Ela Voltou - O Passado Está De Volta escrita por Juliana Black Malfoy Riddle


Capítulo 39
Capítulo 39-Recuperação, Cabeça Quente E Confronto


Notas iniciais do capítulo

Raio de Gripe!
(*Atchim!*)
Sério... Eu fico injuriada quando estou com gripe... Eu já não fico de TPM quando estou "naqueles dias", então coloque a TPM acumulada com meu mau humor da gripe... Ahhhh...
Enfim... Chega de papo furado.
VAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAMOOOOOOOOOOOOOS PARABENIZAR A GAAAAAAATAAAAAAA QUE NOS PRESENTEOU COM MAIS UMA RECOMENDAÇÃO!!!
ANA RAPOSO!
Linda... Nossa, muito obrigada, não sei como lhe agradecer... Este cap é dedicado á você!
E muito obrigada as todas leitoras(es) que acompanham essa louca Fic! Amo todos os comentários, e fico imensamente feliz com a participação de todos vocês! *-*
Leiam as notas finais!
Boa Leitura!
P.S: E quem acertou quem era a pessoa misteriosa no cap anterior foi Jeeh Salvatore! Vocês lerão a seguir quem era. Algumas leitoras acertaram, mas colocaram muitas opções, e como não mandaram a MP para se decidirem... Sinto muito.
Mas aí está o cap! Beijos!



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  POV. Bella

  Só podia ser miragem... Não, eu estou completamente maluca!

  Acho que era porque eu estava extremamente carente, que eu já estava imaginando coisas...

  Mas resolvi falar:

  - Jake?

  Ele olhou pra mim primeiro surpreso, depois abriu um sorriso imenso e me puxou para um abraço apertado, me deixando aquecida em meio aos seus braços quentes e aconchegantes.

  - Bells... Como senti sua falta, garota! Você desapareceu do nada de Forks... - ele me soltou para poder me olhar, com um sorriso no rosto.

  Mas ele morreu assim que viu como eu estava.

  - Bells... O que aconteceu? O que fizeram pra você? - ele intercalava olhares entre mim e dentro da casa. Sua testa se franziu. - Por que tem cheiro dos Cullens aqui?

  - Longa história, Jake... - suspirei. Ele me olhou. - Entra, vamos conversar lá dentro.

  Entramos e no meio do caminho ele ficou tenso, paralisado. Se virou lentamente pra mim.

  - Bella... Quem mais está aqui além de você?

  Mas antes que eu pudesse responder, eis que me surge ele, o cara que eu não sabia mais o que pensar.

  - Olá, Jacob - Edward cumprimentou, com um aceno de cabeça. Jake o encarava de um jeito estranho.

  - O que faz aqui, sanguessuga? Não acha que o estrago que fez antes já está de bom tamanho? - Jacob se posicionou na minha frente, bloqueando minha visão.

  - Sei que deve estar com raiva de mim, Jacob, mas isso e aqui não é hora para isso - Edward falou baixo, mas eu conseguia escutar mesmo assim.

  Jake explodiu:

  - ISSO NÃO É HORA?! COMO ASSIM NÃO É HORA?! O QUE VOCÊ TEM NESSA MERDA DE CABEÇA?! PRIMEIRO, LARGA A BELLA, E AGORA NÃO QUER ENFRENTAR A MERDA QUE FEZ?! O QU...

  Mas Jacob foi cortado com Edward falando, em voz fria:

  - Isabelly está aqui, Jacob.

  Em instantes, Jake parou, ficando paralisado e silencioso. Nem sua respiração se escutava.

  - O. Que. Você. Disse? - Jake sibilou as palavras uma por uma. Sua voz era dura feito aço.

  - Que Isabelly está aqui, assim como sua irmã Elena, e elas não estão nada bem. Creio que voc... - mas Jake já não estava mais aqui. Escutei ele subindo as escadas, o segui.

  Corri depressa e fui até onde seu cheiro ficava mais forte.

  Antes de chegar lá, fui impedida por Carlisle.

  - Bella, não acho que seja uma boa idéia ficar perto de Jacob agora - ele falou, bloqueando minha passagem. Instantâneamente vi tudo vermelho.

  Carlisle caiu no chão gritando de dor, se contorcendo. Parei, vendo ele ofegar.

  - E eu acho que ninguém devia ficar perto de mim neste momento, Carlisle - e passei por ele, chegando a porta fechada onde estava as meninas. A empurrei, pronta para ver o que estava acontecendo.

  Mas eu não esperava ver o que estava vendo.

  Jake estava ajoelhado ao lado da cama de Isy, segurando sua mão com delicadeza.

  Porém, não era isso o que me chocou.

  Jacob estava chorando. Sua pele, antes bronzeada e brilhante, estava pálida e abatida. Vi olheiras embaixo de seus olhos, profundas e escuras. E ele parecia tão fraco...

  - Deus, Jake, o que aconteceu? - entrei no quarto e fechei a porta, me aproximando. Ele soluçou, baixo.

  - O que aconteceu com ela, Bella? - sua voz não passava de uma lamúria.

  Franzi a testa, um pouco confusa, mas expliquei mesmo assim:

  - Isy havia chegado na escola hoje abatida, sozinha, e...

  - Sozinha? - Jake olhou de relance pra mim, surpreso e com raiva, mas depois voltou a olhar pra Isy. - Continue.

  - Sim, sozinha, a amiga dela, Julie - ele se retesou quando ouviu o nome dela - não foi a escola hoje. Enfim... Isy chegou com uma aparência nada boa na escola, e Jeremy, o irmão dela, percebeu, e durante a aula, ela pediu para sair para ir no banheiro. Quando sai da minha quarta aula, Jeremy disse que ela estava mal, e se eu poderia olhar o banheiro. Eu fui. E encontrei Isy lá. Mas... - parei, não sabendo se devia continuar.

  - Mas...? - incentivou, com a voz rouca.

  - Isy estava passando mal, Jake. Ela estava vomitando, estava abatida, e... Seus olhos estavam vermelhos, com sangue, e ela começou a convulsionar e... e... Ela ficou inconsciente... Aí os Cullens me ajudaram a trazer ela pra cá - e comecei a chorar, assombrada pelos acontecimentos recentes.

  Jacob mexeu a cabeça, assentindo. Limpei minhas lágrimas, e pela primeira vez, notei algo realmente estranho.

  Isy, em sua mão direita-ao qual Jake segurava-no quarto dedo, tinha uma delicada aliança de prata, mas também ao mesmo tempo brilhosa.

  E na mão direita de Jake, também havia uma aliança de prata, do mesmo jeito que a de Isy.

  Não, mas isso é impossível... Como?

  Tentei invadir os pensamentos do Jake, e constatei um fato presente:

  Eu não podia ler seus pensamentos, assim como os dos garotos.

  - Jake... De onde você conhece Isy? - perguntei, me focando em sua reação, séria.

  E como antes, ele ficou tenso.

  - Eu quero a verdade, Jacob.

  Ele soltou o ar que segurava devagar, e virou seu rosto para mim.

  Sua expressão era determinada. Limpou a garganta com um pigarro.

  - Você se lembra, Bells... Quando eu te expliquei sobre Imprinting's dos Lobos?

  Flashes dançavam em minha mente.

  - Sim. Mas... - não, eu tinha que estar errada. - Não, você deve estar tirando uma com a minha cara, Jacob - me levatei, exaltada.

  Ele me olhou e suspirou, afagando distraidamente a mão de Isy.

  Eu não precisava de mais confirmação. A resposta estava ali, debaixo do meu nariz.

  Me joguei na poltrona de frente pra cama de Isy, surpresa e chocada. Jake falou:

  - Não pedi pra acontecer, Bella, mas aconteceu, e eu fico muito feliz que tenha acontecido - suspirou antes de continuar. - E sim, Bella:

  Eu sofri um Imprinting por Isabelly...

-

  POV. Damon

  - Vai com calma - escutei Alaric falar, e depois dar um tapinha nas minhas costas. Bufei. - Elena de novo?

  O encarei surpreso.

  - Eu não gosto mais de Elena. Na verdade, acho que nunca gostei dela... - virei outro copo de whisky.

  - Aleluia! - vi ele se ajoelhar ao meu lado. Bufei novamente. Ele se levantou. - Então por que bebe tanto assim?

  Fiquei tenso, vendo a cena novamente diante dos meus olhos.

  - Bella me traiu - peguei uma garrafa escondida e virei direto do gargalo. Alaric franziu as sombrancelhas.

  - Bella? Quem... Ahhh! Isabella Swan, prima da Caroline - ele assentiu. Depois se assustou. - Pera aí... Você e Isabella? Desde quando?

  - Faz algum tempo já... Agora não sei de mais nada - respondi, virando o resto da garrafa.

  - Ahhh, sei - ele murmurou, se sentando do meu lado. Se virou pra mim: - Vamos, conte pro seu amigo aqui o que aconteceu.

  - Virou psicólogo agora? - perguntei, sarcástico. Ele bufou.

  - Dá pra você contar logo ou eu vou ter que ligar pro Stefan? - franzi a testa.

  - Ta bem, ta bem... - resmunguei, e depois suspirei. - Você conhece os Cullens, certo? Eles vieram morar aqui já faz um tempinho, e estudam lá na escola que você leciona.

  - Sei quem são - assentiu.

  - Então... Digamos que Edward Cullen é o ex da Bella - peguei, dessa vez, uma garrafa de absinto. Virei - a.

  - Não acredito... - Ric murmurou. Ri bobo, olhando algo verde brilhante sentado no meu ombro.

  - Ééé... Pode acreditar. Enfim... Deu uns problemas aqui, uns problemas lá... Mas aí eu e a Bella ficamos bem. Aí teve uma "briguinha" entre a Bella e seus amigos, e eu, como bom moço que sou - Ric arqueou as sombrancelhas pra mim - fui resolver intervir por Bella. Ok, até aí tudo bem, maaaaaaaas, o que eu encontro quando chego em casa? - pergunto, olhando diretamente para Alaric. Ele negou com a cabeça. - Bella beijando o Cabeção Glitterzado!

  Joguei minha cabeça contra o mármore frio e comecei a soluçar.

  - Acho que alguém já passou da conta de beber - ouvi Ric dizer, e logo depois alguém me pegando e me arrastando.

  - NÃÃÃÃÃO! ESPERE A FADINHA VERDEEEEEEE! - gritei, vendo o brilho me dar tchauzinho.

  - Deus, Damon... Você precisa é de um banho gelado, e já! Vamos, vou te levar par...

  - PRA PENSÃO NÃO! - despertei, pulando em fuga dos braços de Alaric. Franzi a testa. - Não quero ir pra lá.

  Ric suspirou.

  - Uma hora você vai ter que ver Isabella, Damon. Não adianta fugir - o encarei com raiva. Ele jogou as mãos para o alto. - Está bem, está bem, não está mais aqui quem falou. Vamos... Você vai dormir no sofá de casa - ele resmungou alguma coisa e pegou o celular, digitando algo. Sorri.

  - Jenna ia na sua casa hoje, não é? - ele grunhiu, o que considerei um sim. - Perfeito. Hoje... Será a noite dos homens na sua casa, Ric!

  Ele gemeu em desgosto, indo pro seu carro. Suspirei.

  Por hoje, eu só vou esquecer, e amanhã...

  Bem, que as consequências venham amanhã.

-

  POV. Bella

  - Pera aí, pera aí, deixa eu ver se entendi direito - pedi, andando de um lado para o outro. - Você conheceu Isy fazendo ronda pro Sam em outro estado, e BUM!, teve um Imprinting por Isabelly, sem nem mais, nem menos? - perguntei, incrédula.

  Ele assentiu, com um meio sorriso no rosto.

  - E foi a melhor coisa que me aconteceu, Bells. Me senti mais... Vivo. Não sei como posso descrever isso pra você. Ééé... Perfeito - ele suspirou, afagando a mão de Isy.

  Franzi a testa.

  - Jake... Quando isso aconteceu? - e novamente, ele ficou tenso.

  Um silêncio absoluto se formou, e quando estava prestes a cortá - lo, eis que uma voz fraca se intrepõe entre nós:

  - Conte a verdade, Jake... Bella merece saber pelo menos isso - Isy tentava falar, sussurrando em voz baixa. Jacob instantâneamente soltou um suspiro aliviado.

  - Isy? Isy, meu amor, fala comigo, por favor... - ele pediu, afagando o rosto dela. Vi as pálpebras delas tremerem, e segurei a respiração, pronta para ver seus olhos cheios de sangue.

  Mas quando ela abriu, eles estavam normais, com a cor real deles. Mais brilhosos, e fitavam Jacob com um carinho e um amor palpável. Me senti uma intrusa no momento.

  - Meu amor... - Jake balbuciou, olhando pra Isy. - Pensei que fosse te perder...

  - Vaso ruim não quebra, Jake - ela deu uma risada fraca. Depois ficou confusa: - Quando chegou aqui? Que horas são? Que lugar é esse?

  Jake me olhou em busca de ajuda. Respondi no seu lugar:

  - Você não se lembra de nada, Isy? - ela me olhou por uns segundos, mas foi o suficiente para ela se lembrar. Se possível, ficou mais pálida ainda.

  E Jacob percebeu.

  - Shhhi, não precisa se esforçar agora, Isy... Descanse.

  - Não - ela falou, se remexendo na cama e soltando um gemido. Jake a ajudou a se sentar. Ela respirou fundo antes de continuar: - Eu me lembro de algumas coisas, Bella. Lembro de ter passado mal, de ter ido ao banheiro, de ouvir você me chamar... Mas foi só isso mesmo, juro pra você. E depois... Tudo ficou escuro - ela estremeceu, e Jake a abraçou ternamente.

  - Só? - ela assentiu. Suspirei cansada, olhando pra Elena. Ela ainda estava desmaiada. - Então... Acho melhor chamar Carlisle pra te ver, e ver como Elena está...

  - ELENA ESTÁ AQUI??? - fiquei confusa e apontei pra cama ao lado. Quando pisquei, Isy já estava ao lado de Elena, olhando pra irmã.

  Mas que raios acontecia aqui?

  - O que aconteceu com ela? Klaus, de novo? - ela perguntou.

  - Não, não foi nada disso. Na verdade, foi estranho. Quando trouxemos você para cá, pra Pensão Salvatore, Elena estava aqui com Stefan se recuperando da noite anterior, lembra? - ela assentiu, séria. - Então, aí, quando Carlisle começou a diagnosticá - la, Elena começou a passar mal também, igualzinha a você. As duas entraram numa espécie de coma juntas.

  Isy, a medida de minhas palavras, ficara muito pálida, com os olhos aterrorizados. Passados alguns minutos, ela olhou para Jacob, e pareciam que conversavam pelo olhar, algo que eu não entendia.

  E que não podia ler na mente deles.

  - Está na hora - Isy falou, sem emoção. Jake assentiu.

  Fiquei muito confusa e muito irritada por falta de informação.

  - O que está na hora? O que está acontecendo aqui? - perguntava, ainda vendo eles se encararem. Jacob, de repente, balançou a cabeça negativamente, e falou:

  - Acho melhor nós esperarmos ela, Isabelly.

  - Eu não vou mais viver assim, Jake. Não quero viver na mentira! Você sabe, mais do que ninguém, o que é guardar um segredo que não é seu - Jacob baixou a cabeça. - Isso eu não quero mais pra mim, pra nós. Bella. Precisa. Saber. - Isy pontuava, e se sentou na frente de Jake. Ele a olhou por milésimos de segundos, e assentiu, já olhando pra mim. Engoli em seco.

  Isy se virou pra mim lentamente, me olhando como se me estudasse.

  - Sente - se, Bella.

  Os olhei sugestivamente, e Jake reforçou apontando pra poltrona, em forma de encorajamento. Me sentei ereta, esperando.

  Eles suspiraram em sincronia.

  - Bells... Lembra quando você vai lá em casa, em La Push, na reserva, e me contou aquelas coisas sobre você? E me pediu para que escutasse tudo antes de fazer perguntas? - Jacob perguntou, sério. Assenti em confusão, mas continuei em silêncio.

  - Bom... Digamos que temos um segredo igual a você, mas esse envolve muitas pessoas. Quando você me perguntou quando meu Imprinting por Isy aconteceu... Bem, ele aconteceu um tempo antes de você ir na minha casa naquele dia, Bella.

  Arregalei meus olhos em surpresa e descrença.

  - Eu sei, você deve estar pensando: "Por que você não me contou, Jacob?!". Mas naquele tempo, eu não conhecia Isy para te falar dela.

  Minha careta de confusão deve ter despertado algo em Isy.

  - Na verdade, Bella, Jake não me conhecia mesmo. Eu estava no Alasca quando Jacob me viu pela primeira vez. Foi quando ele sofreu um Imprinting por mim. Mas só foi algum tempo depois que você veio pra cá que me encontrei com ele em Forks, depois de conversar com sua amiga, Ângela Weber.

  Ângela?! Até ela?

  - A algum tempo nós dois procurávamos um ao outro, e acho que aquele dia foi o melhor da minha vida, pois encontrei a garota da minha vida - Jake falou, olhando carinhosamente pra Isy. Ela sorria.

  Fiquei algum tempo absorvendo tudo, pensando...

  Algo não se encaixava. O meu quebra-cabeça falatava peças.

  - Mas... - comecei, tendo a atenção deles em mim. - Como você, Jake, viu Isy pela primeira vez no Alasca, se naquele tempo, supostamente, Isy estava em Roma? E como vocês se encontraram em Forks, sendo que ainda era para Isy estar em Roma?

  Eles ficaram em silêncio, me encarando. Foi aí que minha ficha caiu.

  Eles não queriam me contar que já haviam se conhecido antes. Não queriam contar sobre o Imprinting, ou como se conheceram.

  Eles queriam contar o que estava faltando no tabuleiro. Isso era um jogo.

  E eu devia achar as respostas para ganhar.

  - Você nunca esteve em Roma, não é mesmo? Todos esses anos... - comecei, mais Isy me cortou, dizendo:

  - Não. Eu estive sim em Roma. Só não fiquei cinco anos lá como havia dito.

  Balancei a cabeça devagar, absorvendo.

  - Então... Você passou todo esse tempo fora, longe de Elena e Jeremy, sabendo que Tia Miranda e Tio Gray haviam falecido...

  - Eu não podia voltar! - ela se desesperou, seus olhos se enchendo e lágrimas. Em segundos ela se recuperou. - Coisas estavam acontecendo em Mystic Falls naquela época, Bella. Eu sabia que algo estava errado, e sabia que ainda não podia voltar.

  - Não podia voltar e enfrentar os problemas junto com todos aqui? Com Elena? Com Jeremy? - me exaltei, levantando da poltrona. - Você tem noção do quanto eles sentiram sua falta?

  - Não quanto eu senti deles - ela retrucou, com a voz cheia de dor. Me encolhi internamente.

  Eu não sei se foi o momento, se foi cada um estar em meio a seus pensamentos, ou se foi os sentimentos acumulados que não nos deixou perceber.

  Assim como Isy, devíamos ter pensado que Elena também estaria se recuperando rapidamente. E que também...

  Estaria escutando a conversa toda.

  - Então é verdade? - sua voz estava falha, mas seu corpo estava recuperado, e ela estava de pé, olhando Isy firmemente. - Você poderia ter voltado antes... Mas não voltou?

  - Elena... Deixa eu explicar.

  - Não - Lena disse firme e gélida, assustando Isy. Elena fechou os olhos e inspirou fundo. Momentos depois, ela os abriu.

  E o que vi ali, não se igualava ao que senti quando Edward se foi.

  - Você, Isabelly... Nunca esperei isso de você. Sabe... Passei cinco anos pensando quando você ia voltar, sonhando com esse momento... Até saber que minha irmã não voltou por medo, e deixou seus irmãos aqui, indefesos... - Elena riu: uma risada amarga.

  - Não, Elena, você tem que entender... - Isy implorava, com os olhos brilhando.

  - ENTENDER O QUÊ? QUE VOCÊ ME ABANDONOU? ABANDONOU JEREMY? - Lena tremia de raiva. Aos poucos, o tremor foi passando, e ela ficou estável. Respirou fundo e se virou para a porta.

  - Aonde você vai? Carlisle precisa ver você - disse, pela primeira vez á ela. Elena parou na porta.

  - Eu vou para longe dela por enquanto. Encontro o Dr. Cullen lá embaixo depois - e saiu, batendo a porta com força. Suspirei.

  Soluços vieram em seguida. Isy colocava toda sua dor pra fora, e Jake a consolava, sussurrando coisas doces em seu ouvido. Meu estômago se embrulhou e senti meus olhos se encherem de lágrimas.

  - Isy, é... Elena está pensando de cabeça quente. Isso... Foi muito pra ela. Deixe - a pensar um pouco.

  - Não... - Isy fungou mais uma vez. - Eu conheço minha irmã. Ela não vai me perdoar tão cedo.

  - Não pense assim, Isy... É como a Bells disse, sua irmã está pensando de cabeça quente. Logo passa - Jake tentou acalmar, alisando seus cabelos. Ela se aconchegou mais nos braços dele.

  Me senti ainda mais estranha por estar invadindo o espaço deles. Fui saindo de fininho, e quando cheguei a porta, sai e fechei - a rapidamente, correndo escadas abaixo.

  Parei na sala, olhando em volta. Tudo estava num completo silêncio... Olhei para o relógio.

  13h59 PM já?! Como o tempo passou tão rápido?!

  Era melhor ligar para Caroline e Jeremy. Eles deviam estar preocupados com meu sumiço e de Isy.

  Peguei meu celular de dentro da bolsa e comecei a discar o número de Jer, quando notei uma coisa estranha...

  Carlisle estava lá fora, junto com Esme, Edward, Alice, Jasper, Rose e Emmett, conversando. E... Stefan estava do outro lado do jardim.

  Sozinho.

  Abri a porta dos fundos num rompante, vendo oito pares de olhos me olhar em curiosidade e confusão. Ofegante, vasculhei cada canto do jardim.

  E constatei algo terrível.

  - Bella... O que aconteceu? As meninas acordaram? - ouvi Esme perguntar, e em segundos, Stefan estava do meu lado, me estudando.

  - Bella... O que aconteceu?

  Encarei todos em confusão eminente.

  - Vocês não ouviram nada do que aconteceu no quarto em que estava Jacob, as garotas e eu? - perguntei, processando tudo rapidamente.

  - Não... Aconteceu alguma coisa, Bells? - Rose perguntou confusa. Senti o sangue abandonar meu corpo.

  "Eu vou para longe dela por enquanto. Encontro o Dr. Cullen lá embaixo depois"

  Deus...! Como não percebi?!

  - Bella você está pálida... O que aconteceu? É alguma coisa que aconteceu? As meninas acordaram? - Carlisle perguntava, calmo e sereno.

  Assenti em concordância, ainda não acreditando.

  - Mesmo? Vou subir e ver Elena... - Stefan ia passar, mas segurei seu braço, engolindo em seco e encarando ele.

  Ele deve ter visto algo nos meus olhos, pois instantâneamente ficou em pânico.

  - Bella... O que aconteceu! Me diz o que houve naquele quarto!

  - Elena não está no quarto - sussurrei, em pânico. Ele ficou confuso.

- Ela não está na casa, Stefan. Ela escutou uma conversa minha com Jacob e Isy, e digamos que ela não reagiu muito bem. Ela disse que ia descer e... e... Ai, Deus, como eu fui estúpida!

  Stefan, se possível, ficou mais pálido que o normal.

  - Elena saiu da casa? - escutei a voz de Jasper em algum lugar. Me virei e vi todos os Cullens me encarando.

  E seus olhares eram determinados e apavorados.

  - Aparentemente... - vi todos se encararem e estremecerem. Logo depois, Carlisle me puxava para dentro da casa, com Emmett e Jasper segurando um Stefan aturdido e raivoso.

  O que estava acontecendo?!

  - Se você souber onde Elena pode estar, Bella, essa é a hora de dizer - surpreendentemente, Alice falava como se estivéssemos em meio á uma guerra, e ficava vasculhando o futuro a cada segundo.

   - E-eu não sei, Deus... O que está acontecendo? Onde minha amiga está? - perguntava, sentindo um frio eminente se espalhar em mim.

  Esme me puxou para sentar em frente a lareira com ela. Seus olhos estavam escuros como breu.

  - Bella... Creio que é complicado explicar agora o que está acontecendo. Elena e Isy passarem mal juntas não é coincidência, foi uma ligação das descendentes de Petrova, uma das teorias de Carlisle e a mais provável que temos. Se Isy se recuperou, isso é ótimo, mas não podemos deixar Elena sozinha. Ela está fraca, ainda está se recuperando, e Klaus pode pegá - la novamente, sem contar os Volturis, que Edward mencionou ter visto Jane outro dia na floresta - apertei sua mão com um pouco de força na última parte.

  - Ela não está tomando decisões, ela não está pensando - Alice começou a dizer, com Rose ao seu lado. - Ela não quer ser encontrada, ela quer se isolar de alguma forma - tinha que dar pontos á baixinha, ela estava mesmo se esforçando pra ajudar. - Espere!... Ela tomou uma decisão. Ela... Ela... - e sua vista entrou em foco de novo.

  E seu olhar continha muita raiva.

  - O. Que. É. Que. A. Alcateia. Toda. Está. Fazendo. Aqui? - ela sibilava.

  - Os outros lobos estão aqui? - Edward perguntou, em confusão. - JACOB! DESÇA AQUI!

  Demorou um pouco, mas logo vi meu amigo entrar a passos longos com Isy no colo. Ela nos olhava em confusão e preocupação.

  - Onde está Elena?

  A respirações cessaram, restando somente Isy e Jake respirando fundo.

  Mas acho que ficou em evidência, já que Isy começou a chorar.

  - Tenha um bom motivo pra me chamar, Sanguessuga - Jacob falou, sentando - se delicadamente no sofá com Isy em seu colo.

  - A alcateia toda veio com você? - Edward nem se importou, e foi direto ao assunto.

  Jake ficou confuso.

  - Não... Eu vim sozinho. Senti quando Isy começou a passar mal, e vim o mais rápido que pude.

  Encarei todos em pânico, sentindo o medo crescer dentro de mim.

  - Então... Se não é os lobos de La Push... - Rose começou.

  - São os lobisomens de Mystic Falls - terminei, o terror empregnando todos no ambiente.

  Ahhh, inferno.

-

  POV. Elena

  Eu não conseguia pensar em absolutamente nada.

  Como algum dia, eu poderia imaginar que Isy... Mentiu pra mim! Como ela podia ter feito isso comigo? Com Jeremy!

  Eu sabia que estava correndo risco de vida quando saí da Pensão e entrei na floresta, mas naquele momento eu nem liguei... Eu precisava de alguns minutos sozinha.

  E pensar que fiquei me preocupando com ela a toa! Nesses anos todos, ela poderia ter voltado mas não voltou... Com medo. Sabia que alguma coisa de errada estava acontecendo, e nesses dois anos foram mesmo turbulados.

  Meus pais morrendo... Eu descobrindo ser uma Doppleganger de uma Petrova... Namorando um Vampiro... Descobrindo que meus pais eram adotivos e que Isobel era minha mão biológica, ha...

  Vai ver Isabelly sabia que Isobel era nossa mãe. Sim, nossa, pois somos gêmeas, então teríamos que vir da mesma mãe.

  Lágrimas escorriam pelo meu rosto livremente, mas eu nem me importava de limpá - las. Isso me fazia lembrar o por quê de não voltar pra casa ainda.

  Eu não sei em que parte da floresta eu entrei, mas acabei me distraindo e tropeçando numa raiz de árvore. Resultado: cai bem perto de um barranquinho de terra, e logo abaixo, havia um lago.

  Porém... Não foi isso que chamou minha atenção.

  Tinha... Uma garota ali embaixo. Ela estava sentada, de frente pra paisagem.

  Mas ela não me era estranha... Eu já havia visto aqueles cabelos em algum lugar...

  E foi quando ela se virou, pude ver seu perfil, e me assustei com o que vi.

  O que Julie fazia ali sozinha?!

-

  POV. Julie D'Ângelo(Especial)

  Eu não sabia o que estava fazendo aqui, nesta floresta. Depois de tudo o que aconteceu... É um risco ao qual estou disposta a correr.

  Meu nome, atualmente falando, é Julie D'Ângelo, mas não se engane, já tive muitos nomes e muitas identidades diferentes á que sou. Não tente perguntar minha idade, a probalidade disso acontecer é de 0,001% á mil, sou muito mais velha do que se possa imaginar.

  Mas eu não mudo, o que é bom, de certa forma. Paralisada aos meus 19 anos, tenho tudo o que sempre quis ter. Tenho amigos, companheiros, uma família...

  Bem, nem sempre tive tudo o que quis, na verdade. Minha família, em si, está espalhada pelo mundo, e os visito quando dá.

  Ou quando meus inimigos não estão tentando me matar ou matá - los.

  Porém, isso é uma questão a parte. Uma questão também a que me trouxe a Mystic Falls, e que agora, provoquei o "híbrido mais poderoso do mundo"! Ahhh, por favor, essa conversa é para boi dormir!

  Não tenho medo de Niklaus Mikaelson. Nunca tive. A única coisa que tenho medo de que acontecesse já aconteceu, e a consequência disso? Bem, hoje vivo eternamente sozinha, de um jeito pessoal, particulamente falando.

  Já faz uns dias que cheguei na cidade e ninguém percebeu nada ainda. Quer dizer, eles suspeitam, mas não chegam a uma conclusão. Verem eles ali, e não poder conversar, falar nada... ARGH! Está me tirando do sério já.

  Porém... Era necessário. Se eu quisesse que eles vivessem.

  Me levantei, no instinto de ir caçar, quando escuto passos se aproximando de mim.

  Virei - me na direção do som. Quando olho, não sei o que dizer.

  - Ora, ora, ora. Quanto tempo, não, querida? - falou o demônio que eu mais não queria ver agora. Trajava um terno preto e sapatos sociais, constratando com seus olhos amarelos, como se estivesse em um lugar importante.

  - Lúcifer...

  Ele riu.

  - Sem formalidades, minha cara Julie... Ou Juliene? Juliere? Julierre? Ou que tal... Juliete? Julienesse? Tem que admitir, essa última escolha foi um dos piores que você já teve! - e riu novamente.

  Meu sangue começava a esquentar.

  - O que você quer, Lúcifer? - perguntei, trincando a mandíbula.

  Ele fez um muxoxo de reprovação.

  - Se é assim... Bem, vim aqui cumprimentar minha velha amiga! Faz tanto tempo que você não vai me visitar... Ou melhor, ontem você foi me visitar! - ele riu, e dessa vez foi diferente. Sombras demoníacas dançavam entre as árvores da floresta.

  - É, do mesmo jeito que antes, você quis me aprisionar lá embaixo - dei uma risada amarga. - Quando vai aprender que eu sempre vou conseguir fugir?

  Seus olhos brilharam com algo. Ele sorriu maléfico.

  - Sabe, Julie... - ele começou a andar para a beira do lago, sem se molhar. A água lhe dava passagem, não queria ser contaminada. - Eu ainda me pergunto por quê você resolveu aparecer publicamente para todos os humanos, sabendo que alguém iria vir atrás de você... Como Klaus.

  Ele olhava pra frente, e ainda mantinha aquele sorriso no rosto. Por um momento, estremeci pelo o que estava por vir mesmo sem saber.

  - Aonde você quer chegar, Lúcifer? - perguntei, arqueando minhas sombrancelhas.

  Ele olhou de relance para um ponto fixo atrás de mim e riu. Continuou:

  - Estou tentando te fazer enxergar o quão patético é você estar se arriscando ao se mostrar humanamente as pessoas, minha cara... Você acha mesmo que todos aqueles seres sobrenaturais que você chama de família vale mesmo a pena arriscar sua segurança?

  Gelo começou a se espalhar pelas minhas veias.

  - Acho que se você tivesse uma família pra se importar, Lúcifer, você veria o quanto vale mesmo a pena se arriscar... Ou! Espere, você não sabe, porque não tem mais família! - fiz minha melhor cara de descoberta.

  Ele rosnou, e as sombras se agitaram ainda mais.

  - Eu me importava com minha família! Mas você os matou! - ele brandava.

  O encarei cética.

  - Não. Eu não os matei. Foram os Caçadores que os mataram. Fim, entendeu?

  Ele riu, dessa vez, sarcásticamente.

  - Já viu o quão irônico é, você sendo o que é, andar com Caçadores de Monstros, como nós? - ele perguntou.

Cerrei meus punhos em ódio.

  - Eu não sou um monstro - sibilei, sentindo meus olhos arderem. Eles estavam mudando, novamente.

  - Ahhh não? Você tem certeza disso? - ele começou a me circular, andando devagar, ainda me olhando. - Acho que não. O que será que sua família diria quando soubesse que você, e seus poderes e sua vida, foram os motivos que levaram seu companheiro á morte?

  E pela primeira vez depois de tantos anos, senti frio.

  - O que quer com isso, Lúcifer? - perguntei, cerrando meus olhos. Ele riu, dessa vez, alto, estremecendo tudo ao nosso redor.

  - Bem... O que acha que aconteceria, qual seria a reação de Elena Gilbert quando descobrisse que sua vida não passou de uma mentira? Que nem mesmo Isobel Flemming e John Gilbert são seus pais biológicos?

  Paralisei.

  - Você não teria coragem...

  - Ahh, mas é claro que eu teria, minha cara - ele parou, e seus olhos agora eram de um amarelo vivo.  Ele não estava mesmo blefando.

  - O que você quer em troca? - perguntei, fechando os olhos, esperando.

  Mas, como ele anda fazendo muito, riu novamente.

  - Além da sua desgraça? Nada - pigarreou. - A menos...

  - A menos...? - perguntei, impaciente, sentindo meus dedos formigarem.

  Ele me olhou por segundos, mas antes que dissesse, eu já sabia o que ele queria.

  - Não - respondi, sibilando, começando a enxergar vermelho.

  - Bem, se você não quer me dar Isabella Swan, verá que você será de novo a mesma razão para que alguém querido ter morrido - ele se virou de costas para mim, pronto pra partir.

  Eu não ia dar ponto sem nó.

  Comecei uma ventania, fazendo até mesmo as árvores balançarem. As sombras antes encolhidas, se agitaram ao sentir meu poder emanar sobre elas.

  E sob comando meu, elas amarraram Lúcifer em uma árvore.

  - Você acha que pode me manter preso aqui? - ele sibilou, os olhos em fendas. Sorri amarga.

  - Acalme - se, Lúcifer... Só quero terminar essa conversinha com você primeiro... - sibilei da mesma forma, invocando... Logo Infernus estava ao meu lado, os olhos cintilando. - Olá, meu amor... Está com fome?

  Ele rosnou. Sorri mais ainda.

  - O que você vai fazer? - Lúcifer perguntou, e como sempre, começou a ter medo.

  Será que eles não aprendiam que era isso o que alimentava meu bichinho?

  - Infernus está com fome, Lúcifer... Você não quer fazer a bondade de alimentá - lo? - seus olhos se arregalaram; um trovão caiu ao nosso lado. Sorri.

  - Você não faria isso - ele falou, cético e temeroso. Meus olhares ficaram em fendas e me aproximei, assim como meu tigre.

  - E o que faz você pensar que eu não irei ordenar á Infernus para que se alimente de você?

  - A menos que você queira carregar alguém desmaiada, acho que sua filha não iria suportar ver tal atrocidade que sua mãe faz.

  Congelei no lugar.

  A ventania parou. Infernus parou. As sombras paralisaram. Tudo parou.

  Até mesmo meu coração.

  - Do. Que. Você. Está. Falando? - pontuei, com a garganta seca.

  Lúcifer riu. Tinha certeza que minha temperatura havia caído mais do que o normal. Me sentia como se estivesse no meio de uma nevasca.

  - Eu ainda não acredito que consegui manipular tudo ao meu favor... Que consegui enganar a bruxa mais poderosa do mundo! - ele brandava, sorrindo em sua vitória. - Você foi tão ingênua... Achou mesmo que eu só estava me divertindo á suas custas? Devia treinar mais seus poderes, cara Julie... Como não pressentiu que sua querida filha estava aqui, na floresta, com você? Conosco?

  Tremi.

  - Não sei do que você está falando - falei, tensa.

  - Ahhh... Acho que você sabe sim - ele me encarou, e vi todo a maldade ali estampada em seu olhar. - Você se acha mesmo, não é? Tola criança. Pensou que não sabíamos por que você voltara onde tudo começou? Era muita coincidência você parar no mesmo lugar onde estava Isabella, Elena e os Salvatores... Ha! Eu achei tão ingênuo da sua parte querer conquistar a confiança de todos antes de contar algo... Pena que seus amigos fizeram questão de adiantar algumas coisas para você, não é? - ele sorriu malignamente. - Bem... Uma coisa que posso dizer? Eu tenho pena de você. Viver num mundo onde não pode conviver com as próprias filhas... Por algum acaso, você mencionou á Elena que matou Isobel, a mulher que disse ser a mãe da mesma?

  Minha garganta estava seca, sentia gosto de papelão na boca. Estanquei no lugar.

  Lúcifer me encarava sombriamente.

  - Eu acho que não. Mas sabe... Eu acho que faria a mesma coisa com o cara que se passasse por pai verdadeiro da minha filha e tentasse matar as outras depois - ele ficou sério, de repente. - Por que você não acaba logo tudo isso de uma vez e vá conversar com Elena?

  - Eu não tenho nada para conversar com ela - e com isso, eu vacilei ao ouvir um soluço ao fundo. Cai no chão.

  Mas fui levantada bruscamente por Lúcifer, que tinha seus olhos brilhando, e me segurava com força, marcando meus braços.

  - Olhe - ele pegou meu rosto com força e o direcionou ao ponto alto do barranco. Lágrimas vieram aos meus olhos com a visão que tinha:

  Elena estava nos olhando em pânico, medo e tristeza. Ouvia seu coração mesmo de tão longe. E via as lágrimas que deslizavam pela sua face, partindo meu coração.

  Maldito seja Lúcifer!

  Ele continuou:

  - Vamos nos apresentar formalmente á ela, Julie - ele falou em alto e bom tom, fazendo Elena ouvir, o coração acelerando ainda mais. Seus pensamentos eram confusos. - Elena, eu sou Lúcifer, sabe? Tenho certeza que você foi á Igreja e sabe que sou o grande e mal Satã que todos os cordeirinhos mencionam. Isso é fato - ele riu. Depois ficou sério. - Mas acho que você não conhece minha amiga aqui... Bem, essa aqui, recentemente falando, é Julie D'Ângelo, uma garota que veio de Roma com sua irmã Isabelly Gilbert, e blá blá blá. Isso você sabe - ele pausou, prendendo a atenção de Elena. Ela começou a soluçar baixinho. Mais lágrimas escorriam pelo meu rosto. - Mas, o que você não sabe, é o que ela representa para você. Nós dois sabemos que você não é nada normal, não é mesmo? Todo esse negócio de Doppleganger, vampiros, lobisomens, bruxas, híbridos... Não é para pessoas humanamente normais, certo? - Elena não respondeu. - Claro que não. Mas a questão é... Que há uma boa razão para você viver em meio a tudo isso. Nós dois sabemos que você não é filha de Miranda e Grayson Gilbert, e nem irmã de sangue de Jeremy Gilbert. E por uma mentira dessa garota aqui - ele me sacudiu com força; chorei ainda mais em silêncio - você acreditou que Isobel e John fossem seus pais! Convenhamos, Elena, você não se parecia em nada com eles. Porém... Nós podemos notar certa semelhança entre você e essa minha amiga aqui, não? - ouvi ele dizer, mas isso não importava mais.

  Importava era que Elena nos olhava com espanto. E com medo... Para mim.

  - Não - escutei seu ofegar de longe. E Lúcifer também escutou.

  - Não? Ahhh, vamos, Elena! Você consegue ver mesmo por baixo de tantos feitiços como esses - ele andou para frente um pouco comigo. - As maçãs do rosto... O jeito como as duas sorriem... O sangue...

  - PARE! PARE COM ISSO, POR FAVOR! - ela berrou, caindo no chão. Meu coração se apertou.

  - Parar? Por que? Assim está tão legal! - ele fez falsa voz de empolgação e depois riu. - Vamos, Elena! Sei que você é inteligente! Vamos! Por que acha que Julie veio justamente para cá com sua irmã? Por que Isabelly não vive com você, Jeremy e sua Tia Jenna? Por que foi Julie e seus amigos que a resgataram de Klaus? Como que só Julie conseguiu lhe achar? Por que há tantas mentiras á sua volta?! Vamos, Elena, sei que você pode matar a charada! - ele falava, me matando aos poucos. O sofrimento dela era o meu sofrimento.

  E ver ela chorando... E ver ela pensando tudo isso...

  Sabia que agora eu não poderia esconder mais nada.

  - Não pode ser... Stefan que descobriu... Isobel e John... Não - ela sussurrava, em desespero, mas com a indecisão em sua voz. Abaixei a minha cabeça.

  Mas Lúcifer estava disposto a nos ver sofrer, levantando minha cabeça de novo, com força bruta.

  - OLHE, ELENA! VOCÊ PODE PERCEBER A SEMELHANÇA! VAMOS, EU SEI QUE VOCÊ SABE A RESPOSTA! - Elena balançava a cabeça de um lado pro outro. Senti Lúcifer arquear seu corpo em raiva. - Se você não acredita em mim, aliás, por que acreditaria num demônio, não é mesmo? - ele riu da própria piada. - Pergunte á Julie, Elena! Pergunte a Isabelly! Até mesmo aos seus preciosos amigos, até mesmo aos Cullens! Por que há semelhanças entre você e Julie? Qual é a ligação entre vocês? - ele me sacudia com raiva.

  Eu não podia mais retardar o momento. O estrago já estava feito.

  Eu só esperava que Elena pudesse me perdoar.

  Encarei - a, e vi que ela me olhava, como se me estudasse. Seus olhos cintilando de lágrimas e mágoa me dilacerava por dentro.

  E vi a decisão deles, não importava o que fosse.

  Ela já havia se decidido.

  - Por quê? - ela perguntou, em voz baixa. Mesmo assim, pude sentir o vacilo em sua voz.

  Engoli em seco.

  - Me desculpe - foi tudo o que consegui dizer. Ela soluçou.

  - É verdade? Tudo isso é uma mentira?

  - Eu tinha que te deixar longe dos problemas - solucei, vendo ela começar a tremer.

  Dessa vez, de raiva.

  - LONGE DOS PROBLEMAS?! ENTÃO É ESSA A DESCULPA QUE TODOS VOCÊS ESTÃO USANDO?! QUE QUERIAM ME DEIXAR LONGE DE PROBLEMAS?! - ela gritou, me dando um banho de água gelada e cortante com suas palavras. Seus olhos me encaravam com ódio. - Até quando pensou que poderia me enganar? Que poderia manter a verdade longe de mim?

  - Nunca esperei manter você na mentira. Só esperava o momento certo para te contar a verdade - tentei explicar, com a garganta apertada. Ela fez um som de riso com soluço ao mesmo tempo.

  - E o momento seria esse? Sinceramente... Eu não esperava que um demônio contasse para mim que minha vida é uma mentira... Que eu fui enganada por pais falsos... Que minha mãe se mostraria uma verdadeira vadia do Inferno - ela cuspia as palavras em puro ódio.  E eu as merecia.  Ela continuou:  - Só não espere que eu vá te entender... Porque a partir de agora, pode me considerar orfã de família Julie, ou melhor, mamãe - ela disse friamente, e logo em seguida, se virando e indo embora.

  Para longe de mim, e de meu coração.

  Cai no chão tremendo, a dor me consumindo muito rápido. Já não chorava mais, já não sentia mais.

  Estava morta por dentro, e isso não ia mudar tão cedo.

  - Bem... As coisas forma melhores do que eu esperava - escutei Lúcifer dizer, com a voz em pleno êxtase. Continuei de cabeça baixa. Escutei ele se aproximando e se abaixando do meu lado, sussurrando em meu ouvido. Seu bafo em deixava enojada: - Isso é só o começo do que está por vir, minha cara Julie. O ódio vai predominar no coração de todos que você ama, e o caos vai se instalar em seu meio. E quando você estiver sozinha... BUM! Acabaremos com você.

  Escutei ele ficar de pé e dar sua última risada, assim, reunindo todas as sombras ali presentes.

  - Pode pensar o que quiser, Lúcifer - o parei com minhas palavras. Ele permanecia de costas, eu podia sentir. - Pode tentar destruir meus laços, minha família, meus amigos... Tentar manipular a mente dos que eu amo... Mas você acabou de comprar uma guerra comigo, e vai se arrepender amargamente do que fez.

  E invocando todo o mal ali, abri o portão para o Inferno e mentalmente empurrei Lúcifer, escutando ele rosnar maldições intermináveis á mim. Fechei o portão.

  - Infernus... Volte - o tigre me atravessou, e dessa vez fiquei agitada.

  Ele não havia se alimentado. Desabei no chão frio da floresta e olhei para o céu.

  A noite ameaçava cair, e o pôr do Sol já dava para se ver no lago... Uma lembrança me ocorreu naquele instante:

  *Flashback ON*

  - Prometa - me que, se algo acontecer, não importa o que... Você manterá nossas meninas seguras.

  - Eu prometo - e assim, selei toda a minha vida.

  *Flashback OFF*

  Eu prometi... Mas por que não conseguia fazer tudo isso direito?

  Comecei a chorar e a tremer, abraçando meu corpo gélido. Arregacei a manga da minha blusa e toquei o interior do cotovelo esquerdo, tremendo de dor.

  Segundos depois, meu salvador apareceu.

  - Deus, Julie... O que aconteceu? - Evan perguntou, me colocando em seu colo. Seus olhos me examinavam com ternura e preocupação. Chorei ainda mais.

  - Acabou, Evan... Lúcifer estragou tudo! Elena descobriu tudo... Ela me odeia! - gemi, chorando ainda mais. Ele me abraçou, me deixando molhar sua camiseta com minhas lágrimas.

  Eu não podia acreditar... Lúcifer que apodrecesse no Inferno sozinho.

  Minha Bebê... Minha Elena.... Minha Menina...

  E Minha Filha... Quem eu nunca esperava que me odiasse no momento.

  Mas Lúcifer havia nos dilacerado... E ele ia pagar por tudo o que me fez antes e agora.

  Nem que fosse a última coisa que eu fizesse.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente, acho que esse foi o cap que mais me deu dor de cabeça pra fazer... Ficou muito confuso, e enrolado, e... Ai, esquece.
Espero que tenham gostado!
Aviso: o próximo capítulo contém linguajar inapropriado, segredos revelados, mentiras descobertas e morte na certa. Quem quiser saber o que vai acontecer...
Bem, deixem reviews e recomendações! Tenho certeza que vão querer saber do resto da história, hehe.
Beijos!
P.S: Obrigada de novo, ANA RAPOSO! Mil beijos pra você, querida!