Change Of Heart escrita por Sak Hokuto-chan


Capítulo 6
Hey Hey What Can I Do?


Notas iniciais do capítulo

Yay! Antes da fic, queria agradecer ao Orphelin, o carneiro-beta, pela revisão s2

Também gostaria de lembrá-los de que a turma do Aiolia tem 12 anos; a do Mu tem 19; Dohko e Shion tem 22, ok? Ah, e dizer que sempre achei "Minu" (aquela moça do orfanato e tal) um nome esquisito, prefiro mil vezes o nome original, "Miho"... ;)

Fanart por Cotton Candy/Aquoi.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/201794/chapter/6

Capítulo VI

Hey hey o que eu posso fazer?
Porque eu tenho pensamentos preocupados
Hey Hey What Can I Do - Led Zeppelin

Não demorou muito para Milo chegar às mesmas conclusões que Aiolia. Ou seja, que teria que pedir ou roubar um selinho de Pandora, sendo que a última hipótese parecia ser a melhor. E tinha que fazer isso logo, porque estava ficando para trás! Muito para trás, pois Aiolia já beijara as duas meninas mais lindas da classe!

– Tem a Miho, sabe? Ela tem um rosto um pouquinho bonitinho – Afrodite comentou num tom baixo, já que estavam no meio de uma aula.

Milo olhou com desgosto para o amigo, sentado no lugar atrás de si. Miho era tão pequena que parecia ter uns nove anos ainda. Beijá-la seria o mesmo que beijar uma criancinha!

O pisciano revirou os olhos e deu um rápido tapinha consolador no ombro do amigo. Milo olhou para a carteira ao seu lado esquerdo, onde Aiolia dormia na maior cara-de-pau, e bufou. Passou a aula inteira pensando no que fazer e só conseguiu ter uma ideia absurda: tentar seduzir Pandora. Ok, era idiotice. Como ele, um garoto que nunca nem ao menos beijara uma menina, poderia seduzir uma garota de dezoito anos?

Conforme a aula seguinte se passou e ele não conseguiu pensar em nada melhor, o lance da sedução começou a parecer menos absurdo. Pandora não precisava se apaixonar por ele, ou algo do tipo. Bastava que ela se encantasse um instante por ele, oferecendo uma brecha para que roubasse um selinho. Chegar já atacando, como Aiolia aparentemente pretendia, era uma estratégia meio estúpida. Mas se pudesse encantá-la...

A situação era desesperadora! Ou, ao menos, foi o que Milo pensou ao olhar para a fila ao seu lado direito. Sentado três carteiras à frente, Camus prestava atenção nas explicações do professor. Definitivamente, sua ideia não podia ser tão ruim assim!

Começou a prestar atenção nas meninas da classe. Assim como Aiolia tinha feito, decidiu que era preciso testar seu plano em alguma delas. A princípio, descartou as duas que Aiolia beijara, mas como elas eram as mais bonitas...

Marin sentava-se no lugar exatamente à frente de Milo e, naquele dia, tinha os cabelos presos em uma trança cuja ponta, às vezes, encostava-se à carteira do escorpiano conforme a garota se mexia. Assim que percebeu isso, a simples visão daquele cabelo ruivo deixou Milo desconfortável. Tinha feito com que se lembrasse de outro, mais vermelho e escuro, que pertencia ao garoto que teria que beijar se perdesse a aposta.

Desistiu de Marin.

Aí, olhou para Shina, sentada ao lado esquerdo da ruiva, na frente de Aiolia. Do nada, lembrou-se de que ela era do signo de Áries. Por que, então, era tão diferente de Mu? Shina tinha um temperamento esquentado e o tibetano era supertranquilo... Será que era culpa do sangue italiano da garota?

Milo passou o restante daquela aula com os olhos vidrados na amiga. Notou como a pele dela era alva – exceto pelas rosadas maçãs do rosto – e parecia macia ao toque; o nariz era fino e suavemente arrebitado; e tinha os lábios ainda mais rosados do que as faces.

Quando Shina olhou de relance para ele, de uma forma distraída, Milo rapidamente desviou o olhar para baixo, não sem antes notar como os olhos dela eram de um verde claríssimo. O escorpiano sentiu um arrepio correr pela espinha e ficou olhando para o chão, se achando muito bobo.

Mesmo assim, seu olhar inquieto encontrou os sapatos, estilo boneca, de Shina e acabou subindo, mirando as meias três quartos e os joelhos brancos. A barra da saia de pregas deveria estar logo ali, menos de dois dedos acima dos joelhos. Entretanto, Shina estava distraidamente amassando a borda da saia com a mão, de forma que era possível ver quase um palmo de sua pálida coxa direita.

Milo corou um pouco e se repreendeu por isso. Já tinha visto Shina de collant, que mostrava as pernas nuas por inteiro, e... Não, só tinha olhos para a curvilínea Pandora nessas horas. Nunca reparara realmente em nenhuma das amigas naqueles treinos. Desviou o olhar e, para sua surpresa, encontrou a face de um já desperto Aiolia a fitá-lo com um sorrisinho astuto.

O escorpiano fez uma careta para ele e enfiou a cara em seu livro até então abandonado. Aiolia ainda tentou cutucá-lo com um lápis, mas Milo permaneceu firmemente interessado no livro de biologia até o final da aula de matemática.

***

Longe dali, Aiolos andava praticamente se esgueirando pela universidade. Parou atrás de uma pilastra e olhou ao redor com atenção. Ok, nenhum problema. Ele respirou fundo e quase se engasgou quando sentiu o ombro ser agarrado por alguém.

– Aff, que susto, Shura! – reclamou ao virar-se para trás e dar de cara com o amigo. – Achei que fosse o Kanon...

– Está tentando se esconder? – o rapaz perguntou, ignorando as palavras do sagitariano e soltando-lhe o ombro. – Você anda estranho...

Aiolos lançou-lhe um olhar desolado e, de repente, abraçou Shura tomado pelo desânimo.

– Estou cansado... Diz que é você a pessoa inte-...

Mais um, é?! – exclamou Kanon, aparecendo ao lado deles.

O sagitariano deu um pulo tão espantado que, por um momento, Shura achou que ele fosse subir em seu colo.

Agh! Cai fora, Kanon! – Aiolos reclamou com vigor, afastando-se do amigo que abraçava e espalmando as mãos nas costas do rapaz de cabelos compridos, tentando empurrá-lo.

Kanon desviou-se facilmente e colocou alguma coisa nas mãos de Shura, antes de se afastar dizendo:

– Já que esse tarado aí anda cercando muitos homens e mulheres, você precisa se proteger, espanhol...

Shura e Aiolos se entreolharam confusos por um segundo. Em seguida, olharam para o presentinho de Kanon. Um preservativo.

– ...

– ...

– Hmm... – Shura começou, vendo que o sagitariano parecia abismado demais para falar alguma coisa. Até tentou entregar o objeto para ele, mas, como Aiolos fez uma expressão ainda pior, resolveu guardá-lo no bolso da própria calça. – O que está acontecendo?

Enquanto Aiolos avaliava sobre como contar o caso para o espanhol, Milo estava sendo abordado por um curiosíssimo Aiolia. Logicamente, a atenção de Afrodite foi atraída também e o escorpiano se viu encurralado no fundo da classe vazia, assim que deu a hora do intervalo.

E, é claro, os dois tapados começaram a gargalhar quando lhes contou seu plano. Assim, com gosto, do tipo de riso que arranca lágrimas e causa falta de ar. Milo ferveu de raiva e os chamou de alguns nomes impróprios.

– Como é que um pirralho tampinha, como você, vai seduzir uma garota mais velha, Milo? – Afrodite perguntou controlando-se, enquanto Aiolia ainda se dobrava de tanto rir.

– Você é menor do que eu, tá? – Milo replicou indignado. Precisava encontrar algo bem constrangedor para o pisciano fazer se perdesse a aposta. – E sei lá como vou fazer! Por isso vou testar antes...

– Na Shina? – o leonino finalmente parou de rir, embora continuasse sorrindo como um bobo. – Por isso você estava secando ela daquele jeito?

Milo não gostou nenhum pouco do tom irônico daquela pergunta. Replicou que era impressão do amigo. Só estava com o olhar perdido em um ponto qualquer, pensando no plano, ora essa! Começava a achar que Shaka tinha razão quando dizia que o leonino era um tolo e sempre seria. Aquele sorrisinho astuto dele... Agh! Um tolo mesmo!

***

Meia hora depois, sentados na arquibancada de uma das quadras ao ar livre, Aiolos terminava de contar sua epopeia para o espanhol. Conhecia Mu o bastante para saber que ele não se zangaria por ter dito para alguém sobre seu interesse – nem tinha um nome, afinal! Shura era discreto e um grande amigo, nunca riria de sua cara.

Aliás, era muito raro vê-lo rindo ou até mesmo sorrindo. Capricorniano, com cabelos escuros e uma personalidade séria e pragmática, Shura era ainda um excelente esgrimista. De onde ele tirava tanto fôlego para o esporte, já que fumava pra caramba, era um mistério para Aiolos.

O sagitariano não esperava que o amigo risse, mas, certamente, também não esperava o silêncio que se seguiu. Shura olhou longamente para os estudantes que corriam em volta da quadra, tirando um maço de cigarros e um isqueiro do bolso da calça. Então, de forma displicente, puxou um cigarro com a boca e o acendeu.

Há muito tempo, Aiolos tinha dito que não se importava que o amigo fumasse ao seu lado. Porém, se importava em ser ignorado. Já ia protestar, vendo o espanhol dar uma tragada longa e depois soprar a fumaça para o lado, em silêncio absoluto, quando foi interrompido por ele:

– Você é incrível.

– Sinto um deboche?

– Não, estou falando sério – disse Shura, aproximando o cigarro da boca. Daquela vez, Aiolos percebeu que ele ponderou por um segundo antes de levá-lo aos lábios. – Você é muito determinado, eu o admiro.

– Hmph – o grego bufou sem graça, pela primeira vez, olhando para a quadra também. – Então... – recomeçou mais animado. – Como eu tentei perguntar antes... Será você a pessoa interessante do Mu?

O capricorniano soprou alguns anéis de fumaça e respondeu simplesmente:

– Sim.

Aiolos olhou para ele com um sorriso divertido, quase forçado:

– ...Você não está dizendo isso só pra que eu não me meta em mais confusão, certo?

– Não.

O grego piscou uma vez e seus olhos verdes, manchados de azul, se abriram em dimensões excessivas enquanto a informação era processada.

– Você é a pessoa interessante do Mu?

– Eu já respondi essa pergunta... – disse Shura, apagando o que restou do cigarro no chão antes de arremessá-lo, com precisão invejável, em uma distante lixeira.

Por um lado, Aiolos estava contente por saber que sua investigação terminara. Por outro lado, estava chateado por seus dois melhores amigos não terem contado o que estava acontecendo, de uma vez, para ele. Por quê? Tinha quase morrido de tanta curiosidade e... O quê? Se Shura estava cético era porque não sabia como era ser uma pessoa curiosíssima! Mancada, hein! A curiosidade matou o gato, mas a satisfação o trouxe de volta...

Shura o escutou com tranquilidade. Aiolos tinha o direito de ficar chateado e, por fim, até que nem reclamou tanto assim. Só queria entender os motivos. O espanhol não era de falar muito, por isso disse, de forma extremamente sucinta, que era complicado.

E só!

O sagitariano olhou para ele com uma expressão emburrada. Sabia que não arrancaria mais nada dele, ou seja, o jeito era falar com Mu. Mas, antes disso, precisava perguntar... Desde quando Shura era bissexual? Sim, pois lembrava-se muito bem de que ele tinha uma namorada quando se conheceram. E, depois de terminar com ela, tinha saído com outras garotas.

– Isso importa? – replicou despreocupado.

Aiolos fez que não com a cabeça e bufou de novo, esperando que o tempo passasse logo para poder falar com Mu.

O tempo passou e o ariano levou um susto ao ser praticamente sequestrado ao sair da sala de aula. Foi tudo tão rápido! Em um instante, já tinham saído da universidade e estavam a caminho da casa do sagitariano.

Mu era muito inteligente. Sabia que não adiantaria nada questionar as atitudes do amigo antes que ele mesmo resolvesse falar. Não precisou esperar muito. Mal entraram na sala de estar e Aiolos bateu o dedo indicador em seu tórax, dizendo:

– Pode ir me explicando sobre seu interesse por espanhóis, senhor Mu!

Aiolia ficaria triunfante se tivesse visto como a expressão sempre calma do ariano cedeu, sendo substituída por outra totalmente encabulada. Mas não seria daquela vez, ainda, que veria tal raridade.

Bem, Mu começou a dizer que era tudo muito recente. Quando começou a conhecer melhor Shura, achou que o caso ia ser uma repetição da experiência que tivera com Aiolos. Ou seja, um rapaz interessante querendo ver como é que era ficar com outro rapaz que, mais uma vez, era Mu.

Quase disse para o sagitariano que tinha ficado muito surpreso. Afinal, tinha uma teoria de que se Shura um dia tivesse essa curiosidade, preferiria tirá-la com o próprio Aiolos, que era o único rapaz que o espanhol parecia admirar naquela universidade... Mas acabou omitindo essa parte. Soaria estranho. O próprio Shura achara cômico quando lhe contara tal teoria.

– Desculpe por não ter contado antes, Aiolos – concluiu, claramente preocupado. – Tudo ainda é muito novo mesmo. Ele acabou se interessando como eu e... Ahn, estamos nos entendendo... Bem, desculpa mesmo...

O grego suspirou e disse que tudo bem. Como Mu continuou com uma expressão preocupada, jurou que não guardaria mágoa em seu coraçãozinho. Isso fez o ariano rir e, enfim, acreditar que estava perdoado. Aiolos aproveitou para, alegremente, perguntar:

– Quer dizer que vocês nunca...? – mal começou e foi atingido por uma almofada bem no rosto. Interpretou isso como um não. Mu estava tão vermelho que nem dava para distinguir os sinais que ele tinha na testa.

***

O mesmo tipo de sinais que seu irmão mais velho possuía. Naquele momento, Shion estava esfregando os seus levemente, como se estivessem doendo.

– Você parece exausto – Dohko comentou, estendendo-lhe uma xícara de chá. – Por que não vai descansar no quarto em vez de ficar aqui na cozinha?

Shion não respondeu de imediato. Aceitou a xícara e olhou para o chá sem emoção. Tinha muito trabalho ainda para fazer. Era o último ano na universidade e o professor Lune estava infernizando-o com o trabalho de conclusão. Algo extremamente importuno.

Professor Lune! – o libriano praticamente cuspiu o nome, descontente, apertando sua própria chávena com um pouco mais de força do que deveria.

Nenhum de seus gestos passou despercebido pelo tibetano. Nem mesmo a forma como sua franja castanha se agitou ao ser assoprada com força, por cobrir um dos olhos cor de avelã. Um sorriso começou a se formar lentamente no rosto de Shion.

– Não há razão para ter ciúmes...

– ...E é por isso que eu não tenho – Dohko emendou, tomando seu chá num gole só. E acrescentou, diante do olhar descrente do outro: – Devo te lembrar de que é você a pessoa ciumenta aqui?

O tibetano semicerrou os olhos para ele, mas a campainha tocou antes que replicasse qualquer coisa. Dohko levantou-se dizendo que, provavelmente, eram os meninos. Antes que se afastasse, Shion perguntou:

– Por que mesmo foi que a minha casa, e não a sua, que se tornou uma espécie de ponto de encontro para jogos?

– Porque na minha casa não tem você – respondeu, dando uma piscadela do tipo sacou?, antes de ir atender a porta.

Shion revirou os olhos para sua xícara, sem se convencer. Nem sabia para que Dohko tinha uma casa, se praticamente morava consigo.

O libriano voltou logo depois, acompanhado por Aiolia e Milo. Era comum os dois irem até a casa de Mu, onde podiam jogar Pokémon com Dohko. Naquele dia, no entanto, estavam querendo outra coisa. Assim que Shion se retirou para o quarto, os garotos interpelaram o libriano.

– Dohko... – começou Aiolia, mordendo o lábio inferior. – Você que é tão sábio, um mestre Pokémon, dá uma luz pra gente...

– Sim? – replicou, achando graça no tom sério do mais novo.

– Como se consegue um beijo de alguém que não sabe que querem beijar ela?

Ahn?

Milo propôs uma situação hipotética. Se Dohko quisesse dar um selinho, por exemplo, no Shion, como faria? Pediria, roubaria ou tentaria seduzi-lo?

Com certeza, o libriano pensou, simplesmente daria, sem nenhum problema. Como aquela não parecia ser uma alternativa viável, no caso dos garotos, não disse nada. Por sinal, em que confusão eles tinham se metido daquela vez?

– Nenhuma – o escorpiano respondeu rápido, voltando a insistir em sua hipótese: – Olha, faz de conta que você conheceu o Shion há pouco tempo, mas tem menos de dois meses pra conseguir dar um selinho nele... Ah, e vocês só se veem uma vez por semana...

Dohko lançou um olhar inquisitivo para eles. Se soubessem o quanto tinha sido difícil se aproximar do tibetano...

– Acho que tentaria seduzir o Shion, haha!

Milo olhou para Aiolia como se dissesse viu só?, mas o leonino franziu o cenho para ele. Não havia diferença de idade entre aqueles dois, era muito diferente a situação. O escorpiano se deu conta disso também, mas eles eram dois homens e isso, por si só, era uma dificuldade, não?

Aiolia olhou pela porta da cozinha e percebeu Shion entrando na sala, aparentemente procurando por alguma coisa. Teve uma ideia e sussurrou para o libriano:

– Vai lá, mostra pra gente como se seduz alguém...

Sem ao menos ter tempo de rir, Dohko se viu empurrado, por quatro mãos, para fora da cozinha, na direção do rapaz de cabelos compridos. E agora? Aqueles pestinhas estavam observando com expectativa, escondidos atrás da porta. Mas... Não tinha como seduzir alguém, que já estava seduzido, como se fosse a primeira vez...

– Algum problema? – Shion perguntou, estranhando a forma como era encarado.

– Hmm, não – e voltou para a cozinha, só para ser empurrado de volta com exclamações aborrecidas do tipo qual é, Dohko? Ajuda a gente! Volta lá e faz, por favor!

Ele ainda tentou dizer que não era daquele jeito que funcionavam as coisas, mas não adiantou. Sendo assim, se sentou no sofá, dando tapinhas no lugar a seu lado para que Shion fizesse o mesmo.

– Eles já foram? – o tibetano quis saber, sentando-se, mas a única réplica que teve foi a mão do outro rapaz enroscando-se em seus cabelos compridos.

– Seu cabelo é tão lindo... – Dohko arriscou dizer, só que não soou nenhum pouco sedutor. Parecia mais é que não sabia o que estava fazendo. O que era verdade. – E você é tão... pálido e...

Shion o fitou de uma forma que dizia, claramente, que Dohko já tinha dito coisas melhores e de um jeito mais inspirado. O libriano revirou os olhos para si próprio. Como tinha chegado naquela situação mesmo?

Os próximos minutos foram os mais bizarros de sua vida. Não adiantou nada revelar para os meninos que Shion era seu namorado. De fato, só piorou. Eles o olharam com espanto, mas por um motivo inesperado.

Ora, se Dohko já namorava o tibetano, por que não conseguia seduzi-lo de uma vez? Shion não ia espancá-lo por nada do que fizesse. O libriano podia muito bem mostrar algumas estratégias de abordagem e tal.

Por fim, descobriram que, se Dohko era um mestre, Shion era um grande mestre. Com toda sua magnificência, foi ele quem acabou ensinando algumas coisas muito úteis para os meninos.

Quando os dois se foram, o libriano se voltou para o namorado:

– Por que eu sinto que você se divertiu muito?

Shion aparentou não ouvir e piscou lentamente seus olhos amendoados, lembrando-se de que tinha ainda muito trabalho a fazer, e foi para o quarto com um ar distraído.

Naturalmente, Dohko o seguiu. No quarto, hein? Precisava ajudá-lo, como sempre.

***

Como sempre, Aiolia e Milo mal podiam esperar para que a próxima terça-feira chegasse. No sábado, logo depois dos treinos do leonino, foram à confeitaria com Afrodite. Foi com surpresa que viram que Aiolos também estava por lá com Mu e mais outros dois rapazes, que ainda não conheciam.

Feitas as apresentações, Mu convidou os meninos para sentarem com eles. Aiolia fez questão de se sentar no lugar vago ao lado do ariano. Queria fazer algumas perguntinhas sobre certo loiro metido que andava rondando Mu com frequência.

Milo se engajou numa conversa com Aiolos e Aldebaran facilmente. Shura prestava atenção neles, mas raramente comentava algo. Ninguém parecia notar o interrogatório que o leonino fazia a Mu em voz baixíssima.

Afrodite estava em outro plano de existência. Admirava a beleza mais do que tudo e se sentia feliz por conhecer tantas pessoas belas como ele. Ok, quase tão belas quanto ele. Se o pisciano se orgulhava de algo, era de sua aparência esplêndida. Conforme o tempo passasse, ele se tornaria mais e mais magnífico.

Naquela idade, não se interessava por muitas coisas além de si mesmo. E rosas. Vermelhas e brancas eram perfeitas. Será que existiam rosas negras? Achava que sim. Como achava que ninguém era tão perfeito que pudesse atraí-lo. Sério! Não conseguia se imaginar agindo como um bobo encantado igual seus amigos estavam por aquela ginasta.

Tinha feito questão de conhecer a ilustre Pandora, só para ver se ela era tudo aquilo que diziam mesmo. E era! Ficou satisfeito quando viu o bom gosto dos amigos, mas não foi encantado também. Talvez fosse insensível, como Milo tinha dito na ocasião.

Acabara de descobrir que não.

Todos naquela mesa eram muito bonitos, sem dúvidas. Então, por que só Shura chamou sua atenção? Pouquíssimas pessoas conseguiriam esse feito durante sua vida. O espanhol foi o primeiro. Marcante. Talvez fossem os lábios secos dele.

Afrodite observou como, às vezes, Shura deslizava a ponta da língua pelo lábio inferior para umedecê-lo. Um movimento muito rápido e inconsciente. Dava sede, muita sede, só de olhar. Sem dúvidas, foram os lábios secos que o atraíram. Depois da segunda vez que ele umedeceu o lábio, Afrodite pensou que seria bem interessante se o espanhol executasse o movimento mais lentamente.

Na terceira vez, teve seu olhar retribuído. Shura arqueou uma sobrancelha, talvez um pouquinho desconcertado ao notar que estava sendo observado. Certamente, era a primeira vez que alguém percebia aquele seu hábito. Ele esboçou um meio sorriso e encostou o indicador nos lábios, como se pedisse segredo. Afrodite sorriu lindamente para ele. Eram cúmplices agora.

Situação parecida com a que Aiolia logo se encontraria com Kanon, para o desespero de Aiolos.

Os gêmeos chegaram quinze minutos depois de todo mundo. Enquanto Saga se desculpava e explicava o motivo do atraso, Kanon imediatamente notou o leonino e o segurou pelos ombros, exclamando:

Uma miniatura do Aiolos!

Naturalmente, Aiolia ainda gostava de se parecer com o irmão e sorriu satisfeito frente ao elogio. Mu sentiu um déjà vu, nessa hora, e apresentou os gêmeos para os garotos. Kanon arqueou uma sobrancelha. Os nomes dos irmãos eram tão similares que pareciam coisa de gêmeos.

– Foi o Aiolos que escolheu meu nome! – o leonino informou com orgulho, enquanto o irmão fazia uma expressão culpada.

O sagitariano passou a hora seguinte inquieto, vendo Kanon conversar com seu irmãozinho na maior familiaridade. Deram-se tão bem que Aiolia acabou contando para ele sobre a aposta.

Kanon era grego, geminiano e muito esperto. Sua personalidade era meio... exótica também, mas isso Aiolia descobriria com o passar do tempo. Ou quando parasse para prestar mais atenção no outro.

Enfim, o importante é que Kanon lhe deu uma sugestão totalmente nova e diferente das que pensara. Bem mais complicada também.

Para ganhar aquela aposta com Milo e Afrodite, precisaria fazer uma nova aposta. Dessa vez, com Pandora. Algo que, se ele ganhasse, obrigaria a ginasta a lhe dar um selinho. Mas o quê? E será que Pandora aceitaria fazer uma aposta com ele?

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hmm, não tivemos Shaka e alguns outros nesse capítulo, mas o Shion voltou *-* No próximo os sumidos voltam, até o Ikki xD

Bem, Dohko e Shion sempre serão mestres, até aqui ensinaram coisinhas úteis para o Aiolia e o Milo. Preferi deixar para eles mostrarem depois o que aprenderam, do que mostrar a cena dos ensinamentos... oo

E sim, no próximo capítulo a aposta vai chegar ao fim (precisa, né, para esses meninos crescerem mais um pouco e... *-*).

Muito obrigada pelas reviews: Vanessa, Suzuki_Yoi, Isa Angelus, Larissa Saint, Lord Bol, euzinho x, KassiaKarolayne e stocking... Agradeço especialmente a Vanessa, que recomendou a fic! Foi muito amor de sua parte! :D

Adorei todas as reviews (é sempre impossível escolher uma pra favoritar D:) e tive um monte de ideias pra fic enquanto as lia :D O que significa que o que vocês dizem fazem muito bem pra minha inspiração, sério mesmo o.o Até o próximo, seus lindos!