Change Of Heart escrita por Sak Hokuto-chan


Capítulo 9
Youth Gone Wild


Notas iniciais do capítulo

Só duas notinhas antes da fic, sendo que a primeira vale pelo resto da fic... '-'

1. Pelas minhas pesquisas, a "idade de consentimento" na Grécia é 15 anos. Ou seja, uma pessoa mais velha se relacionar com um adolescente dessa idade não é pedofilia, nem abuso sexual, nem nada assim (desde que não seja contra a vontade do mais novo, é claro).

2. Esse capítulo contém ÁLCOOL e algumas palavras meio "impróprias", mas não estou incentivando ninguém a beber nem nada assim, hein! -q

Orphelin, meu carneiro-beta, obrigada pela betagem, como sempre S2



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Capítulo IX

Olho e vejo que não sou apenas eu
Estamos bem altos, nunca haverá dúvidas
Somos os jovens!
Youth Gone Wild - Skid Row

Mu ficou francamente impressionado ao escutar a alcunha do desconhecido. Entretanto, antes que pudesse dizer alguma coisa, Shura chegou e parou atrás de si, na soleira da porta. E, pela primeira vez, o ariano viu uma sombra de sobressalto no rosto do espanhol, embora ela não deixasse transparecer a menor ideia do que o outro pensava. Durou só um segundo. Shura imediatamente voltou a ficar circunspecto como sempre.

Por sua vez, Máscara da Morte encarou o capricorniano com um sorriso ainda mais amplo, porém, não menos sarcástico, ao reparar que este carregava um florete na mão.

– E aí, D'Artagnan? – indagou como cumprimento. Sem esperar resposta, voltou a olhar para Mu indiscretamente, perguntando para o espanhol: – O que aconteceu com aquela sua namorada gostosa?

Shura o encarou com indiferença, sem se dar ao trabalho de responder.

– Ahn, desculpa, mas vocês são amigos? – Mu arriscou perguntar.

– Primos... – o capricorniano informou secamente. Sem desviar os olhos de Máscara da Morte, estendeu o florete para o tibetano, num pedido mudo para o que guardasse.

Sentindo a tensão do momento, o ariano resolveu deixá-los a sós para conversarem, levando o florete consigo para o quarto de Shura.

– Suponho que você entrou aqui por conta própria – o espanhol comentou, trancando a porta e acendendo a luz antes de se sentar no sofá.

Num gesto desdenhoso, Máscara da Morte deu de ombros. Infiltrações não eram nada para ele. Sentou-se no outro sofá, de forma extremamente displicente, e sorriu com prepotência.

– O que você está fazendo aqui? – Shura perguntou, indo direto ao ponto. Fez menção de chamar o outro pelo nome, mas ele o interrompeu antes.

– Agora sou Máscara da Morte – disse, recebendo um arquear de sobrancelha como réplica. – Acredite, combina perfeitamente comigo – explicou, seus dedos brincando com as placas de identificação que pendiam de uma corrente em seu pescoço.

Naquele momento, Shura encarou o outro como se não mais o conhecesse. Pensou em como os parentes são somente estranhos, com os quais não se tem outra opção a não ser compartilhar laços sanguíneos, e observou Máscara da Morte, tentando reconhecê-lo depois de quase quatro anos de distanciamento.

Os cabelos estavam muito mais curtos e arrepiados do que ele costumava usar no colegial; os lábios eram mais finos do que Shura se lembrava; e a pele, sem dúvidas, estava mais bronzeada. Será que os olhos dele já tinham aquele brilho tão selvagem quando eram mais novos?

Não sabia. E, de repente, percebeu que não se importava em saber. A presença daquele seu primo sempre incluía problemas variados. O que ele queria agora?

Alheio à análise que o capricorniano fazia, Máscara da Morte se levantou para encher seu copo vazio com mais bebida. Pegou um copo para Shura também, aproximando-se de novo com os passos silenciosos de seus coturnos surrados, e estendeu-lhe o frasco, dizendo com um humor duvidoso:

– Vou voltar a morar com você, priminho.

Mu não viu nenhum problema quando soube dessa resolução. Aqueles dois eram primos, afinal. Achou que tudo ficaria bem, mesmo que Shura não tivesse lhe contado o nome verdadeiro do parente, alegando que, àquela altura, não faria diferença. Pensando bem, o espanhol não tinha lhe contado quase nada sobre o outro.

Tudo o que o tibetano ficou sabendo foi que Máscara da Morte era um italiano da mesma idade deles. Possuía uma personalidade hostil e prepotente, sem paciência para frescuras. Desde que terminara o colegial, ninguém da família tinha ouvido falar nele, pois cortara qualquer contato ao virar um soldado. E, agora, tinha resolvido voltar. Se Máscara da Morte tinha sido afastado ou afastara-se do exército, era um mistério.

Um mistério tão grande quanto o motivo que faria o italiano aumentar o leve ciúme de Mu em relação a Shura, fazendo com que, mais tarde, o ariano sentisse uma exaltação absurda e nunca experimentada antes.

***

Aiolia já estava exaltadíssimo, mas de alegria, por suas próprias razões juvenis. Quinze anos finalmente! Plena adolescência. Tinha acabado de começar o colegial e algumas coisas tinham mudado positivamente. Começando pelos esportes que praticava. Manteve a maioria deles, mas substituiu o baseball pelo tiro esportivo e o tênis pela esgrima.

No último caso, Afrodite resolvera acompanhá-lo. O leonino desconfiava que a decisão do amigo tinha algo a ver com o fato de o instrutor de esgrima ser Shura. Contudo, o sueco era bem evasivo sobre isso.

Além dos esportes, Aiolia continuava praticando bateria e começou a ter aulas de guitarra também. Sua afinidade com instrumentos musicais era tanta que Milo ficou aborrecido quando percebeu que o leonino tocava guitarra tão bem quanto ele, sendo que o escorpiano já tocava o instrumento há um ano e meio quando Aiolia começou.

E o colégio... Ah, Aiolia e Milo estavam adorando. Afinal, ficavam cercados por garotas desenvolvidas, cujas indumentárias incluíam saias de pregas bem mais curtas do que aquelas que usavam no ginásio.

Além disso, Aiolos estava certo e o leonino tinha crescido o bastante para ultrapassar todas as garotas de sua classe e todos os amigos também – com exceção de Milo, mas enfim –, o que significava que Marin não podia mais chamá-lo de baixinho.

Marin... Eles tinham ficado algumas vezes, mas o orgulho de Aiolia não lhe permitia namorar sério uma garota mais alta do que ele. Sem falar que ela era sua amiga desde que eram crianças.

No entanto, olhando para aquela moça em que Marin tinha se transformado, ele achava bem difícil enxergar a garotinha de sua infância. Lembrava-se vagamente dos joelhos ossudos, sempre ralados; dos quadris estreitos vestidos em shorts curtos manchados de amoras, tão manchados quanto as pontas dos dedos de unhas roídas; ela inteira cheirando a grama e bloqueador solar – a mãe se preocupava que as poucas sardas de Marin se multiplicassem desenfreadamente sob o sol –; só os cabelos, presos firmemente com aquelas duas fitas azuis, davam-lhe um pouco de feminilidade, apesar das folhas que se agarravam aos fios ruivos sem discrição.

Só que, agora, o corpo inteiro de Marin estava mudado, deixando para trás o formato magro e reto de menina. Ela usava os cabelos ruivos soltos com muita frequência; não roía mais as unhas e se arrumava como a moça que era. Inclusive, Aiolia e Milo voltaram a assistir os treinos de ginástica artística quando os collants de Marin e Shina começaram a moldar-lhes as formas interessantes que adquiriram com a adolescência.

E, bem, todos os seus amigos diziam que Marin gostava dele, embora Aiolia não conseguisse distinguir qualquer diferença do gostar como amigo, de sempre, para o gostar como um namorado.

Mas estava divagando...

Era noite de sábado! Ele tinha quinze anos! Pela primeira vez ia para um daqueles eventos de rock que não podia ir antes! E era por isso que Aiolia estava tão agitado. Todos estariam lá, até mesmo Camus e Shaka – o primeiro, convencido depois de muita, muita insistência de Milo; o segundo, convencido depois de saber que Mu também iria.

Na hora em que saíram de casa, Aiolos suspirou aliviado quando não encontrou nem Pandora e nem Saori do lado de fora. Esse era outro problema. Desde que aquelas duas começaram a disputá-lo, o sagitariano, que tanto gostava de ficar em casa, se viu obrigado a passar cada vez mais tempo fora de seu lar doce lar.

– Vocês dois não vão me dar trabalho hoje, hein? – disse para o leonino, que o seguia junto com Milo.

Ambos imediatamente fizeram expressões de inocência nada convincentes. Certo. Aiolos suspirou de novo. Ia ser uma longa noite, pensou, torcendo para que suas perseguidoras não aparecessem por lá. Sabia que as chances de Saori ir eram quase nulas, já que não era o tipo de lugar que ela gostava, mas Pandora era bem capaz de dar o ar de sua graça.

O lugar para onde iam chamava-se Meikai e, basicamente, não era nada além de uma espécie de clube de campo bem simples, com algumas áreas cobertas que abrigavam um palco e quiosques que vendiam bebidas, lanches e bugigangas diversas. O Meikai costumava promover diversos eventos de rock, com bandas não profissionais e encontro de motoqueiros.

Naturalmente, naquela noite não seria diferente. Ainda eram dez horas e o lugar já estava cheio de motocicletas Harley-Davidson estacionadas; centenas de pessoas com cabelos compridos, roupas escuras e tatuagens curiosas; e uma banda já se apresentava no palco.

– Hey, irmãos Ai-Ai e Milóvski! – exclamou Kanon, aproximando-se do trio junto com Saga.

Ai-Ai? – replicou o sagitariano pela décima vez na vida, olhando freneticamente ao redor.

– Você sabe, abreviei os nomes de vocês. AI-olos e AI-olia, ou seja, Ai-Ai – Kanon explicou pela décima vez, olhando o amigo com estranheza. – Relaxa, cara! Pelo que vi, suas amantes não vieram...

– Elas não são minhas amantes! – Aiolos protestou inutilmente, pois apenas Saga lhe deu atenção.

Kanon passara os braços ao redor dos ombros de Aiolia e Milo, falando baixinho qualquer coisa sobre bebidas alcoólicas e rindo com eles.

– Os outros ainda não chegaram? – Aiolos perguntou para o gêmeo mais velho.

– Shura e Aldebaran estão perto do palco, assistindo a banda, junto com Afrodite e as garotas. Os demais eu ainda não vi – Saga respondeu e, logo depois, foi para perto do palco também.

O sagitariano teve a impressão de ter visto Pandora e, por isso, resolveu dar uma volta – não sem antes lembrar aos garotos mais novos, com firmeza, de que eles deveriam se comportar. Aiolia e Milo começaram a protestar que não eram mais crianças, fazendo com que Kanon prometesse cuidar deles e, depois, os levasse para conhecer o local. Especialmente as bebidas, claro!

O último a chegar foi Mu, algum tempo depois, acompanhado por Shaka e Camus. Tanto o som alto quanto o excesso de pessoas não agradavam aos três, mas o ariano já estava acostumado. O indiano seguia com os braços cruzados e a expressão sisuda. Não conseguia se lembrar do motivo para ter concordado em ir. Tudo o que ia conseguir era ver Mu perto de outra pessoa... e nem imaginava que Ikki também apareceria por lá.

Sem falar nos absurdos todos que viriam.

***

Pouco mais de uma hora depois, quando Shaka já tinha se adaptado um pouco mais ao ambiente, Milo e Aiolia começaram a aparentar certa alegria estranha.

– E aí, loiro azedo! – o leonino exclamou, dando um peteleco na cabeça do indiano que, é claro, se indignou.

– Olha o respeito.

Peito? – Milo murmurou distraído, bebericando algum cocktail em seu copo. – Eu gosto de peito! Vocês viram como a Shina tá gostosa com aquele corpete?

– Eu vi! – exclamou Aiolia, soando muito alegre.

Camus e Shaka reviraram os olhos.

– Epa! Tira o olho, baixinho! – o escorpiano prontamente retrucou. – Ou você quer que eu fique olhando pro traseiro da Marin naquela calça jeans justa?

– Pelo jeito, você já olhou bastante... – Aiolia fez um muxoxo e estendeu seu copo para Camus provar. – E não me chame assim! Somos quase da mesma altura!

– Nada disso, eu sou um palmo mais alto!

O aquariano encarou o copo que lhe foi oferecido, com uma pontinha de curiosidade. Recebeu um olhar incrédulo de Shaka quando resolveu experimentar. Logo o francês, tão responsável, ia beber também?

– Bem, eu tenho responsabilidade o suficiente para isso – Camus garantiu, sendo lógico. – Além do mais, eu já bebi vinho em casa algumas vezes.

Aiolia e Milo ainda estavam discutindo sobre altura, alheios aos outros dois.

– Parece suco de frutas, é bom – o ruivo declarou, estendendo o copo para o loiro. – Prova um pouco, Shaka.

O indiano cheirou o copo, relutantemente, e decidiu provar. Não era menos responsável do que Camus, afinal.

– Aff, quer saber? – indagou Aiolia, dando as costas para o escorpiano e debochando: – Dane-se se você é mais alto, eu sou maior do que você em outros aspectos!

Shaka quase engasgou com a bebida depois dessa informação. Camus ficou em silêncio. Milo encarou o leonino com uma expressão extremamente chocada.

– Não é não!

– Você sabe que sim – Aiolia insistiu, colocando a mão ao lado da boca antes de confidenciar para os outros dois: – Sabem, nós medi-...

– Cale essa boca, seu imbecil! – o escorpiano interrompeu, dando um tabefe na cabeça do leonino antes de puxá-lo pela gola da camiseta para longe dos amigos.

– Milo tem pinto pe-que-no! – Aiolia ainda cantarolou.

– É só um centímetro de diferença, seu animal!

– Mas é menor! Hahah!

Depois que eles se afastaram, Camus e Shaka se entreolharam. O virginiano se sentiu um iluminado ao concluir a veracidade de algo que já o vinha incomodando há algum tempo:

– Intimidade é uma droga.

– É – o ruivo concordou, lacônico, pegando o copo de volta.

– Estou falando sério. A pessoa fica íntima e começa a falar e a fazer coisas impróprias na sua frente. Olha só aqueles dois. Pessoas íntimas são as primeiras a criticar, implicar e reclamar – Shaka massageou as têmporas. – Isso que é amizade? Não é possível.

– Bem, sim – Camus assentiu, estendendo o copo de volta para o loiro, depois de beber. – O Milo, por exemplo, vive implicando comigo e me chamando de desgraçado num tom de você é incrível! quando eu estou termino de tocar violino.

O indiano lançou um olhar que dizia claramente que amizade é uma coisa estranha.

– Você sabe, não é só isso – Camus continuou. – Eles podem ser os primeiros a criticar, mas também são os primeiros a nos defender.

– É absurdo! – Shaka exclamou, bebendo mais um gole e devolvendo o copo vazio para o francês. – Isso que eu não entendo. O Ikki é um tormento na minha vida, assim como o Aiolia, mas teve um dia em que eles só faltaram partir para violência física, contra uns sujeitos do terceiro ano, porque vieram me criticar. E eu nem precisava de ajuda.

Camus esboçou um sorriso de lado para ele.

– Meus parabéns, Shaka, você reclama e reclama, mas nem percebeu que já virou amigo deles há algum tempo.

O indiano arregalou levemente os olhos azuis diante de tal constatação. Não era possível, era?

***

Enquanto isso, Mu estava caminhando ao lado de Shura numa área bem mais afastada do palco e das pessoas. Por mais que seus amigos já soubessem daquela relação, eles não costumavam ficar se expondo em público. Então, eles só caminhavam próximos um do outro, mas não muito. Em silêncio.

O ariano estava pensando em perguntar onde estava Máscara da Morte. Apesar do italiano estar morando com Shura, quase não era visto nem por Mu e nem pelo espanhol. Entretanto, antes que pudesse falar algo, sentiu os cabelos de sua nuca serem agarrados e teve o corpo prensado, com tudo, contra uma árvore, enquanto uma língua lambia-lhe a boca com lascívia.

O tibetano reprimiu uma exclamação de surpresa. Gostava quando Shura o surpreendia assim. Abraçou-o de volta e correspondeu a todos os toques, embora tenha feito de uma forma mais comedida. Ficaram alguns momentos assim, mais sentindo o calor um do outro do que se agarrando sem pudores.

– Se for pra vocês ficarem só assim, prefiro assistir a um filme pornô...

– Máscara da Morte! – exclamou Mu assustado, empurrando levemente o espanhol para trás. – Há quanto tempo você está aí?

O italiano balançou levemente a garrafa que carregava consigo e olhou para cima, pensativo. Desde que Mu tinha resolvido corresponder às carícias do seu primo? Como é que eles não tinham percebido sua presença?

– Muito indiscreto você – disse Shura secamente, chamando, com um gesto, o ariano para que caminhasse consigo de volta para perto do palco.

Máscara da Morte gargalhou depois que o tibetano esboçou um sorriso desconcertado, respirou fundo e foi atrás do espanhol. Mu mal tinha dado dois passos quando levou outro susto.

Sim, pois Aiolos tinha acabado de aparecer do nada e atirara-se nos braços de Shura, pedindo ajuda. Pandora estava lá no Meikai também! O sagitariano tinha fugido antes que ela o visse, mas não sabia muito bem o que fazer.

Mu quase revirou os olhos para a cena. Precisava ter outra conversa com o grego sobre a dificuldade dele em terminar de vez com as duas, porque, sério, aquela situação estava ficando insustentável.

– E esse aí? – o italiano perguntou, oferecendo a garrafa para Mu.

– É uma longa história... – respondeu, recusando o que lhe foi oferecido. – Não sou muito de beber álcool.

– Opa, então vamos atrás de uma bebida de maricas pra você! – exclamou, já arrastando Mu para longe do local.

O tibetano tentou protestar, mas, quando olhou para trás e viu que Shura nem sequer tinha percebido sua ausência, cruzou os braços, um pouco exasperado, e se deixou levar.

***

Assim como Shura tinha feito, o escorpiano achou um canto para sumir junto com Shina, intencionando um momento de diversão entre eles. Infelizmente, ela não estava muito receptiva, porque Milo parecia meio bêbado. Os dois acabaram discutindo. Logo, Milo voltou para perto de Shaka e Camus, notando que Afrodite estava com eles também.

– Hey, cambada! O que vocês têm de bom aí?

– Vinho! – o pisciano respondeu, estendendo-lhe uma garrafa e um copinho plástico. – Foi o Kanon quem nos deu, haha.

Milo prontamente aceitou e lançou um olhar estranho para os outros dois amigos. Aqueles dois certinhos estavam bebendo, é?

– Vinho é como suco de uva pra mim – Camus informou numa voz fria e perfeitamente sóbria.

– Eu não estou bebendo nada – Shaka disse logo depois, altivo.

– Verdade, loiro? – Ikki perguntou desconfiado, aproximando-se com Aiolia.

O virginiano meramente estreitou os olhos para ele. Camus estava louco, eles não eram amigos coisa nenhuma!

– Que tal um jogo? – sugeriu Afrodite que, assim como Milo, Aiolia e Ikki, não parecia estar muito sóbrio.

– Se for aquele de verdade ou desafio, nem pensar, ok? – o escorpiano avisou, fazendo careta.

– Conheço um legal, mas precisaríamos de um baralho... – disse Ikki, dando de ombros.

– Já sei! – exclamou o pisciano, surrupiando a garrafa de volta para encher seu próprio copo. – Eu nunca!

Os seis se sentaram em círculo enquanto Afrodite explicava as regras para os que não conheciam. Era bem simples. Uma pessoa dizia eu nunca e completava com alguma frase. Quem já tivesse feito, inclusive a pessoa que falou, bebia um gole. Quem não tivesse feito, não bebia, naturalmente.

– Eu não vou jogar isso – Shaka declarou convicto. – Vocês vão acabar todos bêbados.

– Nós somos jovens, seu nerd, não custa nada experimentar!

– Cale-se, Aiolia. Isso é idiotice.

– Pense que você vai alcançar uma espécie de iluminação, loiro - Ikki opinou. – Se bem que... do jeito que você é todo careta e metido, aposto que não vai ter motivo nenhum pra beber, haha!

Shaka revirou os olhos para o oriental, com muito desdém, e não cedeu.

– Vamos logo! – Afrodite os interrompeu, levantando uma das mãos. – Eu começo! Eu nunca dei um fora em alguém...

Os cinco o encararam quando só o pisciano bebeu.

– Em quem você deu um fora, Dite?

Afrodite jogou os cabelos para o lado, tentando se lembrar. Em tanta gente! Os outros o olharam de forma repreensiva.

– O que eu posso fazer? É impossível não me amar!

– ...

– Minha vez! – exclamou Ikki, sorrindo de lado. – Eu nunca me interessei pelo Afrodite...

Ninguém bebeu.

– Bando de Neandertais – Afrodite afirmou com convicção. – Vocês não sabem apreciar a verdadeira beleza.

Eu nunca... – começou Aiolia, olhando de viés para o escorpiano. – Beijei uma garota mais velha do que eu... – e bebeu.

Milo olhou feio para ele, sentindo a indireta-mais-do-que-direta, mas então se surpreendeu quando Camus também bebeu.

– Quem? – quis saber, curiosíssimo.

– Não importa. Vocês não conhecem – replicou indiferente.

– Aff, Camus! Enfim... – o escorpiano encarou Aiolia. – Eu nunca tive um e setenta e seis de altura...

Daquela vez, somente Ikki acompanhou Milo na bebida.

Otário de pinto pequeno! – o leonino resmungou.

– Sério, Milo? – Afrodite se pronunciou feliz.

– Porra! Eu já falei que-...

Eu nunca comparei o tamanho de nada no meu corpo com ninguém... – Camus interrompeu entediado e assistiu Milo e Aiolia beberem, visivelmente contrariados.

E os cinco continuaram jogando pela meia hora seguinte, bebendo vinho e alguns cocktails de frutas, que ganharam de Kanon e Aldebaran.

Eu nunca fiz sexo... – lamentou-se Milo num tom de voz meio triste, apesar de claramente embriagado.

Apenas Ikki bebeu, satisfeito. Logo em seguida, Shina e Marin apareceram, olhando com descrença para os rapazes. Bêbados! Até mesmo Camus parecia um tanto alterado! E onde estava o Shaka?

– Boa pergunta – disse Afrodite, após olhar lentamente ao redor.

– Seus tontos! Ele pode estar passando mal em algum lugar! – Shina bronqueou, olhando especialmente para o escorpiano antes de se afastar dizendo: – Vamos procurar o Shaka!

Com uma falta de equilíbrio visível, Aiolia, Afrodite e Ikki se levantaram, cada um indo para um lado em busca do virginiano. Camus também se levantou e tentou ajudar Milo a fazer o mesmo, mas não estava sendo nada fácil.

– Você vê como ela me trata? – o grego indagou, sem realmente esperar uma resposta, ignorando as tentativas do amigo de levantá-lo pelos braços. – Poxa, nós somos adolescentes já e ficamos há quase três anos... Três anos! E ela ainda não me deixa avançar quase nada... Eu também tenho minhas necessidades, sabia?

Camus bufou. Ótimo, Milo era do tipo de bêbado falastrão.

– Hoje mesmo ela brigou comigo – o grego continuou, apoiando-se no outro e levantando-se enfim. – A gente estava lá no fundo, perto de umas árvores, dando uns amassos, sabe?

– Eu realmente não quero saber os detalhes.

– Não seja malvado – Milo puxou o francês pelo pulso e saiu cambaleando, arrastando-o consigo. – Venha, eu vou te mostrar!

Os protestos de Camus foram inúteis. Ele começou a desconfiar que talvez tivesse bebido um pouco além do que seria aceitável. Do contrário, Milo nunca conseguiria arrastá-lo para lugar nenhum. Lógico!

– Olha! – o loiro pediu, quando parou de andar, soltando o outro. – Foi mais ou menos aqui... Ou mais pra lá? Haha, é tudo igual nesses lados!

Okay, Milo – o ruivo anuiu, olhando ao redor. As pessoas realmente não iam muito para aquele lado, pensou.

Se não tivesse bebido, Camus teria concluído que as pessoas usavam aquele tipo de área afastada justamente para ter momentos de privacidade. Eles podiam não estar vendo, mas era bem provável que outros casais estavam escondidos por ali.

– Foi assim... – Milo continuou, trazendo o aquariano para si pela cintura.

– Hey! – Camus exclamou, quando o grego deslizou as mãos pelas laterais de seu corpo e o beijou no pescoço.

– Relaxa, só vou te mostrar que não fiz nada demais! Pra você concordar comigo que a Shina exagerou e tal! – Milo explicou num murmúrio quente direto no ouvido do outro, antes de lamber-lhe o lóbulo da orelha bem devagar. – E aí eu fiz assim...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Beem, de todos os "drinking games" que conheço *aquelas* acho que "Eu Nunca" era o que se encaixava melhor... até porque o de "Verdade ou Desafio" já virou clichê faz tempo e os outros envolvem baralho e são meio complexos. Como eu disse, não estou incentivando ninguém a beber... u_u'

Obrigada pelas reviews: Lord Bol, Vanessa, euzinho x, Isa Angelus, Orphelin, Vanessa Braga da Silva, KassiaKarolayne, Hanajima, Larissa Saint, Suzuki_Yoi e stocking! :D