A morte da bezerra escrita por BubblesChan


Capítulo 7
Frieza


Notas iniciais do capítulo

Capitulo escrito por BubblesChan !



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# 14/05/2001

# 09:27 – Quarto


Acordei hoje extremamente cansada. A coriza dificulta muito minha respiração e a dor de cabeça é tão intensa que mal consigo pensar direito. Fiquei resfriada durante esse fim de semana. É, pelo visto meu corpo não é tão forte quanto pensei que fosse. No estado em que estou seria compreensível se eu não fosse à aula hoje, mas preciso ir. Ainda não consegui tirar aquela garota da minha cabeça, é algo muito frustrante. Eu sinto que preciso falar com ela, mas nunca a encontro. Nunca me senti dependente de algo, nem mesmo dos cuidados de minha mãe, mas sinto que se eu me aproximar dessa garota meus dias de paz finalmente chegarão.

# 14/05/2001

# 14:13 – Sala de aula

Matheus parece inquieto em sua cadeira. Da última vez que o olhei não parava de teclar algo em seu celular, bufava como se estivesse revoltado com alguma coisa. Não olhou para mim uma vez sequer. Isso não era motivo para eu ficar feliz, aprendi a sempre desconfiar de tudo. Talvez ele estivesse com vergonha por eu ter o pego fumando. Quem será a garota que vi com ele? Também nunca a vi. Afinal de contas, quantas pessoas ocultas existem nessa escola?

# 14/05/2001

# 20:03 – Quarto

Nunca fui muito de chorar, sempre aguentei a maior parte da pressão calada. São coisas que aprendi com meu pai: tentar ao máximo não demonstrar fraqueza, pois as pessoas sempre se aproveitam disso. Mas mesmo assim não consegui isso hoje, desabei assim que cheguei em casa.
O sinal tinha acabado de tocar, indicando o intervalo. Fui a primeira a sair da sala, surpreendendo a todos. Eu realmente vasculhei todos os cantos daquela escola, cada andar, cada corredor, cada sala. Dei-me por vencida, obviamente. Fui para o saguão principal porque lá era um dos lugares que quase sempre se encontrava vazio, olhei no grande relógio de parede de lá. Faltavam 10 minutos para o sinal tocar novamente. Me sentei em um dos bancos perto das janelas que davam para o pátio. Fiquei ali observando as pessoas, rostos familiares, mas nenhum sinal de quem eu procurava.
Até que algo me chamou a atenção. Não muito longe dali havia uma garota sentada em um dos bancos de madeira, perto das árvores. Ela era com toda a certeza, uma felicidade (e um pouco de alívio) tomou conta de meu corpo no momento em que a reconheci. Não me sentia assim há muito tempo, então num impulso sai pela porta da frente do saguão e fui em direção a ela. Sua expressão era completamente diferente da minha, parecia incomodada com alguma coisa, não percebeu que eu estava me aproximando porque olhava para o chão fixamente. De repente ela tirou algo do bolso. Parei no exato momento em que vi o que era. Um isqueiro.
Ela o acendia e apagava várias vezes, cada vez mais rápido. Tinha um sorriso estranho nos lábios, seu olhar ainda demonstrava irritação.
Comecei a ficar assustada. Não sabia o que fazer. Queria chegar perto dela, mas aquilo podia ser perigoso. Por que ela tinha um isqueiro em mãos? O que ela pretendia fazer com ele? De repente um cachorro se aproximou dela, latindo alto, assustando-a. Ela apenas o encarava enquanto os latidos não cessavam. Não tinha ninguém por perto, o único som que se fazia presente vinha do cachorro. Ela o chamou estalando os dedos, tentando acalmá-lo. Eu apenas observava, estava curiosa com aquilo. Ele se sentou próximo a suas pernas e ficou ali, calado, enquanto sua cabeça era acariciada pela mão da loira. Sorri com aquilo, mas meu sorriso não durou muito tempo. De repente ele saiu correndo, ganindo alto em desespero. Ela havia posto fogo em sua orelha, ria enquanto observava o cachorro parar de correr e se contorcer em dor pelo chão.
E então ela me notou. O brilho angelical tinha desaparecido de seus olhos. Fugi quando ela fez menção de se levantar. Corri para a sala de aula e arrumei meus materiais rapidamente, causando espanto na professora que me perguntava o que tinha acontecido. Saí da sala a passos largos, sem dar satisfação alguma. Só parei de correr uma quadra antes de chegar em casa. Uma sensação ruim me dominava, pensei que a única maneira de espantá-la de mim seria chorando. Chorei desesperada, abafando meus gritos no travesseiro. O que aconteceu com ela? O que vai acontecer comigo de agora em diante?



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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Próximo capitulo: Anjo caído



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