"If only someone could unbreak my heart
Come relieve my pain
Somehow I could wish upon a star
and make all of the memories go away,

but my mind just keeps on going back
and I can't help but think about..."

(Cherish - Amnesia)

Senti uma luz forte no meu rosto, e um cheiro forte no ar. Me perguntei se já havia morrido, pois quando abri os olhos vi tudo branco. Senti um par de mãos me tocar, e me assustei. Era minha mãe. Droga, não morri.

- Nic, graças a Deus, você está bem. Não sabe o susto que nos deu. - Disse ela me abraçando, e beijando, loucamente. Atrás dela estava meu pai, com os olhos inchados, e uma expressão de alívio no rosto. - Eu devia te bater até você ficar amarela! - Disse ela em um tom mais alto. - Se matar? Está louca?!

- Rose, deixa ela descansar. Depois nos damos a bronca. - Papai disse tocando-a no ombro. E então veio até mim, me dando um beijo na testa.

- Podem ir para casa, eu fico com ela. - Escutei uma voz ao fundo. E era ele. Ele ainda estava ali. Mas ele não deveria estar ali, aliás ele nem deveria ter aparecido pra me salvar.

- Não Justin...

- É sério, estamos aqui a quase um dia. São meia noite e meia. Vão para casa descansar, eu cuido dela. - Ele disse sorrindo. Revirei os olhos, bufando.

- Mas e você? - Mamãe perguntou preocupada.

- Eu fico bem. Podem ir. - Garantiu ele. Preferia que o Will Smith estivesse aqui, pelo menos ele é mais legal, que essa... Essa pessoa ai.

- Tudo bem então. Nic, nós vamos descansar, mas quando voltarmos moçinha, vamos ter uma conversa séria. - Mamãe disse total e inteiramente séria. Eu vou me ferrar. Foi a primeira coisa que eu pensei. Ela me deu um beijo na testa, me abraçou, e logo em seguida papai fez o mesmo, só que me dando um abraço apertado e demorado. Disseram que me amavam, e foram embora. E então ficamos só eu, e aquele garoto na sala.

- Por quê você está aqui? Aliás, por quê me salvou? Eu queria morrer, se é que não percebeu. - Perguntei me virando para ele, o encarando. Ele revirou os olhos.

- Apesar de tudo. Você ainda é minha amiga, e eu me preocupo com você. - Disse ele sério, eu o conhecia bem, ele estava falando a verdade, mas eu não liguei.

- "Apesar de tudo", parece até que a culpa foi minha, por nossa amizade ter acabado. Não sou mais sua amiga, suas 'amigas', são as garotas da escola não eu. Anda, sai daqui, me deixa em paz. Vai viver tua vida. E na próxima vez que eu tentar me matar, você deixa! - Falei alterada, nervosa, e tudo mais. Ele respirou fundo e balançou a cabeça em modo negativo.

- Nossa amizade não acabou, só está... Adormecida...

- Adormecida é o cassete. Adormecida estava eu a poucos minutos atrás. - Respirei fundo, pois estava com vontade dar na cara daquele garoto.

- Fica quieta, você tem que descansar. E aliás, mal tentou se matar pela primeira vez, já está pensando na segunda? - Perguntou ele rindo fraco.

- E se eu estiver? O problema é meu, sacou? Fica na tua. - Falei grossamente.

- Olha, para com essa de 'eu te odeio', fica quieta. Não pode fazer esforço. - Ele disse me olhando. Então quando ele terminou, retirei o lençol da cama do hospital, e me levantei. Mas então senti uma fisgada no peito, e me segurei na cama. Ele deu um pulo do sofá da sala, e chegou perto de mim, me deitando novamente na cama. - Fica. Quieta. Agora. Sua. Teimosa. - Ele disse com raiva, e preocupação ao mesmo tempo. - Está melhor?

- Estaria melhor, se estivesse morta. Não há motivo para eu viver. Deveria ter me deixado morrer. Era a única solução. 

"...See eventually I will get through this,
but right now it seems my heart's in the way.
I apologize of the way that I treat you
but I gotta leave you,
unless somehow I come across a case of amnesia, amnesia, amnesia..."