Narração por Isabella Swan

Era agora. Cheguei à escola com as mãos suando e a respiração parando. Não sabia o que fazer e nem como dizer, mesmo tendo ensaiado a noite inteira. Meus pensamentos estavam confusos e eu não conseguia pô-los em ordem.

Olhei adiante e vi Jacob parado em frente à sua moto, como combinamos por mensagem ontem à noite.  Tentei ao máximo sorrir e caminhei até ele, que mantinha um sorriso parado de orelha a orelha.

- Jake, eu preciso te explicar umas coisas... – Fui cortada, e dei graças a Deus por isso.

- Bella, me desculpe. De verdade, me desculpe por ontem. Eu não sabia o que estava fazendo, eu fui devorado pelo ciúme e me deixei levar. Não vai acontecer de novo.

- Eu sei Jake, mas eu tenho que te falar uma coisa... – Fui cortada novamente.

- Antes quero te falar algo também. Garanto que é mais importante, e eu ensaiei a noite toda para te falar isso.  – Ele fechou os olhos. Senti medo do que ele poderia me contar então me afastei alguns passos. – Eu estou afim de você.

Parei meus movimentos. O que ele havia dito? Ele estava afim de mim? No dia anterior Edward havia me dito que me ama, e ele vem dizer-me que está afim de mim?

- Tipo, de verdade! – Tentou aperfeiçoar sua frase, sem sucesso. – Eu gosto mesmo de você. Faz um tempinho já, desde aquele super-beijo na festa da Alice. Sério, eu queria uma chance com você. E aí?

Demorei alguns segundos para poder fazer um comentário pessoal sobre isso, e a única coisa que pensei em dizer foi que porra é essa?! Mas é evidente que não disse isso.

- Olha, Jacob, você não está facilitando as coisas para mim. Posso falar?

- Depende. Você me chamou de Jacob ao invés de Jake, então boa coisa não pode ser. Fala rápido, como tirar um band-aid.

Que romantismo!  Pensei com ironia. Mas eu tinha de falar. Tinha que dizer sobre mim e Edward, e ele tinha de aceitar. Era agora, eu não poderia voltar atrás.

- Eu e o Edward estamos juntos. – Falei bem rapidamente. Ao terminar fiquei em dúvida se ele havia compreendido alguma de minhas palavras, mas vendo seu estado de choque ele deve ter entendido há todas muito bem.

- O que você disse? Estão juntos tipo oh meu amor, você é a coisa mais gotosa do mundo ou juntos tipo ei cara, sai do meu lado. Não fica muito junto. – Perguntou, e eu senti muita vontade de rir, mas segurei-me.

- Acho que a primeira opção, mas não é bem assim. Mas estamos juntos, sim. – Ele permaneceu paralisado por um tempo, mas depois mudou para uma expressão indefinida. Fiquei em dúvida entre raiva ou desapontamento.

- É só isso? – Ele perguntou, e eu assenti, sem saber o que dizer. Ele subiu rapidamente em sua moto e deu a partida, sem dizer mais nada.

Senti uma dor insuportável no peito, e achei que morreria de desgosto. Eu juro que se não fosse pelo Edward eu nunca teria feito isso. Nunca.

Narração por Edward Cullen

O sinal havia tocado fazia dez minutos, anunciando que as aulas acabaram. Eu estava em meu carro, indo para casa encontrar Bella, quando parei no engarrafamento.

Eu estava ansioso para vê-la e ter nosso primeiro dia de casal quando ouço meu celular anunciar a chegada de uma nova mensagem. Olhei no visor, e por mais incrível que pareça, era do Jacob.

“Cullen, em meia hora no Morro do Canário. Temos que resolver algumas coisas. Seria bom se a Bella não soubesse, e que você levasse uma caixa de primeiros socorros. Vamos precisar.”

Fiquei surpreso no início, mas era previsível que Jacob, desse jeito vingativo dele, fosse me procurar em breve para acertar as contas. Não esperava que fosse hoje, mas eu comecei algo ontem e não consegui terminar.

Não farei isso por mim, nem pelo meu passado com o Black, mas sim pela Bella. Não quero ter sempre um fantasma rondando nossa relação, e isso acaba hoje.

Desviei o caminho indo rumo ao Morro do Canário. Jacob foi esperto, o local mais afastado possível da cidade, onde ninguém costumava ir. É apenas um parque vazio cheio de plantas espinhosas e névoa, mas muitos têm medo de ir lá. Antigamente, quando crianças, tínhamos medo por causa dos fantasmas. Agora as pessoas tem medo dos bandidos, mas o que mais assusta por lá são os animais – ursos, lobos, veados...

Estacionei, vendo a moto de Jacob logo ali na frente. A névoa invadiu os meus olhos, impossibilitando-me de enxergar muita coisa além dos brinquedos do parque. Espremi os olhos, vendo uma mancha preta aproximar-se.

Logo, cada vez mais perto, consegui ver que a mancha era Jacob.

- O que você quer Black? – Falei, parando de andar e fitando-o.

- Eu é que pergunto Cullen, o que você quer? Para que quer a Bella? Para larga-la como fez com todas as outras? – Falou, e logo fiquei me perguntando se era mesmo o Jacob, afinal ele não é muito de conversar pacificamente.

- Ah, é isso? Vim para o fim do mundo para isso? – Suspirei, sem tirar os olhos dele. – Olha, Black, eu não vou fazer nada que ela não queira, eu a amo. E você não tem nada com isso.

Dei meia volta, mas voltei quando ouvi o som de uma pancada. Assustado eu vi Jacob com um pedaço de madeira grande na mão. Ele havia se batido?

- Black, o que você... – Fui cortado por ele, que começou a dar pancadas em si mesmo com a madeira. Aproximei-me para tentar tirar da mão dele, mas fui acertado no rosto.

Senti minha bochecha queimar, e percebi que meu rosto sangrava. Enquanto isso ele continuava a se flagelar. Afastei-me – ele parecia perigoso nesse estado.

- A Bella vai adorar saber que o namoradinho dela bateu em mim. Não sei não, mas isso vai render uma boa briga entre os dois! – Ele gargalhou, jogando a madeira no chão.

- O quê? Mas eu nem toquei em você!

- É, pode até ser. Mas a Bella não sabe disso. – Gargalhou para o ar. – Vamos somar os pontos. Eu ganhei um quando ela me beijou na sua festa, e você ganhou outro quando a Bella falou comigo esta manhã. E agora... Dois a um para mim. Uau, que orgulho!

Ele bateu palmas para si mesmo. Que pessoa mais psicopata. O que eu não daria para a Bella ver isso – quem ele é de verdade.

Mas o pior e inaceitável agora seria se ela acreditasse nele. Acreditasse que eu o espanquei. Mas não, ela não pode acreditar nele. Eu vou dizer o que realmente aconteceu e ela tem que acreditar no que digo.

Por mim, ela tem que acreditar.