Antagônicos escrita por StrawK


Capítulo 10
O amigo do amigo e a amiga da amiga


Notas iniciais do capítulo

Yo! Demorou, mas saiu!
Desculpem a demora, mesmo!
Eu fiquei doente como não ficava há pelo menos uns três anos e então, nenhum pique para escrever. Sorry.
Não está betado, como sempre, e se vocês acharem algum erro de digitação, me digam, para que eu possa consertar.
Boa leitura. =)



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Eu não odiei o lugar, afinal; não havia aqueles globos de discoteca, nem luzes piscando freneticamente e o som da música não era ensurdecedor. Na verdade, eu talvez até voltasse lá algum dia. A iluminação era baixa e aconchegante diferenciava o ambiente daqueles clubes detestáveis conhecidos como inferninhos.

O bar possuía três ambientes, pelo que pude perceber. O salão principal, no centro, com um bom espaço para dançar, não estava muito cheio; ao contrário da enorme bancada à esquerda, onde bartenders deslizavam copos de bebida com agilidade. Ainda à esquerda, em um pequeno espaço, havia uma banda de três integrantes tocando músicas alternativas em um volume aceitável, que nos permitia conversar normalmente sem precisar gritar.

Já à direita, que foi para onde Sai nos conduziu, era o espaço que continha mesas e sofás enormes. Ocupamos dois deles, um de frente para o outro, com uma mesa redonda no meio, que possuía uma pequena placa onde se lia “VIP- RESERVA”.

— Como conseguiu esses Vips? — Sakura perguntou ao Sai, olhando em volta e observando as pessoas.

— Os ganhei em uma promoção de uma rádio — ele respondeu, pegando uma bebida da bandeja de um garçom que passou por nossa mesa sem ao menos perguntar o que era. — Eles dariam quatro vips para quem contasse a melhor piada.

Percebi que Neji, a meu lado — Sakura sentou-se no mesmo sofá que Sai, à nossa frente — levantou uma sobrancelha. Sai não tinha o mínimo de senso comum, então suas piadas sempre foram péssimas.

— E qual você contou? — Sakura perguntou, divertida.

— Oh, não faça isso — gemi para ela, mas era tarde demais. Sai animou-se.

— Eu ia contar aquela do pintinho que não tinha uma perna, foi ciscar e caiu — eu realmente não queria ouvir. Ele estava empolgado, embora sua expressão fosse neutra, como de costume. Sakura olhava para ele, interessada. — Mas resolvi contar a do pintinho que não tinha uma perna e colocou um palito de fósforo no lugar, e quando foi ciscar, pegou fogo.

Cinco segundos de silêncio e um milhão de pensamentos sobre como Sai era retardado, até a Sakura cair na gargalhada.

— Eu não acredito que você ganhou com isso! — o som irritante da risada dela conseguiu atingir até Neji, aquele traidor que não compareceu à delegacia e agora se rendia às piadas idiotas do Sai. Ou à Sakura sorrindo. Hn.

Acho que realmente foi por causa dela, pois inclinou o tronco para frente e começou a ser sociável. Mas que droga, aquela Tenten havia abalado seriamente o juízo de Neji. E ele nem havia bebido ainda.

— Sai me contou que você é arqueóloga — o desgraçado estava mesmo interessado. Ao menos agora, sei porque ouvi o Monstro do Esgoto a chamar de Garota Dinossauro.

— Na verdade, sou formada em História e faço Pós em Arqueologia — ela sorriu. — Sou estagiária na própria Universidade, mas espero em breve poder assumir minha própria turma ou fazer parte de expedições importantes. Minha tia Tsu-

— Ninguém quer realmente saber. Ele estava somente sendo educado — e eu não percebi que disse isso em voz alta. Ela imediatamente levantou uma sobrancelha, desafiadora.

— Devo supor que não irá se desculpar?

Correto.

— Desculpe se não acho útil ou interessante sair por aí brincando de desenterrar vasinhos de barros.

Sai levantou a sobrancelha, aguardando a reação de Sakura e Neji voltou à posição inicial. Sakura encarou-me por longos segundos, de olhos apertados e pegou o copo de Sai e tomou um gole, fazendo uma careta, logo em seguida.

— Ah, não se preocupe. Na verdade, além de cavar vasinhos por aí, eu também brinco bastante de Indiana Jones. Sabe, com chicotes, labirintos, cobras e pedras gigantes rolando atrás de mim.

— Você mente — observei, me sentindo o Capitão Óbvio.

— Tem razão — Sakura revirou os olhos, suspirando. — Nada de Indiana Jones. Mas me responda uma coisa, Sasuke-kun... Quem limpa seu apartamento?

— O quê? — Diante de minha indagação, ela continuou:

— Sim, quem passa sua roupa, corta o seu cabelo, costura as roupas que você veste? Quem soldou a cadeira que você usa para sentar esse seu traseiro feio todo dia no seu trabalho estafante e sem graça, cheio de burocracias e reuniões?

Neji e Sai observavam calados e pelo que pude perceber, com um leve divertimento.

— Você não sabe nada sobre o meu trabalho — agora, foi minha vez de parar um garçom e pegar um copo de sua bandeja.

— BIN-GO — descobri ser um hábito dela, falar separando as sílabas de alguma palavra que julgava importante.

— Certo — fingi rendição. — Agora me diga aonde esse seu discurso barato nos leva.

Sakura parecia alterada como nunca presenciei antes; algo em meu comentário a respeito de sua profissão realmente a incomodou, como se já tivesse ouvido essas mesmas palavras antes.

— Você tem uma visão distorcida, Sasuke-kun — ela continuava séria. — Todo trabalho dignifica e é importante, de formas que nem imaginamos que possam ser. Desde o garçom que te serviu bebida até o seu trabalho chato atrás de uma mesa de escritório.

— Oh, ele realmente não trabalha atrás de uma mesa de escritório — Sai interveio, com aquele sorriso estranho, o que fez a garota olhá-lo com surpresa.

Percebi que Sakura estava prestes a abrir a boca para dizer que não acreditava na afirmação, quando uma mulher aproximou-se de nossa mesa. Ela estava de costas para mim e Neji.

— O que faz perdida por aqui, criança? — A mulher se dirigiu à Sakura e imediatamente eu reconheci a voz risonha e irritante daquela garçonete.

Eu sabia que algo desagradável aconteceria em breve.

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Precisei esquecer aquele idiota, sua arrogância em relação ao emprego alheio, minhas inúmeras respostas prontas e discursos sobre como a arqueologia foi e continua sendo importante para as realizações da atualidade e a vontade imensa de chutar seu traseiro feio, quando vi Tenten, toda linda e glamourosa naquele vestido preto, em pé, na minha frente.

E eu nem precisei contar até noventa e sete.

Como Neji pareceu não escutar a pergunta dela direcionada à mim, forcei meu cérebro a trabalhar um pouco mais rápido para que um desastre não acontecesse.

Sabia que se ela o visse ali, com certeza avançaria e arrancaria cada fio daquele cabelo lindo dele com sua pinça de sobrancelha, porque é muito rancorosa e ainda não o havia perdoado por sua última ligação regada à álcool, em que a chamou de vadia, oferecida e uma completa perda de tempo para qualquer homem decente; e olha que Tenten só terminou porque ele era frio e nada carinhoso, — o completo oposto dela — mas na mente de Neji, esse motivo era tão ridículo e sem importância, que achou que na realidade levou um fora porque ela estava com outra pessoa.

Então, eu fiz a primeira coisa que passou pela minha cabeça, que impediria os dois de se verem e conseqüentemente evitaria que minha amiga fosse para a cadeia por assassinato. Estiquei o braço para um ponto atrás de Neji e gritei:

— Olha, aguela garota incrivelmente sexy de biquíni está distribuindo saquinhos de jujuba!

Então os três homens viraram os pescoços e olharam na direção em que eu apontava. Fala sério, eles não resistiriam ver uma garota incrivelmente sexy de biquíni. Além disso, quem não gosta de jujubas?

Eu gosto. Menos das amarelas.

Então aproveitaria esses segundos de distração para levantar e puxar Tenten, pedindo que me acompanhasse ao banheiro, e quando eles percebessem que não havia mulher, nem biquíni e nem jujuba, nós estaríamos longe de suas vistas. E sabe, realmente teria dado certo, se ao levantar, eu não tivesse dito:

— Vem comigo, Tenten!

Sim, eu sou bizarra. O plano perfeito por água a baixo porque esqueci de manter a maldita boca fechada.

Quando ouviu o nome dela, Neji imediatamente virou o rosto e seus olhos claros e opacos encontraram os olhos brilhantes de minha amiga, que estranhamente, ao contrário do que eu esperava, não gritou ou pulou em cima dele para enforcá-lo. Ela levou uma mão ao peito e inspirou tão profundamente que quase não restou oxigênio para mim. E eu fiquei meio que “Óun... Que fofo. Ela ainda gosta dele, apesar de dizer o contrário”.

No fundo, eu torcia para que Neji fosse um cara legal — mesmo sendo amigo do Sasuke e do Sai — que apenas não estava sabendo lidar com a rejeição de uma mulher tão forte e decidida quanto ele. Claro, são apenas suposições, porque não o conheço e Tenten sempre falava o mínimo sobre ele. Mas como era a primeira vez que se falariam pessoalmente depois do término e ele estava sóbrio, talvez a escutasse agora.

Só percebi que tinha ficado parada lá, com cara de bocó, divagando sobre aqueles breves segundos de tensão e amor, quando ouvi a voz de Sasuke:

— Pode parar de suspirar, os dois já saíram daqui.

Olhei ao redor e vi os dois quase chegando ao balcão dos bartenders bacanudos; Neji, aliás, estava a guiando com a mão pousando suavemente em sua cintura. Caramba, quando tempo eu fiquei em transe? Eu não devia ter levantado tão rápido depois de beber quase toda aquela bebida esquisita do copo do Sai.

Aliás, Sai estava adormecido, babando na mesa, com uma incrível variedade de copos a seu redor. Tipo, rápido assim. O meu quase-qualquer-coisa estava dormindo em nosso primeiro quase-encontro porque era idiota o bastante para ficar misturando essas bebidas estranhas.

Sentei-me novamente, com Sasuke na minha frente, de braços cruzados me encarando de um jeito engraçado e Sai a meu lado, começando a roncar.

— Eu... Acho que não vou mais experimentar essas bebidas — falei debilmente olhando o estado de Sai, enquanto Sasuke soltava um risinho de escárnio.

— Oh, faça esse favor. Se com um copo você consegue soltar coisas absurdas como “uma mulher de biquíni distribuindo jujubas”, não quero imaginar o que inventaria estando bêbada — Sasuke provocou.

— Não se esqueça do “incrivelmente sexy”. Foi isso que fez com que você também olhasse — sorri.

— Eu não olhei.

— Olhou, sim. Eu vi esse seu pescoção de avestruz virando para olhar. Não me diga que foi por causa das jujubas porque eu já sei que não gosta de doces.

— Cale-se ou grudo sua língua no gelo — disse, apontando o pequeno balde de gelo seco que estava sobre a mesa; mas ordenou isso em um tom tão engraçado que não tive como não rir.

— Você falou igual ao Dr. Fronha, aquele vilão que apareceu na edição nº 17 do Capitão Dunha! Ele sempre dizia: “Cale-se ou eu costurarei sua boca!”; “Cale-se ou terá que usar dentadura!” — comentei, forçando uma voz de vilão. Ele meio que sorriu. Eu acho.

— Isso foi na edição número dezenove — Sasuke me surpreendeu, ao dar atenção ao meu chiste. — Na edição dezessete, o Capitão tem que lutar contra sua ex-esposa que ganhou super-poderes ao cair em um tanque de cosméticos.

— Hum... Tem razão! Havia me esquecido. Ele até fica um tempo sem enxergar depois que ela o ataca com o rímel-assassino.

Eu acho que aquela bebida era forte mesmo, porque só poderia ser uma alucinação, ficar um bom tempo conversando animadamente com o Uchiha-Ranzinza-Sasuke sobre nosso amado e esdrúxulo Capitão Dunha. Se eu o tivesse conhecido somente naquela noite, até poderia dizer que ele era uma pessoa agradável.

Teríamos prosseguido com a conversa, se Neji não chegasse acompanhado de Tenten. E olha só, eles estavam de mãos dadas! Abri o maior sorriso quando os vi, ao contrário de Sasuke, que pareceu não gostar nem um pouco.

— E então? — Perguntei em tom jocoso e meloso.

— Neji me pediu desculpas — Tenten explicou. — Finalmente entendeu meus motivos e... Bem, acho que poderemos tentar outra vez.

A seu lado, Neji parecia constrangido, mas ainda assim, satisfeito. Ele não encarou Sasuke uma só vez.

— Hum... Que bom, Neji-san — falei, ainda sorrindo. — Só quero que saiba que se bancar o babaca de novo, eu mesma faço questão de chutar seu traseiro e então nunca mais você poderá sentar.

Sou adorável, não?

Sasuke deu espaço para que Neji e Tenten se sentassem, e enquanto eles ficavam conversando baboseiras, peguei discretamente meu celular da bolsa e acessei a Internet. Eu fiquei curiosa em descobrir qual era a profissão do Sasuke-kun, mesmo que duvidasse que não fosse nada muito diferente de ficar atrás de uma mesa de escritório. Acessei uma rede social e tentei achá-lo pelo perfil do Sai. Talvez ele nem mesmo tivesse um perfil em alguma rede social, mas não custava nada tentar. Até o sapo do Naruto tinha um perfil em alguma rede social. O que não é exatamente algo normal, mas estamos falando do Naruto.

Com o celular no colo, debaixo da mesa, eu digitava discretamente e fingia prestar atenção de vez em quando na conversa dos outros três, enquanto Sai balbuciava frases desconexas, ainda babando na mesa. Mas Sasuke não era bobo e percebeu que eu escondia algo.

— O que esta fazendo? — Perguntou, do mesmo modo entediado de sempre.

— Hum?

— Você está fazendo aquela cara de garota levada outra vez. O que está escondendo?

— E qual foi a outra vez que eu fiz cara de garota levada? — Fingi indignação para ganhar tempo.

— Inúmeras vezes desde que eu te conheci, e isso sempre precede algo ruim.

Neji e Tenten pararam de conversar e se voltaram para Sasuke e eu. Sai roncou alto.

— Ah, sempre que ela faz isso é porque está teclando no celular — Tenten comentou inocentemente, e eu só não a xinguei em pensamento porque ela me dava café de graça.

— Eu estou procurando... Uma coisa — revelei, aparentando desinteresse. — Mas que droga! Será que era tão grave assim, eu usar a Internet do celular?

— Não, mas o Sr. Probleminha tem razão — Tenten continuou, ganhando um olhar feio de Sasuke. — Você está fazendo aquela cara.

Desde quando eu faço aquela cara? Nunca ninguém me falou que eu tenho uma cara específica para aprontar alguma. Não que eu estivesse pensando em aprontar. Quer dizer, só se eu descobrisse que o Sasuke-kun era sei lá, um go-go-boy. Porque então eu poderia fazê-lo me dever uma por não espalhar sobre seu emprego por aí.

Ok, eu estou divagando.

— Hum... Tá — me rendi. — Eu estava procurando o perfil do Sasuke-kun em alguma rede social para descobrir a sua profissão.

— E não seria mais fácil perguntar diretamente? — O próprio Sasuke indagou.

— Seria, mas provavelmente você não me diria. Ou diria?

— Não.

— Ótimo. Por isso que eu vou continuar fuçando até descobrir.

— Me dê esse celular — Sasuke levantou-se, caminhou até mim e curvou-se para pegar o celular no meu colo. Quando seus dedos conseguiram se fechar em uma das extremidades do aparelho, eu puxei de volta, mas ele não soltou.

— Não estou a fim de brincar de cabo-de-guerra com meu celular novinho que custou caro pra caramba, Sasuke-kun! — Reclamei. — Me devolve!

— Você não precisa saber da minha vida! — Ele repuxava, e eu nunca o vi falar tão alto.

— Se eu não olhar aqui, vou olhar no meu notebook, qual a diferença? Solta!

Depois da minha exclamação, Sai acordou assustado e grogue, mas seu reflexo foi tão rápido como se estivesse sóbrio.

— Deixa a Sakura em paz, seu malvado! — Foi o que ele exclamou, antes de nocautear Sasuke impensadamente.

Bem, o Sasuke-kun caiu, bateu a cabeça e apagou.

É uma boa hora para flutuar?

.

CONTINUA

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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi difícil. Eu praticamente comecei do zero, mudei ele totalmente e transformei cerca de 800 palavras em mais ou menos 2.500.
Mas o resultado está aí.
OBRIGADA PELOS REVIEWS, SUAS PESSOAS PRECIOSAS!
Abro um enorme sorriso toda vez que leio cada um. Acreditem, eles incentivam muito o autor.
Digam o que acharam deixando reviews!
Besitows,
StrawK!