A morte da bezerra escrita por BubblesChan


Capítulo 16
A nova filha do mal


Notas iniciais do capítulo

Olá, Edson Alca aqui ^.^



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# 18/06/2001

# Quarto - 21:15

Fazia muito tempo que não ia à escola. Por que ir a escola? Mas percebi que não indo, estava fugindo de possíveis problemas. E isso, fugir, não faz mais parte de mim.

Resolvi que iria quando recebi mais uma das “milhares” de mensagens de Pablo. “Espero te ver hoje!”. Não é que eu tenha pensado em poder abraça-lo ou nada do tipo, apenas lembrei que as pessoas que se importam comigo são poucas, não devo afasta-las.

Logo que cheguei, aqueles olhares curiosos se colocaram a minha disposição. Muitos comentários nada discretos, mas não quero cita-los dessa vez, aquela gente fofoqueira me enoja. Apenas segui caminhando como se fosse à única ali, sempre foi assim. Quando estava prestes a entrar na sala, um ser desorientado esbarrou em mim.

– Desculpa...

– Matheus?

– Oi! – disse ele já abrindo aquele sorriso misterioso.

Não fiquei ali para ouvir qualquer coisa que ele fosse dizer, eu sinceramente não entendia qual o motivo de sua simpatia. Ele sabe o sofrimento que me causou? Quando cheguei à droga da porta Pablo a abriu, foi como se estivesse me esperando, sentido a minha presença. Fui recebida com um caloroso abraço, acolhedor. Sempre fico perdida entre o susto, Matheus, e a surpresa.

No meio da aula reparei em alguém, uma intrusa. Isso não podia ser verdade, era a reunião do mal em um quadrado fechado, sem saída. Sentada na terceira classe lá estava ela, com aquela expressão irônica como se já soubesse tudo que a professora estava explicando. Juntando todas as garotas dessa escola não dava uma maldita Érica.

Na última aula antes do intervalo, a professora sugeriu que fizéssemos um trabalho em grupo, grupo de cinco pessoas. Enquanto todos se organizam, eu e Pablo aguardávamos pelos que sobrariam. Óbvio, sem dúvida nenhuma eram eles, Érica, Matheus e uma nova aluna. Tenho certeza que fizeram de propósito, com exceção da nova garota que não tem nada haver com as armações deles, pelo menos era o que eu achava. Depois de organizarmos as mesas e de ouvir as explicações sobre o trabalho, a primeira voz surgiu.

– Por que você não pede para fazer o trabalho sozinha, quer dizer, você não sabe nada sobre essa matéria, só vai atrapalhar! – aquela garota olhava para mim com ódio, eu nem sabia o que responder, mas não precisei.

– Deixe-a em paz! Por não saber a matéria é que ela precisa de ajuda! – Matheus automaticamente se dispôs a me defender.

– Deixe-a em paz você! Angela apenas comentou, e ela não esta errada! – Érica rapidamente se colocou na conversa.

– Sugiro que vocês parem! Se a professora ouvir ela vai zerar o nosso trabalho! - Todos se calaram, Pablo pegou a folha e começou a escrever sozinho, enquanto eu continuava ali, quieta.

A aula acabou. Para minha tristeza vamos ter que continuar o trabalho na casa de alguém. E isso é péssimo, ficar de baixo do mesmo teto que eles pode ser perigo. Pablo ofereceu a casa, o que não é tão ruim. Já penso se eu tivesse que ir a casa dessa tal de Angela, vai saber onde esse filhote de cobra mora.

Durante o intervalo, Pablo e eu ficamos sentados em um banco. Conversamos um pouco até que ele tentou me beijar. Não deixei. Duas pessoas morreram por causa dessa nossa estranha relação, não posso permitir que mais ninguém seja machucado por causa do meu egoísmo. Sei que talvez eu o perca para sempre, mas é um risco que vou correr.

As duas últimas aulas foram rápidas. O sinal tocou e eu logo saí. Todos se foram, até mesmo Pablo. Provavelmente estava brabo comigo.

Segui pela rua de sempre, fazia tempo que não andava por ali. Segui pelo caminho organizando meus pensamentos. Quando estava quase em casa ouvi uma voz suave, uma voz alegre me chamar.

– Estela! – me virei mesmo sabendo quem era.

– O que você quer Matheus?

– Quero falar com você!

– Falar o que? – perguntei.

Ele se sentou em um muro da vizinhança e eu pouco a pouco me aproximei.

– Queria que você me perdoasse pelo o que fiz. Queria também dizer que não uso mais drogas e não me envolvo mais com pessoas que nem a Érica. – ele parou por um instante, percebi que seus olhos lacrimejaram – Só queria que você fosse minha amiga!

Encarei o olhar triste de Matheus. Senti a verdade fluir em suas palavras. “Ele está mentindo”, “não acredite nele”, “é só mais uma armação”. Meu inconsciente gritava desesperado, tentando me acordar do estado de misericórdia que eu me encontrava. Respirei fundo e deixei saísse algumas palavras sinceras.

– Obrigado por hoje, por me defender! – O deixei ali, sozinho, talvez ele estivesse com vergonha de deixar as lágrimas de seu arrependimento cair. Assim é melhor, não devo confiar logo de cara.

Resumindo o meu dia: Consegui coragem para ir à escola. Fui e talvez tenha perdido o amor da Pablo, mas de recompensa a possível amizade de Matheus. Espero que valha a pena. Descobri que Érica foi transferida para minha turma, e que uma genérica dela, de nome Angela, agora também habita aquele quadrado sombrio. Graças a minha querida professora que inventou um trabalho de grupo, terei que ir para a casa de Pablo juntamente com os meus tormentos particulares. Espero que nada de ruim aconteça nos dias que estão por vir. Mas se algo tiver que acontecer, que venha, estarei pronta.



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Notas finais do capítulo

Reviews?
Próximo capitulo: Eu sinto tanto



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