tenho nada pra você!

Ele não queria comida, e estendeu a patinha impacientemente.Só então o mago do gelo notou que ele trazia um papel amarrado em si.Desamarrou-o e leu com curiosidade.

"Venha até a praia de Stalinn, dois quilômetros a leste de Magnólia, debaixo das falésias.Você tem até o entardecer."

-Era só o que faltava, agora eu recebo ordens de um pombo...parabéns, Lyon Vastia, você decaiu bastante na vida!

O pombo ainda o encarava, e ele estava confuso o suficiente para se irritar.

-O que é, vai ser meu guia turístico?

Como resposta, a ave bateu em retirada e desapareceu rapidamente por entre os telhados das casas.Lyon consultou o relógio; ainda não era nem uma da tarde.Se caminhasse agora chegaria bem cedo ao local combinado, mas como não tinha mais o que fazer, se pôs de pé e começou a andar.

O caminho não era tão longo, mas seus passos propositalmente lentos e curtos o tornaram duas vezes mais distantes.Ele precisava pensar, e encontros suspeitos com desconhecidos não ajudavam muito em momentos como esse.Ele rememorava boa parte de sua infância, memórias dolorosas que aquele novo assunto traziam involuntariamente à tona.Ele amadurecera o bastante pra se sentir o maior dos tolos em querer superar Ur; jamais uma criança orgulhosa como ele seria mais forte do que a sua mestra.

Ele amava Ur.Nunca o dissera em voz alta, mas a amava, e sentia uma falta absurda daqueles olhos gentis.

-Droga!

Os pés começavam a afundar na areia úmida.Ele nem notava que estava na praia, apesar do cheiro de sal e do vento forte.Caminhou até as falésias, sentando-se em uma pedra cravada de moluscos e assustando pequenos crustáceos.Não havia ninguém por perto, nenhum poder mágico podia ser sentido.Lyon respirou fundo; aquele cheiro desacelerava seus batimentos, mas também ativava cada gota de culpa existente em seu organismo.

-Ur...você consegue me ouvir?

Uma onda quebrou bem a seus pés.Lyon sorriu levemente.

-Espero que ela consiga, tenho muita coisa pra dizer...

Ele se sobressaltou, ficando de pé em um único movimento.

-Fique calmo, Lyon-kun, não me obrigue a te congelar só pra termos uma conversa civilizada!

Ele ficou petrificado.Era Ur.A própria!Ali, viva, bem á sua frente, só que mais jovem e, ele precisava admitir, ainda mais bonita...

-Urtear, suponho!

-O Zeref é que não é! - Ela riu.

Lyon ficou meio incomodado pelo fato de ela não demonstrar hostilidade nem medo perto dele, ao contrário, a guarda estava totalmente baixa.Tanto é que ela sentou-se a seus pés e admirou o mar, dando tapinhas no chão.Ele considerou isso um convite pra se juntar a ela, e o fez.

Lyon rompeu o silêncio primeiro:

-O que quer comigo?

-Essa pergunta é minha.Sei que anda me investigando!

Ele a fitou surpreso, mas ela apenas sorriu mais uma vez.

-Suponho que esteja atrás da recompensa, mas vou logo alertando: não pode me capturar!

-Engano seu.Quero apenas conversar, se for possível.E eu até poderia te capturar, com a guarda tão exposta assim...

Lyon sorria malicioso, mas meio segundo depois estava imobilizado por uma porção de pedra vermelha que, ele podia jurar, se materializara...à sua volta?

A morena sorria, equilibrando uma orbe em seus dedos delicados.

-Sabe como se formam as falésias, Lyon-kun?São resultado de muitos anos do movimento das ondas arrematando contra a pedra nua, até que ela se renda e se molde à vontade do mar.É um processo lento e artístico, mas posso revertê-lo em questão de segundos!Você estaria preso em rocha antes mesmo que percebesse!

Ela tornou a sorrir."Perigosa".Essa era a palavra que ele usaria para descrevê-la.

-Tudo bem, eu me rendo...pode me soltar agora?

Urtear acelerou o tempo daquele minério, transformando-o em poeira e liberado o mago.Lyon sacudiu o pó fino das roupas, murmurando algo como "espero que não deixe manchas!".

-Porquê me mandou aquele recado?Não faz sentido, ao meu ver!

-Eu queria te conhecer...melhor, aquela vez não valeu!Sabe, eu me encontrei com o Gray há alguns anos atrás, longa história, então nada mais justo do que conversar também com o outro pupilo de minha mãe, não acha?

-E acha mesmo que pode confiar em mim?Me parece um bocado ingênuo da sua parte!

-Mais ingenuidade do que se encontrar desacompanhado com uma das criminosas mais procuradas da atualidade?Não deve ser mais difícil manipular você do que todo um conselho de magos...ah, espere, eu já fiz isso uma vez!

Lyon franziu a testa; odiava lembrar-se de  que fora enganado por aquela mulher.

-Então era você mesmo...

Urtear riu.É tão fácil manipular um ser humano com sede de vingança e justiça!

-Você estava uma gracinha com todo aquele desejo de derreter Deliora!Eu quis te ajudar, com lucro pessoal, é claro!Mas chega de falar daquilo!O que quer saber?

-Tudo.Sobre você.Sobre Ur.Sobre o  porquê de todos acharem que você estava morta, ou você não demonstrar nenhum sentimento diante do corpo congelado dela!

Ela fitou o oceano, melancólica.É verdade, ela se encontrara com a mãe, presa eternamente em seu Iced Shell...evitava pensar naquilo.

-Você também não demonstrou grande coisa, moleque, só falava "Deliora,Deliora" e nem dava sinais de arrependimento ou saudades! - Ela atingiu a testa dele com o indicador, causando uma pequena sensação de dor. - Vejamos...tudo começa com uma clínica, febre alta e a imagem do Brain...

-O Mestre da Orácion Séis?Então vocês se conheciam?

-Tudo neste mundo está interligado, garoto, você já devia saber disso!

Lyon assentiu, e ela prosseguiu com a sua narrativa.Contou tudo o que era capaz de lembrar, desde a sua infância e os testes que sofrera, o encontro com os três e as conclusões precipitadas que tirara, sua relação com Jellal e com a Grimoire.Ele apenas ouvia, pensando o quanto as vidas dos dois estavam entremeadas sem que eles nem mesmo desconfiassem.

Quando chegou na parte em que relatava a luta contra Gray e a descoberta da verdade, ele sentiu os próprios músculos retesarem.Gray estava desaparecido há mais de cinco anos, assim como a maior parte de sua guilda.Conversar sobre ele era algo que há muito ele não fazia, ainda mais daquele jeito tão despreocupado.Urtear sentiu a mudança de clima, e calou-e por alguns instantes.

-Então, se não fosse pelo Gray...

-Talvez eu não soubesse da verdade, é sim.

Os dois fitavam as ondas quebrando suavemente, as gotas respingando em seus corpos.Era gostoso.

-Será que ele está vivo?

Ela negou com a cabeça.

-Não tenho muita esperança disso.Eu mesma vi aquela besta vaporizando a ilha, nenhum ser humano poderia sobreviver àquilo!

-Feh!Ainda não aprendeu a lição, Urtear? - Ele sorria. - Nunca subestime a Fairy Tail!

-Tem razão.Mas e então, está satisfeito?

-Pra falar a verdade, não.

EL ficou irritada.

-Como assim?O que mais quer?Eu já te contei tudo o que eu podia!

-Haha, fique tranquila!É só que...sabe, eu sei que você é procurada e está sempre fugindo, mas...

Ela ergueu a sobrancelha.

-...se possível, vê se não some.Pra sempre, ao menos! - Ele não a olhava nos olhos, e parecia incomodado ao dizer aquilo.Fez Urtear gargalhar alto.Lyon não era bem como ela se lembrava.Ela passou a mão grosseiramente por seus fios brancos. - Hey, o que pensa qu...

-Você cresceu, garoto!

Por um segundo, os olhos dela tornaram-se gentis.Carregados de um carinho que há muito ele não sentia.Lyon sentiu um calor crescente dentro do peito, mas se esforçou pra não exteriorizar aquilo.

-Não se preocupe, não vou desaparecer, tenho alguns negócios inacabados com vocês.Além disso, - Ela ficou de pé e sacudiu a areia molhada da roupa. - também quero ouvir sua versão da história.Sabe, sobre Ur.

Lyon assentiu, e, sem nenhum motivo lógico, fez-se um silêncio constrangedor entre os dois.Eles não se encaravam, apenas...estavam.

-Ur-ch...Urtear? - Uma cabecinha rosada se fez presente por trás das dunas mais próximas dela.Meredy tinha um olhar culpado. - Estou interrompendo?

-Não, nós já terminamos.Mas o que eu te disse sobre me chamar de Ur-chan?

Ela sorriu, ainda culpada.Arrastava um dos pés de um lado para o outro e encarava o chão o tempo todo.A "mãe" suspirou.

-Tá bem, o que você fez agora?

-É que...lembra o que você me disse sobre esperar por você pra atacar a Butterfly Effect?Então...

-Meredy!O que já conversamos sobre isso?VOCÊ-NÃO-TEM-IDADE-PRA-DESTRUIR-GUILDAS-DAS-TREVAS-SOZINHA!Ah, céus, o que deu em você, é rebeldia adolescente?

-Mas você tava demorando, aí o Jellal disse que...

-Ah, então foi o Jellal?Eu sabia que aquele idiota tinha alguma coisa a ver com isso!

-Jellal? - Lyon indagou, menos surpreso do que achou que deveria estar.

-Finja que não ouviu isso.Preciso ir, aposto que algum mestre deve estar farejando nossa localização que nem um cão de caça!Até a próxima, Lyon-kun, mas não me procure, eu entro em contato!

-Como pode ter certeza de que não vou denunciá-la ou te caçar pra conseguir a recompensa?

Meredy aumentou a guarda nesse momento, se colocando à frente dela, mas Urtear apenas sorriu.

-Eu sei que não vai.Não é algo que ela desejaria.

As duas caminharam até desaparecerem em uma curva da orla, deixando o mago do gelo ali sozinho.Ele mal notara que o crepúsculo se aproximava, o céu tingido de laranja, amarelo e azul escuro.A maré subia rapidamente, encharcando as suas botas .Lyon se agachou e deixou que a água acariciasse os seus dedos.

-Está feliz agora, Ur?

Obviamente, nada aconteceu.Ele se permitiu deixar uma lágrima escapar, mas apenas uma.Tornou a ficar de pé e tomou seu caminho de volta, mas não sem antes dar uma última admirada naquela paisagem tão linda.Ur se fora, para sempre.Mas ele sempre a teria nas memórias e mesclada a àgua do mar, salgada como as lágrimas que derramara por sua filha.

Urtear.

Era, de um modo estranho, bom saber que ele a veria mais vezes dali por diante...


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Notas finais do capítulo

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