Gnome Days escrita por John Vendetta


Capítulo 10
Procurando pela palheta


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, desculpem a demora pra postar nos últimos dias! Mas agora creio que tudo irá se normalizar: um capítulo por dia. Peço para postarem reviews com críticas, sugestões e elogios, se possível. Essa fic promete ser muuuuito longa, então acompanhem ela até o final, ok? Obrigado!



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Kenta acordou cedo na manhã de domingo, tomou seu banho matinal e desceu. Como de costume, encontrou Brownnie e Nanao na cozinha. Nanao fazia cogumelos acebolados.

                - Bom-dia, Ken-kun! - Nanao sorri para Kenta, animada.

                - Bom-dia, mãe. - Kenta responde, sem motivação.

                “Ter que sair de casa para pegar palhetas...”, pensa Kenta, com uma cara de tédio.

                - Estou fazendo cogumelos acebolados. - Diz Nanao, mas é ignorada. Após alguns segundos, Brownnie decide quebrar o silêncio.

                - Eu irei aceitar, humana.

                Alguns minutos depois, Kenta se arrumou e partiu com Brownnie até a casa de Shiro.

                - Será que o Ryogaku Shiro não saiu hoje? - Brownnie pergunta, enquanto eles andam pelas ruas de Kugoya.

                - Shiro? Sair? Em um domingo? - Kenta ri. - Ele deve estar estudando alguma “Escala Tônica de Mir”, ou algo assim. - Ele ri ainda mais. Brownnie o olha com censura.

                - Então ele está em casa? - Pergunta, com um olhar sério.

                - Com certeza.

                Após um período de silêncio, Brownnie olhou para Kenta, sério.

                - Nunca mais vi você bebendo álcool.

                - Sim. Peguei trauma.

                - Que bom, ex-humano. Ganhou um pouco mais de respeito.

                - Aliás, - Kenta olha para Brownnie com uma cara pensativa - desde que você veio, eu mudei bastante. Minha vida mudou.

                - Certamente.

                - A Naomi e a Midori não falavam comigo nem com o Shiro. Até o Toshiko está diferente, perdeu um pouco da psicopatia. O professor Yukio largou o álcool e está bem melhor de vida.

                Brownnie olha para Kenta com um sorrisinho.

                - É a magia dos gnomos. Atraímos amizade e valores bons. Você deu sorte, Satoru Kenta. Parece que juntou amigos de verdade.

                - Mas no fundo, Naomi e Midori me odeiam e Toshiko quer me matar. - Kenta faz uma cara depressiva e coitada.

                - Fingidos. Querem mesmo é amigos.

                Kenta olha para Brownnie com admiração e um sorriso no rosto. “Você sempre me surpreende, Brownnie”, ele pensa.

                Minutos depois, eles chegam na casa de Shiro e Kenta toca a campainha.

                - Vai esperar aí fora? - Kenta pergunta para Brownnie.

                - Preciso de uma palheta também. Aquela Tribo Verde só consome minhas palhetas, viu.

                - Brownnie, qual sua hierarquia dentro da Tribo Verde? Não entendo muito dessas coisas de gnomo.

                Brownnie faz uma cara pensativa, como se julgasse se o interesse de Kenta era verídico. Mas eles ouviram passos.

                - Mais tarde eu te dou um resumo sobre os gnomos, Kenta.

                A porta se abre e a mãe de Shiro aparece. Ela olha para frente e não vê ninguém.

                - Essas crianças de hoje em dia! Só sabem tocar a campainha e sair correndo. - Diz ela, com uma voz irritada.

                - Estamos aqui, Senhora Ryogaku. - Kenta diz, com uma cara emburrada. Ela olha para baixo com uma cara surpresa.

                - O-Olá amiguinhos pequeninos do Shiro! - Ela sorri de forma pouco convincente. - Entrem! O Shiro está lá em cima.

                Kenta e Brownnie chegam no quarto de Shiro, que estava afinando seu violão na cadeira. Ele nem percebe os dois entrando e fechando a porta do quarto.

                - SHIRO! - Kenta grita, fazendo ele se assustar e olhar para trás.

                - Oh, olá Kenta. Olá baixinho. O que querem?

                Kenta e Brownnie sentam na cama.

                - Shiro, lembra que eu preciso de uma palheta por dia pra viver? - Kenta começa, indo direto ao ponto.

                - Como esquecer aquele dia que você quase morreu?

                - Então... as palhetas que você me deu acabaram.

                Shiro faz uma cara de horrorizado.

                - TINHAM QUARENTA E DUAS PALHETAS NAQUELA CAIXA, KENTA!

                Os dois gnomos se assustam com a fúria de Kenta, que larga o violão no chão e se levanta.

                - Meu Deus, esse cara é um maníaco... - Brownnie diz baixinho, com um olhar de espanto.

                - Maníaco da música... - Kenta ergue os olhos para Shiro e sorri de forma pouco convincente. Shiro aperta ainda mais os olhos, olhando para Kenta desconfiado. - Então, Shiro...

                - Explique-se. - Shiro se senta na cadeira, de braços cruzados.

                Kenta olha para Brownnie, que parecia interessado na janela aberta.

                - Brownnie. - Kenta aperta o ombro dele.

                Brownnie se vira assustado.

                - Quê!?

                - Explica pro Shiro porque acabaram as palhetas.

                - Tchau! - Brownnie grita, pulando na cabeça de Kenta e pegando impulso para fugir pela janela.

                Shiro e Kenta olham para a janela, petrificados. Então, Shiro se vira para Kenta com um olhar de fúria.

                - Aquelas palhetas eram minha vida. Onde foram parar?

                Passados poucos minutos, Kenta explica para Shiro a situação toda: Brownnie roubava palhetas para levar para a Tribo e que ele acabou sem palhetas e tinha até o por do sol para arranjar uma.

                - Mas e o baixinho? Ele também vai morrer no por do sol! - Shiro protesta, pensativo, após alguns minutos de raiva.

                - Ele já deve ter pego alguma, ele é safado. Mas enfim, pode me dar só uma palhetinha? Eu compro amanhã algumas, já que  hoje as lojas estão fechadas! - Kenta implora e faz cara de coitado.

                - O problema, Kenta... - Shiro sorri, sem convencer ninguém. - ... é que...

                - Fala logo.

                - ... minhas palhetas acabaram. Dei todas para você e a única que eu tinha sumiu ontem.

                - Deve ter sido um gnomo ladrãozinho! - Kenta coloca as duas mãos na cara. - Meu Deus, é hoje que eu morro!

                Shiro coçada a cabeça, pensativo. De repente, ele levanta a mão como em comemoração, gritando: “YES!”. Kenta olha para ele com um olhar sério, como se o achasse louco.

                - Que foi, Shiro?

                - Tenho um amigo músico e ele deve ter alguma palheta!

                - Quem?

                - O dono da Loja Alpha.

                Kenta e Shiro andam pelas ruas de Kugoya, após terem dito para a Senhora Ryogaku que não iam demorar.

                - E o seu pai, Shiro? - Kenta pergunta, meio receoso.

                - Trabalhando.

                - Em pleno domingo?

                - É. - Shiro parecia não querer falar muito sobre o assunto. - Mas vamos nos concentrar na nossa missão: arranjar uma palheta!

                Eles vão até a pequena casa do dono da Loja Alpha, que fica do lado dela. Eles apertam a campainha. Após alguns segundos, um homem gordo e vestindo regata, com uma bermuda azul e aparência velha aparece na porta.

                - Sim? Ah, é você Shiro. - Pelo visto, o dono da Loja Alpha já conhecia Shiro há tempos.

                - Olá, Alpha, podemos entrar?

                “Que conveniente, o nome é Alpha!”, Kenta pensa, sarcástico.

                - Podemos? No plural? - Alpha olha para os lados, tentando procurar outra pessoa.

                - Eu e o Kenta aqui. - Shiro pega Kenta e o coloca no ombro, para a fúria deste.

                - Ah sim, entrem...

                Alpha os conduz por uma casa grande, com diversos instrumentos musicais espalhados por todos os lugares, além de amplificadores, partituras jogadas pelo chão e outros acessórios musicais. Kenta comemora, com uma dancinha no ombro de Shiro.

                “Esse cara COM CERTEZA tem uma palheta sobrando!”, ele pensa, feliz. Por fim, Alpha os leva até um pequeno estúdio vazio e eles entram e sentam nas cadeiras que tinham lá. Alpha os encara e Shiro quebra o silêncio.

                - Então, Alpha... preciso de uma palheta.

                - Espere até amanhã, Shiro. Então você compra na loja.

                - Mas... - Shiro olha para Kenta, que fazia uma cara de morto. - Mas... você não pode me emprestar uma?

                - Não posso, as únicas que tenho aqui em casa são as minhas de colecionador. Todas as outras estão trancadas na loja e não tenho como abrir agora, pois as chaves estão com a Beta.

                - Quem é Beta? Onde ela está? - Kenta pergunta, com um olhar emburrado.

                - É minha mulher, ela que guarda as chaves para a loja. Ela viajou hoje e só volta amanhã de manhã. Desculpem meninos, mas sem palhetas por hoje.

                - Você não pode nem emprestar uma das suas de colecionador? - Shiro pergunta, desesperado.

                - Não posso, eu vou vender elas para um pessoal da Companhia de Música de Kugoya, por um preço bem camarada! Cem ienes cada!

                - E se arranjarmos cem ienes? - Kenta pergunta, ainda mais desesperado que Shiro.

                - Mas não posso vender, já está no pedido.

                - E se pagarmos um pouco mais alto, você tira do pedido? - Kenta se desespera, pulando na frente de Alpha, que olha para baixo para o encarar.

                - Acho que sim, por uns... 150 ienes... - Ele coça a cabeça, pensativo.

                - Obrigado, vou arranjar esse valor e venho até o por do sol! - Kenta puxa Shiro e ambos saem da casa de Alpha para arranjarem 150 ienes.

                - Meu Deus, meninos... tanto desespero por uma palheta!

                Pouco tempo depois, eles chegam na casa de Kenta.

                - MÃE! - Kenta grita, procurando a mãe.

                - Aqui na cozinha, filho!

                Os dois chegam na cozinha, com Nanao lavando a louça.

                - Mãe, preciso de dinheiro emprestado! - Kenta suplica, desesperado.

                - Mas filho, você trabalha...

                - Eu sei, mãe! Mas é urgente! Por favor! - Ele faz cara de choro e vence Nanao, que pega uma bolsinha.

                - Quanto você quer?

                - 150 ienes.

                - O QUÊ!? TÁ MALUCO!? ACHA QUE TENHO TODA ESSA GRANA, MOLEQUE!? - Nanao se levanta e dá uma moedinha na mão de Kenta. - TOMA, 50 IENES!

                - O-Obrigado, mamãe... - Kenta e Shiro saem correndo antes que Nanao ficasse ainda mais furiosa.

                Eles caminham pela rua desesperados.

                - Droga! Não vou conseguir dinheiro! - Kenta se desespera. - Você não tem nada de dinheiro, Shiro?

                - Gastei tudo com um novo violão, não tenho mesmo...

                - Meu Deus! Onde conseguiremos dinheiro?

                Eles chegam na casa de Alpha, que estava parado na frente tocando cavaquinho.

                - Alpha! Conseguimos só 50 ienes, pode ser? - Kenta pergunta, desesperado. Alpha para de tocar cavaquinho e olha para ele com um olhar de pena.

                - Não posso, foi mal...

                - Mas...

                Kenta cai de joelhos no chão, as lágrimas caindo. Ele ergue o rosto para Alpha, que se assusta com o comportamento dele.

                - POR FAVOR, ME VENDA A PALHETA POR 50 IENES!

                - Não posso, rapaz...

                O olhar de Alpha era da mais pura pena. Mas Kenta se desespera. Ele começa a socar o chão, as lágrimas voando longe. Shiro se ajoelha e dá palmadinhas nas costas dele, enquanto Alpha olhava com tristeza.

                - Calma, Kenta...

                - CALMA NADA, SHIRO! EU VOU MORRER!

                - Meu Deus, vai morrer se não tocar com palheta hoje? - Alpha se assusta.

                Mas eles ouvem passos e uma voz conhecida.

                - Ora se não é o Kenta, meu aluno preferido!

                Kenta e Shiro ficam de pé se viram, dando de cara com...

                - Yukio-san!

                - Qual é o problema, Kenta? Por que está triste? - O professor Yukio estava muito bem aparentado, com um terno e uma gravata borboleta.

                - Eu preciso de 100 ienes ou vou morrer... - Kenta abaixa a cabeça, deprimido.

                - Mais uma brincadeira sua, hein? Tudo bem, eu te empresto... se isso te faz feliz...

                Kenta ergue o rosto com uma expressão radiante e os olhos brilhando. Yukio tira duas moedas de 100 ienes do bolso e entre na mão de Kenta.

                - Vou indo, tenho uma festa para ir! Até logo, Kenta!

                Kenta parecia completamente estático, com as três moedas de 50 ienes na mão e uma expressão de não-posso-acreditar-no-que-estou-vendo. Alpha passa o braço pelo ombro dele, segurando uma palheta verde-berrante com uma foto de Ozzy Osbourne em 3D.

                - Tome, rapaz.

                Kenta entrega o dinheiro para Alpha e recebe sua palheta. Ele ainda não acreditava no que estava vendo.

                - Yukio-san... - Ele olha para a palheta conquistada com a ajuda do professor.

                - Vamos indo, Kenta!

                Shiro e Kenta se despedem de Alpha e seguem pela rua até chegarem na frente da casa de Kenta. Ele pega a palheta e a coloca na boca, dando um grande sorriso ao fazer isso. Shiro coloca a mão no ombro dele.

                - Amanhã eu compro algumas palhetas, Kenta. Até logo!

                Kenta se despede de Shiro e entra em casa, feliz, porém...

                Mais tarde, Kenta estava deitado na cama olhando para o teto com um olhar triste. Brownnie aparece na janela, entrando no quarto.

                - Alô, Kenta. - Ele cumprimenta, mas Kenta nem presta atenção. - Por que está triste?

                - Cansei dessa vida de gnomo... de quase morrer todos os dias, sabe? - Ele suspira.

                - Eu passei a tarde resolvendo umas coisas com a Tribo Real. Kenta, você está disposto a voltar a ser humano?

                Kenta se surpreende com a pergunta.

                - É claro!

                - Fará qualquer coisa?

                - Qualquer coisa!

                - Vamos competir no Torneio das Dez Palhetas Mágicas dos Gnomos, Kenta!


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