Antagônicos escrita por StrawK


Capítulo 3
Hábitos e Desábitos


Notas iniciais do capítulo

YO! Mais um não betado. *foge*
Perdoem-me por eventuais erros.
Espero que gostem! =)



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Não precisava de despertador; possuía um relógio biológico que eu mesmo programava mentalmente, e que nunca fracassou.

Rolei na cama, e o movimento só acentuou minha dor de cabeça. Não era ressaca, eu sabia, pois mal havia bebido duas taças de Martini naquela festa idiota da noite anterior. Era estafa mental.

Eu tinha um compromisso às sete e meia da manhã daquele domingo, e como não era longe, decidi que seria uma boa ideia caminhar.

Meu relógio biológico me dizia que era seis horas da manhã, – o que confirmei quando olhei o relógio do meu celular – e se eu levantasse agora, teria uma hora exata para me aprontar calmamente.

Então saí da cama devagar, espreguiçando-me até os ossos estalarem. Arrumei a cama, com os lençóis sem nenhuma ruga, como minha mãe me ensinara, e dirigiu-me ao banheiro.

Tinha a impressão que meu ritual matinal se desenvolvia em câmera lenta, o que me dava certo conforto em saber que eu não era uma daquelas pessoas que acordam atrasadas e vivem afobadas. Nem imagino como seria uma manhã assim.

Vesti uma calça jeans limpa e uma camisa de um branco impecável. Cuidadosamente, arregacei as mangas até o cotovelo. Ainda descalço no chão de carpete de meu quarto, retirei os sapatos da sapateira devidamente organizada e os calcei para ir até a cozinha e não precisar murmurar impropérios se levasse um choque ao abrir a geladeira.

Itachi tinha mania de andar descalço pela casa e levar pequenos choques sempre que tocava em algum aparelho elétrico.

Dei um bocejo preguiçoso, pois apesar de ter acordado no horário previsto, mal consegui dormir. Há três dias, meu novo vizinho do apartamento ao lado resolveu martelar e quebrar coisas à noite. Maldito.

Fiz uma anotação mental para reclamar com o síndico, depois.

Tomei meu café da manhã tranqüilamente, enquanto folheava a sessão de esportes no jornal e lia os e-mails em meu Ipad.

O primeiro era de Itachi. De repente o café ficou mais amargo.

“Olá, irmãozinho tolo.

Estou escrevendo apenas para te avisar que agora é definitivo: Papai realmente te deserdou. Eu não acreditei muito quando ele disse isso da primeira vez que você resolveu sair de casa para seguir essa sua profissão aí ao invés de trabalhar na empresa como eu. Você sabe, sempre fui o preferido, mas você era o cara que possuía juízo. Bem, está avisado, caso você descubra a poupança bloqueada”.

— Faz muito tempo que eu não preciso do dinheiro de vocês — resmunguei sozinho antes de deletar a mensagem.

O próximo e último era de Neji. Pelo visto, eu leria a mensagem de um bêbado, que deve tê-la escrito assim que chegou em casa, de madrugada. As letras em caixa alta explodiram na minha cara e quando comecei a ler, percebi que bêbado era pouco. Ele estava trêbado. Tentei decifrar.

“UTCHERRA ASUKO, SEU DESGRAÇAOD!!!11! EU FIZ O FAVRO DE PEDIR PRA RUIVA DA FESTA ANOTRAR O TELEOFONE DELA E DISSE QUE VOEC VAI CONVIDAR PRA JANTAR ELA!! E VAI XINGAR EU NÃO!!1! SÓ FIZ ISSSSO PQ LEMMBRO DE VOEC DIZERR QUE ELA TINHA CRETA CLASE E ERA EDUCAAAD E BLA BLA BLABLA B LA ABLA LAB NBOWSHODHEOIE9386¨8 !1

ELA FOI A ÚNICA QUE PREENCHUE OS REQUISIOTS DO OTIRRA DE MULHER PERFEIAT PARA UM RELACIONAMENTTTTTTO SERIO E DURADOURODURADOURI. SE NÕA DER CERTO DESSSSA VEZ, É MELHOR DEISISTR DE ACHAR A MULHER QUE SERA A SRA OTIRRA JASQUE! A LADY ELEGANTE, SOBRIA, INLELIENGTE E AINDA PRO CIMA APETITOSA QUE VOEC QUERR NÕA EXISTE!! VAI SE FERRAR!!!

SÓ TÔ FALANDE ISSO POIS É MEU AMIOG E EU TE AMO, CARA!! EU QUEOR QUE PELO MENOSS UM DE NÓS SE DE BEM NO AMOR, PORQUE A TENTEN NÕA QUER MAIS SABRE DE MIM“.

Sério, eu NUNCA vou me embriagar por uma mulher; é humilhante e patético. Eu juraria que qualquer outra pessoa teria escrito esse e-mail, menos Neji. Não era ele ali. Era apenas o restolho do homem que ele era de verdade. E tudo por causa de uma garçonete que deu o fora nele.

Pelo o que entendi, ele praticamente me conseguiu um encontro com Karin, filha de um dos funcionários da empresa, e uma das poucas mulheres que não se atiraram para cima de mim na festa. Minha única preocupação era se ele havia dito mesmo que eu a convidaria para jantar ela ou se foi somente sua digitação de bêbado.

Cliquei em responder:

“Se eu fosse dado à gargalhadas, riria muito da sua cara. Mas a sua ressaca física e moral já devem ser humilhantes o suficiente.

Quando estiver sóbrio e se lembrar onde colocou o papel com o número dela, me ligue“.

Peguei minha carteira e as chaves que estavam estrategicamente alinhadas sobre a cômoda e coloquei a fina corrente de prata que minha mãe me dera em meu aniversário de quinze anos.

Verifiquei o relógio. Faltavam quatro minutos e vinte e oito segundos para as sete.

Ao levar a mão à maçaneta, quase coloquei meu coração pela boca ao me assustar com o estrondo de algo caindo no apartamento ao lado. Maldito vizinho! Qualquer dia ele consegue derrubar o prédio.

Já recomposto, me certifiquei que tudo estava em seu devido lugar antes de sair.

Impecável, como sempre.

_______________oOo_______________

Eu estava sonhando com o bolo de chocolate da tia Tsunade – a única coisa que ela sabia fazer na cozinha – quando subconscientemente, percebi que o ambiente estava iluminado demais para eu continuar com meu soninho gostoso.


Então abri os olhos lentamente, até que se acostumassem com aquela luz que os agredia.


Meu rádio-relógio marcava seis e cinqüenta e seis da manhã. Que bacana, eu estava atrasada.


Na pressa de levantar, nem percebi que estava quase me enforcando com o lençol – enrolado em minha perna e pescoço, de tanto que me remexia - e cai da cama, levando junto o abajur, que agarrei na ilusão de que poderia me salvar da queda.


Foi engraçado. Quer dizer, eu riria se fosse outra pessoa. E provavelmente filmaria também e colocaria na Internet.


Mas nem me importei com o considerável barulho que provoquei; mais importante era não chegar atrasada de modo algum.


Me diz, quem em sã consciência marca um horário de “reunião” em pleno domingo de manhã? Mas... Como o tal Jiraya era amigo da Tsunade, eu tinha uma leve desconfiança que ele nem tivesse uma consciência. Pelo o que eu entendi, o velho era um bon vivant que provavelmente teria virado a noite do sábado para o domingo, e segunda-feira estaria ocupado demais dormindo, para me atender.


Retirei meu pijama com estampas de vaquinha, largando-o pelo quarto e corri para o chuveiro. Escovei os dentes, meio que penteei os cabelos e os prendi frouxamente no alto da cabeça num rabo-de-cavalo mal feito.


Então me enfiei na primeira calça jeans que encontrei, abotoei a camisa de manga curta e passei a procurar meu All Star vermelho, — era outro, não aquele preto que o Naruto me fez jogar fora — e encontrei um pé embaixo da cama.


— O outro... Cadê o outro pé, inferno?


Meu gato vira-lata gordo e acinzentado veio da sala trazendo o outro pé do tênis na boca e depositou ao meu lado, mesmo não se chamando inferno. Ele ainda nem tinha nome ainda, aliás. Dei-lhe um afago na cabeça como sinal de agradecimento, mas saiu do quarto rapidamente, me esnobando.


Soquei algumas coisas dentro da mochila de uma alça só e fui para a sala, procurar por alguns trocados para o café da manhã num dos pequenos potes em cima da estante.


— Celular... Cadê o celular? – olhei para o gato como se ele pudesse me ajudar novamente, mas recebi apenas aquele olhar blasé, próprio dos gatos. Ainda mais desse, que parecia não gostar nenhum pouco de mim.


Hum... Se eu ligasse do meu telefone convencional para meu próprio celular, escutaria o barulho e então o encontraria. Ou não, já que o telefone era sem fio e eu também não me lembrava onde havia deixado.


Então eu revirei a mochila e lá encontrei não só o celular, como também o fone do bluetooth, que rapidamente ajustei no ouvido, ativando a opção de ouvir os recados da secretária eletrônica.


Coloquei as luvas de ciclismo e desci até a lateral do prédio, no térreo, onde minha bicicleta ficava amarrada.


Ouvi o primeiro bip.


“Senhora Haruno Sakura, favor entrar em contado com o telefone 0800-1234, referente assunto de seu interesse. Falar com qualquer um de nossos atendentes. Obrigada”.


Hum... Eu sabia que tinha esquecido de pagar alguma conta.


Bip.


“Sakura, é a Tsunade. Não é só porque sou sua professora de antropologia e sua tia que posso usar de nepotismo! Se você não confirmar sua passagem até terça-feira, eu não tenho como incluir seu nome na lista da viagem e então você terá que arranjar um vôo por conta própria, pagando um valor muito mais caro do que a universidade conseguiu. Já falou com o Jiraya? Beijo, e mantenha-se leve.”


Olha, eu queria muito mesmo ir àquela bendita viagem, — já que aquele conjunto de ilhas possuía muitos sítios arqueológicos, e eu poderia ter um trabalho de conclusão de curso fantástico — mas eu era uma lascada, financeiramente falando e ainda não sabia como pagar sem passar fome depois. Então hoje era minha última chance de conseguir esse dinheiro, que pediria emprestado para o Jiraya, um velho que eu nem conhecia, mas sabia que só faria esse favor pra mim porque era apaixonado pela minha tia. Meu único medo era que ele exigisse meu corpo como forma de pagamento.


Sete e trinta e dois. Continuei pedalando.


Bip.


“Sakura, é a mamãe. Estou tentando falar com você desde ontem à tarde! Espero que não esteja freqüentando essas orgias na universidade, mas depois falamos sobre isso. Liguei para te dar boas notícias, filha! Pode parar de reclamar que está difícil se sustentar sozinha em outra cidade, ser uma estagiária que tem que se matar de estudar para não perder a bolsa e nem consegue pagar a tal viagem... Lembra daquela sua tia-avó, a Chiyo? Então, filha, ela morreu e deixou um bom dinheiro pra você! Olha que ótimo, meu amor! Você vai poder viajar! Fique tranqüila que depositei do meu dinheiro na sua conta, e depois que receber a quantia, você o repõe. Mamãe ama você.”


Fim das mensagens.


Ótimo. O encontro que eu teria com o velho pervertido hoje não precisava mais acontecer. Graças aos céus, não precisaria mais pedir dinheiro emprestado a ele. Teria o dinheiro para a viagem, porque minha tia-avó-que-eu-não-faço-a-mínima-ideia-de-quem-seja resolveu morrer e deixar uma grana pra mim.


Fiz a curva com a bicicleta e comecei a pedalar de volta.


Bacana.


Quer dizer... Eu meio que senti um remorso por pensar assim, então é melhor fazer uma oração por ela.


E mesmo pedalando, fechei os olhos, pois a rua estava livre.


— Ahn... Obrigada tia-avó-que-nem-sei-quem-é — sussurrei, quase não movendo os lábios. — Por sua causa poderei viajar. Que a senhora encontre a luz. Ah, não que eu esteja feliz por sua morte que veio bem a calhar, nem nada do tipo, mas... — Mas que se dane! Quem eu estou querendo enganar? Estou feliz, sim! — Hum... Amém?”


Esse pequeno instante em que fechei os olhos foi o suficiente para desviar do caminho que seguia pedalando e sentir uma pancada. Senti a bicicleta bater em algo, meu corpo ser lançado para frente para em seguida se embolar com alguém pelo asfalto.


O peso sobre mim dificultava a respiração. Doeu pra caramba. Doeu tanto que eu soltei um palavrão.


Ms eu sou uma imbecil, mesmo. Isso que dá ficar feliz com a morte dos outros.


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CONTINUA...

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Notas finais do capítulo

Avacalhei o Neji, hein? Que vergonha! hauahuhaua
Não me matem porque o Sasuke e a Sakura ainda não se encontraram, hein?
O prólogo e os dois primeiros capítulos foram importantes para definir a personalidade deles e deixar clara suas diferenças.
Bah, mas quem já leu a fic sabe disso. XD
OBRIGADA PELA REVIEWS.
Digam o que acharam!
Besitows,
StrawK!