Morning Light escrita por Dani


Capítulo 15
XIII - We all have secrets


Notas iniciais do capítulo

Oie tributos lindos, mil desculpas pela demora, mas estou conciliando fic, Damas do Photoshop e escola então me perdoem do fundo do coração. Esse capítulo tem muitos pensamentos da nossa Prim, espero que estejam com saudades dela como eu estou de vocês *-* ESPERO QUE GOSTEM!!! May the odds...well, you know :) PS. Capítulo betado pela minha linda Buttercup ♥ muito obrigada fofa :D



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Bem no fundo da campina, embaixo do salgueiro
Um leito de grama, um macio e verde travesseiro


Encaro meus pés descalços que caminham firmes na grama verde daquele enorme campo. Estou com um vestido de tecido claro que abraça meu corpo delicadamente, meus cabelos estão soltos e minha cabeça tão leve quanto uma pluma. Há muito tempo não me sinto assim.


Deite a cabeça e feche esses olhos cansados,
E quando se abrirem, sol já estará alto nos prados.


Percebo que o orvalho que cobre a grama macia forma pequenos cristais que refletem o sol e exala várias cores como um belo arco-íris. Quero tocá-los, mas fico horrorizada ao perceber que na verdade, não é água, mas cacos de vidro eu expelem uma substancia vermelha que toma conta de suas cores.


Aqui é seguro, aqui é um abrigo
Aqui as margaridas te protegem de todo o perigo


Não sinto dor, não sinto nada. Meus lábios se abrem e soltam risadas que não são minhas, minhas pernas caminham confiantes para um caminho que eu não escolhi.

Rosas. Rosas brancas. Visualizo, bem próxima de mim, uma enorme plantação de rosas brancas. Quero tocá-las, quero senti-las, quero inspirar seu perfume.

Meus passos se tornam mais urgentes e meu corpo sente necessidade de se juntar a elas. Como se eu precisasse delas. Como se pertencesse a elas.

Assim que me aproximo alguns espinhos cortam a pele clara dos meus braços, mas eu não me afasto, quero cada vez mais ficar ali, no meio daquelas rosas brancas.

Então tudo desaparece e se torna cinza.


Aqui seus olhos são doces e amanhã eles serão lei
Aqui é o local onde sempre te amarei.


Uma lágrima escapa sorrateira dos olhos de minha mãe e um sorriso tímido me cumprimenta. Terminando a canção ela me dá um beijo na testa, finaliza a trança que estava fazendo no meu cabelo e sai chamando por meu pai pelo corredor.

Tento me concentrar e captar tudo que há ali no quarto. Flores, uma janela grande, um sofazinho e Annelys.

Annelys está na porta, sorrindo.

– Bom dia, bela adormecida. – ela diz se sentando em uma cadeira ao lado da cama em que estou. Bela adormecida é uma antiga história que era contada na escola quando estudávamos sobre os povos que viviam antes do que hoje chamamos de Panem.

Olho o quarto onde estou. Não sei como vim parar aqui.

– Que lugar é esse? – pergunto.

– Estamos ainda no Distrito 8. – ela diz desanimada. – O que aconteceu?

Olho para ela como se fosse obvio que eu não fazia ideia do que havia e ainda estava acontecendo. Mas Annelys ainda esperava minha resposta.

– Não sei. Eu senti uma dor de cabeça, estava voltando para meu quarto quando...

– Você desmaiou. – ela completou. - Um homem do 2 levou você até seus pais. Sua mãe ficou sem falar durante toda a semana, ela...Surtou.

– Toda a semana?

– Você “dormiu” durante uma semana. – ela diz, fazendo as aspas no ar.

Penso naquilo por um momento.

– Sim, você entrou em coma. – ela confirma o que eu estava começando a pensar. Meus pensamentos ainda estão confusos e lentos, Annelys fala tão rápido que tenho que me esforçar para que a tontura não me tome todos os sentidos novamente. Ela acaricia meus cabelos como se eu fosse um bebê muito frágil para qualquer contato mais intenso. – Ninguém realmente sabia quando você iria acordar.

Annelys solta meus cabelos e pega em minha mão, ficando séria por um momento.

– Eu não posso te perder também.

Acho que a tontura esta passando já que entendo o porquê de suas palavras. Faz pouco tempo, mas Annelys perdeu o pai, ele desapareceu e foi declarado morto, após uma busca que os Pacificadores fizeram nas redondezas dos últimos locais em que ele havia estado.

– Eu também não. – digo, sorrindo para minha amiga.

– E essa semana me fez pensar. – ela diz. – Nós estamos passando pouco tempo juntas, e como a partir de hoje seus pais com toda certeza farão alguém ficar sempre de olho em você, eu me candidatei.

Jogo um olhar acusador para minha amiga.

– Ou era isso, ou seria Finn. – ela se justifica. – E você sabe, ele agiria como um pequeno Pacificador. Mal te deixaria andar dois passos sem informar sua mãe.

Ela tem razão, então não protesto contra seu argumento.

– O que aconteceu nesta semana?

– Além de o Distrito inteiro mandar dádivas e coisas simbólicas deles te desejando melhoras. – ela diz tentando me animar. – O trem apresentou defeitos mais uma vez. – Ela para.- E todos estão estranhos.

– Como assim, estranhos? – pergunto.

– Existe a possibilidade de alguém ter tentado te envenenar. – ela sussurra, como se aquele fosse um assunto do qual ninguém pudesse comentar.

Penso em quem faria isso. Penso porque fariam isso. Então lembranças me fazem ter certeza de que não fui envenenada. Não agora, nesta viajem.

Aos meus cinco anos estávamos na floresta e eu, de repente, simplesmente puxei meu pai de volta para casa, afirmando que meus olhos estavam doendo. Na época eu sabia exatamente o que estava sentindo. Mas no meu aniversário de oito anos fizemos uma pequena comemoração e eu apenas queria que todos fossem embora porque havia um zunido na minha cabeça, era tão doloroso, que por mais que todos estivessem sendo gentis, eu apenas queria ficar sozinha. Muitas vezes eu ia para cantos escondidos da floresta quando essas dores começavam e quando escurecia eu me encolhia em minha cama até que a dor passasse.

Meu pai havia notado algumas vezes, mas eu não sabia o que era, e sempre passava uma hora ou outra, então eu nunca falava sobre isso para ninguém, mas agora não estava exatamente assim.

– Eu vou ficar de olho. – Annelys diz apontando para mim com uma cara engraçada, então rimos um pouco e ela me ajuda a me levantar da cama, estou faminta e não tenho fome da comida pálida que há ao lado de minha cama. Minha amiga entende e me ajuda em silencio.

Levanto-me e ela joga meus cabelos para um lado, depois para o outro e depois de muitas caretas coloca ele como parecia estar antes: - Apresentável.

– Espero que sim. – digo e saímos andando. Ela segura meu braço como se eu fosse uma boneca prestes a se quebrar enquanto se move. Pergunto-me por quanto tempo ela me tratará assim e se há mais alguém que me tratará da mesma forma.

Ao caminharmos muitos acenam e sorriem de um jeito robótico e que me desperta medo, mas fico grata por estarem sendo gentis e não me enchendo de perguntas.

– Não, você está roubando. – ouço a voz entrecortada de meu irmão dizer. Sua risada vem alta desde o elevador abriu e nos deixou no andar principal do hotel.

– Eu? Acho que não. – uma voz amigável diz.

– Vocês dois são impossíveis. – uma terceira voz afirma e eles todos dão um risada. Esgueiro minha cabeça pela sala e visualizo três pessoas ali.

Finn, Lucca e um rapaz que nunca vi antes. Mas seus olhos, muito cinzentos, lembram os de minha mãe.

Eles estão sentados ao redor de uma mesinha, jogando algum jogo que não reconheço.

O primeiro a se levantar é Lucca, ele começa a caminhar e então mantém uma distancia entre nós. Como uma barreira.

– Como você está? – o som de risada que havia em sua voz desaparece. Eu odeio isso.

– Bem, você? – pergunto.

Ele dá um sorriso contido.

– Você ficou dormindo alguns dias a mais que o normal, não ele. – meu irmãozinho grita e me dá um abraço pela cintura. Começo a rir, feliz com o movimento surpresa.

– Exatamente. – Lucca concorda e o homem, muito alto, que permaneceu calado até agora, se aproxima.

– Bom te ver em pé. – ele brinca.

– Primrose tem uma pequena mania de conhecer as pessoas e simplesmente cair aos braços delas. – Lucca corta o ar. – O que é uma pena, quase me senti especial achando que era apenas comigo.

Acho que minhas bochechas ficam vermelhas já que sinto meu rosto queimar agora que Annelys e Finn me olham de soslaio, como duas crianças que me pegaram fazendo algo que não devia.

– Sou Primrose. – tento dissipar o assunto estendendo a mão para o desconhecido que aparentemente me socorreu após meu desmaio.

– Eu sei. – ele diz e me olha de um jeito intenso, me analisando. – Sou Gale. – ele continua me olhando e então finalmente conclui: - Você parece muito com sua mãe, menos seus olhos.

Gale. O nome me parece familiar.

Annelys põe a mão em meu ombro e diz de forma angelical: - É hora de vocês, homens, voltarem a seus afazeres. – ela diz apontando o jogo. – E eu que cuidar da alimentação de alguém.

Com uma piscadela minha amiga me tira da sala.

– Primrose. – uma voz grita, nossos olhos se encontram. Não tive noção de tempo enquanto estava dormindo, mas percebo que sinto falta deles. Dos olhos. – Se a dor de cabeça voltar, me deixe saber.

Tento assimilar a coisa, mas assim que ele fala, Lucca volta para a sala, deixando eu e Annelys sozinhas no corredor.

– Primrose tem uma pequena mania...- ela começa.

– Calada. – digo, mas isso só faz ela repetir mais alto. Bem, amigas.


***


Meus pais seguram minha mão esquerda fortemente e num ato possessivo.

– Primrose, você quer voltar pra casa? – minha mãe corta o silencio.

Eu quero?

Eu quero voltar pra casa?

Penso nos olhos doces de Riley e em como as risadas de meu irmão se multiplicaram desde o inicio da viagem. Penso nas ironias de Lori e na forma que ela manuseia facas como se fossem brinquedos. Penso nos milhões de beijos que são jogados para mim em todos os Distritos. Penso em todos os abraços de Annelys e seus cabelos que cheiram a morango. Penso na minha Equipe de Preparação, em Octavia, aquela doce maluquinha. Penso em como meu pai e tio Haymitch parecem contentes. Penso nos bailes.

Os bailes me lembram de Lucca, e o lago, e Vênus com seus cabelos cor de fogo, em casacos, penso no pai Finnick e o quanto quero saber sobre ele, penso no que ele tem feito por sua mãe. Penso em seus olhos que parecem o mar, em suas mãos fortes, em seus sorrisos e em todas as vezes que fui para o meu quarto irritada com ele.

O baile também me lembra de Dean, tão esperto, tão bom com números e trens. Tão tímido com danças e pessoas. Tão gentil, calmo e simples. Tão sereno.

Após o baile me lembro do homem de olhos cinzentos. O que teria acontecido comigo sem ele ali, no momento em que perdi a consciência? Quanto tempo eu ficaria desacordada? Onde eu estaria? Para onde qualquer outra pessoa teria me levado?

Penso em como ele me chamou de Catnip na primeira vez que me viu, da mesma forma que Finn falava o nome de minha mãe quando era bebê e tentava as primeiras palavras. Penso em como me analisou e então concluiu que eu parecia com minha mãe.

Digo um não frenético com a cabeça quando percebo que não, não quero ir embora.

Quantas pessoas especiais deixarei de conhecer se for embora? Quanto não saberei sobre esses se eu for?

– Se isso... – minha mãe diz rouca, mexendo as mãos ainda mais frenética que eu, agitada como nunca a vi. – continuar, pegaremos o trem mais rápido de volta para o 12.

Os olhos de meu pai reclamam em silencio, mas ele não protesta.

Minha mãe sai da sala e então ele se levanta, me dá um abraço, se senta, anda de um lado para o outro e então se senta em outra cadeira num tom de inquietação.

Todos estão tão agitados.

– Você está realmente bem, certo? – Meu pai pergunta. – Eu tive que mentir para sua mãe. – ele passa as mãos pelos cabelos. – Primrose, nós prometemos não mentir um para o outro após a rebelião. Mas eu menti, eu sabia que você não estava completamente bem. E eu não...

Seguro suas mãos antes que ele arranque os próprios cabelos.

– A culpa é minha. Eu escolhi não contar para ninguém. – afirmo e percebo que não foi a coisa certa a dizer.

– Nem para mim. – ele diz sem expressão.

– Pai, eu pensei que não era nada. – conto a meu pai que agora que está sem aquele brilho nos olhos, parece mais velho, mais cansado, parecendo tão diferente do Peeta que eu conheço.

– Se não fosse por Gale...- ele começa outra vez.

– Pai, quem é Gale? – pergunto por fim.

Ele me olha, e vejo que minha pergunta levou toda aquela insanidade um pouco embora.

– Ele, é o velho amigo de sua mãe. – ele diz.

Arregalo os olhos por impulso. Percebo que ele nem mesmo disse um amigo de sua mãe, ele disse o amigo de sua mãe. E meu pai é sempre cuidadoso com palavras.

– Então ele...? – começo mais meu pai fica quieto e encara um de meus braços.

– Primrose, porque seus braços estão assim? – ele pergunta curioso.

Quando vou perguntar sobre o que está falando percebo que meus braços estão arranhados, e há um pequeno corte. Solto um grito agudo sem querer porque o pequeno corte é exatamente no local em que um dos espinhos cortou minha pele, nos meus sonhos.

– Prim? – o sorriso caloroso de Dean torna o clima mais leve, mas meu pai inspeciona meus braços e depois apenas me olha, assustado.

Dean me trás calma. Sua voz sempre mantém um tom baixo, porém auditível. Equilibrado, assim como ele parece ser.

Ele se aproxima e me dá um abraço tímido, cumprimenta meu pai, que olha fixo para o nada. Dean está de costas no fundo da sala se servindo, decido conversar com Dean sobre quanto tempo ficará conosco e então, casualmente, meu pai tira o casaco que está vestindo e fica apenas com sua camiseta branca.

– Então Dean, quanto tempo você ficará? – meu pai continua falando, mas enquanto Dean se serve, ainda no fundo da sala, meu pai pega cuidadosamente meu braço e coloca ao lado do seu. Ambos estão arranhados e com cortes nos mesmos locais.



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Notas finais do capítulo

Por favor COMENTEM, porque me ajuda muito mesmo pessoal, além de incentivo muitas ideias surgem do que vocês falam então CRITIQUEM, ELOGIEM, ME DEIXEM SABER O QUE ESTÃO ACHANDO DA FIC :) Muito obrigado como sempre pelo apoio e muitos mellarkisses from District 2 ♥