Antagônicos escrita por StrawK


Capítulo 9
O atleta e a Bailarina


Notas iniciais do capítulo

Não betado, mas isso vocês já sabem.
Desculpem os erros de digitação, etecetera, etecetera e etecetera.
Não esqueçam de ler as notas finais.
Boa leitura!^^



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O dia após o episódio do Capitão Dunha seguiu calmo, o que me deixou satisfeito, porém inquieto. Parecia não ser mais normal ter uma vida sossegada, sem maiores confusões desde que conheci Sakura.


Sakura...


Ainda não havia me acostumado a chamá-la diretamente pelo nome, que quando dito, soava leve, quase capaz se ser pego flutuando pelo ar como uma bolha de sabão, enquanto sua dona parecia mais com algo sólido e denso, que se agitava frustrado por não conseguir sair do chão. Violento e perigoso.


Espantei os pensamentos imbecis direcionados à personalidade de minha vizinha e resolvi aproveitar o começo da noite para descansar; naquela manhã eu havia corrido quase seis quilômetros pelo parque, como não fazia há pelo menos duas semanas e meus músculos reclamaram do esforço.


Deite-me sob as cobertas e liguei a televisão do meu quarto, decidindo-me por um canal onde passava um interessante documentário sobre a vida sexual dos babuínos saltitantes¹ da Ilha de Bora-Bora.

“Os babuínos saltitantes vivem em grupos numerosos, constituídos por um harém de fêmeas, jovens machos e um macho adulto dominante” — o narrador dizia, em tom professoral. — “Em volta destes grupos vivem os machos adultos solteiros que tentam derrotar o macho dominante para tomar o seu lugar”.


Babuínos idiotas. Se eles se preocupassem menos em saltitar por aí e mais em escolher a dedo a parceira ideal, não teriam que tentar derrotar o macho alfa para ter acesso à todas as fêmeas; porque uma babuína de respeito não faria parte de um harém.


Eu ouvi o telefone tocar na sala, mas o ignorei; logo em seguida, meu celular vibrou no criado-mudo. O alcancei, identificando o número de Neji.


— Não me diga que está carente — atendi.

— Vá se danar — ele rosnou do outro lado.

— Você nunca me ligou tanto como nesses últimos dias. Não quero mais ouvir sobre a garçonete.


Eu acompanhei os três estágios do término de relacionamento de Neji: a revolta, quando achou um absurdo alguém sequer cogitar a possibilidade de lhe dar o fora; a depressão, em que ele abusava das doses de whisky em suas folgas e acordava no dia seguinte com uma ressaca moral humilhante; e agora, a negação, onde lhe convinha praguejar contra sua ex e fazer pouco caso do relacionamento, a chamando de instável e grudenta, e que estava muito melhor sem ela.

— Tampouco eu desejo falar sobre aquela mulher — mentiu. — Hoje eu decidi sair e você vai comigo.

— Declino. Não farei parte da sua fase “mulherengo-pós-término”. Estou muito bem, aproveitando minhas férias tão calmamente quanto possível.


— Deixe-me lembrá-lo que aproveitará suas férias indo ao fórum amanhã à tarde. Muito divertido.

— Deixe-me lembrá-lo que não aprecio o ambiente de boate — devolvi no mesmo tom apático.

— Essa é diferente. Sai conseguiu uns VIP’s para um lugar bacana, freqüentado por pseudo-intelectuais esnobes. Bem a sua cara.

Eu estava abrindo a boca para soltar outra negativa quando o som do apartamento ao lado invadiu o ambiente. A introdução de Dancing Queen, do Abba soava alto, e logo em seguida, a voz de Sakura apareceu, acompanhando a música. Isso eu não poderia suportar, jamais².


— Apareça às dez — falei à contra-gosto, antes de desligar o celular.


Remexi-me na cama inquieto, pensando em tirar um breve cochilo antes de tomar banho, mas a música não parava e eu me irritei, decidindo-me por ir logo ligar o chuveiro.


Já estava quase terminando de me aprontar quando ouvi a campanhia soar; quem a tocou, o fez freneticamente, só para irritar-me.

Observei a silhueta de Sai pelo olho-mágico, destranquei os dois ferrolhos da porta e girei a chave. Havia ainda o pega ladrão — aquelas correntes que seguram a porta, impedindo-a de ser aberta por completo.

Quando certifiquei-me de que realmente era Sai e não algum ladrão disfarçado, terminei meu ritual de abrir a porta.

— Você é psicótico — falou, enquanto adentrava meu apartamento bem organizado. — Neji está esperando no carro.


Jogou-se despreocupadamente no sofá, tirando as almofadas do lugar, enquanto me esperava; eu não estava atrasado, eles chegaram mais cedo.

— Cadê o controle da televisão? — Perguntou num tom alto o suficiente para que eu escutasse do quarto.

— Na segunda prateleira da estante. É o terceiro controle da esquerda para a direita — respondi.

— Cara... Você realmente é psicótico.

Quinze minutos depois, estávamos do lado de fora do condomínio. Avistei o carro preto de Sai estacionado do outro lado da rua. O automóvel de vidros escuros poderia facilmente se camuflar nas sombras daquela noite fria.


O celular de Sai tocou e depois de algumas trocas rápidas de palavras, se dirigiu a mim:


— Neji está na farmácia da esquina. Foi comprar antiácidos e descobriu que esqueceu o cartão em casa — Afastou-se de mim, se dirigindo ao local em que o outro estava. — Pode entrar no carro, está aberto.


Assenti. Abri a porta traseira silenciosamente e sentei-me. Porém, fiz um barulho um pouco maior que do esperava ao fechar a porta.


— AARRGH! — Exclamei, ao ver uma figura brotar do banco da frente, assustada com o barulho que provoquei.

— AH, CARAMBA! — A figura gritou quase ao mesmo tempo e bateu a cabeça no retrovisor do teto, por ter se levantado tão rápido e bruscamente.


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“You can dance

You can jive

Having the time of your life

See that girl

Watch that scene

Dig in the Dancing Queen”

Eu cantarolava junto com a música; poderia deixar aquele cd tocando de novo e de novo e de novo. Era tão contagiante! Como não tinha ninguém além do gato para me ver dançando sozinha, eu me deixei levar pelo ritmo sem me preocupar.


Algum tempo depois, com o cd ainda tocando, já me encontrava sentada no chão da sala, encostada no sofá; o notebook em cima das pernas cruzadas no estilo indiano, um prato de pizza do lado esquerdo e um enorme copo de refrigerante do direito.


A caixa de entrada do meu e-mail tinha uma nova mensagem de minha mãe.

Sakura, a mamãe está com saudades!

E nem adianta reclamar dizendo que é o sétimo e-mail que eu te mando em dois dias, porque eu estou cansada de conversar com a secretária eletrônica. Você nunca está em casa, querida!”


Às vezes minha mãe se esquece que eu estudo de manhã, vou para o estágio logo em seguida e só chego em casa às dezoito horas. Continuei a ler a mesma ladainha de sempre.


Espero que esteja se alimentando direito e não esteja comendo as porcarias que você costuma comer”.

Olhei o pedaço de pizza no prato e sorri.

Espero também que esteja se comportando como uma moça decente e não esteja saindo para essas festinhas nojentas de universidade. Já conversamos sobre isso, Sak! Namore um rapaz decente, trabalhador, sério e responsável! E não um esses moleques imaturos e abusados”.

— Levando em conta o quanto Sai era lerdo, eu provavelmente me formaria e continuaria solteira — falei, encarando a tela.


O gato atravessou a sala me olhando como se fosse uma retardada por falar sozinha, e lançou-me um olhar de desprezo.

Ah, caso você queira saber, estou bem sim, apesar de você não perguntar. Mamãe ama você”.

Terminei minha refeição e continuei a nerdear pela internet até faltar uma hora para as dez; era hora de tomar um bom banho e me arrumar.

Eu não teria realmente um encontro, pois Sai me disse que outros amigos seus também iriam. Aliás, aquele desgraçado só me convidou porque possuía um convite VIP sobrando, já que sua primeira opção não pôde ir. Por que era mesmo que eu ainda pensava que um relacionamento assim teria futuro? Às vezes aquele “chove e não molha” me frustrava.


Vesti uma calça jeans preta e arrisquei usar minha bota de couro de salto alto que ganhei de presente da Temari em meu aniversário do ano passado e que eu quase nunca usava. Depois da maquiagem de diva — na verdade, a única que eu sabia fazer, com olho esfumaçado — peguei o sobretudo, o cachecol e minha bolsa bagunçada.


Admirei-me no espelho, satisfeita, e vi o reflexo do gato, que se encontrava atrás de mim, me encarando, quase empalhado.


— Gostou? — Perguntei, sorrindo. Ele ignorou-me, obviamente.

Esse gato realmente me odeia. Talvez esteja bravo por ainda não ter um nome; chamá-lo somente de gato é estranho. Pensarei nisso depois.

Sai me mandou uma mensagem no celular, avisando que estava já estava me esperando. Olhei pela janela e o avistei encostado do lado de fora do carro; acenou para mim, sorrindo.


Quando o encontrei, me cumprimentou com um casto abraço de urso e começou a rir:


— Quando me passou seu endereço novo, levei um susto. Um dos amigos que vai conosco também mora aqui.


— E onde ele está? — Perguntei, tentando olhar dentro do carro, mas os vidros escuros não deixaram.


— Ainda não desceu. Na verdade, ele é irritantemente pontual, então vou aparecer lá mais cedo, para o aborrecer — ele era tão fofo. Falava isso como se fosse a coisa mais legal e radical do mundo inteiro. Ou estava somente sendo irônico. Droga, eu nunca saberia.


A porta do passageiro se abriu e de dentro do carro saiu um cara digno de comercial de shampoo. Sério, ele tinha cabelos castanhos tão longos, lisos e legais para um homem, que eu até senti inveja.


Sai nos apresentou; disse que o nome dele era Neji, e imediatamente eu congelei, reconhecendo-o de uma foto no celular da Tenten. Mas antes mesmo que eu pudesse fazer uma expressão surpresa, Neji se retirou, dizendo que precisava ir à farmácia comprar antiácidos.


Hum... Se ele está comprando antiácidos agora é porque pretende se embebedar. E se pretende se embebedar é porque ainda está na fossa por causa da Tenten. Bem, eu ficaria quietinha, fingiria que nunca havia ouvido falar dele na minha vida e o observaria atentamente para fofocar com ela depois.


— Espere no carro. Vou chamar meu amigo — Sai voltou ao edifício.

Então, tá... Eu fiquei lá, sentadinha e sozinha no banco da frente daquele automóvel bacana me perguntando qual dos meus vizinhos seria o amigo do Sai. Bem, não faria muita diferença, já que eu ainda não conhecia todos os meus vizinhos.


Então, algo alarmante passou por minha cabeça.


Será que... Será que eu havia lembrado de colocar minha carteira de identidade na bolsa? Porque se de repente a gente sofresse um acidente, eu queria ter certeza de que soubessem quem eu sou, para avisar a minha mãe e tudo mais.


Abri a bolsa, e a revirei freneticamente, tentando achar meu documento, sem sucesso. Depois de mais alguns minutos chafurdando aqui e ali, finalmente encontrei. Chacoalhei o documento em sinal de vitória, e como eu tenho muita sorte, ele escorregou de minha mão, indo parar no chão do carro, perto dos pedais.

Abaixei-me para pegá-lo, então o som da porta batendo me deu um susto e eu levantei rapidamente, batendo a cabeça no retrovisor e dando de cara com ninguém menos que Uchiha Sasuke, igualmente assustado.


Nós dois gritamos quase ao mesmo tempo. Eu teria rido se fosse com outra pessoa.


— Mas... Que palhaçada! — Sasuke grunhiu em seguida, ainda chocado. — Você... Você quase me matou de susto!


Eu fiquei lá, encarando aquela cara feia dele — e aquela roupa escura horrível que só deixava ele mais feio ainda — de olhos arregalados. Caramba, eu sei que já disse isso antes, mas qual a chance de isso acontecer... De novo?


— O que faz aqui? Não me diga que também é ladra de carros — estava com uma cara tão brava que chegava até a ser engraçada.


Peraí.


O que ele quis dizer com também?


— O que você quer dizer com também? Saiba que estou aqui porque fui convidada, seu estúpido.


— Sim, começo a desconfiar de que sou mesmo um estúpido, principalmente por concordar em ir a esse maldito bar — ele continuou latindo.


— Oh, sério? Então por que você não me faz um favor e vai para a-


— Hei, voltamos! — Sai interrompeu minhas injúrias, ocupando o lugar do motorista. Neji sentou-se ao lado de Sasuke no banco de trás. — Então, Sasuke... Essa é a garota de quem te falei. Não é mesmo como eu a descrevi?


— Hn.


É, ele respondeu isso. Esse “hn” nem era uma palavra. Não era ao menos uma sílaba!

— O que você falou de mim? — Me voltei para o Sai, curiosa, me esquecendo por um instante daquele chato de galocha do banco de trás.


— Disse que você era diferente — me respondeu, sorrindo.


Hum... Ser diferente era legal, certo? Certo?


— Só esqueceu de mencionar que tinha cabelo rosa e era maluca, então com certeza eu não viria — Sasuke completou de canto, para Neji.


— Eu ouvi isso — avisei.


— Do que estão falando? — Sai, todo inocente, preocupado em arrumar o retrovisor que estava misteriosamente... Torto, perguntou.


— Ela... — o Uchiha fechou os olhos e suspirou. — É a maluca da bicicleta.


Ouvi Neji rir discretamente.


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CONTINUA

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Notas finais do capítulo

Babuinos saltitantes¹: A ilha de Bora-Bora realmente existe, mas não tenho a mínima noção se existem babuínos saltitantes lá. Na verdade, com certeza não, mas essa é uma fanfic non-sense, então relevem.
Abba²: Para a piazada juvenil que não sabe do que se trata, jogue Dancing Queen no Youtube e imagine a Sakura cantando.
Ah, vá. Eu gosto de Abba... Embora o Sasuke não. XD
Capítulo bem grandinho, modificado e talz, e sinceramente, não curti tanto.
Mas... Tenham paciência, pois em breve haverá mais interação entre o casal, hein?
Enfim... Digam o que acharam deixando reviews!
Besitows,
StrawK!