Gnome Days escrita por John Vendetta


Capítulo 3
Colheita


Notas iniciais do capítulo

Yeah, mais um capítulo. Estarei postando um por dia mais ou menos nesse horário (13 horas) em dia de semana, qnd voltar da escola. Obrigado por acompanharem.



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Kenta olha para Brownnie com espanto.

- Você o quê!? - Ele grita, apavorado. Gnomo? Pequeno? Para sempre? Ser zuado por todos na escola... PARA SEMPRE!?

- Lembra quando invadiu a nossa base secreta? - Pergunta Brownnie, como se nada tivesse acontecido.

- Não, e daí? - Kenta ainda o olha com espanto.

- Não lembra quando perseguiu Bassy e acabou invadindo a nossa base?

- Não.

- E quando você me insultou?

- Não.

- Maldito seja, ex-humano bêbado! - Brownnie pula e dá um peteleco no nariz de Kenta.

- Ai! Isso doeu! Por que fez isso?

- Escute, ex-humano: você invadiu nossa base e me insultou, eu usei um artefato místico dos gnomos para te transformar em gnomo, mas acidentalmente acabei apertando o botão de “Transformar Eternamente” e, com isso, você é um gnomo para sempre.

Kenta fica alguns segundos olhando para Brownnie. O gnomo veterano apenas o encara, enquanto Kenta parece não acreditar.

- Não pode ser... Terei que ser desse tamanho PARA SEMPRE? - Pergunta Kenta, se levantando e andando pelo quarto, agitado.

- Sim... Foi uma falha minha, pois gnomos só podem transformar humanos para puní-los por um dia. Desculpe-me humano. - Brownnie pula da cadeira e encara Kenta.

- VOCÊ ACABA COM A MINHA VIDA E AINDA VEM PEDIR DESCULPAS? SEU ANÃO DE JARDIM SÁDICO! - Kenta grita, inflando o peito para cima de Brownnie.

- VOCÊ É UM MÍSERO HUMANO QUE DESRESPEITOU OS GNOMOS E RECEBEU SEU CASTIGO! SE TIVESSE FICADO EM CASA, NADA DISSO TERIA ACONTECIDO! - Brownnie peita Kenta de volta.

- ANÃO DE JARDIM!

- EX-HUMANO SUJO!

Eles começam a brigar, dando socos e chutes um no outro. Lá em baixo, Nanao ainda assiste TV no sofá. A gritaria e o barulho de batidas e coisas caindo atrae a atenção dela. Ela olha para as escadas intrigada e com uma cara de boba. Após o fim da gritaria, ela sorri e volta sua atenção para a TV.

- Kenta está tão dedicado com seu novo emprego!

Lá em cima, Kenta parece ter perdido a luta, pois está amarrado na cadeira com um cinto, além de ter hematomas pelo corpo. Brownnie posiciona a cadeira de frente para a cama e pula em cima das cobertas. Ele se vira e encara Kenta.

- Escute humano, pelas leis dos gnomos, por ter te transformado eternamente sou obrigado a ficar com você, para que acabe não morrendo. Gnomos são criaturas muito delicadas e eu terei que ser seu guardião, mesmo contra a minha vontade. - Ele olha para Kenta com um olhar severo.

- Tá. Que seja. Minha vida já era mesmo. - Brownnie dá um tapão na cara de Kenta.

- Ex-humano sujo, está insultando os gnomos com esse comportamento emo! Garoto, os gnomos vivem com esses corpos minúsculos e conseguem lutar, além deles viverem por anos! Aceite o fato logo.

- Que seja. - Brownnie encara Kenta com severidade, mas ambos são interrompidos por um ronco enorme. - Nossa, como assim estou com fome? Eu tomei café da manhã, seu mini-estômago estúpido!

- O que você comeu no café da manhã, ex-humano? - Brownnie pergunta, desamarrando Kenta da cadeira. Kenta continua sentado, encarando Brownnie com um olhar de tédio.

- Pra que quer saber? Virou nutricionista, seu anão? - Kenta recebe um chute no rosto e acaba voando e batendo no armário. Brownnie segura Kenta pelo pescoço.

- Ex-humano, trate de me tratar com respeito ou eu te matarei. E não esqueça que eu acabei de salvar sua vida, salvando-o de Kirashi Toshiko.

- Tá-tá bom, a-anãozi-zinho lindo! Pode me soltar, por favor? - Brownnie solta Kenta, mas continua o olhando com severidade. - Eu comi bacon com ovos.

- Tolo. Gnomos não comem bacon com ovos.

- Eu comi, tá? É bom e estufa a barriga.

- Ex-humano tolo, muito tolo. Ele pode estufar a barriga, mas ele é digerido rápidamente pelas propriedades mágicas dos estômagos dos gnomos.

- O que quer dizer com isso?

Brownnie coça a barbicha.

- Quer dizer que você não comeu nada, por isso está com fome.

- O QUÊ? ENTÃO EU POSSO COMER O QUÊ?

- Só há uma coisa que gnomos comem...

Brownnie pega um livro de biologia no chão e abre em uma página. Ele mostra a imagem de um cogumelo para Kenta.

- ... Cogumelos. Eles resistem as propriedades mágicas dos gnomos. E ainda melhor: os cogumelos psicodélicos e venenosos não fazem efeito, sendo comestíveis do mesmo jeito.

Kenta pega o livro e observa a foto do cogumelo.

- Então eu tenho que comer cogumelos? Devo comprar shitake ou shimeji ou champignon? Ah, espera. - Kenta faz um cara de horrível de pavor. - Não tenho dinheiro pra comprar isso.

Brownnie sorri, arrancando o livro dele e dando um peteleco no nariz.

- Então, ex-humano tolo... Aonde você pode achar cogumelos de graça? - Ele abre em outra página do livro.

- Hmmm... - Kenta observa a página. - ... Não sei. - Brownnie bate com o livro na cara dele. - Ai! Doeu!

- Larga de ser bixinha, ex-humano. Leia este parágrafo. - Brownnie aponta para o parágrafo.

- “Cogumelos desse gênero podem ser encontrados em pastos na bosta de bovinos. É comum achá-los depois de grandes chuvas, seguidos de dias de calor.”. Tá e daí?

- Você é burro? Não tem nenhum sitío por aqui?

- Tem alguns na estradinha perto da saída da cidade. Não deve ser muito longe. Mas acha que terá? - Brownnie coça a barbicha.

- Não sei, se não me engano, choveu faz uns dias. E está mais ou menos calor. Vamos precisar de sorte para colhê-los.

- Então...

- Então o quê?

- Como se diz... - Kenta parece pensativo. - ... Vamos à caça?

Brownnie fecha o livro e olha para Kenta com um olhar decidido.

- É isso ou morrer de fome, ex-humano.

Nanao continua vendo TV na sala. Quando o relógio marca 13:45, Kenta e Brownnie descem.

- Não querem comer nada, queridos? Você nem almoçou, Kenta! - Pergunta ela, afimando em seguida.

- Não, obrigado mãe, não estou com fome. - Responde Kenta, indo até a porta e pulando para abrir a maçaneta.

- Para onde vão? - Pergunta Nanao, curiosa.

- Coisas do trabalho. - Responde Kenta, após uma breve troca de olhares com Brownnie.

- Ah, que bom! Ganhe dinheiro, meu filho!

- Pode deixar, mãe. - Kenta e Brownnie saem, fechando a porta.

- Kenta está tão dedicado com seu emprego! - Diz Nanao, após sorrir.

Kenta e Brownnie caminham por uma rua, sob forte sol.

- Ótimo, está fazendo sol. - Comenta alegremente Brownnie. - Na verdade, estou com fome também, ex-humano.

- Que legal, mais uma boca para alimentar. - Kenta coça a cabeça. - Então gnomos existem? Vai demorar para eu me acostumar com isso.

- Sempre existimos, mas conseguimos nos ocultar em bases secretas, graças às nossas magias. Humanos raramente nos avistam e quando avistam, ou são silenciados ou ninguém acredita neles. - Responde Brownnie, em tom casual.

- Silenciados? Meu Deus. - Kenta faz uma cara de horror perante a palavra “Silenciados”. - Aliás, Brownnie. Daonde você conhece Kirashi Toshiko?

Brownnie fica abruptamente sério de repente.

- Ele é um assassino. Gosta de matar coisas pequenas, já matou vários gnomos. Ele é muito temido por entre os gnomos.

- Entendo. Ele realmente é perverso.

Após alguns minutos de caminhada, Kenta e Brownnie localizam um pequeno sítio, logo na saída da cidade.

- Olhe, ex-humano. Há vacas e zebus ali. Podemos achar cogumelos. - Comenta Brownnie.

- É, mas vamos falar com o dono do sítio primeiro.

Kenta e Brownnie são recepcionados pela esposa do caseiro, que fica agradecida com a visita. Eles são levados até o caseiro, que se apresenta como Azumi Koji.

- É um prazer, sô! Ocês vieram da cidade? - Pergunta Koji, apertando a mão de Brownnie. - E como são pequeninos, sô!

Kenta e Brownnie observam com espanto.

- Mas aqui é do lado da cidade... - Diz Brownnie.

- Que sotaque mais caipira... - Comenta Kenta.

- E a que devo a visita de ocês hoje, sô? - Pergunta Koji, interessado nos dois pequenos gnomos.

- Precisamos colher cogumelos. - Diz Kenta, em tom casual, como se fosse o pedido mais normal do mundo.

- Perdão, Koji-san. Nós gostamos de comer cogumelos que nascem da bosta dos bovinos do seu sítio. Poderíamos por favor poder colher alguns? - Pergunta Brownnie, olhando feio para Kenta, como se ele não fosse educado.

- Ocês podem colher os cogumelinhos, sô! Já vi uns nascerem no estrume da vaca. Sintam-se livres, só tomem cuidado com os touros, sô!

Pouco tempo depois, calçando pequenas luvas de couro, Kenta e Brownnie foram à caça dos cogumelos de baixo do sol escaldante.

- Vamos nos separar. Você procura pra lá e eu procuro pra cá. - Diz Brownnie, se separando de Kenta.

Após alguns minutos de procura, Kenta achou alguns pequenos chapéis de cogumelos saindo de um grande volume de estrume, em uma área com árvores. Ele chama Brownnie para mostrar a descoberta.

- Faça assim: pegue pelo chapéu e puxe, mas não muito forte, senão irá arrancá-lo! - Avisou Brownnie. Ele e Kenta colheram alguns e colocaram em um saco.

Quando a tarde estava se encaminhando para o seu fim, Kenta e Brownnie, cansados mas felizes, terminaram a colheita, agradeceram Koji-san e voltaram a pé para casa, conversando.

- Foi divertida, essa caçada. - Comenta Kenta, feliz e mastigando cogumelos, após Koji ter lavado e fervido eles.

- Ah claro. Enfiar a mão na bosta para colher cogumelos é muito divertido. E me passa um aí. - Responde Brownnie, ácidamente.

Quando o sol já se preparava para se por, Kenta e Brownnie já haviam voltado para a casa de Kenta. Nanao ainda via TV, ela os recepcionou com entusiasmo.

- Olá queridos, estão com fome? Querem jantar? - Perguntou ela, sorrindo para os dois gnomos.

- Não, obrigado mãe. Comemos lá no... - Responde Kenta, indeciso sobre como terminar a frase.

- ... No escritório. - Completa para ele Brownnie.

- Isso, no escritório. Vamos subir um pouco, então obrigado.

- Certo queridos, qualquer coisa me chamem.

- Certo. - Responde Kenta, subindo as escadas com Brownnie. Nanao observa com orgulho.

- Kenta está tão dedicado com o trabalho!

No quarto de Kenta, Brownnie senta na cama, enquanto Kenta tenta arrumar a bagunça.

- Aonde você vai dormir? - Pergunta Kenta, jogando o livro de biologia no fundo do armário.

- Na base. Preparei uma entrada perto daqui. - Responde Brownnie, saboreando um cogumelo. - E guarde eles na geladeira, por favor.

- Quando eu descer eu guardo. - Responde Kenta, terminando de “arrumar” tudo e se atirando na cadeira. Ele gira um pouco e encara Brownnie.

- Que é? - Pergunta o gnomo Brownnie.

- Quando você vai?

- Como assim?

- Vai ficar aqui pra... pra...

- Ex-humano? - Pergunta Brownnie, olhando para Kenta, que começa a ficar roxo e com falta de ar.

- Preciso de ar... Não consigo respirar! - Responde Kenta, sufocando.

Brownnie dá um tapinha na cara dele e Kenta volta ao normal.

- Já se alimentou com sua palheta hoje? - Pergunta Brownnie casuavelmente.

- Palhe...? - Fala Kenta, em tom de dúvida.

- Gnomos precisam de uma palheta por dia para viverem. Se não ingerirem uma até o por do sol, irão morrer. - Responde Brownnie, abrindo um sorriso. - Esqueci de mencionar?

- SEU ANÃO MALDITO! ESQUECEU SIM! - Kenta tenta socar Brownnie, mas acaba ficando sem ar novamente.

- É melhor procurar uma palheta logo ou você vai morrer... - Brownnie olha para ele com pena. “... E eu ficarei livre de você”, completa mentalmente.

- Droga, se eu... tivesse comprado palhetas para o Shiro ao invés de amendoins... Shiro... - Kenta olha para Brownnie, com os olhos iluminados. - O Shiro tem um monte de palhetas!

- Vamos à caça, novamente.



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Notas finais do capítulo

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