De Pai Pra Filho escrita por Mayara Rabelo


Capítulo 1
Como sei que estou amando uma mulher, pai?




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“Para realmente amar uma mulher,

Deixe que ela te abrace,

Até você saber como ela precisa ser tocada,

Você tem que respirá-la, tem que sentir seu gosto,

Até senti-la em seu sangue,

E quando vir seus futuros filhos nos olhos dela...

Você saberá realmente que ama uma mulher.”

(Bryan Adams)

Leonard é o filho de Sara e Grissom. Hoje, com dezenove anos, faz faculdade de entomologia forense seguindo a carreira de seu pai. Sempre o admirou e, como seu tio Greg dizia, suas células vinham de Grissom, então eles já esperavam algo assim quando nasceu. Tudo neles era muito iguais. Exceto pelos olhos cor de chocolate e o sorriso da mãe. Fora isso, era Grissom em forma de adolescente.

Tão iguais até no fato de se apaixonarem...

– Pai?

– Filho? – Diz Grissom assustado ao ver seu filho entrar em seu escritório essa hora da noite. – Não está com sono?

– Há uma coisa que não sai de minha cabeça. – Suspira sentando-se de frente ao seu pai. – Será que poderíamos conversar, pai?

– Lógico. Devemos... – Apressadamente guardava seus papéis. – Só um instante, deixe-me ver se sua mãe está dormindo.

Grissom foi até seu quarto e Sara folhava um livro sentada na cama. Chegou perto inalando o cheiro que há quase vinte e cinco anos não se cansava de sentir, e sentou-se tocando suas coxas.

– O Leo pediu pra conversar comigo, amor. – Suspirou encarando seus olhos. – Está me esperando no meu escritório.

– Mas agora? Essa hora da noite? – Coloca seu livro de lado e sua expressão é preocupada. – O que está acontecendo com ele?

– Vou descobrir. Mas acho que é coisa de homem, sabe?

– Já sei. – Sorriu de lado. – Não posso entrar na conversa, não é?

– Não, querida. É melhor pra ele. Precisa de privacidade.

– Então ficarei aqui roendo as unhas? Assim não vale! – Grissom riu.

– Mais cedo ou mais tarde ficará sabendo... – Chegou mais perto e aceitou os lábios que pediam por um beijo. – Vai me esperar acordada, baby?

– Sim. Te espero.

.....

Ao voltar para seu escritório, Grissom vê seu filho de cabeça baixa, com seus pensamentos longes. Às vezes queria ter o poder de ler pensamentos, só pra saber o que aquele olhar estava expressando. Preocupação, tristeza, amor...

– Sua mãe ainda estar acordada. – Sorriu se sentando ao seu lado, colocando a cadeira na posição de frente pra seu filho. – Mas vai ficar lá me esperando.

– Hum... – Sorriu de lado. – Sabe pai, queria que esse assunto ficasse somente entre nós. É um tanto... Constrangedor pra mim. – Baixou a cabeça.

– É tão sério assim? – Arqueou sua sobrancelha, preocupado.

– Ah... – Ele suspirou pesadamente. – Não sei nem como começar, sabe? Não é algo de morrer, mas está me infernizando. Não sai da minha mente! – Estressado.

– Leo, tenha calma e fale devagar. – Colocou a cadeira mais perto ainda dele. – Estamos conversando agora. Não precisa mais se apavorar.

– Certo. – Suspirou novamente, dessa vez um suspiro mais profundo. – Eu acho que... Pai, sabe a Ashley?

Ashley era a filha mais nova de Catherine com Vartann. Eles se casaram dois anos depois dele e Sara. Garota maravilhosa em todos os sentidos. Tinha quinze anos. E logo depois que Leo tocou no nome de Ashley... Bom, Grissom ainda tem a alma de CSI. É obvio que desconfiaria de alguma coisa.

– Sei... O que tem a Ashley?

– Pai, é complicado pra mim. – Passou a mão pelo cabelo em sinal de frustração. – Mas eu acho, na verdade tenho quase certeza de que estou... – Baixou a cabeça, como se tivesse com vergonha.

– Gostando dela? – Completou.

– Não sei explicar. Mas acho que... – Grissom interrompeu.

– Que problema tão grave há nisso, meu filho? – Disse sorrindo.

– Não é problema? – Incrédulo. – Pai, esqueceu a idade dela? Tem apenas quinze anos. E eu? Sou quatro anos mais velho!

– Filho, já comparou a minha idade com a da sua mãe? – Grissom encarava os olhos idênticos aos de Sara. Um chocolate intenso. – Nós nos deixamos de casar? Ou de nos apaixonar, por conta disso?

– Pai eu... Não sei como lidar! – Levou suas mãos até seu rosto e teve vontade de chorar. Como podia ser tão difícil?

– Eu era exatamente assim. – Sorrindo. – Quase perdi sua mãe por medo, por uma falta de palavras que me atingia.

– Você? Faltando palavras? – Debochou.

– É verdade! – Até que Grissom estava gostando dessa conversa. – Demorou um bom tempo, pra ser mais preciso, demorou seis anos para que eu tivesse coragem de ir até a sua mãe e... Declarar meu amor.

– Isso foi... Lindo, pai. – Seus olhos brilharam. – Como eu faço pra... Você sabe... Me declarar?

– Está pensando nisso? Sério? – Agora um sorriso de felicidade reinou no rosto lúcido e barbudo de Grissom.

– Eu gosto dela. – Disse sem olhar nos olhos, parecia mais seguro. – Mas não tenho a mínima idéia de como conquistá-la. Não sei o que fazer para amá-la de verdade. Assim como vejo o seu amor por mamãe.

– Filho... – As coisas estavam começando a ficarem complicadas. – Eu amo a sua mãe desde o momento que a vi sentada na platéia da universidade com... Com um sorriso lindo sabe? – As lembranças voltaram. – E toda a minha vontade era de saber o que ela mais gostava, os livros preferidos... Enfim! Mas naquele tempo não deu certo.

– Por quê? – Estava interessante pra Leonard.

– Havia vários motivos, várias proibições. Além do fato de ser quinze anos mais velho que ela. Mas isso não vem ao caso... – Preferia não se lembrar de sua estupidez. – O que exatamente você quer saber?

Hesitou um pouco, encarando os olhos azuis que tanto admirava. Leonard tem uma espécie de adoração pelos olhos de seu pai. Sempre lhes dizia que transmitia algo lento e abundante como o azul do mar. Sorriu de lado e disse o que precisa de resposta.

– Como sei que estou amando uma mulher, pai?

– Você quer um conselho, é isso?

– Sim.

Uma questão de bastante responsabilidade. Mas que acarretaria na decisão do próprio Leonard. Era ele que estava sentindo, era somente ele que poderia dizer o tamanho de suas necessidades, de suas vontades de estar com ela. Mas Grissom, como um verdadeiro pai e um mestre em saber amar sua mulher, tinha as palavras certas.

– Vou te dizer algumas coisas, então, você vê se encaixa no seu perfil. Nos momentos que está com ela... Algo que você sente necessidade de fazer, certo?

– Certo. – Sorriu contente. – Pode começar, pai.

– Sintonize nos detalhes. Veja nos olhos dela, veja o que ela tenta te dizer através deles. Abrace, fale coisas que ela goste. Olhe no fundo dos seus olhos mesmo. Mas sem deixá-la tímida, ok? – Leo assentiu. – Bom, você sente tremores?

– Tipo... Minhas pernas ficam bambas e meu coração quer pular pra fora de mim? – Grissom assentiu sorrindo. – Fico assim.

– Vou te dar um conselho, filho... Pra você amá-la, tem que entendê-la. Saber ou pelo menos tentar saber o que ela sente por você. E na hora de se declarar, diga o quanto a deseja, o quanto a admira, o quanto ela é única pra você. Toda mulher gosta de saber sua importância.

– Você disse essas coisas pra mamãe? – Curioso.

– Ainda digo. – Riu baixinho. – Não podemos parar, Leo. Elas se sentem felizes, elas necessitam de ter alguém dizendo o quanto durará pra sempre. Não me canso de repetir pra Sara, ela adora saber que a amo. – Sua expressão foi de orgulho.

– O que mais posso fazer?

– Deve principalmente fazê-la confiar em você. Ser terno, carinhoso, dizer pra ela que a ama, nem que seja em gestos. Tem que tratá-la como se fosse uma deusa, ou a peça de porcelana mais rara que existe. Assim ela cuidará de você, ela te dará o amor que você tanto quer receber dela. E quando você sente essas sensações... – Apontou pra ele. – Você realmente está amando, filho.

– Sinto que ela é primeira e última. – Se acomodou mais na cadeira. – Quer dizer, estou tendo mais certeza agora depois dessa conversa... Pai, muito obrigado! – Abraçou Grissom meio desajeitadamente, mas mesmo assim, é importante.

– Foi bom você me procurar. Gostei dessa sua atitude. – Bateu no ombro filho, se levantando da cadeira. – Tenho orgulho de você.

– Eu também tenho de você, pai. Fico feliz quando me ensina as coisas que você aprendeu na vida. Quando estou em dúvidas, você é o primeiro que penso em procurar. – Há coisas que não tem mesmo explicação. Esse momento, por exemplo... Nada é mais profundo que isso!

– Você me faz sentir realizado. – Abraçou mais forte. – Bom... O sono chegou pra mim, filhão. – Bocejou. – Ainda vamos conversar, ou posso ir dormir? Sua mãe me espera acordada.

– Não, tudo bem pai. – Se levantou também. – Estou bem melhor agora. Amanhã vou almoçar na casa da tia Cath e... Eu falo com ela. – Sorriu travesso igual a sua mãe. A junção realmente perfeita de Grissom e Sara.

– Muito bem. – Sorriu. – Boa noite.

– Boa noite.

.....

Não há como medir o tamanho da felicidade de estar dividindo com seu filho algo tão importante. Eram esses momentos que o fazia se sentir realizado. A definição de pai para Grissom é cuidar, educar, ensinar, compartilhar, amar. E saber que estava, aos poucos, conseguindo ver uma evolução nisso era uma sensação impecável.

– Então? Conversaram sobre o que? – Sara diz preocupada.

– Não enrugue essa testa com preocupação, porque não há nada com que se preocupar. – Já vestido pra dormir, deitou-se ao seu lado se aconchegando no calor de seu corpo. – Tivemos uma conversa de pai pra filho.

– Hum... – Disse ainda com vontade de saber. Virou-se para o outro lado da cama, dando as costas para Grissom.

– Baby... – Grissom passou a mão por sua cintura, abraçando-a. – Não fique triste. – Sara continuou. – Entenda a situação.

– Que situação, amor? Fico preocupada. Ele é meu filho.

– Eu sei, eu sei. – Sentiu que ela deveria realmente saber. – Você vai ficar tão contente com o que vou te contar... – Beijou-a na nuca.

– O que é?

– Nosso filho perguntou como é que se sabe quando se está amando de verdade uma mulher... Era essa nossa conversa.

– Oh meu Deus! Por quem ele está apaixonado? – Eufórica.

– Pela Ashley.

– Ashley? Mas... – Sara raciocinou em instantes. – Não nega ser seu filho, Gil. Mesmo que seja pouca a diferença, ele ama alguém mais novo...

– Fazer o que? Filho de Grissom... – Sara completou.

– Grissomzinho é.



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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Se vocês quiserem eu posso fazer mais uma one contando como foi entre o "Leonard e a Ashley"...
Então... Querem?
Gostam da fic?