Narração por Isabella Swan

Para quê eu fui começar a falar? A dar bola e dizer o que eu sinto? Agora estou nessa emboscada, com a corda no pescoço.  Eu tinha de parar de ser tão linguaruda.

- Sabe o que quis dizer. O Edward que eu conheci. Não quis dizer... Que é meu. Ah, vamos voltar para o estudo, certo? – Tentei disfarçar o nervosismo, mas era quase impossível.

Algo surgiu em minha mente. Lembrei-me de quando começamos com as aulas e o Edward afirmou lembrar-se de mim mais nova. Ele lembrava-se de mim jogando futebol e brincando com garotos. Ri com meu pensamento.

- O que foi? – Ele perguntou. Logo entendi, ele queria saber o motivo de minha risada.

- Ah... Eu estava me lembrando de quando era menor e ficava brincando com você, o Emmett, o Mike e alguns garotos da rua. Eu tinha dez anos, ou onze, não lembro. – Ele soltou uma risada tímida.

- Onze, mas não é hora para isso. – Falou duro, virando-se para o livro.

Comecei a tagarelar sobre o assunto em uma maneira automática, mas com a mente longe. Eu queria saber o motivo da frieza do Edward e o motivo de ele estar tão chato hoje. As horas passaram nisso, sem eu perceber.

Logo ele falou algo que me despertou.

- Vamos deixar o resto para amanhã. Já está ficando tarde. – Ele começou a guardar as suas coisas na mochila, com a mesma expressão de antes.

Eu senti um pouco de decepção no peito, mas não contestei.

Levantei-me e fui arrumando minhas coisas. – Certo... Então eu te vejo amanhã... – Falei, indo em direção à porta. Parei, olhando para ele. – Até mais. – Beijei suavemente a sua bochecha, e depois fui embora.

Ao chegar a casa, eu não tive medo do que estaria para acontecer. Não importava, aliás. Eu estava confusa. Dói em mim ver o Edward deprimido, só não sei o motivo disso. Entrei, já ouvindo as gritarias de Renné e Charlie.

Eu sequer olhei em seus olhos, apenas entrei em meu quarto, deixando-os confusos. Joguei minhas coisas no chão, e deitei-me na cama. Não aguentei, e comecei a chorar em meu travesseiro.

Logo ouvi a porta sendo aberta, e vi Renné entrando. Ela estava com a expressão preocupada. Enfiei novamente o rosto no travesseiro.

- Bella... O que houve filha? – Perguntou, alisando meus cabelos. Sentei-me por impulso, e encostei-me na parede.

- E você se importa por quê?

- Filha... Eu sou sua mãe, e você querendo ou não, eu sempre vou estar do seu lado. – Bem típico de Renné. Pegar frases de novelas e usar na vida real. – Deixe-me adivinhar: Problemas com homens.

- Como sabe?

- Você é minha filha, o que significa que vai chorar por homens sua vida toda, isso eu te garanto. – Falou divertida, me fazendo rir.

Enxuguei as lágrimas em um travesseiro, e olhei para ela. – Mãe... É o Edward Cullen.

- Aquele garoto que te mandou para o hospital e que você vive reclamando? – Assenti. – Ah, entendi o problema. Ele é um daqueles badboys que só quer sexo, e você acha que ainda não está pronta. É isso?

- Sim e não. Ele é um badboy, e esse é o problema. Eu vi minha vida toda o quanto você sofreu na mão deles, e não quero isso para mim. Não quero. – Balancei a cabeça, negando minhas vontades.

Ela suspirou pesadamente, olhando para o chão.

- Eu sou eu, você é você. Eu não dei certo com nenhum dos cachorros que namorei, mas pelo menos arrisquei. Você ainda vai conhecer muitos cachorros, mas uma hora vai achar o cachorro ideal...

- Mãe, seu romantismo me comove! – Falei irônica, fazendo-a rir. – De qualquer forma eu e ele somos muito diferentes.

- Já ouviu falar de amores opostos? De ‘os opostos se atraem’? Isso vale para tudo. Veja eu e seu pai. Por que não deu certo e nós não nos suportamos? Porque somos iguais em tudo. Temos as mesmas opiniões, gostos, tudo... Além de que a única coisa boa que ele sabe fazer é filhos...

Gargalhei, enquanto ela olhava para o chão com certo nojo.

- E também... Você gosta dele, não é? – Hesitei, mas logo assenti vagamente. – Então deve valer a pena no final. Eu não me arrependo de nenhum dos namorados que tive. Arrependo-me na verdade é de não ter tido mais. – Riu, e eu sorri por educação. – Vai fundo, filha.

Ela sorriu, saindo de meu quarto e deixando-me sozinha. Logo a gritaria do lado de fora começou novamente.

Ela estava certa. Eu tinha de me arriscar um pouco. Era a hora de admitir para mim mesma tudo aquilo que eu reprimo dentro de mim. É hora de admitir meus sentimentos por Edward Cullen.