Narração por Edward Cullen

Eu não acreditei em meus olhos. Como eu perco uma garota em uma noite sem fazer nada de errado? Bella, agora, estava toda machucada em uma maca dando as mãos para o playboyzinho que saiu agarrando noite passada. E eu? Fico como?

– Edward... Eu... Desculpa, eu tive que ir por que... – Bella se embolou ao falar.

– O que vai me explicar, afinal? O motivo de pular a janela de minha casa quase dopada, cair na rua, ser atropelada e ainda ficar de rolo com um cara em minha frente? – Falei rápido, bufando. – Ao que eu me lembre, não é de minha conta. E, aliás, nem sei se ainda vai querer, ou sequer poder sair comigo, então... Eu vou indo. Te vejo segunda nas aulas particulares.

Joguei o buquê de flores que comprei para ela no pé da maca, e sai. Senti-me fraco e consumido por isso. Doeu em mim vê-la ferida, com um galo na testa, cortes no corpo e gesso nos músculos. Doeu vê-la com outro cara. Sim, tudo isso doeu, mas não tanto quanto ter que deixa-la só em um momento desses.

Narração por Isabella Swan

Assim que o Edward saiu eu senti uma dor no peito. Uma vontade absurda de chorar invadiu-me, e eu senti-me fraca. Mais que o normal. Era isso? Nós havíamos terminado? Não me lembro de nem termos começado.

Não consegui segurar a adrenalina, levantei-me da maca com um impulso, assustando todos em minha volta. Jacob segurou-me para eu não levantar.

– Não Bells, você tem que repousar.

– Não tente me impedir, Jacob Black. Você não vai querer me ver brava! Agora vamos, largue-me. – Percebi que ele não me soltou, então apelei. Pisei com o gesso no pé dele, que gemeu de dor, me soltando, e então corri até a porta. – Edward! Edward!

Chamei por ele, tentando ir o mais rápido possível para a porta do quarto. Meu corpo todo latejava de dor, mas eu não desistiria. Ele uma hora iria me ouvir e vir até mim.

– Edward! Edward! – Continuei persistindo até que o médico entrou.

– O que está acontecendo aqui?! – Ele veio segurar meu braço, mas eu nem sequer olhava em seu rosto. Estava esperançosa. Edward teria me ouvido, certo? E se ouvisse, ele viria até mim. Na certa viria... Mas não veio.

Logo a esperança que eu havia juntado em meu peito de chama-lo, puxá-lo para um beijo e ter um final feliz evacuou, tão rápido quanto veio.

Só então olhei para o médico. Ele é loiro, tem olhos verdes, e parece não tem mais de trinta e cinco anos. Esse rosto me parece muito familiar. Baixei meus olhos então para o seu crachá: Dr. Carlisle Cullen.

– Você é o pai do Edward. – Sussurrei, deixando enfim meu corpo leve. O doutor aproveitou a situação e arrastou-me de volta para a maca enquanto eu tentava raciocinar.

Minha cabeça estava a mil por hora agora. Era muita coisa.

Eu bebi feito louca noite passada. Eu agarrei algumas pessoas. Dormi na casa dos Cullen. Fugi da casa dos mesmos após espionar a conversa de Edward com Alice. Fui atropelada. O rapaz que eu beijei noite passada cuidou de mim. Edward terminou comigo. O pai de Edward era meu médico.

É muita coisa para uma simples cabeça inchada e danificada.

– Jacob, por favor, saia, quero ter uma conversa com a paciente. Já é tarde, vá para casa, pode voltar amanhã. E, aliás, mande lembranças ao seu pai. – Jacob assentiu e saiu. Reparei que ele mancava um pouco. Eu pisei em seu pé tão forte assim?

Sentei-me na maca, e o doutor Cullen indicou-me para eu pôr a perna em repouso. Obedeci, afinal estava curiosa para ver o que ele me diria, quanto tempo vou ficar aqui, e quem sabe me falar sobre o filho dele? Não, Bella. Foco. Edward tem uma prova terça feira e vocês precisam estudar.

– Finalmente conheci a famosa Isabella! – Ele saudou-me. Senti-me constrangida. Falaram de mim? Quem, a enfermeira ou os filhos dele?

– Bella, por favor. – O corrigi.

– Ah sim, Bella. Olha Bella, o seu caso foi bastante grave. Poderia ter perdido um braço, uma perna... A sorte foi que o carro estava em 60 km/h, o que fez a batida não ser tão forte. E outra sorte foi que você bateu de lado.

– Como de lado?

– Você bateu apenas o lado esquerdo. Portanto no impacto sua perna e braço esquerdo foram quebrados, mas apenas o braço ficará engessado por muito tempo. Quando você caiu no chão torceu o braço direito, e arranhou seu rosto, pernas, tronco...

– Uau, estou vendo a cena em câmera lenta passando em minha cabeça... – Toquei minha testa, ao lado direito. Ela latejava, e o inchaço parecia cada vez maior. – Você é pai do Edward, não é? – Soltei sem perceber.

Ele riu baixo. – Sim, eu sou o pai dele. Soube que está ajudando-o nos estudos. Agradeço por isso. – Ele sorriu. Sim, pelo visto aos olhos de Edward eu estava apenas ajudando-o com os estudos.

Não sei por que estou chateada. Afinal, no começo eu estava sendo forçada a ajuda-lo. A última coisa que eu queria era passar as minhas tardes com ele. Acho que faz parte dos Cullen enfeitiçar as pessoas com esse seu charme. Imagino como o Dr. Cullen virou médico...

– Não foi nada. Aliás, quando eu posso ir embora? – Senti-me tão indelicada agora... Deveria ter falado com jeito? Tipo: Ei, posso vazar ou tá difícil?

– Já pode ir sim, só vou tirar o seu gesso do braço direito. Só pus para você não danificá-lo enquanto se mexia durante a noite.

Ótimo, o meu plano de sair pela porta e correr atrás do Edward falhou. Agora vou ter que correr atrás dele na escola... Odeio minha vida!

Narração por Edward Cullen

Ela pensa o quê? Que pode vir, me encantar e depois ficar por aí com outros caras? Ela não pode brincar comigo. Eu sou o tabuleiro, ela é a peça. Eu a movo, e não ao contrário.

Ela vai ver. Antes eu era “O” cara, e voltarei a ser. Voltarei a ser aquele badboy que é um péssimo aluno e dono da verdade. Aquele que levava as mulheres para casa fazia sexo e depois as jogava na rua.

Aquele cara sim era amado, não esse idiota apaixonado. Vamos ver agora. Ela vai aprender que não é todo mundo que brinca com Edward Cullen e sai imune.